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3.1. Fundamentos do Desempenho Macroeconômico: Crescimento e Ciclos

3.1.1. Crescimento Econômico

De acordo com Foley & Michl (1999), a definição de crescimento econômico envolve dois aspectos. Em primeiro lugar, o crescimento qualitativo, relacionado à produção de novos bens e serviços na economia, assim como o desenvolvimento de novas técnicas e organizações de produção por parte das firmas e empresas. Esse aspecto inclui também

udanças nas relações humanas em relação aos aspectos econômicos, particularmente no que

e acordo com a teoria mais convencional do crescimento econômico, um crescimento da sua

m

diz respeito à interação entre os proprietários de mão-de-obra e dos meios de produção para o processo de transformação de insumos em produtos.

Em segundo lugar, o crescimento tem um aspecto quantitativo. Nesse caso, pode ser entendido simplesmente como uma variação temporal do produto de uma economia (SANDRONI, 2004). De acordo com esse conceito, o crescimento da produção de bens e de serviços está relacionado ao aumento da capacidade produtiva da economia, o que significa, d

força de trabalho, de suas propensões a poupar e a investir, um aperfeiçoamento tecnológico, ou um processo de ganhos de produtividade do trabalho, pela acumulação de capital humano.

Ambos aspectos qualitativo e quantitativo estão correlacionados na dinâmica do desenvolvimento econômico. Segundo Foley & Michl (1999), as inovações, principal componente do crescimento qualitativo, geram lucro para as empresas que as desenvolvem. Esse lucro, ao ser reinvestido na produção, gera um crescimento quantitativo do produto, o qual, por exigir mudanças na sua escala e nas técnicas produtivas, criam um incentivo para uma nova inovação, prosseguindo assim o processo, conhecido como desenvolvimento de causação circular cumulativa22. Mais especificamente para Kaldor (1970), o mecanismo que relaciona o progresso tecnológico e o crescimento da produção é a existência de desequilíbrios setoriais no sistema econômico. Segundo o autor, o motor do progresso

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Maiores informações sobre essa teoria do desenvolvimento econômico são encontradas em Myrdal (1957), Kaldor (1970) e Skott & Auerback (1995).

tecnológico é o setor industrial, o qual, por apresentar rendimentos crescentes de escala, pode arcar com os custos e as incertezas dos investimentos em pesquisa. Contudo, o uso de

rodutos industriais como bens de capital nos outros setores, como a agricultura e os serviços,

e crescer ao longo do tempo. Terceiro, a taxa de retorno do capital investido é constante, ou

de fertilidade e de políticas governamentais. Por exemplo, pode-se citar os estados orte-americanos, ou as regiões de países europeus. Nesses casos, há uma tendência das

ora, nesse caso, a ireção da causalidade é incerta24. Por outro lado, pode ser prejudicado por fatores como a proporç

p

as inovações tecnológicas acabam se irradiando para o resto da economia. Os desequilíbrios setoriais seriam maiores para as economias menos maduras, isto é, menos desenvolvidas.

A literatura empírica sobre o crescimento econômico aponta a existência de uma série de fatos estilizados sobre o seu comportamento23. Primeiro, o produto per capita tende a crescer ao longo do tempo, em uma taxa de crescimento que, mesmo podendo apresentar trajetória decrescente, não tende a se extinguir. Segundo, a razão capital por trabalhador tend a

decrescente. Quarto, a razão capital-produto é aproximadamente constante no tempo. Quinto, são também aproximadamente constantes as proporções de trabalho e de capital no produto.

Além disso, a bibliografia aponta que o crescimento do produto per capita é distinto para diferentes economias. Contudo, verifica-se uma convergência entre grupos de economias homogêneas, isto é, de dotações semelhantes de capital humano, de propensão a poupar, de taxas

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economias inicialmente mais pobres crescerem mais rápido em relação às inicialmente mais ricas.

Por fim, Barro & Sala-i-Martin (1995) identificam fatores empíricos correlacionados com o crescimento econômico. Segundo os autores, o crescimento está positivamente ligado à dotação inicial de capital humano da economia, entendido em termos de acesso a serviços de saúde e de educação, e à proporção de investimentos no produto, muito emb

d

ão do consumo governamental e da carga tributária no produto da economia, assim como por medidas de distorção nos mercados e por instabilidades políticas.

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Os fatos estilizados aqui citados foram levantados por Barro & Sala-i-Martin (1995) e por Kaldor (1961) 24

“The ratio of gross investment to GDP is strongly positively correlated with the growth rate, but the timing

evidence suggests that much of this association may reflect the reverse impact of growth prospects on the attractiveness of investment, rather than the favorable effect on growth from exogenous variations in the willingness to save.” (BARRO & SALA-I-MARTIN, 1995, pg. 7).

Alternativamente, Nelson (1996) associa o crescimento econômico à evolução da produtividade das empresas, a qual depende de três fatores fundamentais. Em primeiro lugar, a empresa é vista como um sistema social cujo desempenho depende da motivação de seus membros e das decisões administrativas tomadas em seu domínio. Como esses fatores são distintos para cada caso, há uma grande variedade de desempenho entre empresas individuais e setores da economia. Em segundo lugar, no que diz respeito às fontes do progresso tecnológico, o autor defende que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento por parte das empresas privadas são influenciados pela incerteza intrínseca relacionada com esse tipo de atividade, assim como pelo aparato institucional vigente, tal como os direitos de propriedade definidos sobre o conhecimento desenvolvido. Por isso, o progresso tecnológico depende do comportamento de todos os atores sociais envolvidos no processo, incluindo as empresas, o governo e as universidades. Terceiro, o autor vê uma relação simultânea entre as supostas fontes econômicas do crescimento. Isto é, a acumulação de capital físico e humano, se por um lado condicionam o progresso tecnológico, por outro lado são condicionados por le, devido a diversos mecanismos. Por isso, há uma necessidade de se considerar as forças ambiente no qual o crescimento econômico ocorre, como, rincipalmente, as instituições políticas e sociais vigentes25.

e

não-econômicas que estruturam o p