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Dúvidas, expetativas e impacto com o contexto de Estágio

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 36-41)

2. DIMENSÃO PESSOAL

2.2. Dúvidas, expetativas e impacto com o contexto de Estágio

“Ser professor (…) obriga a um modo particular de ser e de estar” (Caetano e Silva, 2009, p. 50). De referir que a minha experiência profissional, no ano letivo de 2009/2010 nas AEC’s, assim como as várias escolas em que lecionei aulas, ainda que em grupo, no ano transato (1º ano deste mestrado), foi-me extremamente útil para compreender algumas temáticas e assumir um comportamento particular, indo ao encontro daquilo que as autoras referem. No entanto, muitos outros aspetos ficaram por esclarecer, daí que ainda tivesse algumas dúvidas, que esperava ver esclarecidas com a conclusão deste processo de Estágio e que se prendiam, essencialmente, com os demais agentes educativos e com os próprios alunos.

Ao ingressar nesta escola, fiquei com a certeza que teria mais uma experiência nova e diferente das que já tive até então, dado que seria a minha primeira vez a lecionar aulas a alunos do Ensino Secundário, alunos esses que seriam, certamente, mais maduros e autónomos, por se encontrarem na última etapa do ensino obrigatório. Assim, as minhas dúvidas recaíram para o facto de como iria ser a empatia que iria criar com eles, qual o impacto inicial que iria criar neles, qual a melhor postura a adotar, se iria ser respeitado como professor, pelo facto de ser estagiário, entre outros aspetos.

O modo como me poderia integrar nesta comunidade escolar, apesar de ter sido aluno nesta escola, também me suscitou bastantes dúvidas. Assim, os alunos, o Grupo Disciplinar de Educação Física, o Núcleo de Estágio, o Professor Cooperante e o Orientador da Faculdade, a par da comunidade educativa, constituíram uma fonte de dúvidas para mim, assim como uma fonte de projeção de expetativas sobre os mesmos.

Algo que aprendi na disciplina de Profissionalidade Pedagógica, lecionada pela Professora Paula Queirós, foi o facto de que cada vez mais o ensino projeta-se no trabalho colaborativo, contrariando a ideia do desenvolvimento de todo um trabalho isolado e narcisista, em prol de um ensino mais rigoroso e eficaz. O mesmo é partilhado por Leite (2001, p. 5) ao referir que não se pode associar “a ideia de um trabalho que é desenvolvido no isolamento de um professor e da sua sala de aula (…), esquecendo os outros professores, os

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recursos locais e o envolvimento de diferentes parceiros educativos”. Ou seja, deve-se pensar, sim, de acordo com a referida autora, “no desenvolvimento de uma cultura institucional em que uma mesma equipa educativa se envolve na conceção e desenvolvimento de um projeto comum.”

Foi com este pensamento que avancei para este EP, de me envolver num trabalho cooperativo para poder beneficiar, a nível pessoal, desta minha formação. Assim, relativamente ao Núcleo de Estágio, considerando que já conhecia dois dos três colegas estagiários, estava bem encaminhado para este objetivo, mas tinha dúvidas em relação ao outro colega que não conhecia, de como seria a sua integração e se traria, também, uma boa dinâmica de trabalho. Com o avançar das semanas iniciais, acabou por se revelar um elemento que se integrou rapidamente e nos acompanhou neste espírito.

Para completar este núcleo, além do Professor José Virgílio, como Orientador da Faculdade, o qual já conhecia e não tinha dúvidas quanto ao seu papel de orientador e mediador deste meu processo de formação, apenas me restava a dúvida relativamente ao Professor Cooperante, o qual conhecia de vista dos tempos em que era estudante. Acabou por se revelar uma pessoa absolutamente decisiva nesta minha formação, com um grande contributo, uma vez que, desde cedo, procurou encarregar-nos de algumas tarefas, no sentido de mantermos um bom ritmo de trabalho, para que pudéssemos, todos, cumprir com os nossos objetivos. Além disso, foi uma pessoa que esteve sempre presente, excetuando os momentos em que teve graves problemas de saúde, como irei referir mais à frente neste relatório, no ponto 4.1.3.11., que foi de uma disponibilidade extraordinária, quer física, quer virtualmente, através do e-mail, mantendo-nos sempre informados e acompanhados, diariamente. Também foi fundamental para a melhoria do meu desempenho não só a nível prático, da minha intervenção pedagógica, com a sua vasta experiência profissional e pessoal, mas também ao nível da minha capacidade reflexiva e de escrita.

Relativamente ao Grupo Disciplinar de Educação Física (GDEF), as minhas dúvidas prenderam-se, sobretudo, com a minha integração e inclusão no seu seio, assim como no modo como iria ser tratado pelo mesmo. Apesar de o meu professor do Ensino Secundário ainda integrar o GDEF, não esperava

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que a minha inclusão no seu seio fosse fácil e passiva, pois normalmente há alguma resistência a elementos novos e “estranhos”. No entanto, estes receios foram dissipados pelo modo como fui recebido e tratado por todos, com muita simpatia, afeto e boa disposição, até porque estes professores já estão habituados aos estagiários, visto que a escola tem uma grande tradição no acolhimento de estagiários para a sua respetiva formação.

Por último, relativamente aos funcionários e docentes dos restantes departamentos e grupos disciplinares, as dúvidas eram praticamente as mesmas, ainda que ligeiramente atenuadas, pelo facto de não me sentir uma “ameaça” para estes, por não pertencer à mesma área. No entanto, tal como ocorrera com os professores do GDEF, o mesmo se passou com estes. Fui, inclusive, tratado de uma forma muito descontraída por alguns dos funcionários e professores que se lembravam de mim, mas com grande respeito, tendo-me apelidado de professor, algo que me deixou extremamente orgulhoso, pois é isso que eu quero sentir, mas mais que sentir, quero ser.

Além das dúvidas que me foram surgindo, fui projetando um conjunto de expetativas pelas experiências já vividas neste campo e pela formação mais específica e mais rica que obtive no 1º Ano deste mestrado, que esperava que pudessem ser exequíveis e alcançáveis. Assim, destacaria as seguintes:

 Encontrar alunos com bom sentido de responsabilidade, disciplinados e colaboradores, assim como participativos e interventivos. Caso os alunos não apresentassem estas características, a minha primeira preocupação deveria ser, não só, incutir-lhes o gosto pela prática desportiva, mas também valores como a cooperação, o respeito mútuo, a solidariedade, a lealdade e a disciplina, no sentido de contribuir para a harmonia da aula e, sobretudo, para a sua formação integral;

 Encontrar um GDEF bastante humano e disponível, onde todos me possam apoiar e aconselhar sobre algumas práticas e métodos que, com as suas experiências, se possam revelar fundamentais para a minha aprendizagem e para a lecionação das minhas aulas;

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 Formar um NE sólido, com total disponibilidade para trabalhar, pois a “união faz a força” e é fundamental que sejamos unidos e procuremos alcançar os nossos objetivos de forma sustentada;

 Sentir que sou respeitado como professor e tratado como tal pela comunidade escolar;

 Obter um acompanhamento próximo, por parte do Professor

Cooperante, que seja um conselheiro e um mentor durante todo este ano letivo, honesto e frontal, capaz de me proporcionar novas aprendizagens e conhecimentos fundamentais para uma melhoria na qualidade da minha intervenção pedagógica enquanto Professor;

 Encontrar um Orientador da Faculdade, que seja frontal e me oriente, de um modo mais profundo, sobre a realização dos projetos definidos para este ano letivo, como o Projeto de Formação Individual e o Projeto de Estudo, do Relatório de Estágio, entre outros;

 Poder aplicar todo o conhecimento ao nível do saber e das metodologias nas minhas aulas, em prol da promoção de aprendizagens nos meus alunos;

 Melhorar a minha capacidade de análise e de observação para poder avaliar corretamente os alunos, nos vários momentos de avaliação. Recorrer a momentos de avaliação formal e informal, com recurso a diferentes instrumentos de avaliação, assim como de equipamentos tecnológicos;

 Elaborar Modelos de Estruturas de Conhecimentos que me permitam organizar do melhor modo toda a atividade a desenvolver ao longo de cada Unidade Didática;

 Planear Unidades Didáticas que se revelem motivantes para os alunos, adaptando os respetivos conteúdos às capacidades dos mesmos;

 Ser reflexivo, refletindo sobre a minha prática diária para poder perceber aquilo em que estive bem e, sobretudo, sobre aquilo que há para melhorar e corrigir nas próximas intervenções;

 Estabelecer regras e rotinas com os alunos, para facilitar o processo de ensino-aprendizagem;

 Assegurar as condições de segurança, colocando os alunos sempre em primeiro plano;

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 Intervir de modo ajustado em relação aos alunos, nomeadamente ao nível da instrução e da prestação de feedbacks, considerando a individualidade de cada aluno;

 Poder assegurar um elevado Tempo de Empenhamento Motor (TEM) conjugado com o maior Tempo Potencial de Aprendizagem (TPA) nas minhas aulas, reduzindo ao máximo as tarefas de transição, de organização e os tempos de espera em prol da melhor ecologia da sala de aula;

 Encontrar recursos materiais e espaciais que me permitam planear aulas atrativas para os alunos;

 Estimular o interesse, a motivação e o empenho dos alunos nas minhas aulas, com propostas didático-metodológicas inovadoras e diversificadas, assim como através de uma postura dinâmica da minha parte, com uma colocação de voz ajustada às situações, mas sempre confiante e segura, e, também, na afetividade a criar com os meus alunos;

 Participar em todas as atividades definidas pelo GDEF e pelo Núcleo de Estágio, assim como desafiar-me a mim próprio, propondo outro tipo de atividades, para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

Todo este rol de dúvidas e expetativas, que me foram surgindo no final do meu primeiro ano deste mestrado até ao início do ano do Estágio Profissional, têm razão de o ser porque acredito naquilo que Nóvoa (2009) diz sobre o facto de que “grande parte da nossa vida profissional joga-se nestes anos iniciais e na forma como nos integramos na escola e no professorado”. Sem nunca descurar este pensamento e esta certeza, seria “fundamental consolidar as bases de uma formação que tenha como referência lógicas de acompanhamento, de formação-em-situação, de análise da prática e de integração na cultura profissional docente”. Foi com esta consciência, motivação e vontade que parti para este ano de estágio, para poder dissipar todas estas dúvidas e lograr as expetativas criadas, aproveitando, assim, ao máximo, esta etapa final da minha formação académica, sem nunca descurar que este é um processo contínuo, para toda a vida, de quem é, e quer ser, Professor. Partilho, assim, da ideia de Nóvoa (2009) quando este diz que, o

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“horizonte não existe para nos trazer de volta à origem, mas para nos permitir medir toda a distância que temos a percorrer (…). O homo viator constrói uma casa apenas para o tempo necessário, pois é caminhando que ele se encontra e descobre o sentido da sua ação”.

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 36-41)