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CAPÍTULO 3 AS INICIATIVAS EM PORTUGAL EM PROL DO

3.2. Contribuições das Instituições de I&D

A I&D é uma componente essencial da inovação. Portugal investe somente 0.77% do PIB em inovação, um valor que é menos do que metade da média comunitária. Uma parte substancial do investimento em I&D (27,8%) é canalizado para investigação

básica, o que sob este aspecto se revela acima da média europeia, dos EUA e Japão49, com uma percentagem considerável em engenharia e tecnologia.

O esforço de I&D em Portugal é muito fragmentado, não sendo esse investimento transformado em propriedade industrial, com um número reduzido de patentes de 2,9 por 1 milhão de habitantes, o mais baixo da Europa a 1550 e não origina empresas de base tecnológica com valor acrescentado significativo. A maioria dos recursos humanos afectos à I&D encontra-se nas universidades e não tem motivações para transferir para o sector produtivo o conhecimento que gera.

Ao nível das instituições de I&D e de aquisição de competências tecnológicas são importantes as contribuições de um conjunto de entidades, sejam universidades, institutos ou laboratórios ou centros tecnológicos, apostadas no desenvolvimento de um cluster automóvel em Portugal (Chorincas, 2002). Destacamos:

• O Centro de Formação da Formauto, centro de formação especializado que funciona na unidade da AutoEuropa. Pertence a uma empresa – a Formauto – em cujo capital participam a AutoEuropa e o Instituto do Emprego e Formação Profissional;

• O Centro Tecnológico da Indústria de Moldes e Ferramentas Especiais (CENTIMFE), localizado na Marinha Grande. criado em 1991 e que tem por objectivo apoiar o desenvolvimento técnico e tecnológico das indústrias da sua área de actuação;

• O Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), que resulta de uma parceria da ACECIA – Componentes Integrados para a Indústria Automóvel, ACE (através do Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica – CATIM) com a Universidade do Porto51;

• O Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI), que tem participado em vários projectos desenvolvidos no cluster; no contexto do programa PROTAP, estão envolvidas, para além da indústria de componentes (em particular as indústrias de processos de fundição avançada, transformação de chapa metálica e plásticos), as indústrias de moldes e ferramentas bem como associações empresariais e infra estruturas tecnológicas (p.e. Centimfe, AFIA e o ITEC);

49

OCDE, 2004

50 Eurostat-DG Research, 2003

51 Hoje, a ACECIA, que agrupa várias empresas com o objectivo de fornecer conjuntos e módulos na área

do car interior, é fortemente apoiada pelo CEIIA, e tem capacidade de inovação tecnológica pelo desenvolvimento co-operativo, e de industrialização de produtos de elevado valor acrescentado.

• O Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (CEIIA) que por missão potenciar a competitividade do cluster, pelo apoio ao desenvolvimento de competências técnicas e da capacidade estratégica das empresas, estabelecendo sinergias organizacionais e tecnológicas;

• O Centro de Engenharia e Tecnologia AgilTec – Engenharia e Tecnologia para a Produção Ágil e Eco-Eficiente, que procura promover a competitividade empresarial através da introdução de engenharia e tecnologias avançadas de produção;

• A COTEC Portugal constituída em 2003, como associação empresarial sem fins lucrativos e de utilidade pública, com a execução de estudos de oportunidade tecnológica no sector do automóvel na Região Norte;

• O CATIM – Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica. A generalidade das empresas do sector dos componentes são clientes do CATIM nos domínios da metrologia e ensaios;

• O CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal, como “player” do sector têxtil, integra um consórcio (INOCOP), um projecto-piloto de carácter experimental, que surgiu da necessidade de reforçar a competitividade das empresas de componentes do cluster automóvel.

Entende-se assim ser da maior importância a criação de um Centro Tecnológico do Automóvel que integre as empresas do sector, os centros de investigação, que potencie os recursos existentes e crie oportunidades de investigação52.

Foi iniciado em 1997 um processo que visava a criação do Centro de Excelência e Inovação para a Indústria Automóvel, o CEIIA. Mais que um gerador de informação sobre mercados, tecnologias e produtos, é hoje um contacto permanente entre os actores do sector e uma referência no que toca à abordagem ao cluster automóvel nacional53. O CEIIA constituir-se-ia como um motor de uma rede de investigação e desenvolvimento que passaria a ter a designação de REDIA– Rede de Excelência para o Desenvolvimento e Inovação na Indústria Automóvel. A REDIA seria coordenada a partir do CEIIA-CE, tendo como objectivo estratégico a articulação das várias competências técnicas e científicas susceptíveis de serem aplicadas no sector automóvel, tanto ao nível do conhecimento e qualificação de recursos humanos como do desenvolvimento de projectos de engenharia e de processos e produtos que permitam

52 Chorincas, 2002

aumentar a competitividade do sector automóvel, baseando o seu funcionamento na dinamização das principais universidades (UMinho; FEUP e IST), centros de saber (INTELI;IN+; PIEP; INESC Porto e INEGI) e a própria VW Autoeuropa, através da constituição de “design studios” que irão executar actividade nas áreas de conhecimento a desenvolver, nomeadamente Supply Chain Management, Design for Function and Performance, Design for Pleasure, Design for Mobility, Design for Manufacturing e Eco-Design determinantes para a evolução das empresas nacionais nas cadeias de fornecimento internacionais54.

No entanto, mau grado as intenções iniciais, o projecto de candidatura do CEIIA à criação do REDIA, veio a ser cancelado pela AdI (Agência de Inovação) uns meses mais tarde ainda em 2006, depois de estabelecidos protocolos com o MIT, a AutoEuropa, a FEUP e o IST.

A Norte, por exemplo, está a ser preparado um projecto para apresentar no âmbito do INTERREG (programa comunitário de apoio que prevê apenas candidaturas dos dois lados da fronteira), aproveitando o cluster automóvel da zona de Vigo. Esta ligação a Vigo terá, naturalmente, em vista a unidade da PSA (fábrica da Peugeot/Citroën) daquela cidade galega e ao investimento que será ali feito e que poderá implicar, igualmente, um reforço da unidade de Mangualde da Citroën Lusitânia.

O MCTES tem promovido o desenvolvimento em Portugal de uma base alargada de conhecimento em todas as áreas científicas com aplicações, entre outras, na indústria automóvel, tendo ainda lançado estratégias específicas de internacionalização em estreita ligação com as empresas deste sector. Em particular, o Programa MIT-Portugal, lançado pelo Governo em Outubro de 2006, inclui uma área de aplicação específica ao sector automóvel, estando a ser desenvolvido em estreita colaboração com o CEIIA e vários grupos de I&D e universidades nacionais.

3.3.

O Cluster Automóvel em Portugal