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Da representatividade da Associação Brasileira de Direito e Economia — ABD&E

14. A ABD&E é uma associação civil sem fi ns lucrativos, de caráter científi co, educativo, técnico, cultural e pluridisciplinar, criada para desenvolver a pesqui- sa e aprimorar a interdisciplinaridade entre as ciências do Direito e Economia. 15. Ela cumpre com o papel social de divulgar movimento intitulado “Direito e Economia”, também denominado Análise Econômica do Direito (AED), no país. Este movimento, “um instrumento poderoso de análise de um vasto conjunto de questões jurídica5”, propugna a aplicação de métodos econômi- cos aos conceitos centrais do Direito como contratos, direito de propriedade, responsabilidade civil e direito penal6.

16. Neste desiderato, vem, desde a sua criação, em 2007, organizando pa- lestras, simpósios e congressos, de alcance nacional e internacional. Além disso, tem fomentado o debate sobre Direito e Economia por meio da organização de cursos e ofi cinas7.

17. Neste particular, evidencia-se a representatividade da ABD&E. Esta associação, fundada em 2007, dedica-se à difusão, nos meios jurídicos e aca- dêmicos, da AED, buscando por meio da utilização de ferramentas tais como teoria dos preços, teoria dos jogos, econometria, teoria das externalidades e dos custos de transação, dentre outros, ampliar a compreensão dos operadores de Direito, contribuindo para que o sistema jurídico possa maximizar a exigência 5 POSNER, Richard. A. Economic Analysis of Law. Boston: Little Brown and Company, 1973. p. 19. 6 Exemplo é o próprio índice da Encyclopedia of law and economics, que trata de dos referidos temas.

Confi ra-se: BOUCKAERT, Boudewijn; DE GEEST, Gerrit (eds.). Encyclopedia of Law and Economics,

Volume I. Th e History and Methodology of Law and Economics. Cheltenham, Edward Elgar, 2000, dispo-

nível em http://encyclo.fi ndlaw.com/tablebib.html. Acesso em 20 de março de 2009.

7 Exemplo da importância da ABD&E foi o Seminário “Direito, Economia e Desenvolvimento”, organi- zado pelo Ministro Ricardo Lewandowski e pelo Juiz Federal Marcelo Guerra Martins, ocorrido em 23 de setembro de 2011, no Supremo Tribunal Federal. Seminário este cuja maior parte das palestras foi proferida por membros ativos da ABD&E. Além disso, encontra-se em funcionamento na Universidade Católica de Brasília o primeiro mestrado em Direito e Economia, reconhecido pela CAPES — Coorde- nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

de justiça e equidade, aliada à efi ciência. Elementos estes desejados por todos e possibilitadores da paz social e do desenvolvimento.

18. Assim, cumpre-se com o primeiro requisito exigido pela Lei no 9.868/99

e pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal — STF, para fi ns de atuação da ABD&E como amicus curiae nas ações diretas de inconstitucionalidade8.

a) Relevância da matéria em discussão

19. No Brasil, as contratações advindas de licitações públicas chegam a US$ 14.000.000.000,00 por ano, segundo dados do Banco Mundial relativos a 20049. A cifra, por si só, evidencia a relevância da matéria.

20. Mas não somente: mitigando defi ciências de planejamento e mesmo a inadequação das estruturas dos órgãos responsáveis pelas contratações públi- cas10, o TCU estima que os benefícios trazidos pela sua atividade de fi scalização

redundaram em ganhos para a Administração da ordem de 2,6 bilhões de reais, em 201111. Salienta-se que tais estruturas também incluem a tecnologia jurídica

disponível para as licitações.

21. Tal quadro, que aponta a defi ciência atualmente existente na gestão de obras públicas, procedimento que se inicia no processo destinado a selecionar o contratado, responsável pela obra, parece dotado de maior urgência quando se consideram os compromissos assumidos pelo país para o recebimento de megaeventos esportivos.

22. Desta feita, mostra-se indiscutível o interesse público e social envolven- do a (in)constitucionalidade do RDC, desenvolvido como instrumento apto a solucionar grande parte dos problemas originados por legislação superada, não mais condizente com a ascensão de um modelo de Estado Gerencial e compro- 8 “PROCESSUAL DO AMICUS CURIAE. POSSIBILIDADE. LEI No 9.868/99 (ART. 7o, § 2o). SIG-

NIFICADO POLÍTICO-JURÍDICO DA ADMISSÃO DO AMICUS CURIAE NO SISTEMA DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE AD- MISSÃO DEFERIDO. — (...) DECISÃO: (...) Tendo presentes as razões ora expostas - e considerando o que dispõe o art. 7o, § 2o, da Lei no 9.868/99 -, entendo que se acham preenchidos, na espécie, os

requisitos legitimadores da pretendida admissão formal, da ora interessada, nesta causa: a relevância da matéria em exame, de um lado, e a representatividade adequada da entidade de classe postulante, de outro. Sendo assim, admito, na presente causa, a manifestação da Associação dos Magistrados Cata-

rinenses - AMC, que nela intervirá na condição de amicus curiae (...)” ADI 2130 SC

9 Ver KCHARSKI, John, Procurement in Brazil: Electronic Procurement as Anti-Corruption Reform. Th e Journal of International Policy Solution, vol. 10, 2009. Disponível em http://siteresources.world- bank.org/INFORMATIONANDCOMMUNICATIONANDTECHNOLOGIES/Resources/eGP-as- -anti-corruption-reform-in-Brazil.pdf. Acesso em 04.10.2012.

10 RIBEIRO, Romiro. A lenta evolução da Gestão de Obras Públicas no Brasil. E-legis, Brasília, no 8, 1o

sementre 2012, p. 92.

metido com o princípio da efi ciência, vetor normativo de uma Administração de resultados.

b) Da contribuição ao julgamento da ADI

23. A Análise Econômica do Direito, tida por muitos como o “movimento de maior impacto na literatura jurídica da segunda metade do século passado12”, não

deve ser compreendida como tentativa de certo “imperialismo13” da autodeno-

minada “rainha das ciências sociais14”, a economia, em relação ao Direito. Ao

revés, a AED deve se colocar a serviço do direito, possibilitando uma aproxi- mação multidisciplinar do real, propiciando um “enriquecimento mútuo de juristas e economistas15”.

24. Sem qualquer pretensão de reduzir o fenômeno jurídico a estudos eco- nométricos, a Análise Econômica do Direito serve, antes de tudo, para “ilu- minar problemas jurídicos e para apontar implicações das diversas possíveis escolhas normativas16”, prestando-se, desta forma, de um lado, a conclamar os

magistrados a avaliarem as consequências econômicas de suas decisões, e por outro, permitir a visualização da lógica que norteou as escolhas tomadas na concretização das políticas públicas de maneira holística.

25. Especialmente no âmbito do Direito Administrativo17, em especial no

que tange o tema das contratações públicas, a utilização do ferramental legado pela AED é extremamente pertinente. Isso porque seu emprego mostra-se apto a compensar a defi ciência originada da prática doutrinária em desconsiderar a “lógica econômica subjacente aos contratos [administrativos]18”, permitindo

uma compreensão total do tema.

26. O presente memorial, então, tem o propósito de desvelar o rationa- le econômico que justifi ca a incorporação dos institutos sistematizados pelo RDC. Desta feita, deve ser esclarecido, desde logo, que optou-se metodologi- camente pela consideração apenas de alguns temas trazidos pela petição inicial, 12 SALAMA O que é “Direito e Economia”?. In: Direito & Economia. Org. Luciano Bennetti Timm. 2.

ed. revista e atualizada. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.

13 LÓPEZ, Juan Torres, Prólogo a GUESTRIN, Sergio G. Fundamentos para un nuevo análisis económico del

derecho — de las fallas del mercado al sistema jurídico. Buenos Aires: Editorial Ábaco. p. 12.

14 Idem. 15 Idem.

16 SALAMA, Bruno Meyerhof. (op. cit)

17 Sobre a aplicação da Análise Econômica do Direito a este ramo dogmatico, ver NÓBREGA, Marcos, Análise Econômica do Direito Administrativo, in TIMM, Luciano Benetti (org.), Direito e Economia no Brasil. São Paulo: Atlas, 2012, p. 404-414.

18 18 RIBEIRO, Mauricio Portugal. Concessões e PPPs: Melhores práticas em licitações e contratos. São

cuja compreensão, à luz de teorias trazidas da ciência econômica implicarão a conclusão de que, ao contrário do afi rmado na inicial, o RDC otimiza o regime licitatório, em respeito ao princípio da efi ciência.

O Núcleo de Prática Jurídica da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação

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