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Criação do Conhecimento, Dados e Informação

Capítulo II – Gestão do Conhecimento

2.2 Criação do Conhecimento, Dados e Informação

A economia do conhecimento substituiu a era industrial. As principais fontes de vantagem competitiva na época industrial eram, essencialmente, os bens tangíveis, tais como propriedades, estruturas físicas, inventários, entre outros. Drucker (2003:191) lembra que “cada vez mais o retorno dos recursos tradicionais – trabalho, terra e capital – tem vindo a diminuir. Os principais produtores de riqueza são a informação e o conhecimento”. A atividade central da empresa criadora do conhecimento reflete-se na interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito (Nonaka, 1994; Nonaka e Takeuchi, 1995; Nonaka e Krogh, 2009).

O sucesso ou o insucesso de uma organização pode depender da necessidade e da forma de como se interpretam os dados, a informação relevante daí extraída e por último, a criação do conhecimento, no sentido de potenciar uma posição estratégica no mercado (Davenport e Prusak, 1998; Choo, 2006;Tian, Nakamori e Wierzbicki, 2009)

Gonçalves (2006:13) salienta que “dados, informação e conhecimento não são sinónimos. O conhecimento deriva da informação. Sem dados não existe informação. A transição de dados para informação e por sua vez para conhecimento, não deve ser visto como um estádio isolado. Significa isto que existe uma continuidade entre os estádios de mudança”. Neste contexto veja-se a figura 2.1.

Figura 2.1 – A hierarquia: Dados – Informação - Conhecimento Conhecimento é o

produto dos dados e informação Conheci mento Informação Dados

Conhecimento Informação Dados

Conhecimento leva à informação que determina dados

Principalmente provém de heranças intelectuais da humanidade O conhecimento está representado em diversas formas Deriva da informação ou é influenciado pelos pensamentos e processos de conhecimento Informação combinada com experiência e opiniões Dados colocados em contexto Factos ou observações “cruas”

Tian, Nakamori e Wierzbicki (2009:79) salientam que “o ciclo dados-informação- -conhecimento é uma espiral”. Conhecimento advém dos dados e da informação. O próprio

conhecimento potencia informação, a qual poderá determinar dados, de forma continuada. Para Davenport e Prusak (1998:2) “dados são um conjunto de abstracções, factos objectivos acerca de eventos. No contexto organizacional, dados são descritos o mais proveitosamente como registos estruturados de transacções”.

Informação segundo Tian, Nakamori e Wierzbicki (2009) são dados colocados em determinado contexto. Contexto que subjaz a um processo cognitivo. Choo (2006:132) salienta que “o observador dá sentido aos dados através de um processo cognitivo estruturado o qual atribui sentido e significado aos factos percebidos e às mensagens”. Sveiby (2000:83) descreve o seguinte: “quando falamos ou escrevemos, utilizamos uma linguagem para formalizar uma parte do nosso conhecimento e transmitimo-lo a outra pessoa. A esta formalização do conhecimento, denomino informação. A palavra informação muitas vezes se associa em simultâneo com os factos e a comunicação dos mesmos”.

A mudança de dados para informação consiste na estruturação de um processo cognitivo. Davenport e Prusak (1998) abordam esta transformação como uma adição de valor. Veja-se a figura 2.2.

Figura 2.2 - Dos dados à informação

Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak (1998)

Serrano e Fialho (2003:50) enfatizam que “para que um conjunto de dados possa constituir informação é preciso que haja relações de compreensão entre os dados ou entre os dados e

Correção Os erros são eliminados dos

dados

Cálculo Os dados podem ser analisados matemática ou

estatisticamente

Condensação Os dados podem ser resumidos para uma forma mais concisa Categorização Conhecer as unidades de análise ou os componentes essenciais dos dados Contextualização Saber qual a finalidade dos dados

recolhidos

Dos dados para a informação

outra informação. É o resultado de um tratamento, combinação ou organização de dados que nos permite concluir sobre determinado facto ou situação”.

Por último, de que forma informação é transformada em conhecimento? Nonaka e Takeuchi (1995) distinguem informação de conhecimento através de três observações: a) Conhecimento, ao contrário de informação, é crença e compromisso. O conhecimento é uma função de uma atitude particular, perspetiva ou intenção; b) Conhecimento ao contrário de informação é uma forma de ação; c) Conhecimento, tal como informação, é significado. Para Serrano e Fialho (2003:50) conhecimento “é a interpretação dos dados e da informação. É a informação aplicada à ação. O conhecimento será, então, um conjunto formado por experiências, valores, informação de contexto e criatividade aplicada à avaliação de novas experiências e informações”. Choo (2006:133) refere que “informação torna-se conhecimento quando a forma como o ser humano traduz em acções concretas as suas crenças acerca do mundo (crenças estruturadas) ”.

Gonçalves (2006:15) salienta que “a informação fornece um novo ponto de vista para interpretar acontecimentos ou objectos, que torna visível ou perceptível, acontecimentos invisíveis anteriores ou “acende” conexões inesperadas. O conhecimento é criado, organizado e transferido através de padrões de confiança existentes entre os seus detentores e receptores. No entanto realça-se que é o destinatário e não o remetente, que decide se a comunicação, que ele ou ela recebe, é verdadeiramente informação ou conhecimento”. Para que o processo de transformação da informação em conhecimento se concretize, torna- - se necessário que, segundo Davenport e Prusak (1998), se verifiquem os quatro C´s – comparação, consequência, conversação e conexões – ver figura 2.3.

Figura 2.3 – Da informação ao conhecimento

Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak (1998)

Comparação De que forma a informação relativa a esta situação se compara a outras situações conhecidas? Conversação

O que as outras pessoas pensam acerca desta informação? Consequências Quais as implicações desta informação para as decisões e ação? Conexões

Como se relaciona este conhecimento com o conhecimento já acumulado?

Da informação para conhecimento

Os quatro C´s têm lugar com e entre os seres humanos. Silva, Soffner e Pinhão (2003:181) referem que “os quatro processos de transformação da informação em conhecimento implicam necessariamente a presença humana. No entanto as tecnologias de informação também aqui têm um papel importante como facilitadores de acesso e armazenamento dos dados e armazenamento da informação, que nos permitem criar conhecimento. Este também se adquire através da troca de ideias, conversas com grupos de conhecedores, numa relação de troca pessoa a pessoa, ou através de documentos e rotinas organizacionais”.

A criação do conhecimento resulta de uma espiral, refletida, fundamentalmente, em três vetores: dados, informação e conhecimento. Mas afinal o que é o conhecimento? Davenport e Prusak (1998:5) abordam o conhecimento “como uma mistura fluida de uma experiência principal, valores importantes, informação contextualizada, e compreensão profunda, que permite uma limitação para avaliar e incorporar novas experiências e informação. Tem origem e é aplicado na mente das pessoas. O conhecimento é originado de experiências únicas e na aprendizagem organizacional através de pontos chaves, mantendo-se embutidos, não só em documentos escritos, mas também em rotinas, conversas, processos, práticas, normas e valores da própria organização”. Note-se que a presente definição será o sustentáculo para o consequente progresso do presente estudo.