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NOVO PAD SOMENTE INSTAURADO 1 ANO APÓS

7.1 PROPOSTAS DIANTE DAS LACUNAS E INCONSISTÊNCIAS DA LEI Nº 8.112/

7.1.1 Criação de um Regulamento Disciplinar próprio

Inicialmente propõe-se a elaboração de regulamentos disciplinares próprios, no âmbito de cada instituição, em conformidade com a CF, com a Lei nº 8.112/90 e a Lei nº 9.784/99, Código de Processo Civil, entre outras de aplicação subsidiária.

Manual do PAD (BRASIL. Controladoria-Geral da União, 2013) o qual assevera que, em regra, é o regimento interno de cada órgão público federal que soluciona lacunas deixadas pela Lei nº 8.112/90, definindo a autoridade competente para instaurar a sede disciplinar entre outras. De um modo geral, tal competência é da autoridade a quem os servidores faltosos estão sob subordinação funcional, mas a lei impõe apenas esta exigência para a autoridade que irá aplicar a sanção (artigo 141), competência esta que em alguns casos poderá ser delegada.

Sobre o assunto, dispõe Martins (2002a, p. 33): “A justificativa para a existência de regimes disciplinares deriva, principalmente, da necessidade de legitimidade na prestação do serviço público e do papel fundamental que os agentes públicos exercem nesta função”.

Uma vez criado o regulamento disciplinar, este deve contemplar e distinguir a autoridade instauradora da julgadora. E, ainda, os limites desta competência. As autoridades instauradora e julgadora podem recair em autoridades distintas pelo permissivo legal em comento. Entretanto, a autoridade instauradora deve ser aquela que, ao instaurar o PAD, designa também a CPAD. Questão importante a ser observada é que a CPAD deve ter caráter permanente na instituição, de forma que a autoridade julgadora também não tenha influência em sua designação. Ou seja, os mandatos da comissão permanente não devem coincidir com o mandato, por exemplo, do reitor (autoridade máxima no caso do IFPE).

Essa razão prática tem como núcleo a idéia de imparcialidade. Dessa forma, a legitimidade do direito só pode ser obtida por meio de procedimentos que assegurem a imparcialidade dos juízos (no caso da aplicação das normas) e da vontade (no caso da sua produção) por via de uma argumentação que justifique e fundamente as normas. Esses procedimentos, tratados no Manual do PAD, devem ser institucionalizados dentro do direito positivo, permitindo que este comporte discursos morais: “As normas passam a ser exigíveis somente à medida que aqueles que as cumpram possam esperar que todos os outros também ajam na sua conformidade” (BRASIL. Controladoria-Geral da União, 2012, p. 17).

Enquanto não estão no alcance desta pesquisa soluções institucionalizadas dentro do direito positivo, tenta-se legitimar o discurso através de recursos como a integração das normas e a elaboração de regulamentos internos.

A autoridade competente para promover a instauração do PAD é aquela que teve ciência da denúncia, mesmo que o fato tenha ocorrido em local diverso, desde que a referida autoridade tenha competência. Ocorre que a Lei nº 8.112/90 define como competente as autoridades elencadas no artigo 141 para aplicação da sanção. Ora, se definidas como competentes para aplicação da sanção, logo, estabelece-se aí a competência para julgamento, permitindo-se atribuir a competência para instauração a outra autoridade. Neste sentido, sugere-se inicialmente que a autoridade instauradora possa recair em autoridade diferente da julgadora.

Como autoridade instauradora deve-se definir aquela de menor grau hierárquico, que tomou conhecimento da denúncia em primeiro lugar, em consonância com o artigo 17 da Lei nº 9784/99.

A autoridade julgadora deve ser sempre a de posição hierárquica máxima do órgão administrativo. No caso do IFPE, o reitor.

Uma vez que não podemos modificar a legislação acerca da matéria, elaboramos algumas recomendações, que, por cautela, devem ser adotadas, a fim de tutelar a imparcialidade do processo consoante se observa através das seguintes propostas a saber:

a) Nenhum PAD deverá ser instaurado pela autoridade da unidade onde o fato denunciado ocorreu. Em se tratando de denúncia recebida por um campus sobre fato ocorrido em outro campus de mesma hierarquia, a instauração caberá ao reitor que será obrigado a optar por uma comissão permanente previamente constituída ou comissão temporária formada por indicação da CGU (membros externos). Nesta hipótese, em que a autoridade máxima foi a instauradora, o julgamento não poderá recair na figura do reitor nem de outra por ele indicada. O julgamento do PAD (somente o julgamento) deverá ser realizado pelo Conselho Superior, através de dois membros: um relator e um revisor, sendo ambos escolhidos em votação secreta sobre o universo de um membro externo (relator) e um membro interno (revisor). Para cada PAD julgado pelo Conselho Superior, a comissão escolhida não se repetirá por um período de seis meses. A PJUR prestará assessoramento à comissão julgadora do PAD perante o colegiado, cujo julgamento deverá se realizar no prazo legal, em sessão ordinária ou extraordinária com 2/3 dos presentes, e

em face da decisão proferida pelo Colegiado, este deve ser remetido ao MEC na forma da lei.

Ocorrendo formação de comissão permanente previamente constituída na forma dos critérios sugeridos ampliados neste trabalho, entende-se que a autoridade instauradora pode ser qualquer uma que tomar conhecimento (desde que definida como competente no regulamento institucional) e a autoridade julgadora, o reitor, na qualidade de autoridade máxima. Nesta hipótese, o reitor não deverá delegar competência para julgamento, exceto na hipótese de recurso quando o colegiado absorverá a competência, inclusive do exame de admissibilidade do mesmo.

Dispõe a Lei nº 9.784/99:

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial (BRASIL. Lei º 9.784, 1999).

No que diz respeito à competência para instaurar cada uma das espécies de processo disciplinar, sugere-se, de acordo com a doutrina Lins e Denys (2007, p. 187-188), que seja considerado o seguinte:

a) à autoridade máxima do órgão (presidente da autarquia ou da fundação), competência para instaurar as sindicâncias investigatórias e punitivas, com o fim de apurar as irregularidades ocorridas:

i) no âmbito da Administração Central; e ii) no âmbito das demais unidades da Federação, quando a natureza e a gravidade dos fatos e os envolvidos exigirem;

b) à autoridade máxima do órgão (presidente da autarquia ou da fundação) competência para instaurar os processos disciplinares e os ritos sumários, com o fim de apurar as irregularidades ocorridas em todo o território nacional;

c) aos chefes das regionais (gerentes executivos, superintendentes regionais delegados regionais) competência para instaurar as sindicâncias investigatórias e punitivas, com o fim de apurar as irregularidades ocorridas no âmbito de suas respectivas jurisdições.

b) O regulamento que se propõe deverá conter normas e procedimentos relativos a PAD, com base na Lei nº 8.112/90, e aprovado pelo Conselho Superior, com parecer prévio da CGU. Após a institucionalização do referido regulamento, este deverá ser fielmente observado pelos membros de CPAD‟s que atuarem nos

sugestões.

c) A autoridade instauradora deverá definir o procedimento a ser adotado em cada caso, através do ato instaurador competente (Portaria). Se o fato denunciado indicar a sindicância, se PAD, se TCA, se sindicância em rito sumário, sempre de acordo com a tipificação legal.

d) O regulamento institucional deverá adotar procedimentos específicos quanto à sindicância patrimonial e o TCA, a teor das orientações constantes do Manual do PAD através da CGU, a fim de orientar elaboração do ato instaurador.

e) a fim preservar a imparcialidade do PAD, a formação da CPAD deve ser instituída através de critérios normativos sugeridos, a fim de que não haja supremacia da Administração sobre o servidor, nem se permita que resultados sejam previstos pela autoridade instauradora, podendo ocorrer que: “Uma autoridade qualquer terá poderes de influenciar a decisão do processo disciplinar porque tem poderes sobre a própria comissão disciplinar, uma vez que seus membros, por lotação, lhes são subordinados (ROZZA, 2012, p.148).