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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.3 CONFIGURAÇÃO DA GOVERNANÇA PARA P2R2 EM FOZ DO IGUAÇU

4.3.2 Elementos instrumentais de governança

4.3.2.2 Cooperação

Segundo Fleury (2005), as redes se estruturam pelo desenvolvimento de ações conjuntas de cooperação. Neste sentido, a cooperação se configura no compartilhamento de recursos, em parcerias, trocas de informações e experiências, para o desenvolvimento de ações conjuntas em torno de um problema ou objetivos comuns.

As evidências identificadas por meio das entrevistas indicam que, a cooperação para as atividades de controle e P2R2 em emergências envolvendo produtos químicos em Foz do Iguaçu se caracteriza pelo compartilhamento de diferentes tipos de recursos e informações, com o intuito de alcançarem objetivos individuais e coletivos, conforme é apontado nos relatos dos informantes A, B, C, D e J a seguir

[...] se eu receber uma quantidade de materiais [...] eu divido com corpo de bombeiros [...]. Quando eles têm eles também dividem com a gente, [...] eu acho que informalmente a gente tem isso aí por causa da responsabilização que vai acabar caindo sobre nós (Informante A, p. 15).

Numa emergência com produtos perigosos na parte de resposta nós temos uma integração, nós temos um somatório de logística, onde cada um vai contribuindo com o que tem (Informante B, p. 6).

[...] em uma ocorrência com produtos químicos eu posso chamar bombeiros da Itaipu, posso solicitar os equipamentos respiratórios que a Itaipu possui, das empresas privadas, eu chamo os técnicos da Sanepar, técnicos da Copel já foram chamados, da concessionária da rodovia Ecocataratas [...] (Informante B, p. 6).

Troca de informações, troca de conhecimentos, compartilhamento de conhecimentos, serviço de inteligência [...] reuniões, treinamentos [...] (Informante B, p. 10).

Entre as instituições, [...] compartilha recurso técnico, informações [...]. As Defesas Civil e o Bombeiro compartilham mais equipamentos e materiais (Informante D, p. 10).

[...] estes conhecimentos nós buscamos com os parceiros, a gente acaba tendo uma integração com os bombeiros, Ibama, IAP e as demais instituições que possuem esses técnicos qualificados, os quais repassam para nós as informações necessárias para agirmos (Informante J, p. 1). As reuniões periódicas, conversas, trocas de informações, algumas vezes o compartilhamento de conhecimentos, [...] passa a ter esse conhecimento por meio da parceria como outras instituições (Informante J, p 5).

Sim. Está mais relacionado ao conhecimento técnico, a troca de informações (Informante J, p. 5).

Estes relatos indicam também que, a informalidade é uma característica marcante nas relações interorganizacionais de cooperação na governança local, o que é reforçado pela na fala do informante I

No que se refere a P2R2, como outros temas, esse compartilhamento ele é feito principalmente em caráter informal, e o compartilhamento de práticas e experiências são por meio de processos de capacitações pelas instituições pelas diversas instituições que compõem o P2R2 (Informante I, p. 4).

A cooperação transfronteiriça para P2R2 é uma relação interorganizacional identificada na governança local e organizações do Paraguai e Argentina, que se instrumentaliza pelo compartilhamento de recursos, processos de capacitação e troca de experiências, conforme relatam os informantes B e F

Eu tenho certeza que se tivermos uma demanda grande aqui, eu posso contar com as instituições não só daqui, mas inclusive com os Bombeiros do Paraguai e da Argentina (Informante B, p. 7).

[...] aqui em Foz nós não temos escada para combater incêndios em apartamentos, nós temos um caminhão com a plataforma, mas num incêndio em edifício aqui, eu posso contar com duas escadas mecânicas, uma que vem do Paraguai e outra que vem da Argentina. Diante de uma demanda em menos de 15 minutos eles estão em Foz (Informante B, p. 7). [...] em relação a ações regionais entre os municípios da fronteira, tiveram treinamentos e simulados de acidentes. Neste momento é que trocamos informações e experiências (Informante F, p. 12).

Em relação a cooperação transfronteiriça o informante o informante B possuir a percepção de que a formalidade destas parcerias burocratizará o processo, conforme depreende-se de sua fala

Acontece a cooperação, só que acho que no momento que formalizar vai engessar muita coisa, mais isso isto não é competência minha (Informante B, p. 11).

A parceria na realização de treinamentos e eventos de capacitação técnica é uma relação de cooperação fortemente presente entre as instituições, conforme depreende-se dos relatos a seguir

Nós tivemos um trabalho que foi feito pelo Centro de Desastres de Cascavel, foi um programa que visou a capacitação de agentes para proteção dos mananciais que passam pela BR 277, essa foi uma grande experiência para nós, onde foi compartilhado informações sobre uma

network (Informante A, p. 16).

Em relação a treinamentos a gente recebe convite para participação, em relação a eventos ocorridos geralmente a gente compartilha a documentação, então a ANTT me manda documento do caminhão, eu mando documento para Polícia Ambiental e a Polícia Ambiental manda relatório (Informante A, p. 16).

[...] já fizemos alguns treinamentos com o Corpo de Bombeiros. Nós entramos em contato com algumas empresas que resposta e emergência, e eles disponibilizaram treinamento de forma gratuita para o Corpo de Bombeiros local, participaram integrantes da ANTT, do IAP também, onde vimos toda a dinâmica e as etapas simuladas de um incidente com produtos perigosos, inclusive ali trabalhamos a participação de cada entidade [...] (Informante D, p. 10).

Às vezes isso ocorre por meio de diálogos entre as próprias instituições, às vezes com a participação em eventos, aonde uma organização que tem conhecimento busca repassar para as demais, [...] momento em que ocorre a troca de informações e o repasse de alguns detalhes específicos sobre a maneira de como atuar em determinada situação (Informante J, p. 6).

melhorar as formas de diálogo e o processo de planejamento das ações por parte dos atores envolvidos

[...] não há planejamento, não há calendário de ações para poder envolver todos os atores no processo, por exemplo, produtos controlados, existe os produtos controlados pelo exército, pela Polícia Federal, tem a própria questão das licenças para fins ambientais e armazenagem. E então cada um deles age de forma isolada vendo o seu lado, mas não vê uma ação conjunta, então se todos eles foram integrados, automaticamente a gente consegue obter um filtro de situações potenciais que poderiam ser evitadas (Informante C, p.7).

Na verdade, eu acho que existem recursos, existem alguns mecanismos só que para nós como instituição eu vejo que é muito pouco transparente a gente acaba não visualizando uma maneira mais efetiva né [...]. Existiam os encontros, existia essa questão do calendário de fiscalização que hoje eu não vejo mais. (Informante C, p. 10).

Acho que temos que pensar nos eventos e criar uma forma de atuar, pois será que alguém que está lá em cima vai pensar nisso? (Informante G, p. 5).

Assim, a cooperação na governança local para a P2R2 em emergências com produtos químicos perigosos se caracteriza fortemente pela existência de parcerias informais para realização de diversos tipos de atividades e pelo compartilhamento de diferentes tipos de recursos conforme sistematizado no Quadro 22.

Quadro 22 - Características da cooperação na governança local para P2R2. Características Formas de institucionalização Compartilhamento de diferentes ti-

pos de recursos

Compartilham conhecimentos, infor- mações, equipamentos, serviços, do-

cumentos técnicos Parcerias informais

Ações de fiscalização, atendimento e resposta

Reuniões, cursos, eventos de capaci- tação, simulados

Relações transfronteiriças

Auxilio mútuo no atendimento de ocor- rência e no compartilhamento equipa- mentos com instituições do Paraguai e

Argentina. Fonte: elaborado pela autora (2019).

No entanto, conforme indicam os informantes C e G a cooperação da governança local para P2R2 pode ser fortalecida pela consolidação de um processo de planejamento interorganizacional.