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Parâmetros Relevantes No Processo de Contaminação Cruzada

No documento Contaminação Cruzada (páginas 48-53)

3.3 Fábrica de Insecticidas/Fungicidas/Acaricidas/Outros

4.1.5 Parâmetros Relevantes No Processo de Contaminação Cruzada

A avaliação dos diversos parâmetros/ factores de risco é importante para fomentar acções de prevenção/ eliminação dos riscos de contaminação cruzada.

Como situação ideal de eliminação de qualquer risco de contaminação cruzada seria cada produto ter o seu equipamento ou circuito de produção/ formulação. O que eliminaria qualquer cruzamento de produtos diferentes com características e matéria(s) activa(s) distintas. Como esta situação não é concretizável devido a aspectos económicos, equipamentos e acessórios precisos, espaço livre necessário e à diversidade de produtos existentes, tem-se de avaliar os aspectos susceptíveis de contaminação cruzada de forma a eliminá-los sem pôr em causa o processo produtivo. Tendo em conta os parâmetros mencionados no capítulo anterior tem-se:

 Matéria(s) Activa(s)

Na utilização do mesmo equipamento/ circuito na passagem para a formulação de um produto com uma matéria activa diferente do produto anterior é necessário garantir que a limpeza do equipamento/ circuito esteja conforme. Assim, como factores importantes tem-se o teor em matéria activa e a própria matéria activa em si.

Como forma de auxiliar a situação anterior tem-se para produtos com a mesma matéria activa mas com teores diferentes a formulação do produto com teor em matéria activa mais baixa e seguidamente formular um outro produto com a mesma matéria activa mas com um teor mais elevado. Ou ainda a situação de se formular um produto com matéria activa A e seguidamente formular-se um produto com as matérias activas A+B. Cada um dos casos ajudam a minimizar a operação de limpeza e evitar a formação de produtos de limpeza/ resíduos desnecessários. [27]

 Produto Formulado

A cor é um factor determinante no processo de lavagem a realizar. Os formulados corados requerem usualmente um nível de limpeza que vai muito abaixo do nível estabelecido como limite máximo de conformidade para não influenciar negativamente a especificação da cor no produto seguinte. Como exemplo, a situação de passagem de um produto branco para um produto escuro, mantendo-se as outras condições constantes, certamente que a lavagem não necessita de ser tão intensa como se fosse a passagem de um produto escuro para um produto branco. A atenuação ou a acentuação da cor do produto formulado seguinte à lavagem pode ser motivo de o formulado não estar conforme em termos de cor e não passar pelo controlo rigoroso da qualidade, ou em última instância, o produto ser devolvido pelo cliente.

A Sapec Agro Portugal em cada secção possui zonas específicas para cada tipologia de formulação (Capítulo 6 - Secções Abrangidas no Estudo de Contaminação Cruzada). Contudo,

27 excepcionalmente, ocorre o cruzamento entre produtos de tipologias diferentes, o que influência o processo de lavagem.

A viscosidade é uma variável em consideração durante a lavagem, na medida em que a limpeza de um equipamento de um produto com uma viscosidade elevada terá de ser mais intensa com o objectivo de eliminar/ minimizar qualquer risco de contaminação cruzada para o produto formulado seguinte.

 Solvente de Lavagem

O tipo de solvente ou constituinte líquido de cada produto determina o produto de limpeza a utilizar-se para a operação de limpeza do equipamento/ circuito.

Considera-se como padronização da lavagem a utilização do solvente ou constituinte líquido que compõe o último produto formulado para a operação de limpeza porque apresenta uma maior afinidade para a remoção de resíduos do produto anterior e, além disso, pode ser reaproveitado para incorporação em formulações posteriores do mesmo produto. Esta valorização dos resíduos de lavagem que contêm resíduos do produto formulado anterior (matéria activa) permite um melhor aproveitamento do produto que fica na superfície interna dos equipamentos, tubagens e acessórios, para incorporação em lotes posteriores do mesmo produto. E consequentemente tem-se uma redução na formação de resíduos que vão para a fossa e uma redução dos custos associados à sua recolha e tratamento por empresa externa. Contudo existem excepções na escolha do produto de limpeza a utilizar.

Passagem de um produto oleoso para um produto aquoso

A lavagem de um produto de base oleosa, pelo que é dito anteriormente, é feita com o óleo que constitui este produto. Contudo se introduzir óleo na lavagem, só aumentaria a quantidade de óleo no sistema e não se estava a proceder à dita lavagem. Assim, nesta situação, a lavagem é feita com água com o intuito de se remover todo o óleo presente no sistema. E como se depreende, esta água utilizada na lavagem não pode ser reutilizada, sendo considerada um resíduo líquido para posterior tratamento por empresa certificada.

Passagem de um produto aquoso para um produto oleoso

A situação inversa do caso anterior procede-se com a lavagem do sistema com água, a qual pode ser guardada para introdução em posteriores formulações do mesmo produto. Após esta lavagem com água, introduz-se no sistema uma determinada quantidade de óleo que constitui o produto oleoso a formular com o objectivo de se remover qualquer vestígio de água/humidade presente no sistema. Deste óleo de lavagem é retirada uma amostra para análise no LCQ para verificar-se a conformidade da remoção de humidade no sistema, ou seja, determina-se a humidade presente neste óleo. Esta acção é realizada até a quantidade de humidade presente no óleo esteja de

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acordo com as especificações de conformidade. Salienta-se que este óleo de lavagem não pode ser aproveitado, sendo considerado um resíduo líquido para posterior tratamento por empresa certifica.

Passagem de um produto de base aquosa para um produto de base de solvente (ou vice-versa)

Esta situação pode ser problemática devido à ocorrência de uma possível emulsão caso se misture água com solvente orgânico. A emulsão caracteriza-se quando um líquido é disperso (como gotículas - fase dispersa) noutro líquido (fase contínua), ou seja, cada líquido tem a sua identidade original e são imiscíveis um no outro. Quando misturados assumem uma aparência que parece leite.

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A esta situação são tomadas medidas para evitar a formação de emulsão, como por exemplo após a lavagem do equipamento, se houver oportunidade, deixa-se escorrer e evaporar o produto de limpeza utilizado na lavagem ou após a lavagem com o solvente do produto formulado anterior, faz-se uma “pré-lavagem” com o solvente seguinte para remover qualquer vestígio do solvente anterior (certo que nesta último situação existe a formação de resíduo de limpeza não reutilizável).

Aliado às situações descritas anteriormente, por vezes, determinados produtos apresentam dois ou mais constituintes líquidos, o que permite optar-se pela escolha de um deles. Esta escolha depende de outros factores como a quantidade de cada constituinte líquido que constitui o produto ou o preço de cada constituinte líquido/ solvente.

A utilização do produto de limpeza correcto possibilita a sua armazenagem e posterior incorporação em formulações futuras do mesmo produto, o que elimina a criação de resíduos líquidos (resíduos esses que constituem uma despesa económica elevada para a empresa, que deve ser tanto ou quanto minimizada).

Na tabela seguinte apresenta-se o preço de alguns solventes ou constituintes líquidos que foram utilizados nas operações de limpeza.

Tabela 4.1: Preço de Solventes e Constituintes Líquidos Utilizados (Preços Referentes à Data 19-02-2013).

Solvente/ Constituinte Líquido Preço Unidades Solvesso 150 ND (Quim. Har II ND) 1,58 €/L

Solvesso 100 (Quimesol Har I) 1,27 €/L

Xileno 0,91 €/L Ciclohexanona 1,93 €/L Quimesol HAL 080 1,27 €/L Monopropilenoglicol 1,48 €/L Nosburasolv AG-1555 2,39 €/L Quimesol DPM (Metoxipropoxip.) 1,62 €/L Água Escalão (m3/mês) 0-50 1,33 €/m3 +50 2,07 €/m3

29  Equipamento de Lavagem

O equipamento utilizado na limpeza tem em conta o tipo de produto e o equipamento a limpar, pois nem todos os equipamentos de lavagem existentes podem ser usados em todos os equipamentos. Como exemplo tem-se a dimensão da entrada do equipamento a lavar não ser adequada a certos equipamentos de lavagem ou o difícil acesso a equipamentos para se utilizar certos tipos de equipamento para limpar.

A Sapec Agro Portugal possui os seguintes equipamentos de lavagem nas duas secções tratadas neste trabalho:

 Cabeça Rotativa;  Máquina de Pressão;  Mangueira de Água:  Normal;  Com Acessório;  Com Pistola.

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Figura 4.1: Equipamentos de Limpeza: 1 - Cabeça Rotativa; 2 - Máquina de Pressão; 3 - Mangueira Água Com Pistola; 4 - Mangueira Água Com Acessório; 5 - Mangueira Água Normal.

 Equipamento/ Circuito de Formulação

Os diferentes equipamentos existentes apresentam capacidades diferentes, o que pode ser um factor decisivo no processo de lavagem. As diferentes capacidades dos equipamentos abrangidos no presente trabalho encontram-se no Capítulo 6 - Secções Abrangidas No Estudo de Contaminação Cruzada. A operação de limpeza de um equipamento com uma capacidade de 10.000L é feita com um volume superior de produto de limpeza do que num equipamento com capacidade de 5.000L, considerando o mesmo produto formulado e a quantidade do produto feito corresponder à capacidade do equipamento, pois a superfície disponível para lavagem é maior na primeira situação. E maior superfície disponível implica maior zona de contacto entre o produto formulado e o próprio equipamento. Além da agitação do equipamento que forma um vórtice devido ao seu movimento, o que leva a salpicos e a um aumento do nível de sujidade no interior do equipamento. Salienta-se que a quantidade de um lote a formular costuma corresponder à capacidade do equipamento, com o intuito de aproveitar a eficiência dos diversos equipamentos.

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31 Além da capacidade dos equipamentos também é necessários ter em conta o design dos mesmos porque existem equipamentos com a mesma capacidade mas com estrutura diferente, como por exemplo, a posição das válvulas de saída ou mesmo a posição de entrada do equipamento.

No documento Contaminação Cruzada (páginas 48-53)