II – Diagnóstico de necessidades de formação
2. Apresentação do diagnóstico de necessidades de formação.
2.2. Caraterização do processo de integração de enfermeiros no Bloco Operatório Central
2.2.2. O cumprimento dos planos de integração
O Bloco Operatório Central do Hospital de Egas Moniz tem sete planos de integração (um para cada valência cirúrgica, um para o recobro e outro para a equipa de roulement). Todos eles foram realizados por enfermeiros do serviço, a grande maioria pelos responsáveis de cada valência no âmbito do curso de complemento de formação em Enfermagem (4º ano que confere equivalência a Licenciatura).
Ao questionar os elementos da equipa de coordenação sobre a avaliação que se faz dos atuais planos de integração, conclui‐se que atualmente já não há tanta falta de elementos no BOC, no entanto, nem todos se encontram integrados e capazes de dar resposta positiva às necessidades do serviço e que os planos de integração existentes não têm sido seguidos
“nomeadamente um guia de integração. Está feito mas não é seguido, e se calhar precisa de ser revisto, de ter ali outras melhorias. (…) Estamos a piorar essencialmente pela falta de tempo. Pela falta de gente que temos. Neste momento temos números mas as pessoas não estão integradas. Temos pessoas que estão qui há dois, três anos, e que têm o recobro e uma valência cirúrgica, no máximo duas o que se torna insuficiente mesmo depois para dar resposta às necessidades do serviço, nos prolongamentos, nas urgências.” (E14),
“Relativamente aos integradores, também é assim, é verdade que não estão a ser entregues os planos de integração (…) temos que tentar melhorar essa situação” (E13).
Ao colocar a mesma questão aos elementos do grupo de integradores verifica‐se que os planos existentes não se conseguem cumprir mas que têm que existir, pois servem de guias de orientação, mas não estão a ser usados nas integrações na atualidade
“nós sabemos perfeitamente que não conseguimos cumpri‐los, porque o serviço não permite que as coisas sejam assim, quase que se espera que as pessoas sejam integradas o mais rápido possível. (…) funcionam como guias de orientação (…) e se calhar também não lho damos a conhecer para a pessoa também não ficar presa (…) têm que existir” (E1)
Relativamente aos planos de integração nem todos os enfermeiros do serviço conhecem a sua existência e na sua grande maioria os que conhecem não lhes foi apresentado o plano das várias valências cirúrgicas. Os enfermeiros entrevistados que fazem parte do grupo de elementos em integração referem “nem sabia que havia (…) nem nunca mos mostraram” (E9), “Não, de integração não” (E11) “Na valência X e no recobro deram‐me a conhecer o dossier. (…) Na outra valência não houve plano, não houve papel, não houve discussão de plano de integração nenhuma não houve nada (…) acho que está muito errado, (…) não houve um plano do que é que vamos fazer (…) isso tem a ver com o facto de não haver uma pessoa que ficasse comigo.” (E7), “Deram‐me no recobro (…) eu acho que na valência Y, passado bastante tempo de lá estar, mandou‐ me qualquer coisa para o email, que nunca fizemos” (E8), “Das várias valências confesso que não. Conheço o do recobro” (E10) e “Muito especificamente não. (…) Vi o do recobro” (E12).
No entanto, no grupo dos enfermeiros integradores, quando questionados se dão a conhecer aos novos elementos o programa de integração, as respostas dividem‐se entre a positiva “Sim, normalmente sim” (E2), “Sim, sim” (E4) e “Sempre” (E6) e a negativa “Neste momento nem sempre. Devia…!” (E1), “Tentei fazê‐lo mas não se consegue (…) Ultimamente não o tenho feito, porque é impossível, não se consegue (…) Já fiz isso, mas ultimamente não” (E3), e “Habitualmente não dou a conhecer o plano de integração (…) não tenho controlo sobre o plano de integração. (…) Quem define os timings não sou eu enquanto elemento (…) integrador” (E5).
A grande maioria dos elementos em integração não foram avaliados de acordo com a grelha existente no plano de integração “inclusivamente preenchi um plano de avaliação. Nunca ninguém quis saber da minha avaliação, as cruzinhas, o que eu preenchi lá no plano (…) ninguém me pediu nada, ninguém me disse nada!” (E7).
Quando questionados sobre a forma como os planos de integração podem ajudar os novos elementos nas suas integrações, os enfermeiros entrevistados pertencentes ao grupo dos elementos em integração, a grande maioria referiu ser importante a sua existência
“porque orienta um bocadinho o percurso e dá para perceber o que é que até hoje já devem ter feito e daqui a um mês o que devem ter evoluído, dá para ter uma noção que quem não sabe nada não consegue ter (…) isso tem que ser na prática, porque dizer só para o papel e preencher um papel é a mesma coisa que nada.” (E7),
“Eu acho que sim. Que é muito importante (…) Até para tu veres o que é que ainda te pode faltar (…) para teres uma noção dos conhecimentos que tens e que deves adquirir” (E8),
“Eu acho que vale a pena existirem, claro. Mas são meramente indicativos, isso depende muito das circunstâncias, da pessoa ou do tipo de cirurgias que surgem (…) a pessoa pode ir lendo e pode perceber em que fase é que está e o que é que precisa ainda de desenvolver. No que é que precisa de insistir” (E10),
“Acho que é importante para se saber o que é que é esperado de nós (…) os objetivos” (E12).
Relativamente ao nível de cumprimento do plano de integração os elementos da equipa de integração referem de forma unânime que não conseguem cumprir “Não consigo cumprir” (E1), “A gente nem sequer sabe quem é que está em integração… como é que eu vou seguir um plano? (…) eu nem sequer sei que eles estão a meu cargo” (E4) e
“Não consigo conciliar isso, (…) o tipo de doentes que aparecem, trazem novas oportunidades, portanto eu não consigo controlar a ordem dos passos. Por outro lado, não consigo cumprir os tempos porque tenho frequentemente pessoas que estão em integração que se faltar um elemento às vezes vão para a sala para substituir um outro e, portanto, há pessoas que a integração delas foi feita em 15 dias ou 3 semanas, não sendo esses dias sequer seguidos” (E6).
Uma das razões para o incumprimento dos planos de integração são as dinâmicas do serviço. Motivada pela falta de elementos da equipa de enfermagem e com o elevado índice de absentismo, por vezes há necessidade de reorganizar a distribuição dos enfermeiros, havendo por vezes necessidade de alterar as posições dos elementos em integração
“A pessoa quando vai para a sala pode estar dois dias de integração e depois é preciso ir para outro lado… vai, depois sai (…) não é só uma integração que dura pouco tempo, como também é uma integração intercalada. (…) é interrompida várias vezes” (E1)
A opinião geral dos entrevistados sobre os timings dos planos de integração é que não são exequíveis, não estando adaptados às atuais realidades do Bloco Operatório Central e às
necessidades dos enfermeiros em período de integração, face ao tipo de cirurgias efetuados diariamente seja em período de urgência ou em cirurgias eletivas. Como se pode verificar pelas respostas dos enfermeiros integradores “mesmo que nós tentássemos seguir nós não conseguíamos (…) os timings lá pedidos não são exequíveis. Nós não temos os programas operatórios de acordo com os timings da integração, não é?” (E1), “Não sigo (…) há passos e timings que a pessoa já passou à frente e há outros que precisam de mais tempo (…) não tem que haver um plano rígido (…) cada pessoa é uma pessoa que tem que se adequar” (E2), “têm que ser planos de fácil execução, com objetivos que sejam atingíveis, na prática isso é muito complicado (…) esse plano de integração é muito taxativo (…) fazer aqueles timings é extraordinariamente difícil” (E3), “integração numa especialidade que só tem dois ou três dias por semana, querer fazer em três meses, implica (…) 36 dias se formos para os três meses (…) noutra especialidade que tenha cirurgias todos os dias e eventualmente até prolongamento, nos três meses vai ter muito mais oportunidades. Esta baliza de um mês pode ser discutível” (E5) Os enfermeiros em integração referem “Eu acho que esse timing não está bem” (E8) e “Compreendo que se é preciso mais tempo também facilitam” (E12).
É atribuída especial importância aos objetivos em detrimentos dos timings nos planos de integração, tal como referem os elementos em integração
“Acho que em objetivos a atingir e não tanto focado no tempo” (E7) e
“Deve ser por objetivos adquiridos até porque eu posso adquirir mais rápido ou mais devagar do que um colega meu. (…) Cada um tem o seu timing. Eu acho que é errado e aconteceu isso comigo foi o timing proposto. São três meses e eu estive três meses na valência nem mais um bocadinho. E não atingi os objetivos. Não tive acesso ao plano de integração, mas para mim, daquilo que eu sabia, os objetivos não estavam cumpridos. Saí com a sensação de faltar ainda muita coisa (…) estava tudo muito vago” (E8) Os elementos entrevistados referem sentir que existe uma grande pressão nas integrações no sentido de ser tudo muito rápido. Os elementos integradores referem “É uma integração à pressão. (…) Nós não conseguimos dar um ambiente tranquilo (…) a pressão em cima de nós também é muita” (E1), “Existe essa pressão para que as coisas sejam feitas mais rapidamente em termos de integração. E eu não considero isso só por si negativo. Aquilo que eu acho é que deviam existir esses objetivos a cumprir, essas metas para atingir, para determinada pessoa ser considerada integrada fosse por mim, pela pessoa B, ou pela pessoa C.” (E5).
A equipa de coordenação refere “queremos sempre que andem mais depressa, “despachem‐se lá com isso que estou a precisar de vocês já ali”, não é?” (E13)
Ao questionar os enfermeiros sobre a existência de um plano de integração único, se seria benéfico ou não, as respostas foram positivas, referindo que “Sim, com uns anexos ou algumas especificidades” (E4), “Tem que haver uma que seja transversal (…) a pessoa quando muda não volta à estaca zero” (E6), “começa pelos princípios básicos e depois se está naquela especialidade são aqueles objetivos daquela especialidade” (E7), “Sim, faz‐me mais sentido (…) um mais geral com as diversas especificidades de cada valência (…) para ser posto em prática ou depois ninguém o usa que é o que acontece” (E8), “Como eu não conheço bem os planos (…) não consigo avaliar (…) se calhar faz sentido existir um tronco comum e depois as especificidades para cada especialidade” (E10) e “Penso que seria a melhor opção” (E13).
Relativamente às reuniões periódicas entre enfermeiro Chefe, integrador e elemento em integração, todos os elementos referiram que eram reuniões muito importantes mas que não se fazem, verbalizando os integradores que “Eu acho que era fundamental ver como é que a pessoa se sente no fim de cada etapa. Não é: “tens um mês para te integrares”. Pronto… estejas ou não estejas. Haver reunião periódica para as pessoas dizerem as dificuldades que estão a ter, o que é que se deve insistir mais. (…) Esse diálogo não existe” (E2), “auscultar verdadeiramente as pessoas que estão no terreno, e ouvir o que as pessoas dizem que isso é muito importante (…) se não levamos a sério o que as pessoas nos transmitem, acabam por desistir de verbalizar” (E3). Os elementos em integração referem que “Comigo nunca (…) se houve alguma entre a integradora e a chefe foi sempre sem mim.” (E7), “Nunca fiz nenhuma (…) mas fazia‐me muita falta dizerem‐me (…) “se calhar aqui devias estar mais atenta”… porque tu não sabes” (E8), “Só no recobro fiz uma avaliação com a enfermeira C (…) não tive uma reunião” (E9) e “nunca tive nenhuma reunião dessas” (E11). Os elementos da equipa de coordenação são da opinião que as reuniões são importantes, referindo ainda que
“O ser com o chefe é mais aquela presença da responsabilização, (…) mas o importante mesmo é com o integrador. O próprio fazer a sua auto‐avaliação (…) há este ou aquele posto que tem que ser melhorado, temos que investir mais aqui ou além. Relativamente ao chefe, é importante o chefe saber (…) em que timings é que estamos, até porque há uma expectativa em relação aos elementos e dada a grande necessidades que temos deles” (E13),
“Nós aqui acabamos por ter algum feedback das pessoas que estão a acompanhar as integrações, mas torna‐se insuficiente e mesmo para quem está a ser integrado acho que a pessoa se sente mais acompanhada com estas reuniões por parte da chefia” (E14). Relativamente à dúvida de quem decide se o elemento em integração está apto para avançar na valência cirúrgica ou mudar de valência, os elementos integradores referem “Eu nem percebo quem é que estabelece se eles estão integrados, se não estão… Não faço ideia (…) às vezes as pessoas dizem “Ah, já acabei a integração! Ai já acabaste? Uhmm…! Está bem”” (E2), “Nem nos foi perguntado se a pessoa (…) ela está integrada? Não. Há pessoas que passaram lá meia dúzia de vezes e que não estão integradas. (…) E eu disse que essa pessoa não sabe fazer a cirurgia mais básica que entra cá de urgência. E disseram‐me “Ah não, mas está integrada!” (…) e nem sequer voltaram a pôr lá” (E4) “Se o serviço considerar que é tempo da pessoa saltar fora e ir para outra valência, o que se sobrepõe é a decisão da chefia (…) alguém decidiu que ele está integrado, alguém que nunca viu o percurso nem pediu o feedback da avaliação… e essa pessoa desaparece dali e vai ser integrada noutro sítio (…) independentemente da pessoa cumprir ou não minimamente os objetivos” (E6) Já os elementos da equipa de integração referiram que “Foi a enfermeira integradora (…) passaram os três meses estipulados pela chefe” (E7), “A mim não me perguntaram nada nunca (…) nem me informaram, vi que estava lá (…) vais ao plano e vês amanhã afinal estou a circular. Já não estou de anestesia, mas ninguém te perguntou se te sentias à vontade para. (…) Quando passas para a valência Z e vês que estás acompanhada percebes que se calhar começaste a integração” (E8), “Assumiram no gabinete que eu tinha integração na valência Z (…) o que vai acontecer? (…) ou tenho a sorte da circulante saber o meu percurso (…) ou começa alguém a gritar a dizer que eu não quero instrumentar. (…) Isso leva a mais baixas” (E9). Por outro lado relativamente à dúvida se o integrador foi informado que o enfermeiro vai iniciar a integração na valência, os integradores referem que “Nem sequer é dito nada. Aparece lá o elemento (…) vou integrando porque a pessoa está ali para ser integrada (…) não sei como é que a chefe chega à conclusão que estão integrados” (E2), “Nem sequer é feito no início (…) “Este elemento vai ficar agora na valência, vai ficar contigo”, nem isso é feito. (…) nem que vai ser integrado, nem que vai ser retirado (…) é o próprio elemento que diz “Agora acho que venho fazer a integração aqui” (E3),
“Eu nem sequer sei que elas vão para integração (…) e nem sequer nos perguntam se já está integrado, nunca nos perguntam nada, nas últimas pessoas que por lá passaram. (…) Eu pergunto à pessoa “Olá vieste para aqui? Vais começar a integração?” Acho que sim, já ontem estive aqui… amanhã também vou estar, portanto acho que estou a fazer integração”” (E4)
“Não há essa distinção, ou pelo menos eu não sinto que haja, embora depois as pessoas se identifiquem mais com uma pessoa ou com outra e satisfaçam dúvidas mais com essa, mas não existe essa definição de que aquele é alguém que deves usar como referência para a integração” (E5)
Um dos elementos da equipa de coordenação refere “se calhar não se está a dizer concretamente “Está aqui fulano para ser integrado” mas a verdade é que na distribuição estão sempre distribuídos“ (E13).
Por fim, no que diz respeito às sugestões de melhoramento dos planos de integração, os elementos da equipa de integradores sugerem:
‐ apresentação do integrador ao elemento em integração “sugerir precisamente que nos vão entregar a pessoa e nos digam o que é que pretendem (…) que depois haja reunião para saber se a pessoa (…) pode passar (…) diga as dificuldades que está a sentir, para o outro conseguir ajudar” (E2)
‐ tempo extra para as integrações “ou é dado um tempo extra de meia hora ou uma hora para o integrador e quem está em integração ficarem juntos, para mostrar o plano de integração e para falar ou então não se consegue” (E3)
‐ execução de um plano único baseado em objetivos “um plano único (…) uma pessoa não pode avançar para outra especialidade sem ter cumprido os objetivos da anterior” (E4)
‐ aumentar o número de enfermeiros no serviço “Para haver um plano de integração e ele ser exequível, tem que haver pessoas, para que as pessoas possam se integradas. (…) A nível do recobro existe um plano (…) muito bem traçado e não há elementos para fazer cumprir esse plano” (E6).
As sugestões de melhoria dos planos de integração dos elementos em integração passa por:
‐ disponibilidade para integrar “as pessoas estarem mais disponíveis para integrar os outros (…) sugiro que sejam escolhidas as pessoas com mais perfil para isso. E avaliar a pessoa” (E7)
‐ existência de reuniões periódicas “avaliações entre o chefe, a pessoa que está responsável por essa pessoa, e que deve estar com essa pessoa realmente e que está em integração (…) antes de se fazerem as distribuições tem que se olhar para os planos” (E9)
‐ importância do horário “As cirurgias eletivas (…) de manhã (…) era muito importante termos um colega mais velho, com mais experiência que estivesse mais afeto a nós” (E11)
‐ equipa de enfermagem com mais elementos “Existir o número de elementos necessário para permitir que as integrações sejam feitas de modo contínuo” (E12)
Relativamente aos elementos da equipa de enfermagem estarem integrados em todas as valências cirúrgicas e recobro, dúvida que frequentemente se coloca no serviço, ou se pelo contrário deviam estar mais afetos a uma ou outra valência, sendo peritos nessas áreas onde ficam distribuídos mais vezes, a opinião dos elementos da equipa de coordenação é que os responsáveis de valência deverão permanecer afetos à valência cirúrgica que coordenam, mas os restantes elementos da equipa de enfermagem devem ter integração em todas as restantes valências cirúrgicas existentes no BOC
“Nós temos pessoas específicas, nomeadamente as responsáveis e as corresponsáveis ou as segundas responsáveis, essas sim devem ficar mais direcionadas, as restantes pessoas não dá… não é viável, porque com as integrações que nós temos e com a necessidade que nós temos nos prolongamentos e mesmo nas situações de urgência, não dá para tu teres uma terceira pessoa ou uma quarta pessoa também só fechada, afeta aquela sala, não é? Porque acaba também por te limitar só ali àquela especialidade e eu acho que isso deve acontecer só com os responsáveis. Os outros elementos não. Acho que devem ter uma experiência das outras valências todas. (…) De manhã sim, faz‐me sentido estar uma responsável mais afeta, uma ou duas responsáveis, mesmo para algumas dinâmicas que o serviço exige em termos de material, agora o resto das pessoas, acho que elas têm que circular pelas outras valências e pelo recobro” (E13) 2.2.3. A importância dos manuais na integração dos enfermeiros Relativamente à importância que os manuais representam na integração dos novos elementos no bloco operatório central e ao questionar se conhecem o manual de procedimentos existente no serviço e se costumam consultá‐lo, a opinião geral é que conhecem. O grupo de enfermeiros integradores refere consultar esporadicamente “Eu acho que é essencial. Acho que se calhar eles até utilizam menos do que aquilo que deviam utilizar” (E1), “Conheço, por vezes uso, até mesmo para colocar material nos carros de circulante, quando tenho alguma dúvida sobre os materiais” (E5). O grupo de elementos em integração é da mesma opinião “Já consultei algumas vezes (…) e muitas vezes ajuda, tens dúvidas, não sabes como é que é que se faz, não sabes o material todo, vais ao procedimento e acho que ajuda bastante (…) ajudou‐me porque o consulto algumas vezes” (E8). A
opinião da equipa de coordenação é que já foi mais utilizado, mas que é útil “Acho que se calhar já foi mais consultado, apesar de haver pessoas ainda a consultarem o manual e eu própria também já lá fui buscar procedimentos para ver determinada especialidade” (E14).
As circunstâncias em que o manual de procedimentos é consultado são essencialmente na véspera “No planeamento da cirurgia no dia anterior” (E10), quando surgem dúvidas na preparação do material necessário para a cirurgia que se vai efetuar “Nas valências que estou menos. Cada vez que é necessário fazer uma cirurgia menos usual… maioritariamente para ver o material que usam mais, porque o material está sempre em evolução” (E2), quando há dúvidas na técnica cirúrgica “Sim, mais para fazer o carro e para a técnica, as duas coisas.” (E8) e na prestação de cuidados pós operatórios no recobro “também alguns cuidados quando estava no recobro, dos cuidados pós operatórios” (E12). No que diz respeito às principais dificuldades encontradas na sua consulta, o facto de levarem os procedimentos após a sua consulta “já me aconteceu várias vezes, quando vou à procura dessa folha (…) não está lá a folha (…) alguém foi consultar e ficou com isso” (E3), saber em qual dos dossiers se encontra o procedimento pretendido “É saber em que dossier está… São três” (E4), “Às vezes quero determinado procedimento cirúrgico, sei que ele foi feito e às vezes não o encontro” (E5), o facto de não estarem feitos uniformemente, segundo determinada ordem “Nem sempre os procedimentos estão uniformes, apesar de já haver uma base, os procedimentos não são transversais (…) o que torna difícil às vezes a leitura e a interpretação dos mesmos (…) a leitura não é fácil e quando a pessoa vai à procura, habitualmente em situações que precisa: para agora, dificulta um bocadinho a consulta” (E6). Outro dos pontos referidos é o facto de haver poucos procedimentos e por vezes não estarem atualizados "Acho que não há muitos procedimentos (…) não está focado exatamente aquilo que eles vão fazer na cirurgia (…) tem que ser o mais adequado com o que se faz aqui. (…) Ou desapareceram ou então não estão impressos, não sei” (E7), “Alguns estão um bocado desatualizados, há cirurgias que faltam” (E9).
Quanto aos problemas referidos na execução dos procedimentos, a equipa de enfermeiros integradores refere essencialmente que os procedimentos são feitos pelo livro e não de acordo com a realidade do bloco operatório “Os procedimentos são feitos pelo livro, não quer dizer que seja o que se passa cá no Egas” (E2), por vezes são feitos por pessoas que nunca viram a cirurgia, apenas porque faz parte dos objetivos traçados pela equipa coordenadora
“faz parte do objetivo da chefe do serviço e, portanto, a pessoa que está a fazer o procedimento nem sequer viu aquela cirurgia à frente, mas faz o procedimento. Que não é procedimento daqui… É um