• Nenhum resultado encontrado

Correspondência com os demais regimes licitatórios: se não pudéssemos nos valer do RDC quais seriam as alternativas?

2— Pré-qualificação Permanente 2.1 Características gerais

2.2. Correspondência com os demais regimes licitatórios: se não pudéssemos nos valer do RDC quais seriam as alternativas?

31. Com o fi to de provar a maior celeridade proporcionada pela utilização do procedimento de pré-qualifi cação estabelecido pelo RDC, faz-se exercí- cio hipotético, comparando-se os resultados esperados quando há a utiliza- ção de “normas rivais”, isto é, diplomas que estabelecem outras modalidades de licitação.

32. De acordo com a Lei 12.462, o Regime Diferenciado de Contratações Públicas é aplicável às licitações e contratos destinados à realização dos gran- des eventos que serão recebidos pelo país — Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, Copa do Mundo de 2014 e Copa das Confederações — incluindo as obras de infraestrutura necessárias a sua realização, bem como as ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e intervenções destinadas ao sistema público de ensino.

33. Para atender às hipóteses de incidência do RDC, seria razoável subs- tituir sua aplicação pela modalidade concorrência, regida pela Lei 8.666/93, para todos os casos em que poder-se-ia aplicar o RDC e, de forma parcial, pelo pregão, regulado pela Lei 10.520/02.

2.2.1. O pregão, que não abrange todo o universo abrangido pelo RDC

34. A modalidade pregão, inserida no ordenamento jurídico pela Lei 10.520/02, revela um propósito de dotar o certame de maior celeridade, pois primeiro são analisadas as propostas, e depois, são verifi cados os documentos de habilitação daquele agente com a melhor proposta, mecanismo que a doutrina administra- tivist a convencionou chamar “inversão das fases”.

35. Deve-se ressaltar que o regime do pregão, embora efi ciente temporal- mente, não abrange todas as hipóteses de incidência do RDC, uma vez que este se destina à aquisição de bens e serviços comuns, cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente defi nidos pelo edital, por meio de espe- cifi cações usuais no mercado42.

36. Percebe-se, portanto, que fi cariam excluídas da aplicação da moda- lidade pregão quaisquer obras que fossem necessárias à realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, além das obras relacionadas ao PAC, conforme disposição do artigo 1o inciso

IV da lei 12.46243, e as obras de infraestrutura previstas no inciso III do artigo

2o do Decreto 7.581.44

37. Observa-se ainda, que tais obras representam parte fundamental à re- alização dos grandes eventos que serão recebidos pelo país nos próximos anos.

43 Art. 1o É instituído o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável exclusivamente

às licitações e contratos necessários à realização:

I — dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, constantes da Carteira de Projetos Olímpicos a ser defi nida pela Autoridade Pública Olímpica (APO); e

II — da Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação — Fifa 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014, defi nidos pelo Grupo Executivo — Gecopa 2014 do Comitê Gestor instituído para defi nir, aprovar e supervisionar as ações previstas no Plano Estratégico das Ações do Governo Brasileiro para a realização da Copa do Mundo Fifa 2014 — CGCOPA 2014, restringindo-se, no caso de obras públicas, às constantes da matriz de responsabilidades celebrada entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios;

III — de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados da Federação distantes até 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros) das cidades sedes dos mundiais referidos nos incisos I e II.

IV — das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) (Incluído pela Lei no 12.688, de 2012)

§ 1o O RDC tem por objetivos:

I — ampliar a efi ciência nas contratações públicas e a competitividade entre os licitantes; II — promover a troca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor público;

III — incentivar a inovação tecnológica; e

IV — assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública.

§ 2o A opção pelo RDC deverá constar de forma expressa do instrumento convocatório e resultará

no afastamento das normas contidas na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, exceto nos casos expres- samente previstos nesta Lei.

§ 3o Além das hipóteses previstas no caput, o RDC também é aplicável às licitações e contratos

necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino. (Incluído pela Lei no 12.722, de 2012)

44 Art. 2o O RDC aplica-se exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização:

I — dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, constantes da Carteira de Projetos Olímpicos a ser defi nida pela Autoridade Pública Olímpica — APO;

II — da Copa das Confederações da Fedération Internationale de Football Association — FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014, defi nidos em instrumento próprio pelo Grupo Executivo da Copa do Mundo FIFA 2014 — GECOPA, vinculado ao Comitê Gestor da Copa do Mundo FIFA 2014 — CGCOPA; e

III — de obras de infraestrutura e à contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados distantes até trezentos e cinquenta quilômetros das cidades sedes das competições referidas nos incisos I e II do caput.

Parágrafo único. Nos casos de obras públicas necessárias à realização da Copa das Confederações da FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014, aplica-se o RDC às obras constantes da matriz de respon- sabilidade celebrada entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

2.2.2. A concorrência, que teria abrangência equivalente ao RDC

38. A modalidade que substituiria a abrangência do RDC em sua totalidade se- ria, portanto, a concorrência. A fi m de compará-la com o Regime Diferenciado de Contratações, se faz necessário realizar uma breve análise deste regime e de suas fases.

39. Os procedimentos licitatórios previstos na Lei 8.666 podem ser dividi- dos em duas grandes fases: (i) interna e (ii) externa.

40. A fase interna pode ser defi nida como um conjunto de procedimentos preparatórios para a competição que ocorrerá futuramente, na qual eventuais interessados possam se habilitar apresentando suas respectivas propostas à Ad- ministração. Integram a fase interna: (i) a requisição do objeto, (ii) a estimativa de valor, (iii) a aprovação da despesa, (iv) a elaboração do certame licitatório, (v) a análise jurídica do edital.

41. A fase externa caracteriza-se pelo cumprimento das etapas necessárias, pela Administração e pelos particulares, para realização do certame e efetivação da contratação. De forma geral, após as fases internas do procedimento licita- tório acima descrito, podemos dizer que integram a fase externa: (i) audiência pública, nos casos de licitações de grande vulto45, (ii) publicação do edital, (iii)

prazo para estabelecimentos e impugnação do edital, (iv) recebimento dos en- velopes, documentos e propostas, (v) habilitação, (vi) julgamento das propos- tas, (vii) homologação.

42. O recebimento dos envelopes consistirá na entrega dos documentos relativos à habilitação e as propostas em si, formuladas pelos licitantes. Neste momento são analisadas a capacidade jurídica, regularidade fi scal, capacidade técnica e econômica para realização do objeto licitado. Na lógica estabelecida pela Lei 8.666, a habilitação precederá o julgamento de propostas, lógica que, como afi rmado anteriormente, foi invertida no procedimento do pregão.

43. O julgamento de propostas é dividido em aspectos preliminares, por meio da análise da adequação da proposta ao edital; o exame de abusivida- de e exequibilidade, sendo abusiva a proposta considerada alta demais para a Administração, e inexequível aquela que esteja abaixo do limite mínimo para custeá-la; e na análise do mérito propriamente dito, por meio do julgamento das propostas de acordo com os critérios fi xados no edital.

45 Lei 8.666/93. Art. 39: Sempre que o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência pública con- cedida pela autoridade responsável com antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis de sua reali- zação, pelos mesmos meios previstos para a publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a todas as informações pertinentes e a se manifestar todos os interessados.

44. A homologação ocorrerá após a classifi cação das propostas realizadas e da verifi cação dos critérios de julgamento. É realizado um juízo de juridici- dade, verifi cando-se a compatibilidade de todos os atos do procedimento com o ordenamento brasileiro. Por fi m é realizada a adjudicação, ato defi nido pela doutrina como atribuição do objeto da licitação ao licitante vencedor.

Outline

Documentos relacionados