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Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio

2. MUDANÇAS CLIMÁTICAS

2.2 Direito, Políticas Públicas, Mudanças Climáticas e a Poluição Atmosférica

2.2.4 Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio

De acordo com a Convenção de Viena, que prevê em seu artigo 8º, a adoção de protocolos - a partir de 16 de setembro de 1987 - estabeleceu-se um acordo sobre a adoção de medidas concretas e firmou-se o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que destroem a camada de ozônio, o qual definia medidas que os Estados-partes deveriam aplicar para limitar a produção e consumo dessas substâncias.

Por conseguinte, o Protocolo de Montreal foi concluído e firmado, inicialmente, pelos mesmos países signatários da Convenção de Viena. E esse tratado internacional teve a adesão de 150 países signatários, incluindo a Comunidade Europeia, os Estados Unidos da América, a Rússia, China, Índia e o Brasil. O tratado foi revisado nos anos de 1990, 1992, 1995, 1997 e 1999.

Indubitavelmente, o objetivo principal do Protocolo era diminuir gradativamente as emissões de substâncias sintéticas que destroem a camada de ozônio até sua eliminação total. Buscou-se, também, promover a cooperação internacional em pesquisa e desenvolvimento da ciência e de tecnologia relacionadas ao controle e à redução de emissões destas substâncias (SILVEIRA; GRASSI, 2016, p. 205).

Ainda, segundo Kiss e Shelton (2007, p. 169), diversos produtos químicos foram controlados gradativamente pelo regime do tratado de ozônio, conforme podemos perceber:

Noventa e seis produtos químicos são controlados pelo regime do tratado do ozônio a partir do início de 2007. Estes incluem: halo carbonos, notadamente

20 O Princípio da Precaução, por seu turno, prevê a regulação dos riscos permeados por incertezas quer quanto às

probabilidades de sua ocorrência quer quanto à magnitude de suas consequências. Por tal razão, pode-se dizer que a precaução abrange riscos descritos como incertezas stricto sensu (incerteza quanto às probabilidades), ambiguidades (incerteza quanto aos efeitos) e ignorâncias (incerteza quanto a probabilidade e efeitos). Estas categorias são fundamentais para a modulação criteriosa acerca da aplicação do princípio, bem como para a imposição de medidas precaucionais proporcionais. Apesar de não haver um amplo consenso sobre a abrangência da precaução, há, em síntese, uma uniformidade de interpretações no sentido de que o Princípio da Precaução deverá ser aplicado sempre que houver a identificação de riscos i) que apresentem uma ameaça de dano grave ou irreversível, ii) aos quais estejam atreladas incertezas científicas, quer quanto à sua probabilidade ou magnitude, iii) justificando uma postura de acautelamento proporcional. CARVALHO, Délton Winter. Gestão Jurídica Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 196.

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clorofluorcarbonos (CFCs) e halons, tetracloreto de carbono, metil clorofórmio (1, 1, 1 tricloroetano), hidrobromofluorcarbonos (HBFCs) , hidrocombrofluorcarbonos (HBFCs), hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), brometo de metilo (CH3BR), bromoclorometano (BCM), uma nova substância destruidora do ozono que algumas empresas procuraram introduzir no mercado em 1998, foi alvo da Emenda de 1999 para a fase imediata. para evitar o uso. Os cronogramas de eliminação progressiva dos países desenvolvidos para esses produtos são os seguintes: eliminação de halons até 1994; eliminar progressivamente os CFCs, o tetacloreto de carbono, o clorofórmio de metila e os HBFCs até 1996; reduzir o brometo de metila em 25 por cento até 1999, 50 por cento até 2001, 70 por cento até 2003 e descontinuar até 2005; reduzir os HCFCs em 35% até 2004, 65% até 2010, 90% até 2015; reduzirá os HCFCs em 35% até 2004, 65% até 2010, 90% até 2015 e 99,5% até 2020, sendo que 5% permitirão a manutenção. Os esforços internacionais para proteger a camada de ozônio tiveram um impacto substancial. Em 1995, a produção global das substâncias mais importantes que destroem a camada de ozônio, os CFCs, era de 76% a menos que no ano de pico de 1988.21

A propósito, Birnie, Boyle e Redgwell (2009. p. 351-353) destacam as principais ações, metas e obrigações adotadas pelos países-partes:

O Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, de 1987, representa um acordo muito mais significativo do que a Convenção sobre o Ozônio. Em primeiro lugar, estabelece metas firmes para reduzir e eliminar o consumo e a produção de uma gama de substâncias eliminadoras de ozônio. Estes foram apoiados particularmente fortemente pelos Estados Unidos, que se referiram à necessidade de errar do lado da cautela e recordar o bem-estar das gerações futuras, e pelo Diretor Executivo do PNUMA, cujos esforços asseguraram que um consenso emergiu entre os especialistas científicos em prever a taxa de esgotamento do ozônio e as medidas reguladoras necessárias para proteger a saúde humana e o ambiente. [...] Em segundo lugar, reconhecendo a desigualdade de tratamento igual para todos e a contribuição muito pequena para o esgotamento da camada de ozônio feita pelos países em desenvolvimento, o protocolo prevê disposições especiais para as suas necessidades. [...] Em terceiro lugar, o protocolo tentou lidar com o problema dos não- partes, proibindo o comércio com esses estados em substâncias controladas ou produtos contendo tais substâncias. Para dar apenas um exemplo, a Coreia foi forçada a participar se quisesse continuar a exportar carros e frigoríficos. [...] Já existiam precedentes para o controle do comércio com não-partes na Convenção CITES, de 1973, e nas resoluções das partes da Convenção de Londres de 1972 e da Convenção Internacional de 1946, para a Regulamentação da Pesca e da Baleia.22

21 Texto original: “Ninety-six chemicals are controlled by the ozone treaty regime as of the beginning of 2007.

These inclube: halo carbons, notably chlorofluorocarbons (CFCs) and halons, carbon tetrachloride, methyl chloroform (1, 1, 1 trichloroethane), hydrobromofluorocarbons (HBFCs), hydrochbromofluorocarbons (HBFCs), hydrochlorofluorocarbons (HCFCs), methyl bromide (CH3BR), bromochloromenthane (BCM), a new ozone- depleting substance that some companies sought to introduce into the maket in 1998, was targeted by the 1999 Amendment for immediate phase-out to prevent it use. The phase-out schedules for developed countries on these products are as follows: phase out halons by 1994; phase out CFCs, carbon tetachloride, methyl chloroform, and HBFCs by 1996; reduce methyl bromide by 25 percent by 1999, 50 percent by 2001, 70 percent by 2003, and phase out by 2005; reduce HCFCs by 35 percent by 2004, 65 percent by 2010, 90 percent by 2015; reduce HCFCs by 35 percent by 2004, 65 percent by 2010, 90 percent by 2015, and 99,5 percent by 2020, witch 05 percent permited for maintenance. International efforts to protect the ozone layer have had substantial impact. By 1995, global production of the most significant ozone-deplet-ing substances, the CFCs, was dow 76 percent from the peak year of 1988.” In: KISS, Alexandre; SHELTON, Dinah. Internatiobal environmental law. Leiden/Boston: Martinus Nejhoff Publishers, 2007, p. 169.

22 Texto original: “The Montreal Protocol on Substances that Deplete the Ozone Layer of 1987 represents a much

more significant agreement than the Ozone Convention. First, it sets firm targets for reducing and eliminating the consumption and production of a range of ozone-depleting substances. These were particularly strongly supported by the United States, which referred to the need to err on the side of caution and recall the well-being of future generations, and the UNEP Executive Director whose efforts ensured that a consensus emerged among scientific

54 Vale ressaltar, ainda, que as Partes do Protocolo reconheceram que, devido à necessidade de crescimento dos países em desenvolvimento e seu relativo baixo uso histórico de CFC’s, deveria ser concedido a esses países um período de tolerância de dez anos a mais do que para os países em desenvolvimento, no sentido de realizar a implementação das medidas de redução e eliminação exigidas (MILARÉ, 2014, p. 1583).

Assim, os esforços internacionais para proteger a camada de ozônio tiveram um impacto substancial. E em 1995, a produção global das substâncias mais prejudiciais à camada de ozônio, os CFC’s, caíra 76% em relação ao ano de pico de 1988. Mas, os países e regiões de Severa avançaram para além dos acordos. Então a União Europeia anunciou uma eliminação progressiva dos HCFC até 2015, cinco anos antes de ser legalmente obrigada a fazê-lo. A Lei do Ar Limpo dos EUA exige a eliminação progressiva do brometo de metila, nove anos antes dos requisitos do protocolo (KISS; SHELTON, 2007, p. 169).

Importante ressaltar a ação do governo brasileiro pós-Protocolo de Montreal, visando à redução da produção e consumo das substâncias que causam a destruição da camada de ozônio. Logo, as emendas ao texto do Protocolo de Montreal foram ratificadas e promulgadas pelo Brasil. E, tanto a Convenção de Viena de 1985, quanto o Protocolo de Montreal de 1987,

foram promulgados no Brasil, pelo Decreto nº 99.280, de 6 de junho de 1990.23

O Brasil também aderiu à Emenda de Londres, através do Decreto nº 181, de 24 de julho de 1991; à Emenda de Copenhague, através do Decreto nº 2.679, de 17 de julho de 1998; e às Emendas de Montreal e Pequim, através do Decreto nº 5.280, de 22 de novembro de 2004. Também, diversos outros textos legais foram adotados pelo Brasil para a efetivação do Protocolo de Montreal, sobretudo, em virtude do cumprimento das ações, metas e obrigações específicas pactuadas no plano internacional.

Por conseguinte, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, por meio da Resolução

Conama

nº 5

, de 15 de junho de 1989, instituiu o Programa Nacional de Controle da Qualidade

experts in predicting the rate of ozone depletion and the regulatory measures necessary to protect human health and the environment.[...] Secondly, recognizing equal treatment inequality for all and the very small contribution to the depletion of the ozone layer by developing countries, the Protocol provides for special provisions for their needs. [...] Thirdly, the Protocol attempted to address the problem of non-parties by prohibiting trade with such states in controlled substances or products containing such substances. To give just one example, Korea was forced to participate if it wanted to continue exporting cars and refrigerators. [...] There were already precedents for controlling trade with non-parties to the 1973 CITES Convention and the resolutions of the parties to the 1972 London Convention and the 1946 International Convention for the Regulation of Fishing and Whaling.” In: In: BIRNIE, Patricia; BOYLE, Alan; REDGWELL, Catherine. International law & the environment. 3 ed. Oxford: Oxford University, 2009, p. 351-353.

23 Promulgação da Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio e do Protocolo de Montreal sobre

Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio. Disponível em:

55 do Ar - PRONAR. E o Pronar passou a figurar com um dos instrumentos básicos da gestão ambiental para proteção da saúde e bem-estar das populações e melhoria da qualidade de vida, com o objetivo de permitir o desenvolvimento econômico e social do país de forma ambientalmente segura, pela limitação dos níveis de emissão de poluentes por fontes de poluição atmosférica.

Outrossim, um grande passo em direção à eliminação das substâncias controladas no Brasil, ocorreu através da Resolução nº 13, de 13 de dezembro de 1995, do CONAMA. De acordo com o art. 4º da Resolução nº 13, foi proibido a utilização das substâncias controladas constantes dos Anexos A e B, do Protocolo de Montreal.

Também, a Resolução nº 267, publicada em 14 de setembro de 2000, atualizou e aperfeiçoou a Resolução nº 13/1995, do CONAMA, a qual previu a gradual eliminação do uso das SDOs; e determinou o cadastramento de empresas que importem, exportem, comercializem ou utilizem substâncias controladas acima de uma tonelada anual; bem como a proibição em todo o território nacional do uso das SDOs constantes dos Anexos A e B, do Protocolo de Montreal; a proibição da importação e exportação de substâncias controladas de ou para países não signatários do Protocolo de Montreal; além da redução gradual, ano a ano, das importações de CFC-12, no Brasil, até a sua proibição total a partir de 2007.

Se há evidências científicas quanto a riscos de agir e também quanto a riscos de não agir – se portanto a solução não é clara – a prudência estaria na adoção de determinadas medidas e situações graves, tendentes a tomar decisões mais adequadas do ponto de vista da prevenção e da precaução, relativamente ao meio ambiente.

Em resumo, o Brasil caracteriza-se como cumpridor de suas obrigações perante os países signatários do Protocolo de Montreal, no que se refere à conversão industrial, à diminuição da produção, importação e exportação legal de substâncias controladas (SILVEIRA; GRASSI, 2016, p. 222).

2.2.5 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento