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PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

3. Critérios de selecção dos sujeitos do estudo

A recolha dos dados empíricos decorreu na valência da Educação Pré-Escolar, nas três salas71 que a constituem, procurando-se observar e analisar a diversidade de actuações educativas, tendo em consideração um mesmo contexto institucional72.

A selecção do contexto e dos sujeitos da investigação norteou-se por critérios de interesse duplo, na formação inicial e contínua, prendendo-se com as vivências da autora deste estudo, enquanto supervisora no âmbito da formação inicial de futuros educadores de infância, e enquanto formadora no âmbito da formação contínua de educadores profissionalizados.

Um dos critérios de selecção sustentou-se na disponibilidade da instituição, ao longo dos anos, para a cooperação nos processos formativos dos alunos da Escola Superior de Educação do Porto, do Instituto Politécnico do Porto (ESEP-IPP). Além deste critério estiveram também presentes a crescente motivação e necessidade [da investigadora] de compreensão dos pressupostos inerentes às escolhas das educadoras, no âmbito da problemática em estudo, também suscitadas pela observação das suas acções realizadas no âmbito da Supervisão enquanto docente da ESEP-IPP. Ainda relativamente às educadoras, a abertura e motivação para enriquecer o seu próprio desenvolvimento profissional, e a disponibilidade que têm vindo a evidenciar para cooperar, constituíram também indicadores que influenciaram a sua selecção.

Afigurou-se um desafio compreender de que forma desenvolve cada educadora a sua acção perante uma série de recursos e condições físicas e materiais que são comuns a todas. Acredita-se que esta particularidade possa facilitar a identificação de indicadores que nos permitam, através da análise e interpretação, atribuir significado para caracterizar o que elencámos nos objectivos do estudo.

Embora tendo sido valorizadas as similitudes específicas do meio institucional, não se pretende com isso generalizar as características das crianças a todos os grupos, dado que se reconhece a individualidade, particularidades e identidade de cada criança, do grupo de crianças e respectivas famílias. Este entendimento situa-se no pressuposto a que nos temos vindo a referir ao longo do estudo de que as práticas educativas são

71

O sujeitos do estudo são as educadoras de infância e as crianças das salas dos três, quatro e cinco anos.

72 No que diz respeito ao meio envolvente e às condicionantes inerentes à actuação da Direcção da Instituição (regulamento interno,

influenciadas por diversos factores em presença que se influenciam mutuamente (Bronfenbrenner, 1979).

O número limitado de sujeitos (3), prende-se com o facto de no ano lectivo em que se procedeu ao trabalho de campo serem aqueles que, na instituição seleccionada, desempenhavam funções de cooperantes na formação profissional com alunos do 4º ano do Curso de Licenciatura em Educação de Infância. Além desse aspecto, a limitação temporal para a realização do estudo foi também tomada em consideração, assim como a perspectiva de que um número mais reduzido de sujeitos possibilitaria um maior aprofundamento, tendo em conta a natureza de estudo de caso.

Para a caracterização das educadoras de infância que integraram este estudo, apresenta-se a síntese da informação relativa a cada uma, no quadro que se segue.

13 anos e 10 meses 9 anos

18 anos Tempo de Serviço Total

- - - Instituições do Sector Público - - 4 anos Instituições do Sector Privado 13 anos e 10 meses 9 anos 14 anos Instituições de Solidariedade Social Tutela 13 anos e 10 meses 9 anos 18 anos Meio Urbano - - - Meio Semi Rural e

Urbano - - - Meio Rural Meio Tempo de Serviço - . Viver numa comunidade

pluricultural (1997) . Expressão Plástica na Educação Pré-Escolar (2000) . Expressão Plástica na Educação de Infância (2002) . Intervenção Comunitária (2003) . Formação de Esponja (2003)

Promovidas pela Associação de Ludotecas do Porto durante o tempo em que desempenhou funções de educadora de infância nesse contexto: . Pedagogia da Expressão na Educação da Infância (1989)

. O fantoche que ajuda a crescer (1990) . Ateliê de Brinquedos ópticos (1990)

. A Linguagem corporal e a Génese da relação (1990) . Ateliê de Teatro de Sombras (1991)

Outras acções de formação:

. Acção de Formação As crianças, os contos e a transmissão de imagens (1996)

. Seminário Atravessando Fronteiras: Investigação – Acção Multinacional Sobre a Colaboração entre a Escola e a Família (1996)

. Acção de Formação Solidariedade, Mudar com Qualidade (2007) Designação e Data de realização Formação contínua no âmbito da Expressão Plástica / Artes Plásticas e da Formação Pessoal e Social da criança 2006 - - Ano de Conclusão ***Complemento de Formação Científica e Pedagógica para Educadores de Infância, no domínio de Especialização de Expressão e Educação Físico-Motora, Musical, Dramática e Plástica. -

- Instituição

Escola Superior de Educação do Porto, do Instituto Politécnico do Porto - - Curso Formação de Especialização ou Pós- graduação 1993 1998 *1987 / **1997 Ano de Conclusão

Escola Superior de Educação do Porto, do Instituto Politécnico do Porto

Escola Superior de Educação do Porto, do Instituto Politécnico do Porto *Escola do Magistério Primário do Porto

** Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Instituição Formação Inicial Licenciatura (Bacharelato em Educação de Infância + Complemento de Formação***) Licenciatura em Educação de Infância Licenciatura (Bacharelato em Educação de Infância*

+ Licenciatura em Ciências da Educação**) Habilitações Académicas Feminino Feminino Feminino Género 35 anos 30 anos 40 anos Idade Sujeito C Sujeito B Sujeito A

Caracterização dos Sujeitos da Investigação

13 anos e 10 meses 9 anos

18 anos Tempo de Serviço Total

- - - Instituições do Sector Público - - 4 anos Instituições do Sector Privado 13 anos e 10 meses 9 anos 14 anos Instituições de Solidariedade Social Tutela 13 anos e 10 meses 9 anos 18 anos Meio Urbano - - - Meio Semi Rural e

Urbano - - - Meio Rural Meio Tempo de Serviço - . Viver numa comunidade

pluricultural (1997) . Expressão Plástica na Educação Pré-Escolar (2000) . Expressão Plástica na Educação de Infância (2002) . Intervenção Comunitária (2003) . Formação de Esponja (2003)

Promovidas pela Associação de Ludotecas do Porto durante o tempo em que desempenhou funções de educadora de infância nesse contexto: . Pedagogia da Expressão na Educação da Infância (1989)

. O fantoche que ajuda a crescer (1990) . Ateliê de Brinquedos ópticos (1990)

. A Linguagem corporal e a Génese da relação (1990) . Ateliê de Teatro de Sombras (1991)

Outras acções de formação:

. Acção de Formação As crianças, os contos e a transmissão de imagens (1996)

. Seminário Atravessando Fronteiras: Investigação – Acção Multinacional Sobre a Colaboração entre a Escola e a Família (1996)

. Acção de Formação Solidariedade, Mudar com Qualidade (2007) Designação e Data de realização Formação contínua no âmbito da Expressão Plástica / Artes Plásticas e da Formação Pessoal e Social da criança 2006 - - Ano de Conclusão ***Complemento de Formação Científica e Pedagógica para Educadores de Infância, no domínio de Especialização de Expressão e Educação Físico-Motora, Musical, Dramática e Plástica. -

- Instituição

Escola Superior de Educação do Porto, do Instituto Politécnico do Porto - - Curso Formação de Especialização ou Pós- graduação 1993 1998 *1987 / **1997 Ano de Conclusão

Escola Superior de Educação do Porto, do Instituto Politécnico do Porto

Escola Superior de Educação do Porto, do Instituto Politécnico do Porto *Escola do Magistério Primário do Porto

** Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Instituição Formação Inicial Licenciatura (Bacharelato em Educação de Infância + Complemento de Formação***) Licenciatura em Educação de Infância Licenciatura (Bacharelato em Educação de Infância*

+ Licenciatura em Ciências da Educação**) Habilitações Académicas Feminino Feminino Feminino Género 35 anos 30 anos 40 anos Idade Sujeito C Sujeito B Sujeito A

Caracterização dos Sujeitos da Investigação

Do quadro anterior procura-se agora especificar alguns pormenores de caracterização.

Como se pode constatar, as educadoras de infância têm idades compreendidas entre os 30 e os 40 anos.

No que refere aos seus percursos profissionais e académicos destacam-se algumas características próprias inerentes a cada uma. Assim, a educadora A com mais tempo de actividade profissional, exercida inicialmente numa ludoteca, realizou dois cursos de formação inicial que se articulam, nomeadamente, bacharelato em Educadora de Infância e licenciatura em Ciências de Educação. O facto de apresentar um número mais elevado de acções de formação continuada, por um lado, pode estar relacionado com um percurso profissional mais longo. Por outro lado, pode ter sido motivado pelo exercício da actividade profissional numa ludoteca durante 4 anos, uma vez que as temáticas da formação estão muito ligadas à função de um educador neste contexto não formal de atendimento à infância.

Esta última interpretação, em nosso entender, ganha relevo para este estudo, uma vez que as acções de formação realizadas no âmbito das Artes foram promovidas pela entidade patronal. Parece aqui estar associado um entendimento de que as Expressões

Artísticas apresentam uma componente lúdica muito forte, num espaço educativo como

a ludoteca. A corroborar esta nossa interpretação está o facto de as acções de formação realizadas posteriormente ao exercício dessas formações, por parte da educadora A, se situarem na abordagem de outras temáticas ligadas à Educação.

As educadoras B e C embora tenham realizado a sua formação na mesma instituição – ESEP-IPP –, fizeram-no em períodos diferentes, o que levou a percursos formativos diferentemente estruturados até à obtenção do grau de licenciatura em Educação de Infância.

Apesar da educadora B ter menor tempo de serviço, realizou cinco acções de formação continuada, enquanto que a C não apresenta qualquer acção realizada ao longo da sua actividade profissional.

As características comuns a B e C situam-se no facto de terem realizado a formação inicial na mesma escola de formação e de exercerem funções apenas numa instituição, desde o início da actividade docente.

CAPÍTULO II