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3. OBJETIVOS E METODOLOGIAS

4.5 Custo “produtividade” (C p )

4.5.2 Custos associados a diminuição do ritmo de trabalho (DRp)

Para o cálculo do custo relativo a esta parcela, preconiza-se a adoção de um procedimento sequencial, em três passos143:

1. Determinar o decréscimo de velocidade na execução da atividade (ergómetro), em relação à velocidade padrão, em termos percentuais;

2. Traduzir a percentagem de diminuição de ritmo, obtida no ponto anterior (1.), como uma redução equivalente de tempo TFT;

3. Converter o tempo TFT (min) em custo (u.m.), analogamente ao realizado no ponto anterior.

Esta estratégia aborda a diminuição do ritmo de trabalho como um tempo fora da tarefa equivalente. O pressuposto em que se baseia essa conversão é o de que a redução de ritmo

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Valores importantes para aplicação e análise no contexto mineiro.

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Para facilitar a apresentação deste grupo de equações, tomou-se como exemplo e ponto de partida, novamente, o contexto laboratorial, sem perda de generalidade.

de trabalho corresponde a uma quebra de produtividade, o que, em termos práticos, tem a mesma consequência e custo que uma paragem de atividade (TFT). Analise-se, então, cada um dos três passos, pela ordem indicada, começando pela diminuição de velocidade de execução do ensaio.

Para tal, considere-se como ponto de partida a medição dos parâmetros metabólicos (TCI, VO2máx, RC) do sujeito, ao longo de um ensaio em situação de ambiente térmico não

condicionante144 e regulando a velocidade do ergómetro de ensaio para 1.7 m/s145. Os valores estipulados (Vergómetro e WBGT) e os obtidos por medição durante este tipo de

ensaio (TCI, VO2máx, RC) serão, no desenvolvimento ulterior, considerados ‘padrão’.

Introduz-se aqui uma nota para referir que a escolha do parâmetro metabólico a utilizar (TCI, VO2máx ou RC) depende da amplitude e variabilidade das respostas que se vierem a

obter para cada um deles, na situação concreta de ensaio. Esses parâmetros serão monitorizados simultaneamente, pelo que os seus dados estarão disponíveis e acessíveis, com igual fiabilidade, não sendo esse um fator diferenciador. Escolher-se-á, portanto, aquele cuja escala melhor se adeque ao contexto da aplicação prática pretendida. Essa seleção será concretizada e objeto de referência no capítulo seguinte.

Nesta fase da descrição, poder-se-á escolher um deles – seja, por exemplo, a TCI – como parâmetro central. Para a exposição subsequente - onde se explica o modo de obtenção da velocidade de execução do ensaio – a TCI será, pois, o único valor utilizado, visto que o desenvolvimento é idêntico, qualquer que seja a escolha efetuada. Considerando que a opção referida facilita a ‘comunicação’, adota-se - aqui e nas descrições seguintes - essa simplificação, sem perda de generalidade146.

Retomando o ensaio acima descrito - o qual se estabeleceu como padrão, associado à situação normal - veja-se o gráfico da figura 4.5 que traduz, qualitativamente, a realidade perspetivada.

Esse gráfico pretende esquematizar a forma de obter o valor de TCIpadrão, em termos

laboratoriais, tendo em consideração o seguinte:

 O WBGTpadrão representa um valor fixo para o índice, determinado com base no

estabelecimento de condições de ambiente térmico, no interior da câmara climática, que correspondam a uma situação dita ‘normal’, isto é, que não condicione o desempenho dos indivíduos na realização das atividades físicas propostas, por exemplo, WBGTpadrão= 18ºC147;

 A duração do ensaio é definida por D, nas condições ambientais correspondentes ao

WBGTpadrão estipulado;

144 Correspondente a uma situação climática ‘normal’. Sobre este aspeto, em toda a descrição subsequente

do presente capítulo, o valor de WBGTpadrão considerado é de 18oC, o qual é indicado na tabela 1 da

norma ISO 7243: 1989, como valor em que não existe necessidade de paragem de trabalho, nas

condições mais desfavoráveis dos fatores de entrada (Arsensível, Aclimat, CM) .

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Segundo a tabela 1 da norma ISO 7243_1989E, andar a uma velocidade entre 5.5 Km/h e 7 Km/h, corresponde à classe CM = 3 (nível de taxa metabólica alto). O valor adotado, convertido em m/s, é intermédio entre os dois limites referidos.

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Note-se que, caso se verifique ser preferível a utilização de outro parâmetro, que não a TCI, apenas será necessário substituí-lo, mantendo-se válida a restante descrição deste ponto.

 A velocidade do ergómetro é regulada para o valor de 1.7 m/s, constante, de acordo com o anteriormente enunciado;

 A TCIpadrão é a temperatura corporal interna em torno da qual o indivíduo estabiliza,

ao longo do ensaio.

Figura 4.5 – TCI padrão

Obtida a TCIpadrão, esta é estabelecida como a TCI ‘alvo’ nos ensaios posteriores,

procedendo-se do seguinte modo:

 Para a situação de ensaio, criar no interior da câmara climática um ambiente térmico quente e húmido, de características equivalentes às condições de trabalho nas frentes mineiras, com um índice WBGT inferior ao limite de referência148;

 Nessas condições, iniciar o ensaio com o ergómetro à velocidade nominal (1.7 m/s) e monitorizar a TCI;

 Quando a TCI se aproxima do valor alvo (TCIpadrão, obtido no ensaio padrão),

reduzir a velocidade do ergómetro de modo a que a TCI do indivíduo estabilize em torno de TCIpadrão;

 Quantificar a diminuição do ritmo de trabalho, com base no rácio entre a velocidade do ergómetro assim obtida e a velocidade padrão (1.7 m/s).

A redução de ritmo de trabalho, em termos percentuais, pode então ser calculada pela expressão:

(Eq. 4.14)

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Valor WBGT referência, de acordo com as condições de ventilação sensível, aclimatação e classe metabólica associadas à realidade da atividade mineira.

TCI TCIpadrão Tempo D Velocidade ergómetro e WBGT constantes

Após ser conhecida a diminuição de ritmo em função da velocidade do ergómetro de ensaio (passo 1), nos termos indicados, efetua-se a sua conversão num TFT equivalente (passo 2), através da multiplicação da redução de atividade percentual pelo tempo de duração esperado para o ensaio (D), o que é traduzido pela equação 4.15:

(Eq. 4.15)

Por último, a conversão do TFTDR equivalente em unidades monetárias (passo 3) é obtida

de forma análoga às anteriores, resultando:

(Eq. 4.16)

em que:

CTFTunit - Custo unitário TFT149 (u.m.)

Finalmente, conhecidas as duas parcelas de custos associados à produtividade (paragem de trabalho e diminuição da ritmo), procede-se à sua adição, através da expressão:

(Eq. 4.17)

que nos permite determinar o custo global para a grandeza produtividade.

Introduz-se aqui uma observação para relembrar que a função objetivo (definida no ponto 4.2) é constituída pela adição dos três tipos de custos – Ce, Cs e Cp – que foram objeto de

apresentações nos pontos precedentes (respetivamente, 4.3, 4.4 e 4.5), as quais culminaram no estabelecimento das equações 4.5, 4.7 e 4.17, que proporcionam as suas respetivas determinações analíticas e materializam o grupo B da figura 4.2.

Note-se, no entanto, que as expressões de cálculo de Ce, Cs e Cp (variáveis dependentes)

foram realizadas com base em relações que integram um conjunto de variáveis independentes (ex.: intensidade de corrente, TCI, velocidade, entre outras), cujos valores não foram correlacionados, de forma substantiva, com outros fatores, nomeadamente, com as condições de ambiente térmico. Em concreto, estabeleceu-se a relação entre os custos e as variáveis independentes que os determinam, não sendo quantificada, em detalhe, a forma como essas variáveis independentes variam em função das características de ambiente térmico, elemento central no presente estudo.

Importa, pois, para finalizar o processo de modelização das relações funcionais entre variáveis (concretizando o grupo A da figura 4.2), estabelecer a correlação efetiva de cada uma das variáveis independentes consideradas com as condições de ambiente térmico ou,

mais especificamente, com os valores do índice WBGT que os caraterizam. Esse será o grupo de relações alvo da descrição apresentada nos pontos seguintes.