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ENTREVISTA A EFETUAR ÀS ENFERMEIRAS DA EQUIPA DE COORDENAÇÃO 

Anexo III ‐ Guião de entrevista a efetuar aos enfermeiros da equipa de coordenação

ENTREVISTA A EFETUAR ÀS ENFERMEIRAS DA EQUIPA DE COORDENAÇÃO 

Blocos  Objetivos Específicos  Questões Tópicos Orientadores

H‐ Legitimação  da 

entrevista 

Realçar  a  importância  da  participação do entrevistado.                     

Recordar  os  objetivos  da  entrevista                Informar a duração da  entrevista     

Informar  as  condições  de  confidencialidade  

 

Solicitar  autorização  para  a  gravação áudio da entrevista   

Informar  a  possibilidade  de  posteriores  consultas  e  alterações  à  entrevista  transcrita 

   

Verificar  se  o  entrevistado  apresenta dúvidas ou questões 

Antes  de  mais  muito  obrigada  pela sua disponibilidade. Com a  sua  participação  está  a  contribuir  para  a  realização  de  um  trabalho  de  projeto  referente  ao  tema  “Integração  de  Enfermeiros  no  Bloco  Operatório:  Criação  de  um  Dispositivo  de  Formação”  no  âmbito  do  Mestrado  em  Educação e Formação. 

 

Este  trabalho  tem  como  objetivo  principal:  construir  um  dispositivo  de  formação,  com  vista  a  melhorar  o  processo  de  integração dos novos elementos  da  equipa  de  enfermagem  no  Bloco  Operatório  Central  do  Hospital de Egas Moniz. 

 

A  entrevista  terá  uma  duração  de cerca de 30 minutos. 

 

Realço que as informações aqui  recolhidas  serão  de  carácter  confidencial.     Autoriza a sua gravação?    Caso ache necessário, podemos  disponibilizar‐lhe 

posteriormente  a  entrevista  transcrita  para  que  possa  modificar o que entender.   

Deseja  colocar  alguma  questão  antes de começarmos?   

 

I‐ Percurso  profissional 

Procurar  conhecer  o  percurso  profissional do entrevistado 

Relativamente  ao  seu  percurso  profissional,  nomeadamente  a  experiência  em  bloco 

‐ Qual  o  tempo  de  exercício  profissional; 

 

operatório  

profissional no BOC;

‐  Tinha  experiência  prévia  de  desempenho  de  funções  em  Bloco  Operatório? 

J‐  Integração  em  Bloco  Operatório 

Procurar  conhecer  a  opinião  sobre  a  integração  de  enfermeiros  no  Bloco  Operatório  e  mais  especificamente  no  Bloco  Operatório Central do HEM 

Qual  a  importância  que  atribui  ao processo de integração?   

Quais  os  principais  constrangimentos  do  serviço  e  as possíveis soluções.    Que avaliação faz dos planos de  integração atuais?    Conte‐me como decorreu o seu  período  de  integração  no  Bloco  Operatório Central do HEM                                 

Quais  as  diferenças  em  relação  à  atualidade  no  se  refere  aos  períodos  de  integração  de  novos elementos 

 

Qual  a  sua  opinião  sobre  a  interação  de  novos  elementos  no Bloco Operatório?            Quais considera serem as principais  diferenças  nos  planos  de  integração? 

 

‐ Quanto tempo de duração teve o  período  de  integração  na  1ª  fase:  acolhimento / observação? 

 

‐ Quanto tempo de duração teve o  período  de  integração  na  2ª  fase:  Enfermeiro de apoio à anestesia?   

‐ Quanto tempo de duração teve o  período  de  integração  na  3ª  fase:  Enfermeiro circulante? 

 

‐ Quanto tempo de duração teve o  período  de  integração  na  4ª  fase:  Enfermeiro instrumentista? 

 

‐  Quais  as  principais  dificuldades  que teve e como as superou?   

De  que  forma  acha  que  piorou  ou  melhorou  relativamente  há  uns  anos atrás? 

   

Como  acha  que  deveria  ser  feita  a  integração  de  novos  enfermeiros  no Bloco Operatório?      K‐ Plano  de  integração  para  enfermeiros 

Conhecer  qual  a  importância  atribuída  aos  planos  de  integração no Bloco Operatório  Conhecer  a  importância  atribuídas  às  reuniões 

É  importante  seguir  os  planos  de  integração  existentes  no  serviço? 

     

De que forma considera o plano de  integração  pode  ajudar  os  novos  elementos nas suas integrações?   

   

no  BOC  do  HEM                          D  ‐  Plano  de  integração  para  enfermeiros  no  BOC do HEM 

periódicas  efetuadas  em  conjunto com Chefe do serviço,  enfº  integração  e  elemento  em  integração 

Saber se tem algumas sugestões  que  melhorem  os  planos  de  integração  das  diferentes  valências 

 

Saber a importância que atribui  ao  manual  de  procedimentos  existente no serviço 

   

Conhecer  a  opinião  sobre  a  importância  atribuída  a  vídeos  com  os  principais  passos  das  diversas  cirurgias  efetuadas  no  BOC 

     

Tem  algumas  sugestões  a  fazer  de  forma  a  melhorar  os  diferentes  planos  de  integração? 

 

Conhece  o  manual  de  procedimentos  existente  no  serviço?  Quais  as  principais  dificuldades na sua utilização?   

Considera  que  vídeos  com  resumos das principais cirurgias  efetuadas  por  valência,  que  se  encontrem  disponíveis  na  intranet  iria  facilitar  as  integrações no BOC?                 

E‐  Finalizar  a  entrevista  

Verificar se o entrevistado quer  acrescentar alguma informação   

Enaltecer  o  entrevistado  pelo  tempo despendido 

Deseja  acrescentar  alguma  coisa? 

 

Grata pela sua colaboração!   

Anexo IV – Entrevistas efetuadas aos enfermeiros integradores

   

Entrevista 1

Entrevistadora – Antes de mais muito obrigada pela disponibilidade, com a tua participação estás a 

contribuir para a realização de um trabalho de projeto referente ao tema “Integração de Enfermeiros  no Bloco Operatório – criação de um dispositivo de formação” no âmbito do Mestrado em Educação  e  Formação  que  frequento  no  Instituto  de  Educação  da  Universidade  de  Lisboa.  Este  trabalho  tem  como  objetivo  principal  construir  um  dispositivo  de  formação  com  vista  a  melhorar  o  processo  de  integração dos novos elementos da equipa de enfermagem do Bloco Operatório Central do Hospital  de  Egas  Moniz.  A  entrevista  terá  uma  duração  de  cerca  de  30  minutos.  Realço  que  todas  as  informações  aqui  recolhidas  serão  de  caráter  confidencial,  não  será  nunca  identificado  o  entrevistado, nunca será associado o seu nome, valências cirúrgicas por onde passou, etc. Autorizas a  gravação? 

Entrevistada – Certo. Com certeza que sim. 

Entrevistadora  –  Obrigada.  Caso  aches  necessário,  eu  depois  no  final,  vou‐te  facultar  toda  a 

entrevista transcrita em papel para que possas ler e modificar o que for necessário, por exemplo se  não era bem aquilo que querias dizer. Desejas colocar alguma questão antes de começar?  Entrevistada – Não. Podes dizer aquilo que pretendes que a gente fale.  Entrevistadora – Relativamente ao teu percurso profissional, nomeadamente à experiência em bloco  operatório, que sei que é muito longa…  Entrevistada – Longa… 21 anos.  Entrevistadora – Daí ter‐te escolhido a ti para iniciar, logo para primeira entrevista!  Entrevistada – (Riso) Para fazeres o check list das perguntas?  Entrevistadora – Exato. Qual é que é o teu tempo de exercício profissional?  Entrevistada – Ora… bloco é 21, na totalidade será… 28 anos. 

Entrevistadora  –  28  anos  de  exercício  profissional  e  21  de  bloco  operatório.  Tinhas  experiência 

prévia de funções antes de entrar em bloco operatório?  Entrevistada – Tinha experiência de enfermaria, sim. Tive experiência de 2 anos de Medicina, 2 anos  de Pediatria e depois estive 3 anos, quase, no serviço de Neurotrauma e depois entretanto vim para  o bloco.   Entrevistadora – Recobro primeiro ou logo para o bloco?  Entrevistada – Recobro primeiro. Eu fui integrar a equipa do recobro, porque inicialmente quando eu 

trabalhei  na  Neurotrauma,  nós  tínhamos  a  unidade  de  cuidados  intensivos  versus  cuidados  intermédios,  mas  pronto.  Tínhamos  6  doentes  ventilados  e  como  eu  tinha  experiência  de  doentes  cirúrgicos,  na  altura  em  que  eu  fui  pedir  a  transferência,  direcionaram‐me  essencialmente  para  o  recobro, que quando eu fui integrar, integrei a equipa com a Enfermeira X. O recobro ainda estava lá  no bloco antigo. Nós ainda estivemos no bloco antigo, e foi para lá que eu fui. 

Entrevistadora – Que era externo? O recobro era externo ao bloco?  Entrevistada – O recobro era externo ao bloco, exatamente. 

Entrevistadora – E tinha uma equipa só para recobro? 

Entrevistara – Exatamente. Era eu e a enfermeira X, só, porque havia um desfasamento de horário ali 

na  hora  de  almoço,  mas  havia  períodos  em  que  estávamos  sozinhas.  Ela  acho  que  até  à  hora  de  almoço, à hora de almoço eramos as duas para orientar também… e depois ficava eu até mais para a  tarde. E alternávamos assim. 

Entrevistadora  –  Relativamente  ao  período  de  integração  no  Bloco  Operatório  Central,  que 

dificuldades é que tiveste? E como é que as superaste? Vamos agora falar um bocadinho sobre isto.  Podes  falar  o  que  entenderes,  mas  só  para  não  nos  perdermos  nas  ideias,  vou  colocar  algumas  questões.  

Entrevistada – Ah sim, tudo bem. 

Entrevistadora – Quanto tempo de duração é que teve o primeiro período de integração, ou seja a 

primeira fase de acolhimento e de observação? Quando vieste para o bloco operatório, ficaste algum  tempo só de observação?  

Entrevistada  –  Não,  não  fiquei  assim  muito  tempo,  mas  fiquei…  a  integração  foi  assim:  eu  como 

pertencia teoricamente à equipa do recobro, quando a equipa avançou para aqui para o bloco novo,  eu fiquei também só a exercer funções no recobro. 

Entrevistadora – Ah, porque o recobro passou cá para dentro. 

Entrevistada  –  Exatamente.  O  recobro  entretanto  passou  cá  para  dentro,  e  eu  quando  vim  para  o 

bloco fiquei de horário fixo, por conseguinte era para vir para ter horário fixo e então fiquei eu e a  enfermeira X de horário fixo na altura a fazermos as 42 horas as duas de equipa fixa do recobro, mais  os outros elementos a rodarem e tudo isso. E ainda lá fiquei algum tempo. Fiquei lá… sei lá… algum  tempo, quando eu digo algum tempo, alguns anos, 1 ou 2 anos ou se calhar mais. Já não tenho muito  bem a noção de quanto tempo é que eu fiquei no recobro assim a funcionar com ela. De modo que  fui‐me  integrando  progressivamente  aos  poucos…  progressivamente  na  dinâmica  do  bloco,  em  termos sociais a conhecer as pessoas. Depois houve uma fase em que alguém decidiu que não eram  necessárias duas pessoas no recobro a 42 horas e que uma teria que sair para fazer a integração na  sala. A enfermeira X que era a responsável do recobro ficou e eu avancei para as salas, para a sala Y e  fui  integrada  então  na  valência  Y  comecei  pela  anestesia  e  fui  integrada.  Não  me  custou  particularmente porque já conhecia as pessoas e as pessoas conheciam‐me a mim, tanto na equipa  de  enfermagem  como  na  equipa  cirúrgica  e  não  tenho  assim  grandes  memórias  de  grandes  problemas,  nem  de  grande  stress  na  integração  que  eu  fiz.  Foi  uma  integração  longa.  Lembro‐me  pelo  menos  quando  eu  comecei  a  instrumentar,  pelo  menos  fiquei  8  meses  consecutivos  a  instrumentar.  Inicialmente  com  o  apoio  das  colegas  que  estavam,  quem  me  fez  a  integração  foi  a  enfermeira  Y  e  Z  e…  não  me  lembro  de  stress.  Lembro‐me  que  foi  uma  integração  progressiva,  comecei pela anestesia, depois comecei a circular, sempre acompanhada, algum tempo. Pelo menos  algum tempo eu ficava acompanhada a circular e só depois é que ficávamos independentes e depois 

avançámos  para  a  instrumentação  e  também  fiquei  algum  tempo  a  instrumentar  e  depois  para  consolidar fiquei bastante tempo… fiquei 8 meses. Lembro‐me que fiquei 8 meses a instrumentar. 

Entrevistadora  –  Então  a  primeira  fase  que  alguns  autores  definem  que  é  a  de  acolhimento  e 

observação, também definida como de socialização, como disseste, foste fazendo enquanto estavas  no recobro.  Entrevistada – Exato, sim. Essa parte foi. Depois a integração na sala…  Entrevistadora – De anestesia estiveste muito tempo acompanhada, ou não?  Entrevistada – Eu acho que estive para aí um mês…  Entrevistadora – Um mês de anestesia e depois passaste a ficar sozinha?  Entrevistada – Depois passei a ficar sozinha, a circular…  Entrevistadora – Mas não tinhas conhecimentos de anestesia em sala operatória.  Entrevistada – Não. Em sala operatória não tinha. Não tinha conhecimentos nenhuns da dinâmica. 

Tinha  contacto  com  a  linguagem  anestésica,  como  já  fazia  o  recobro  foi  mais  fácil.  No  fundo  a  integração  na  anestesia  acabou  por  complementar  um  bocadinho  a  informação  que  eu  tinha  ido  adquirindo no recobro, não é? Mas não, não tinha nenhuma experiência de bloco. 

Entrevistadora – Depois de circulação também cerca de 1 mês? 

Entrevistada – Sim. Acompanhada e depois sozinha. Apesar de que a circulação… nós como estamos 

na integração na sala, quando entramos para a integração na sala e isso foi verdade na altura em que  fui integrada e é verdade ainda hoje, a circulação acaba por ir sendo assimilada progressivamente à  medida  que  nós  estamos  de  anestesia.  Há  sempre  o  momento  em  que  alguém  nos  pede  alguma  coisa que já diz respeito à circulação, e nós vamos vendo coisas na sala, vamos tendo contacto com  as coisas, vamos perguntando, de modo que as coisas vão sendo assimiladas, digamos que… não com  barreiras tão estanques… 

Entrevistadora – Quem está de anestesia não está só de anestesia. 

Entrevistada  –  Exatamente!  Como  é  fazer  a  integração  de  anestesia,  como  é  fazer  a  integração  de 

instrumentação. O período de circulação acaba por se diluir… 

Entrevistadora – Não é dois meses, mas acaba por… a integração de anestesia acompanha também a 

circulação. 

Entrevistada  –  Sim.  Acaba  por  acompanhar  um  bocadinho  a  circulação.  Pelo  menos  é  essa  a 

sensação  que  eu  tenho.  Mesmo  em  relação  às  integrações  que  hoje  em  dia  se  fazem,  e  que  neste  momento sou eu a fazê‐las mais outras pessoas, não é? No fundo a coisa acaba por ser também…  isto que eu disse, acaba por também se aplicar. 

Entrevistadora – Em  termos de instrumentação, nesta 4 ª fase do período de integração, estiveste 

Entrevistada – Oito meses a instrumentar, entre o período que estive acompanhada e depois o de 

ficar a consolidar conhecimentos, estive cerca de 8 meses. 

Entrevistadora – Mais ou menos quanto tempo acompanhada?  Entrevistada – Aaaah… Eu estive para aí uns 3 meses no mínimo…  Entrevistadora – Que é um bocadinho diferente da realidade… 

Entrevistada  –  Um  bocadinho  diferente…  Depois  havia  já  cirurgias  em  que  nós  podíamos  avançar 

sozinhas,  não  é?  Mas  depois  havia  outras  cirurgias  mais  complexas  que  já  exigia  que  estivesse  presente outra pessoa. Mas eu acho que na altura foram para aí uns 3 meses 

Entrevistadora – Então estiveram durante cerca de um ano 4 pessoas na sala? 

Entrevistada – Para aí… Se a memória não me falha, mas foi para aí… em termos globais… deve ter 

sido para aí um ano de integração. E o que fizeram a mim, faziam a outras pessoas. Naquela altura,  também  era  preciso  ver,  que  a  equipa  de  bloco  era  uma  equipa  muito  mais  estável!  Apesar  de  quando  nós  passamos  para  aqui  ter  havido  um  grosso  de  pessoal  a  ir  para  a  equipa  de  recobro,  a  equipa  de  recobro  na  altura  era  uma  equipa  mais  ou  menos  estanque,  a  equipa  do  recobro  não  circulava pelas salas, porque a equipa do recobro era uma equipa mais ou menos fixa, era só recobro  que fazia, mas depois isso foi progressivamente sendo… se calhar fui eu que dei o pontapé de saída…  estás a perceber? Fui eu que dei o pontapé de saída. Mas depois houve colegas que à posteriori e  estou a lembrar‐me da enfermeira A que era da equipa só de recobro, assim como a B era da equipa  só de recobro, sabes que ela era muito difícil ir para a sala, a enfermeira B, também, foi a altura em  que  ela  decidiu  sair,  porque  ela  também  não  gostava  de  sala.  Mas  pronto,  as  coisas  na  altura  pensavam‐se de outra maneira, mas progressivamente as coisas foram‐se diluindo e a equipa passou  a ser uma só. 

Entrevistadora – E quando falavas de uma equipa mais estável era em termos de entradas e saídas 

de pessoal? 

Entrevistada – Em termos de entradas e saídas de pessoas, sim. Havia um grosso de pessoas muito 

experiente  nesta  casa  que  depois  foram‐se  reformando  e  foram  entrando  pessoas  que  depois  também não deram grande estabilidade ao serviço porque apesar de já não se lhes conseguir fazer  umas  grandes  integrações  e  tão  longas  no  tempo,  mas  acabou  por  ser  necessário,  porque  inicialmente  começamos  por…  em  tempos  era  política  do  bloco  não  haver  colegas  espanhóis  no  bloco.  Era  política  do  serviço,  mais  ou  menos,  porque  a  integração  no  bloco  era  uma  coisa  extremamente longa no  tempo e em termos de experiência era importante  as pessoas terem‐na e  manterem‐na, mas às páginas tantas eles também vieram. Ainda tivemos aí… 

Entrevistadora – Uns 3… 

Entrevistada  –  Mais!  Tivemos  mais  do  que  3  pessoas…  Tivemos  as  2  espanholitas  lá  de  cima  da 

Galiza, tivemos uma de Huelva, tivemos outra de Cordova, tivemos outra da Granada, tivemos outra  lá de cima… 

Entrevistada  –  Logo  a  seguir  saíam  com  experiência.  Por  exemplo  duas  delas  ainda  ficaram  algum 

tempo, ainda ficaram uns aninhos. Depois também tivemos a experiência dos colegas do Norte. Que  também  vieram,  ficaram  algum  tempo  e  depois  também  avançaram  para  cima  novamente.  Se  nós  começarmos a pensar…. 

Entrevistadora  –  À  medida  que  a  profissão  foi  mudando,  também  nós  fomos  apanhando  aquelas 

alterações aqui. 

Entrevistada – Se nós formos a ver, nós temos gente em Castelo Branco, temos gente em Vila Real, 

temos gente em Braga, temos gente no Porto, temos gente em Viana, em Coimbra, no Algarve, em  Castelo  Branco…  não  sei  se  já  tinha  dito…  Temos  gente  espalhada  por  aí  que  fez  a  formação  aqui,  inicial. Era gente que não tinha experiência nenhuma e veio aprender as coisas aqui. 

Entrevistadora  –  Exatamente  (Riso).  Então  quais  é  que  achas  que  foram  as  tuas  principais 

dificuldades e como é que as conseguiste superar? Na altura da tua integração. 

Entrevistada – Na altura da minha integração… eu sofri um bocado com a instrumentação! Porque 

para mim aquilo era uma coisa muito complicada, porque eu sentia um sentido de responsabilidade  em  relação  à  tarefa  que  nós  íamos  desempenhar  na  cirurgia  que  aquilo  sempre  me  causou  uma  ansiedade  imensa.  Eu  lembro‐me  das  primeiras  vezes  que  eu  estive  em  grandes  cirurgias…  eu  ali  sozinha,  de  mãozinhas…  ali…  eu  sentia  um  stress,  percorriam‐me  suores  frios…  Enquanto  aquela  cirurgia não começava e eu começava a sentir que dava resposta, aquilo era um stress muito grande  para mim. Era um stress muito grande para mim.  

Entrevistadora – O estar sozinha… 

Entrevistada – O estar sozinha, o sentir que podia acontecer alguma coisa no intraoperatório que eu 

não  conseguia  dar  resposta…  aquilo  para  mim  era  uma  coisa  muito  angustiante!  Muito  mesmo,  muito. Sentia uma angústia imensa (Riso). Mas pronto, depois aquilo foi passando!  Entrevistadora – À medida que estás mais integrada também te sentes mais capaz  Entrevistada – Mais capaz… e hoje 21 anos depois desta situação, às vezes estou na mesa, olho para  a mesa, eles pedem‐me uma Kocher. Kocher? Mas o que é que eles querem? Ó senhores… Tome lá o  ferro… (Riso) E estou na maior…! Mas você quer isso para quê? Tome lá isto.  Entrevistadora – Foste superando à medida que ias conseguindo estar mais integrada  Entrevistada – Exatamente!  Entrevistadora – Sentias‐te mais capaz. 

Entrevistada  – Sentia‐me  mais capaz e sentia‐me  mais tranquila  com as coisas… Mas  estas miúdas 

que agora andam para aí, claro que eu compreendo os stresses delas, mas por outro lado, também  têm uma postura diferente da que nós na atura tínhamos. Porque nós na altura tínhamos… não sei se  também é um bocado das pessoas. Eu era incapaz de, e ainda hoje sou incapaz, de uma cirurgia que  eu não conheço, mas que faço alguma ideia daquilo que se vai passar, de dizer “Não, eu não vou para  a mesa porque eu não sei fazer  esta instrumentação.” Quando  eu sei  que o  básico eu vou ter que  abrir uma caixa que tem hemostáticas, tem porta‐agulhas, tem clamps vasculares alguns, e é preciso 

fazer ali algumas coisas um bocadinho mais fora do nosso contexto mas que nós também sabemos  que  existem,  e  causa  um  bocadinho  de  transtorno  isto.  Por  isso,  às  vezes  tenho  alguma  certa  dificuldade em lidar hoje com este tipo de mentalidade. Mas pronto, se calhar é da geração e eu já  estou um bocadinho fora deste contexto. 

Entrevistadora  –  Enquanto  enfermeira  integradora,  e  és  a  principal  na  valência  X,  tiveste  a  cargo 

mais do que 1 enfermeiro em integração em simultâneo? 

Entrevistada  –  Pois…  Sim!  Quer  dizer,  não  na  mesma  área.  Por  exemplo,  nós  podemos  estar  a 

supervisionar um colega… Deixa‐me distinguir aqui várias coisas… É assim… As integrações hoje são  muito, mas muito insuficientes para as necessidades que as pessoas têm. Pessoas com experiência  zero  de  bloco,  que  têm  experiência  única  e  exclusivamente  de  enfermaria,  vêm  para  um  serviço  destes,  o  tempo  que  se  lhes  pede  para  elas  estarem  em  condições  de  funcionar  numa  valência  cirúrgica, seja ela qual for, e eu posso falar essencialmente na valência X, que digamos que… poderá  dizer–se que é uma especialidade cirúrgica, onde se desenvolvem os princípios básicos de qualquer  especialidade cirúrgica no bloco, como eu digo, aquilo causa‐me um bocadinho de transtorno e por  vezes o que se exige aos elementos integradores e que são esses integradores que são os elementos  de referência de cada uma das especialidades, se calhar a nós, valência X, cabe‐nos eles na fase mais  verdinha, porque nós, quando nos calha um elemento que já tragam alguma experiência de sala, de  outra  especialidade,  nós  preocupamo‐nos  essencialmente  em  explicar  e  dar  informação,  dar  conhecimento  de  coisas  específicas  da  valência.  Agora,  quando  eles  vêm  só  com  experiência  de  enfermaria, é difícil pô‐los a funcionar. E eu acho que as pessoas hoje em dia, mesmo assim, fazem  um grande esforço para depois funcionarem. Cabendo‐nos pois, a nós na sala, e muitas vezes depois  é  o  que  acontece,  é  nós  estarmos  com  alguma  pessoa  que  começou  a  dar  os  primeiros  passos