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Convenção de Viena (Proteção da camada de ozônio – 1985)

2. MUDANÇAS CLIMÁTICAS

2.2 Direito, Políticas Públicas, Mudanças Climáticas e a Poluição Atmosférica

2.2.3 Convenção de Viena (Proteção da camada de ozônio – 1985)

Novamente seguindo o padrão da Convenção de Genebra de 1979 sobre a Poluição Atmosférica Transfronteiriça de Longo Alcance, a Convenção de Viena de 1985 para a Proteção

17 Texto original. “Transboundary air pollution in Europe has undoubtedly fallen substantially, and especially

SO2 pollution. By 1994 the 30% target for reducing sulphur emissions had been met by all parties, and exceeded by nineteen of them, reducing total emissions by 52%. Even non-parties such as the UK and Poland had also exceeded the 30% target. NOx emissions had either stabilized as required, or had reduced, giving a net fall of 9%, although those parties who had promised a 30% fall remained a long way short of this target, and further reductions would be difficult to achieve.” In: BIRNIE, Patricia; BOYLE, Alan; REDGWELL, Catherine. International law & the environment. 3 ed. Oxford: Oxford University, 2009, p. 348.

50 da Camada de Ozônio, foi o primeiro tratado internacional a abordar uma questão atmosférica global.

Infere-se que, a degradação da Camada de Ozônio é um dos principais problemas ambientais associados à poluição atmosférica, pois essa, propicia uma série de consequências a todo o planeta, uma vez que, com a redução da Camada de Ozônio, uma quantidade mais elevada de raios ultravioletas chegará a terra, afetando extremamente a vida dos seres vivos.

Tal degradação é ocasionada pelo lançamento de poluentes no ar, ou seja, por uma poluição atmosférica transfronteiriça, cujos danos se prolongam no tempo e no espaço.

Assim, a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, foi ratificada por 28 países, em 22 de março de 1985, na qual continha promessas de cooperação em pesquisa e monitoramento, compartilhamento de informações sobre produção e emissões de Clorofluorcarbono (CFC).

Como afirma Granziera (2011, p. 338-339):

O clorofluorcarbono (CFC), anteriormente considerado uma substância inerte, foi largamente utilizado pela indústria, sobretudo como propelente em aerossóis e nos compressores de geladeiras. Mais tarde, descobriu-se que esse gás é o grande responsável pela destruição da camada de ozônio. Hoje, muitas regiões da Terra já sofrem esses efeitos como a Antártida e o sul do Brasil. No plano internacional, com o objetivo de proteger a camada de ozônio mediante a adoção de medidas voltadas ao controle de modo equitativo das emissões globais de substâncias que a destroem, visando à sua eliminação a partir de desenvolvimentos no conhecimento científico, a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, foi realizada em 1985, e o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, em 1987, com a participação do Brasil.

Aliás, a Convenção de Viena tinha como propósito proibir o uso dos Clorofluorcarbonetos, encontrados em: refrigeradores, condicionadores de ar, espumas isolantes, extintores de incêndio e aerossóis, que destroem o ozônio na atmosfera.

Além disso, a Convenção de Viena estabeleceu uma estrutura para a adoção de medidas para proteger a saúde humana e o meio ambiente contra os efeitos adversos resultantes ou prováveis das atividades humanas que modificam a camada de ozônio.

Então, de acordo com a Convenção de Viena foram implementadas as seguintes obrigações entre os Estados membros: cooperação em observações sistemáticas, pesquisa e troca de informações; a adoção de medidas legislativas ou administrativas apropriadas e a cooperação em políticas para controlar, limitar, reduzir ou prevenir atividades que possam ter efeitos adversos resultantes de modificações na camada de ozônio; e cooperação na formulação de medidas, procedimentos e padrões para implementar a Convenção, bem como com

51 organismos internacionais competentes (SANDS; PEEL; FABRA; MACKENZIE, 2012. p. 264)18.

Assim se resumem, os resultados alcançados pelas obrigações assumidas pelos Estados parte:

Assim, a Convenção de 1985 é, em grande parte, um quadro vazio, exigindo novas ações das partes, que se mostraram incapazes, em 1985, de chegar a acordo sobre propostas para medidas de controle mais específicas. No entanto, é um importante precedente com significado mais amplo em direito ambiental. Primeiro, ela está explicitamente preocupada com a proteção do meio ambiente global e define efeitos adversos para significar 'mudanças no ambiente físico ou biata, incluindo mudanças no clima, que têm efeitos deletérios significativos sobre a saúde humana ou na composição, resiliência e produtividade de ecossistemas naturais e manejados, ou em materiais úteis para a humanidade”. Essa definição reconhece o impacto do esgotamento do ozônio na mudança climática e adota uma abordagem ecossistêmica em termos que sugerem que o ambiente natural tem um significado independente de sua utilidade imediata para o homem. Em segundo lugar, a Convenção sobre o Ozônio é uma das primeiras a perceber a necessidade de ação preventiva antes da prova firme do dano real e, nesse sentido, é indicativa do surgimento de uma abordagem mais "preventiva" do que era típico para convenções relativas à poluição, incluindo a Convenção de Genebra de 1979 sobre a poluição atmosférica transfronteiriça a longa distância (BIRNIE; BOYLE; REDGWELL, 2009. p. 350-351)19.

Por certo, a Convenção de Viena contribuiu decisivamente para o surgimento, em 1987, do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, que é um tratado internacional que entrou em vigor, a partir do dia 1º de janeiro de 1989, quando foi ratificado por 29 países da Comunidade Econômica Europeia (CEE). Esse documento, assinado pelos Estados-Partes impôs obrigações específicas, em especial a progressiva redução da produção e consumo das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (SDOs) até sua total eliminação.

18 Texto original. “These obligations are: co-operation on systematic observations, research anda information

exchange; the adoption of appropriate legislative or administrative measures and co-operation on policie to control, limit, reduce or prevent activities that are likely to have adverse effects resulting from modifications to the ozone layer; and co-operation in the formulation of measures, procedures and standards to implement the Convention as well as with competent international bodies.” In: SANDS, Philippe; PEEL, Jacqueline; FABRA, Adriana; MACKENZIE, Ruth. Principles of international environmental law. 3. ed. Cambridge University Press, 2012, p. 264.

19 Texto original: “Thus the 1985 Convention is largely an empty frmework, requiring further action by the parties,

who proved unable in 1985 to agree on proposals for more specific control measures. Nevertheless, it is ana important precedent with wider significance in enrironmental law. First, it is explicitly concerned with protection of the global environment, and defines adverse effects to mean 'changes in the physical environment or biota, including changes in climate, which have significant deleterious effects on human health or on the composition, resilience and productivity of natural and managed ecosystems, or on materials useful to mankind'. This definition both recognizes the impacto f ozone depletion on climate change, and adopts na ecosystem approach in terms which suggest that the natural environment has a significance independente of its immediate utility to man. Second, the Ozone Convention is one of the first to perceive the need for preventive action in advance of firm proof o factual harm, and in that sense it is indicative of the emergence of a more ‘precautionary’ aprroach than had been typical for earlier pollution conventions, including the 1979 Geneva Convention on Long-range Transboundary Air Pollution.” In: BIRNIE, Patricia; BOYLE, Alan; REDGWELL, Catherine. International law & the environment. 3 ed. Oxford: Oxford University, 2009, p. 350-351.

52 Essa convenção tornou-se um marco no Direito Internacional do Ambiente, pelo fato de que, pela primeira vez na história, diversos países concordaram em combater um problema ambiental antes que seus efeitos se tronassem irreversíveis e mesmo antes que tais efeitos restassem cabal e cientificamente comprovados. Adotou-se tacitamente o princípio da

precaução20 (MILARÉ, 2014, p. 1580).

2.2.4 Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de