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Inovação e seus Conceitos Associados

Capítulo III – Inovação

3.2 Inovação e seus Conceitos Associados

Do latim “innovatione” surge a palavra inovação. Daqui uma questão emerge: O que se entende por inovação? É um conceito muito diversificado. Esta preocupação é partilhada com a OECD (2011:16) quando afirma que a “inovação é um conceito extenso com muitas definições”. Além de diversificado, é um conceito cujo elenco versa em dinamismo. A sua abrangência é heterogénea, uma vez que a inovação não se restringe apenas à aquisição de novos equipamentos com vista à introdução de novos produtos ou novos processos, às novas tecnologias ou às atividades de investigação e desenvolvimento; ultrapassa, incisivamente, a fronteira destas dimensões, nomeadamente, as relações inter e intraorganizacionais, a aprendizagem organizacional, a criação e a transferência do conhecimento. A este respeito, Tidd, Bessant e Pavitt (2003:4) referem que “embora as vantagens competitivas possam vir da dimensão, do número de acções detidas, etc., a matriz está a pender cada vez mais para aquelas empresas que mobilizam o conhecimento, a experiência e as capacidades tecnológicas para criar novos produtos, processos e serviços”.

Assim, Schumpeter (1939:84) releva que “nós iremos de maneira simples definir inovação como a criação de novas funcionalidades de produção. Isto abarca novos produtos, assim como novas formas de organização tais como fusões, o acesso a novos mercados, e outros”. Para Drucker (1997:35) “a inovação é a ferramenta específica dos empresários, o meio através do qual eles exploram a mudança como oportunidade para um negócio ou serviço diferente. É possível apresentá-la sob a forma de disciplina, aprendê-la e praticá-la”.

Kaufmann e Tödtling (2000:37) realçam que “cada vez mais, a inovação é vista como um processo interativo e coletivo o qual pode e deve ser suportado por sistemas de inovação a nível nacional assim como ao nível regional”.

Dantas (2001:21) considera “a inovação como um processo que, integrando os conhecimentos científicos e tecnológicos próprios e alheios e as capacidades pessoais, conduz ao desenvolvimento e adopção ou comercialização de produtos, processos, métodos de gestão e condições laborais, novos ou melhorados, contribuindo para a satisfação de todos os participantes”.

Tidd, Bessant e Pavitt (2003:327) relatam que “a inovação é cada vez mais um trabalho de equipa e a combinação criativa de diferentes disciplinas e de perspectivas”.

OECD (2005:46) refere que “inovação é a implementação de um novo produto (bem ou serviço) ou com significativos melhoramentos, ou é um processo, um novo método de

marketing, ou um novo método organizacional de boas práticas empresariais, a organização

do trabalho ou as relações externas”.

Kelley (2006:6) define inovação como “as pessoas criam valor através da implementação de novas ideias”.

Conway e Steward (2009:10) salientam que “inovação é a criação, a aceitação, a implementação de novas ideias, processos, produtos ou serviços. Isto pode ocorrer em qualquer parte da empresa e pode envolver o uso da criatividade assim como a invenção. Aplicação e implementação são aspetos centrais nesta definição; isto envolve a capacidade para mudar e adaptar”.

Gupta (2009:75) menciona que “geralmente define-se inovação como aberta (...).Uma das formas de definir a inovação é fazer de forma diferente”.

OECD (2010:22) refere que “a inovação resulta de uma série de ativos complementares que vão para além da investigação e desenvolvimento, tais como software, capital humano e novas estruturas organizacionais”.

OECD (2011:16) refere que a inovação “vai muito para além da inovação tecnológica o que inclui elementos não tecnológicos tais como o marketing e a inovação organizacional, e engloba uma larga extensão de atividades”.

Como se pode constatar, a pesquisa e a discussão deste conceito tem vindo a sofrer alterações ao longo dos tempos. Particularmente, Schumpeter (1939) enfatiza a inovação numa dimensão interna à empresa, tendo como fator de influência o acesso a novos mercados. No entanto, denota-se, nas diferentes definições apresentadas, que este conceito vai muito além disso, uma vez que a inovação poderá advir da interação interna e externa entre diversas comunidades, da partilha de ideias, da intensa e continuada comunicação, da criatividade, de novos métodos e práticas de gestão, ou de outros elementos/fatores exógenos à empresa.

Neste âmbito, e dado que o presente estudo emerge no intangível, o conhecimento, a definição de inovação apresentada por Conway e Steward (2009) será a considerada e utilizada para o seu consequente progresso e interrelação, uma vez que subjaz, ao conceito, uma diversidade de fatores, tais como mudança, compreensão mútua, criatividade, comunicação, adaptação à nova realidade e às novas experiências, sempre com objetivo de apreender, aprender e partilhar conhecimento. Assim, e para finalizar esta secção, torna-se oportuno apresentar, segundo Tidd, Bessant e Pavitt (2003), os componentes de uma organização inovadora.

Tabela 3.1 – Componentes de uma organização inovadora

Componente Características chave

Visão partilhada, liderança, e vontade em inovar

Sentido da proposta, claramente articulado e partilhado Prolongamento da intenção estratégica

“Empenho da gestão de topo”

Estrutura adequada Organização concebida para permitir a inovação, aprendizagem e interação. Nem sempre o modelo flexível de skunk works; a questão

chave é encontrar o equilíbrio correto, para determinadas contingências, entre opções “orgânicas” e “mecanicistas”

Individuos-chave Promotores, defensores, guardiões ou outros papéis alimentadores ou

facilitadores da inovação Trabalho em equipa, eficaz

Utilização adequada de equipas (ao nível local, transfuncional e interorganizacional) para resolver problemas.

Requer investimento na constituição e seleção de equipas Continuação, e

prolongamento do

desenvolvimento individual

Empenho a longo prazo com treino e formação para garantir níveis elevados de competências e capacidades para uma aprendizagem eficaz

Comunicação abrangente Dentro da organização e desta com o exterior. Internamente em três

direções: para cima, para baixo e transversalmente

Empenho elevado na inovação Participação em atividades de melhoria contínua alargada da organização

Foco externo Orientação para o cliente, interno e externo

Cultura da Qualidade Total

Clima criativo Abordagem positiva em relação às ideias criativas, apoiada por

sistemas de recompensa – uma “cultura de vencedor”

Organização que aprende Níveis elevados de empenho, na experimentação proativa, dentro e

fora da empresa, descoberta e resolução de problemas, comunicação e partilha de experiências e absorção e disseminação do conhecimento Fonte: Tidd, Bessant e Pavitt (2003:328)

Ter uma visão conjunta e partilhada destes componentes poderá, efetivamente, potenciar uma organização de sucesso, no sentido de criar e reforçar a sustentabilidade da empresa no mercado da globalização. Portanto, inovar é um processo contínuo de aprendizagem, de partilha de experiências e de conhecimento, de comunicação e de ideias/sugestões, dentro de um ambiente salutar, com o objetivo da mudança e da contínua e constante adaptação às novas realidades do mercado.