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2. MARCO CONCEITUAL TEÓRICO

2.5 Contextualização sobre o termo geoprocessamento

Contextualizar o termo geoprocessamento e chegar a um conceito que seja consenso de todos os usuários desta geotecnologia12 é um desafio, porque todos os

profissionais procuram utilizar conceituações para atender os seus objetivos particulares. Por exemplo, Marble (1984) argumenta que geoprocessamento é o conjunto de tecnologias destinadas à coleta e tratamento de informações espaciais, assim como o desenvolvimento de novos sistemas e aplicações, com diferentes níveis de sofisticação. Rodrigues (1993), por sua vez, afirma que geoprocessamento é um conjunto de tecnologias de coleta, tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais, voltado para um objeto específico. Xavier-da-Silva (1999) argumenta que o geoprocessamento é um conjunto de técnicas de processamento de dados destinado a extrair informação ambiental a partir de uma base de dados georreferenciada. Por último, merece destaque o conceito de Rocha (2002), que define geoprocessamento como uma tecnologia transdisciplinar que, através da localização e do processamento de dados geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e pessoas para coleta,

12 Segundo SILVA, A de B. (1999, p.35). “Geotecnologia é a arte e a técnica de estudar a superfície da terra e adaptar as informações às necessidades dos meios físicos, químicos e biológicos. Fazem parte da Geotecnologia o Processamento Digital de Imagens (PDI), a Geoestatística e os Sistemas de Informações Geográficas (SIG's).”

tratamento, análise e apresentação de informações associadas a mapas digitais georreferenciados.

Câmara & Davis (2004)13 costumam definir o termo geoprocessamento de uma

forma prática e genérica, afirmando, “Se onde é importante para seu negócio, então geoprocessamento é sua ferramenta de trabalho”. Sempre que o onde aparece, dentre as questões e problemas que precisam ser resolvidos por um sistema informatizado, haverá uma oportunidade para considerar a adoção de um sistema de informação geográfica (SIG), principal ferramenta do geoprocessamento.

Pode-se afirmar que o geoprocessamento é a tecnologia que possui o ferramental necessário para realizar análises com dados espaciais, dessa forma, oferece ao ser implementado alternativas para o entendimento da ocupação e utilização do meio físico.

O geoprocessamento, para atender as expectativas dos usuários e a demanda da sociedade, necessita do apoio de vários campos do conhecimento humano. São eles: ciência da computação, sistemas de gerenciamento de informação, cartografia, geodésia, topografia, GPS (Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global), fotogrametria, sensoriamento remoto, modelo digital do terreno (MDT) e metodologias específicas para análise.

Embora os campos citados sejam diferentes, eles estão intimamente inter- relacionadas, usando, na maioria das vezes, as mesmas características de hardware, porém, muitas vezes, com softwares distintos.

2.5.1 Os sistemas de processamento

Rodrigues (1990) apresentou uma excelente classificação dos sistemas de geoprocessamento, dividindo-os em:

1. Sistemas aplicativos: conjuntos de programas que realizam operações ligadas diretamente às atividades de projeto, análise, avaliação e planejamento. Em áreas tais como transportes, mineração, hidrologia, urbanismo e turismo. São sistemas voltados à representação e operação de entes de expressão espacial, que visam à realização de um largo espectro de tarefas e podem ser agrupados segundo as classes de sistemas voltados à entrada e à saída de dados, além da realização de tarefas específicas eventualmente exigidas;

2. Sistemas de informações: SIG - stricto sensu, denota software que desempenha as funções de coleta, tratamento e apresentação de informações sobre entes de expressão espacial e sobre o contínuo espacial. SIG - lato sensu, denota o software, o hardware, os procedimentos de entrada e saída dos dados, os fluxos de dados de supridores para o sistema e deste para os consumidores, as normas de codificação de dados, as normas de operação e o pessoal técnico que desempenha as funções de coleta, tratamento e apresentação das informações;

3. Sistemas especialistas: sistemas computacionais que empregam o conhecimento na solução de problemas que normalmente demandariam a inteligência humana. Emulam o desempenho de um especialista atuando em uma dada área do conhecimento.

Entretanto autores, dentre eles Rodrigues (1990), Câmara & Davis (2004), alertam que o estabelecimento destas classes não significa que os sistemas de geoprocessamento tenham uma única classificação, pelo contrário, sistemas existentes atualmente têm, na maioria das vezes características múltiplas, com predominância de um particular conjunto de funções.

Subjacente às afirmações de Rodrigues (1990), deve-se considerar que todos os sistemas possuem as suas técnicas e metodologias de desenvolvimento computacional e de tratamento de dados espaciais.

2.5.2 A segmentação do mercado de geoprocessamento no Brasil

Numa visão bastante geral, podemos dividir o setor de geoprocessamento no Brasil em quatro segmentos característicos14:

1. Cadastral: aplicações de cadastro urbano e rural, realizadas tipicamente por Prefeituras, em escalas que usualmente variam de 1/1000 a 1/10000. A capacidade básica de SIG’s para atender este setor é dispor de funções de consulta a bancos de dados relacionais e sua apresentação gráfica;

2. Cartografia automatizada: realizada por instituições produtoras de mapeamento básico e temático. Neste caso, é essencial integrar os SIG’s com as técnicas de aerofotogrametria e dispor de ferramentas sofisticadas de entrada de dados (como digitalizadores ópticos) e de produção de mapas (como gravadores de filme de alta resolução);

3. Ambiental: realizada por instituições ligadas às áreas de agricultura, meio-ambiente, ecologia e planejamento regional, que lidam com escalas típicas de 1/10000 a 1/2500000. A capacidade básica dos SIG’s para atender este segmento é: integração de dados (processamento de imagens obtidas por sensoriamento remoto, geração de mapas temáticos, modelos digitais de terreno) e gerenciamento e conversão entre projeções cartográficas;

4. Concessionárias/Redes: neste segmento, destacam-se as concessionárias de serviços (abastecimento de água, energia elétrica e comunicação). As escalas de trabalho típicas variam entre 1/1000 a 1/10000. Cada aplicação de rede tem características próprias e alta dependência com o usuário. Os SIG’s para redes devem apresentar duas características básicas: a forte ligação com banco de dados relacionais e a capacidade de adaptação e personalização, que exige, muitas vezes, desenvolvimento nas linguagens de aplicação do SIG escolhido.

Constata-se que cada segmento apresenta características próprias e requer soluções específicas, fato que nem sempre é compreendido pelos usuários. Na área de geoprocessamento, a distância entre a compra do software e um resultado operacional por parte do usuário é muito grande, pois envolvem aspectos como a geração de dados geográficos, disponibilidade de metodologias de trabalho adequadas e mecanismos de divulgação dos resultados obtidos.