• Nenhum resultado encontrado

Relatório Final de Estágio Profissional

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatório Final de Estágio Profissional"

Copied!
173
0
0

Texto

(1)

Universidade do Porto Faculdade de Desporto

Relatório de Estágio Profissional

A importância da Reflexão no Desenvolvimento Pessoal e Profissional do Professor de Educação Física

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da universidade do Porto, com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro)

Orientador da Faculdade: Professor José Virgílio Santos Silva

Luís Pedro Bessa Monteiro e Silva Porto, setembro de 2012

(2)

Ficha de Catalogação

Silva, L. (2012). A importância da Reflexão no Desenvolvimento Pessoal e Profissional do Professor de Educação Física. Porto: L. Silva. Relatório de Estágio Profissionalizante para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL; DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL; REFLEXÃO; FEEDBACKS; APRENDIZAGEM.

(3)

III

Agradecimentos

A elaboração deste Relatório de Estágio além de ter exigido de mim muito empenho, determinação, dedicação e de ter sido um trabalho bastante moroso para a sua edificação, só o foi possível pela ajuda, cooperação e compreensão de muitas pessoas, pelo que manifesto desde já o meu agradecimento.

Ao mestre José Virgílio, Orientador da Faculdade, pela sua supervisão, disponibilidade, competência, frontalidade e exigência, características que auxiliaram o desenvolvimento das minhas capacidades e competências.

Ao mestre Francisco Magalhães, Professor Cooperante, pela sua supervisão, orientação e acompanhamento diários de toda a minha formação neste Estágio Profissional (EP), assim como pela capacidade de me imbuir num espírito de trabalho diário, estimulando a minha capacidade crítica e reflexiva, através da descoberta guiada de soluções para os vários problemas.

A toda a minha família, em especial à minha avó Emília, aos meus pais António e Maria, à minha tia Zélia e à minha irmã Ana, pelo carinho, amor, incentivo e apoio que foram uma constante, assim como pelo encorajamento e força que me deram para lograr, com êxito, esta minha formação académica.

À minha namorada Joana por ter sido uma pessoa extremamente compreensiva, atenciosa, condescendente, dedicada, com imenso amor e carinho, assim como por toda a ajuda prestada ao longo de todo este ano, revelando-se um verdadeiro pilar de titânio para que tudo isto fosse possível.

Aos colegas de estágio, Hugo Teixeira, João Ferreira e Rúben Leite, que acabaram por se revelar uns verdadeiros amigos, e pela cooperação, partilha de conhecimentos e ideias que fortificaram este Núcleo de Estágio. De igual modo, aos meus amigos Xico, Rui Filipe, Faria, Maganinho, João Tiago, como muitos outros, pela grande amizade, convivência e ajuda na minha vida.

A todos os professores da Faculdade pelos ensinamentos de valores, conhecimentos e atitudes que me permitiram desenvolver competências pessoais e profissionais para me tornar num verdadeiro Professor.

Aos alunos da turma do 12º CT6, sem os quais este meu EP não seria possível, e pela excelente atitude, disciplina, respeito e alegria demonstrados.

(4)
(5)

V

Índice Geral

Agradecimentos ... III Índice Geral ... V Índice de Quadros ... IX Índice de Gráficos ... XI Índice de Figuras ... XIII Índice de Abreviaturas ... XV Resumo ...XVII Abstract ... XIX

1. INTRODUÇÃO ... 21

1.1. Caracterização geral do Estágio Profissional e respetivos objetivos... 25

1.2. Finalidade e Processo de realização do Relatório de Estágio ... 27

2. DIMENSÃO PESSOAL... 31

2.1. Identificação e percurso pessoal ... 33

2.2. Dúvidas, expetativas e impacto com o contexto de Estágio ... 36

2.3. Importância do Estágio na Formação Pessoal e Profissional ... 41

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 45

3.1. Caracterização do Contexto de Estágio ... 47

3.2. Enquadramento legislativo e regulamentar do Estágio Profissional ... 48

3.2.1. Contexto Legal ... 48

3.2.2. Contexto Institucional ... 49

3.2.3. Contexto Funcional ... 50

3.2.3.1. Caracterização da Escola Secundária Francisco de Holanda 51 3.2.3.2. Órgãos da Escola ... 52

3.2.3.3. Corpo Docente ... 53

3.2.3.4. Corpo Discente ... 53

3.2.3.5. Turma 12º CT6 ... 54

3.3. O Ser Professor de Educação Física e os ofícios da Profissão ... 56

3.4. Importância da Supervisão na Prática Pedagógica ... 59

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA ... 63

PROFISSIONAL ... 63

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ... 65

(6)

VI

4.1.2. Planeamento ... 70

4.1.2.1. Planeamento Anual de Educação Física ... 72

4.1.2.2. Planeamento Anual do 12º CT6... 73

4.1.2.3. Modelos de Estruturas de Conhecimentos (MEC) ... 75

4.1.2.4. Unidades Temáticas ... 76

4.1.2.5. Plano de aula ... 79

4.1.3. Realização ... 81

4.1.3.1. Regras e Rotinas ... 82

4.1.3.2. Posicionamento no espaço de aula ... 84

4.1.3.3. Gestão do tempo de aula ... 85

4.1.3.4. Tarefas de Transição ... 85

4.1.3.5. Capacidade de Comunicação e Relação Professor-aluno ... 86

4.1.3.6. Capacidade de Observação ... 88

4.1.3.7. Os Feedbacks e a Motivação ... 89

4.1.3.8. Capacidade de adaptação a imprevistos ... 90

4.1.3.9. Conhecimento Pedagógico do Conteúdo ... 91

4.1.3.10. Modelos e Metodologias ... 92

4.1.3.10.1. Modelo de educação Desportiva ... 92

4.1.3.10.2. Modelo Desenvolvimental ... 93

4.1.3.10.3. Modelo de Aprendizagem Cooperativa... 94

4.1.3.10.4. Metodologias ... 96

4.1.3.11. Condição de saúde do Professor Cooperante ... 98

4.1.4. Avaliação ... 99

4.1.4.1. Atribuição de notas/Classificação de resultados e Avaliação 100 4.1.4.2. Avaliação Formal e Avaliação Informal ... 101

4.1.4.3. Avaliação Diagnóstica... 103

4.1.4.4. Avaliação Formativa ... 103

4.1.4.5. Avaliação Sumativa ... 105

4.1.4.6. Teste declarativo... 106

4.1.4.7. Autoavaliação ... 106

4.2. Área 2 – Participação na escola ... 107

4.2.1. Artigo para o Jornal Encontro (Jornal da ESFH) ... 108

4.2.2. “XicOlimpíadas” ... 109

(7)

VII

4.2.4. Desporto Escolar... 112

4.2.5. Compal Air ... 114

4.2.6. Ação de Formação de Atletismo ... 115

4.2.7. Diretor de Turma ... 116

4.2.8. Conselho de Turma... 117

4.2.9. Roteiro Cultural ... 118

4.2.10. Torneio de Futsal Não Concretizado... 119

4.3. Área 3 – Relação com a Comunidade ... 120

4.3.1. Atividade Física para a Terceira Idade no Lar de São Francisco . 120 4.3.2. Atividade de Boccia com NEE da APCG ... 121

4.3.3. Flashmob ... 123

4.3.4. Aula de natação a alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico ... 125

4.4. Área 4 – Desenvolvimento Profissional ... 125

4.4.1. Diário de Bordo ... 126

4.4.2. Capacidade de Escrita ... 126

4.4.3. Projeto de Formação Individual ... 127

4.4.4. Portefólio Digital ... 128

4.4.5. Desporto Escolar de Karaté ... 128

4.4.6. Ação de Formação de Corfebol ... 129

4.4.7. Aula de Formação Cívica ... 130

4.4.8. Reuniões do NE, GDEF da Escola e da FADEUP ... 131

4.4.9. Projeto de Estudo... 132

4.4.10. Prática Pedagógica ... 132

4.5. Elaboração de um estudo de investigação-ação, decorrente do processo de ensino-aprendizagem ... 133

4.5.1. Análise da Instrução ao nível dos feedbacks (Revisão da Literatura) ... 134

4.5.1.1. A Eficácia Pedagógica ... 134

4.5.1.2. A Reflexão, Observação e Análise da Instrução ... 135

4.5.1.3. O papel da comunicação e da instrução ... 137

4.5.1.4. O Feedback ... 139

4.5.1.5. Feedback sensorial (intrínseco) ... 140

4.5.1.6. O Feedback Pedagógico (extrínseco)... 140

(8)

VIII

4.5.2. Objetivos do Estudo ... 144

4.5.2.1. Objetivo Geral do Estudo ... 144

4.5.2.2. Objetivos Específicos... 144

4.5.3. Materiais e Métodos ... 144

4.5.3.1. Amostra ... 144

4.5.3.2. Procedimentos de recolha e de análise dos dados... 145

4.5.4. Apresentação e Discussão de Resultados ... 147

4.5.4.1. Percentagem de Acordos Interobservadores nas duas aulas observadas de cada um dos três professores. ... 147

4.5.4.2. Análise da média de Feedbacks/minuto, em cada sessão, na modalidade de Futsal (Gráfico 1) ... 149

4.5.4.3. Análise dos Feedbacks emitidos na primeira aula observada ... 151

4.5.4.4. Análise dos Feedbacks emitidos na segunda aula observada ... 154

4.5.5. Conclusão ... 156

4.5.6. Considerações Finais... 158

5. CONCLUSÃO E PERSPETIVAS PARA O FUTURO ... 159

(9)

IX

Índice de Quadros

Quadro 1 – Dimensões e Categorias do Feedback ... 146

(10)
(11)

XI

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Média de Feedbacks/minuto ... 149

Gráfico 2 – Emissão de Feedbacks pelos 3 professores na primeira aula

observada ... 151

Gráfico 3 – Emissão de Feedbacks pelos 3 professores na segunda aula

(12)
(13)

XIII

Índice de Figuras

Figura 1 – XicOlimpíadas: Salto em comprimento e 100 metros ... 110

Figura 2 – Atividade dESFHrute 8x: Voleibol e Bitoque Râguebi ... 112

Figura 3 – Materiais Autoconstruídos e Partida de Blocos. ... 116

Figura 4 – Ginástica Acrobática; “Entrar na onda”; “Vira”; e Atividades recreativas. ... 119

Figura 5 – Atividade para a 3ª Idade no Lar de S. Francisco ... 121

Figura 6 – Jogo entre alunos da ESFH e NEE da APCG. ... 123

(14)
(15)

XV

Índice de Abreviaturas

AEC Atividades Extra Curriculares

APCG Associação de Paralisia Cerebral de Guimarães AV Artes Visuais

CNO Centro Novas Oportunidades CP Conhecimento da Performance CR Conhecimento do Resultado CSE Ciências Socioeconómicas CT Ciências e Tecnologias DB Diário de Bordo

DE Desporto Escolar DT Diretor de Turma

ECTS European Credit Transfer System (Sistema europeu de transferência de créditos)

EEFEBS Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário EF Educação Física

EP Estágio Profissional

FADEUP Faculdade de Desporto da Universidade do Porto FCIA Ficha de Caracterização Individual do Aluno GDEF Grupo Disciplinar de Educação Física

IMC Índice de Massa Corporal ISMAI Instituto Superior da Maia LH Línguas e Humanidades

(16)

XVI

NE Núcleo de Estágio

NEE Necessidades Educativas Especiais OF Orientador da Faculdade

PAA Plano Anual de Atividades PC Professor Cooperante PCE Projeto Curricular de Escola

PCEF Projeto Curricular de Educação Física PCT Projeto Curricular de Turma

PE Professor Estagiário

PEE Projeto Educativo de Escola PES Prática de Ensino Supervisionada PFI Projeto de Formação Individual RE Relatório de Estágio

RI Regulamento Interno

RVCC Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências TEM Tempo de Empenhamento Motor

TPA Tempo Potencial de Aprendizagem UC Unidade Curricular

UM Universidade do Minho UP Universidade do Porto VSC Vitória Sport Clube

(17)

XVII

Resumo

O Relatório de Estágio é caracterizado como um documento privilegiado para revisitar aquilo que foi vivenciado, de modo a refletir sobre a prática pedagógica, que decorreu no âmbito do Estágio Profissional. Um catalisador de todo este processo reflexivo foi, sem dúvida, o Diário de Bordo, ferramenta vital para a organização de toda a prática, permitindo-me elaborar este relatório com base nas minhasreferências pessoais e, também, científicas e pedagógicas.

O Estágio Profissional, ao nível da prática pedagógica, desenvolveu-se na Escola Secundária Francisco de Holanda em Guimarães. Tive como Orientador da Faculdade, o Professor José Virgílio e como Professor Cooperante, o Professor Francisco Magalhães, e a turma à minha responsabilidade foi a turma seis do Curso de Ciências e Tecnologias do décimo segundo ano.

O presente documento encontra-se, assim, organizado e estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo reflete a Introdução do relatório, contendo a caracterização geral do estágio profissional e respetivos objetivos, assim como a finalidade e processo de realização do relatório de estágio. O segundo capítulo é centrado no Enquadramento Biográfico, com a identificação e percurso pessoal, apresentando as minhas dúvidas, expetativas, impacto e importância do contexto de estágio para a minha formação pessoal e profissional. O terceiro capítulo refletirá o Enquadramento da Prática

Profissional, com a respetiva caracterização do contexto do estágio,

especificamente, a parte legal, institucional e funcional, não esquecendo a importância da supervisão na prática pedagógica. O quarto capítulo refere-se à minha Prática Profissional, a qual se reporta a tudo aquilo que foi desenvolvido ao longo deste ano letivo nas quatro áreas de desempenho, com destaque para o meu projeto de estudo no âmbito da investigação-ação, sobre a análise da instrução, especificamente ao nível dos feedbacks. Para terminar, o quinto capítulo consistirá na Conclusão e Perspetivas para o Futuro acerca de todo este meu processo de formação, assim como ponderar e refletir sobre as oportunidades de emprego profissional.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL; DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL; REFLEXÃO; FEEDBACKS; APRENDIZAGEM.

(18)
(19)

XIX

Abstract

The Internship Report is defined as a privileged document to revisit what was experienced in order to reflect about the pedagogical practice which was developed in the Internship Practicum. The Board Diary was a catalyzer of all of this reflexive process which turned out as a vital hand tool to the practical organization allowing me to elaborate this report with my personal references as well as scientific and pedagogical.

The Internship Practicum was developed in “Francisco de Holanda” High School in the city of Guimarães. I had Professor José Virgílio as Supervisor from the University and Professor José Magalhães as Cooperative Teacher, and the class at my responsibility was the number six from the Course of Sciences and Technologies of the twelfth grade.

The present document is organized and structured in five chapters. The first reflects the report Introduction containing the practicum general characterization and the due objectives as well as the purpose and process of the Internship Report realization. The second chapter is centered in the

Biographical Framework bestowing my personal identification and course,

presenting my doubts, expectations, impact and importance of the Internship context to my personal and professional development. The third chapter will show the Framework for Professional Practice with the due Internship characterization context, specifically, the legal, institutional and functional parts not forgetting the importance of the supervision in the pedagogical practice. The fourth chapter refers to my Professional Practice which reports to everything that was developed throughout this year in the four areas of performance, highlighting the draft study about the analysis of the instruction, specifically about feedbacks. The last part, the fifth chapter consists in the Conclusion and

Future Perspectives about all of this self-formative process, as well as

considering and reflecting about the opportunities of managing a professional job.

KEY WORDS: PROFESSIONAL INTERNSHIP; PERSONAL AND PROFESSIONAL DEVELOPMENT; REFLECTION; FEEDBACKS; APRENTICESHIP.

(20)
(21)

21

(22)
(23)

23 1. Introdução

A elaboração de um documento desta envergadura – Relatório de Estágio – revela-se imensamente ampla e complexa, na medida em que se traduz num relato, eminentemente reflexivo, coadjuvado com a literatura prevalecente, de tudo aquilo que fui desenvolvendo ao longo deste último ano da minha formação académica, conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto – FADEUP. Convém referir que este é um documento integrante da Unidade Curricular do Estágio Profissional (EP) deste mestrado.

Como este documento é algo que é pessoal, deverá retratar a realidade daquilo que o EP foi, assim como deverá ser produzido na primeira pessoa do singular, salvo algumas situações excecionais, como a prática de atividades coletivas, mas sempre com um cunho pessoal. A este propósito, Rúbio (2012) disse que nós transformamo-nos a todo o instante e não cessamos a busca desse sentimento, sendo que essa transformação não ocorre só em nós, mas sim no seu todo. Deve-se, assim, ser o mais honesto possível, descrevendo aquilo que se faz, com base na própria atuação e não inventar um personagem imaginário. O texto é, teoricamente, a última etapa de todo um processo e é tão treinável como a condição física. Assim, é fundamental encontrar o justo equilíbrio entre a informação e a afetividade.

A exaltação de tudo aquilo que produzi, vivi e experienciei torna-se difícil de se esgotar num único documento, numa única forma, já que tudo o que realizei e em que participei, ao longo deste ano letivo, multiplicou-se numa panóplia de possibilidades infinitas, as quais carecem de outros meios para a sua divulgação e real expressão. No entanto, este é um documento vital para poder partilhar este meu percurso.

“Ensinar é aprender duas vezes” - Joseph Joubert (s/d; cit. por Vickers, 1990). Esta foi uma máxima que tive sempre presente comigo e que, com a conclusão do Estágio Profissional, fiquei a compreender melhor o real valor desta expressão. O facto de ter vivenciado neste segundo ano de mestrado quer o papel de professor, quer o papel de estudante, contribuiu bastante para a sua perceção, na medida em que me permitiu aprender com a minha prática

(24)

24

pedagógica, auxiliado por uma supervisão fundamental, revisitando todo o conhecimento que fui adquirindo ao longo desta formação académica, para o poder aplicar.

“Não há empreendimento humano sem um projeto” (Jacques Ardoino, cit. por Batista, 2011) e desde cedo este meu percurso começou a ser desenhado com a elaboração de um Projeto de Formação Individual (PFI), que é um documento que compete ao estagiário elaborar, tal como consta no 8º artigo do regulamento do EP, a propósito das atribuições do estagiário. Este revelou-se como uma autoavaliação, um diagnóstico, uma reflexão das reais capacidades, dificuldades e lacunas sentidas por mim face às exigências profissionais e regulamentares do EP na sua fase inicial, nomeadamente ao nível dos objetivos e expetativas.

Uma ferramenta imprescindível para orientar toda a minha prática e refletir sobre a mesma foi, sem dúvida, o Diário de Bordo (DB). Foi um documento que me permitiu ser mais assertivo e eficaz no desempenho do meu papel enquanto professor por me permitir tornar numa pessoa eminentemente reflexiva, aprendendo com as situações menos positivas. Isto, de modo a dissipar as minhas lacunas, aproveitando tudo aquilo que foi positivo para tornar as minhas aulas numa autêntica fonte de aprendizagem e de desenvolvimento, da qual os alunos pudessem beber para se sentirem mais realizados, aprendendo mais.

O contexto real do meu EP realizou-se na Escola Secundária Francisco de Holanda (ESFH), em Guimarães, que era o meu desejo, tendo em conta a minha naturalidade, assim como pelo facto de ter frequentado grande parte do meu Ensino Secundário nesta instituição. Atendendo a que no EP, a minha prática teria que ser supervisionada, como consta nos 1º, 2º e 3º artigos do Regulamento do EP, tive como Orientador da Faculdade (OF) o Professor José Virgílio e como Professor Cooperante (PC) o Professor Francisco Magalhães.

No âmbito do meu desenvolvimento profissional, a constar no Relatório de Estágio (RE), ficou definido que tinha que realizar um trabalho de investigação-ação, caracterizado por ser uma “investigação que permite à pessoa (designada de prático), que pratica determinada atividade, investigar a sua

(25)

25

própria prática no sentido de a melhorar” (Tiago Sousa, 2012). Aproveitando mais uma tarefa fundamental para minha formação académica e pessoal, selecionei um tema que me permitisse perceber melhor a qualidade da minha atuação enquanto professor. Neste sentido, optei por realizar um estudo de investigação-ação relacionado com a análise da instrução de dois colegas estagiários e de uma professora do Grupo Disciplinar de Educação Física, especificamente ao nível dos feedbacks, para perceber quais as diferenças e se as suas intervenções estavam de acordo com o que vigora na literatura, em prol de uma maior qualidade e eficácia ao nível da intervenção pedagógica.

Foi com enorme responsabilidade e desejo que assumi este EP como um verdadeiro projeto de formação, na esperança de que pudesse contribuir para me tornar num docente profissional na área do Ensino de Educação Física, competente, qualificado, motivado e entusiasta, entre outros aspetos necessários para o perfil de um professor, mas, sobretudo, certo quanto à minha escolha.

1.1. Caracterização geral do Estágio Profissional e respetivos objetivos

“O Estágio Profissional entende-se como um projeto de formação do estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento no espaço escolar.”

(Matos, 2009a, p. 3) Este momento engloba um sem número de fatores imponderáveis, para os quais é necessária uma determinação, motivação e vontade próprias para atingir o máximo de objetivos possível, nas mais diversificadas áreas de intervenção. Para tal, sentia que os vários conselhos e partilha de opiniões com o Professor Cooperante e com o Orientador da Faculdade seriam fundamentais. Albuquerque et al. (2008, p. 115) referem-no como “um ano de transição entre o mundo da universidade e o mundo da escola, marcado por um conjunto de ambiguidades de papéis e de relações (Kleinsassner, 1988), as

(26)

26

quais conduzem o estagiário a viver todas as contradições e sentimentos de ambivalência que resultam da duplicidade de papéis de professor e de estudante”. Portanto, encarei este desafio com enorme sentido de responsabilidade, assim como um desejo de afirmação pessoal para conseguir atingir os meus objetivos. Procurei desfrutar ao máximo daquilo que pude vivenciar nas aulas observadas e lecionadas, assim como nas aulas de Tópicos na faculdade e, ainda, nas várias reuniões, ações de formação e outras atividades, como aquelas que constavam do Plano Anual de Atividades. Isto para que, no final deste ano letivo, pudesse dizer que a minha bagagem de experiências e conhecimentos ficou bastante mais rica. Neste sentido, procurei aplicar os conhecimentos adquiridos nos anos anteriores, testá-los, melhorá-los, desenvolver novas competências, estudar novas possibilidades, entre outros aspetos, com o propósito de fazer com que esta experiência se traduzisse numa mais-valia para o meu futuro.

Num enquadramento mais teórico e conceptual, atendendo ao que vigora nas leis, relativamente ao Regulamento do Estágio Profissional, há que referir que este envolve a Prática de Ensino Supervisionada (PES) e o correspondente Relatório de Estágio (RE), regendo-se pelas normas da instituição universitária, neste caso a FADEUP, e pela legislação específica acerca da Habilitação Profissional para a Docência (Matos, 2009a; Matos, 2009b).

Atendendo à literatura sobre o Estágio Profissional, depreendi que a consumação de todo o processo de ensino-aprendizagem, desenvolvido ao longo de todo o meu percurso académico, tem a sua demarcação com o final do EP. Assim, é importante vivenciar a prática que nos é proporcionada, de uma forma mais autónoma, ao mesmo tempo que nos torna mais reflexivos pelas exigências que lhe são subjacentes. Sousa (2001, p.6) assim o refere ao considerar que “a autonomia deve ser capaz de libertar o aluno-professor das amarras do agente de ensino, agente funcionário, cumprindo diretrizes estipuladas de cima, numa lógica centralizada, e o catapulte a ator-autor (…) capaz de tomar decisões nos domínios estratégico, científico, pedagógico,

(27)

27

administrativo e organizacional, no quadro de um projeto educativo da sua escola, construído especificamente tendo em conta a realidade”.

O desenvolvimento ao nível reflexivo não se confina apenas ao facto de lecionar aulas, ou seja, à prática. É uma capacidade que carece de aperfeiçoamento, para a qual é necessário a sustentabilidade de toda uma literatura existente, com a qual deveremos desenvolver o nosso sentido crítico e reflexivo. Para concluir este meu raciocínio, recorro a uma breve descrição de Zélia Matos (2009b, p.3), sobre aquilo que é o Estágio Profissional. Segundo a professora o “EP visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão. Estas competências profissionais (…) organizam-se nas seguintes áreas de desempenho:

I. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; II. Participação na Escola;

III. Relação com a comunidade; IV. Desenvolvimento profissional.”

Estas serão objeto de uma análise mais detalhada no quarto capítulo deste RE, referente à realização da Prática Profissional.

1.2. Finalidade e Processo de realização do Relatório de Estágio

“A pluralidade e a natureza das funções docentes remetem para a noção de polivalência e alternância que permita um vaivém epistémico entre a teoria e a prática. Esta compreensão servirá de linha orientadora para a elaboração do Relatório de Estágio em que a investigação/reflexão/ação se assume como um caminho adequado.”

(28)

28

O RE é, assim, caracterizado como um documento privilegiado para revisitar aquilo que foi vivenciado, de modo a refletir sobre a reflexão na ação. Já Rink (1993) dizia que o professor eficaz, e o professor que continua a evoluir, é, sobretudo, um professor reflexivo. Assim, esta reflexão na ação, conjugada com a reflexão pré e pós-ação foi sendo documentada no Diário de Bordo, que acabou por se revelar numa ferramenta vital para a esquematização e organização de toda a minha prática pedagógica. Esta organização fez com que só me tivesse de focar na reflexão das várias áreas e temáticas a serem exaltadas, colmatando essa reflexão com o vigente na literatura, revelando-se um catalisador na elaboração do RE. A este propósito, Nóvoa (2009) afirma que, para uma maior consciência do trabalho e da identidade do professor é essencial um registo escrito das vivências pessoais e profissionais, de modo a criar hábitos de reflexão e de autorreflexão, essenciais numa profissão construída, maioritariamente, a partir de referências pessoais e não apenas de referências científicas e pedagógicas.

Na lógica do que foi referido anteriormente, para tornar o Relatório de Estágio mais sólido, era necessário evitar a mera reflexão pessoal, que não fosse sustentada pelo que vigora na literatura, sob a pena de perder a consistência e fundamentação exigidas, o que se traduziria num documento fútil, esvaziado de credibilidade e sustentabilidade. Assim, a consulta de bibliografia existente conjugada com as minhas experiências vividas, ideias e/ou com as temáticas a desenvolver, revelou-se vital para a credibilidade de um documento desta ordem.

O RE é uma das atribuições do Estagiário, sendo que este terá que “elaborar e defender publicamente o Relatório de Estágio, de acordo com o definido nos artigos 7º e 9º do Regulamento do segundo ciclo de estudos conducente ao grau de mestre em ensino da Educação Física nos ensinos básico e secundário” (Matos, 2009b, p. 7). Considerando o exposto, o presente documento encontra-se, assim, organizado e estruturado em cinco capítulos:

O primeiro capítulo retrata a introdução do RE, contendo a caracterização geral do EP e respetivos objetivos, assim como a finalidade e processo de realização do RE.

(29)

29

O segundo capítulo é centrado, sobretudo, no enquadramento biográfico, ou seja, na minha pessoa, com a identificação e percurso pessoal, apresentando, de seguida, as minhas dúvidas, expetativas e impacto com o contexto de estágio, bem como da sua importância na minha formação pessoal e profissional.

No terceiro capítulo será exaltado o enquadramento da Prática Profissional, com a respetiva caracterização do contexto do estágio. Há toda uma parte legislativa e regulamentar do EP a enquadrar, que será repartida pelos contextos legal e institucional, sendo que o contexto funcional será alvo de uma análise mais minuciosa. Este último consistirá na caracterização da escola onde realizei o meu EP, assim como da minha turma. Será ainda destacada a importância da supervisão na prática pedagógica e os ofícios da profissão docente.

O quarto capítulo refere-se à minha prática profissional, a qual se reporta a tudo aquilo que foi desenvolvido ao longo deste ano letivo nas quatro áreas de desempenho. Nestas áreas será feito um balanço entre aquilo que tinha projetado realizar e aquilo que consegui realizar, assim como será destacada toda a organização, esquematização, planeamento, cooperação, realização e avaliação efetuadas. Para concluir, escalpelarei o meu projeto de estudo no âmbito da investigação-ação, diretamente relacionado com a análise da instrução de professores que estão a iniciar a sua atividade e de uma professora com bastante experiência, especificamente ao nível dos feedbacks, para averiguar as diferenças existentes e o modo de atuação de cada um.

Para terminar, o quinto capítulo consistirá nas minhas conclusões acerca de toda a minha prática pedagógica, deixando, também, algumas perspetivas para o futuro, nomeadamente no que à empregabilidade profissional diz respeito.

(30)
(31)

31

(32)
(33)

33 2. Dimensão Pessoal

2.1. Identificação e percurso pessoal

O meu nome é Luís Pedro Bessa Monteiro e Silva, tenho 24 anos, nasci no dia 4 de janeiro de 1988 e sou natural de Guimarães. Atualmente pratico futebol no CCD de Santa Eulália – Vizela, frequento o segundo ano do segundo Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e estou a realizar o estágio profissional na Escola Secundária Francisco de Holanda, em Guimarães.

Desde muito cedo, por volta do 1º ciclo do Ensino Básico, que me apelidaram de Bessa, nome pelo qual a grande maioria dos meus amigos me trata. Mais tarde, na transição para o 2º Ciclo do Ensino Básico, ao ingressar no VSC, um novo apelido surgiu, Espinha. Isto, fruto da imaginação fértil das crianças destas idades (10-11 anos) que, ao verem-me com a camisola do meu ídolo, durante os treinos, me apelidaram de tal. Já a minha família e a maioria dos professores que tive, e tenho, tratam-me por Luís.

Relativamente à minha família, digo-o sem preconceitos que também passei pelo mesmo que muitos jovens passam, infelizmente, que foi o divórcio dos meus pais. Isto é algo que marca profundamente as pessoas que mais padecem com este tipo de situações – os filhos. Muitas crianças mudam completamente de comportamento, ficam mais débeis, os resultados escolares regridem, as amizades tornam-se mais complicadas pela vergonha, entre outros aspetos. É uma experiência desagradável, mas que, como tudo na vida, permite aprender e desenvolver determinadas capacidades que, de outro modo, não seria possível. E fico feliz quando olho para trás e vejo que me tornei mais autónomo e responsável, que me apoiei nas amizades que fiz ao longo da vida, que nunca descurei os estudos por causa desta situação e que aproveitei o desporto para me desligar deste problema, desenvolvendo as minhas capacidades físicas e intelectuais. Devido ao divórcio dos meus pais, fui “forçado” aos meus 15 anos a ir viver com os meus avós maternos. Apesar deste momento, menos positivo, que se arrastou desde os meus 11 anos, soube sempre superar as adversidades e adaptar-me à grande mudança que se deu na minha vida. Foi decisiva a ajuda que me foi prestada por todos os

(34)

34

meus familiares, mas também a dos meus pais para que eu pudesse chegar onde estou.

Avançando para toda a minha formação escolar e desportiva, posso dizer que sempre me dediquei aos estudos e nunca os descurei por causa do futebol, acabando por conseguir conciliá-los diariamente. As minhas notas e o meu sucesso ao longo dos anos falam por si, pois nunca reprovei a nenhuma disciplina e atingi sempre bons resultados escolares.

Da minha formação académica, destaco dois momentos importantes: um referente ao último ano do 3º Ciclo do Ensino Básico, já na parte final, relativo à opção que tive que tomar sobre uma das quatro áreas possíveis de enveredar no Ensino Secundário. Aqui foi determinante a intervenção da psicóloga, que me orientou bastante bem e me incentivou a optar pela área das Ciências e Tecnologias, especificamente pelo Desporto, após ter escutado a minha história de vida e paixão pelo desporto, apesar de, também, ter destacado o facto de adorar desenhar. O outro momento é a respeito da minha passagem pelo Ensino Secundário, onde, no final do 10º ano, optei por mudar-me da Escola Secundária Martins Sarmento para a Escola Secundária Francisco de Holanda, uma vez que a minha nota final à disciplina de Desporto foi francamente reduzida e poderia comprometer o meu ingresso no Ensino Superior, algo que sempre tive como objetivo. Esta transição acabou por ser decisiva, pois melhorei bastante a minha nota, tendo terminado o 11º e o 12º com 18 valores, contrastando com os 10 valores obtidos no 10º ano.

Com a conclusão do meu Ensino Secundário e com a minha decisão já há muito tomada, ingressei na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Ao longo da minha licenciatura, fui refletindo sobre o que fazer quando concluísse o curso, mas ao chegar ao 3º ano, surgiu uma alteração inesperada. A faculdade aderiu ao programa de Bolonha, vi-me obrigado a optar por um ramo, com novas opções a surgirem e poucos esclarecimentos a serem prestados, as disciplinas passaram de anuais para semestrais, e, de um momento para o outro, passo a ser finalista. Inicialmente, optei pelo ramo de Exercício e Saúde, mas ao fim de quinze dias, alterei para o ramo da Gestão

(35)

35

Desportiva, pois era uma área que me suscitava interesse quando tomara conhecimento sobre a mesma no meu ingresso na faculdade.

Após a conclusão da minha Licenciatura em Ciências do Desporto, decidi candidatar-me ao mestrado de Gestão Desportiva, consegui entrar, mas depois, por incompatibilidade de horários com os meus treinos no Futebol, num momento em que andava iludido com um sonho, acabei por desistir do curso, interromper os estudos e procurar emprego. Algo em que fui feliz, visto que fiquei empregado na empresa Tempo Livre, com cede no pavilhão do Multiusos em Guimarães, para lecionar aulas de Atividades Extra Curriculares (AEC) de Educação Física no 1º Ciclo do Ensino Básico, nomeadamente, no Agrupamento de Escolas Virgínia Moura, na escola EB1/JI Aula de Conde – S. Martinho de Conde, Guimarães. Esta experiência viria a ser decisiva para a minha opção por este mestrado e para algo que, efetivamente, gosto, do qual esperava conseguir profissionalizar-me de modo a poder, brevemente, concorrer às escolas e empregar-me numa delas.

Relativamente ao futebol, em termos de formação, representei o VSC, desde os meus 10 até aos 17 anos, onde vivi bastantes emoções, tendo conhecido muitos pontos do país, assim como algumas cidades da Europa, através de torneios em que participei. No entanto, fui forçado a mudar-me para o Vizela FC (durante uma época) e terminei a formação no Infesta FC, de igual modo forçado, uma vez que coincidiu com o meu primeiro ano na universidade, ano esse em que passei a residir no Porto. No escalão sénior, representei o União Torcatense, Desportivo de Ronfe, ambos pertencentes ao concelho de Guimarães, até chegar ao Santa Eulália, clube que represento atualmente.

Em suma, considero-me uma pessoa trabalhadora, com grande sentido de responsabilidade, que gosta de desafios, bastante empenhada e determinada, colaboradora e amiga do próximo. Por outro lado, o facto de querer fazer sempre mais e melhor, por vezes, prejudica-me, pois quanto mais tento elaborar os trabalhos, ou diálogos, mais me baralho nalgumas ideias e acabo por quebrar o ritmo e a sequência lógica das coisas. Por isso, espero que este ano consiga desenvolver e melhorar esta característica, para me tornar numa pessoa ainda mais competente.

(36)

36

2.2. Dúvidas, expetativas e impacto com o contexto de Estágio

“Ser professor (…) obriga a um modo particular de ser e de estar” (Caetano e Silva, 2009, p. 50). De referir que a minha experiência profissional, no ano letivo de 2009/2010 nas AEC’s, assim como as várias escolas em que lecionei aulas, ainda que em grupo, no ano transato (1º ano deste mestrado), foi-me extremamente útil para compreender algumas temáticas e assumir um comportamento particular, indo ao encontro daquilo que as autoras referem. No entanto, muitos outros aspetos ficaram por esclarecer, daí que ainda tivesse algumas dúvidas, que esperava ver esclarecidas com a conclusão deste processo de Estágio e que se prendiam, essencialmente, com os demais agentes educativos e com os próprios alunos.

Ao ingressar nesta escola, fiquei com a certeza que teria mais uma experiência nova e diferente das que já tive até então, dado que seria a minha primeira vez a lecionar aulas a alunos do Ensino Secundário, alunos esses que seriam, certamente, mais maduros e autónomos, por se encontrarem na última etapa do ensino obrigatório. Assim, as minhas dúvidas recaíram para o facto de como iria ser a empatia que iria criar com eles, qual o impacto inicial que iria criar neles, qual a melhor postura a adotar, se iria ser respeitado como professor, pelo facto de ser estagiário, entre outros aspetos.

O modo como me poderia integrar nesta comunidade escolar, apesar de ter sido aluno nesta escola, também me suscitou bastantes dúvidas. Assim, os alunos, o Grupo Disciplinar de Educação Física, o Núcleo de Estágio, o Professor Cooperante e o Orientador da Faculdade, a par da comunidade educativa, constituíram uma fonte de dúvidas para mim, assim como uma fonte de projeção de expetativas sobre os mesmos.

Algo que aprendi na disciplina de Profissionalidade Pedagógica, lecionada pela Professora Paula Queirós, foi o facto de que cada vez mais o ensino projeta-se no trabalho colaborativo, contrariando a ideia do desenvolvimento de todo um trabalho isolado e narcisista, em prol de um ensino mais rigoroso e eficaz. O mesmo é partilhado por Leite (2001, p. 5) ao referir que não se pode associar “a ideia de um trabalho que é desenvolvido no isolamento de um professor e da sua sala de aula (…), esquecendo os outros professores, os

(37)

37

recursos locais e o envolvimento de diferentes parceiros educativos”. Ou seja, deve-se pensar, sim, de acordo com a referida autora, “no desenvolvimento de uma cultura institucional em que uma mesma equipa educativa se envolve na conceção e desenvolvimento de um projeto comum.”

Foi com este pensamento que avancei para este EP, de me envolver num trabalho cooperativo para poder beneficiar, a nível pessoal, desta minha formação. Assim, relativamente ao Núcleo de Estágio, considerando que já conhecia dois dos três colegas estagiários, estava bem encaminhado para este objetivo, mas tinha dúvidas em relação ao outro colega que não conhecia, de como seria a sua integração e se traria, também, uma boa dinâmica de trabalho. Com o avançar das semanas iniciais, acabou por se revelar um elemento que se integrou rapidamente e nos acompanhou neste espírito.

Para completar este núcleo, além do Professor José Virgílio, como Orientador da Faculdade, o qual já conhecia e não tinha dúvidas quanto ao seu papel de orientador e mediador deste meu processo de formação, apenas me restava a dúvida relativamente ao Professor Cooperante, o qual conhecia de vista dos tempos em que era estudante. Acabou por se revelar uma pessoa absolutamente decisiva nesta minha formação, com um grande contributo, uma vez que, desde cedo, procurou encarregar-nos de algumas tarefas, no sentido de mantermos um bom ritmo de trabalho, para que pudéssemos, todos, cumprir com os nossos objetivos. Além disso, foi uma pessoa que esteve sempre presente, excetuando os momentos em que teve graves problemas de saúde, como irei referir mais à frente neste relatório, no ponto 4.1.3.11., que foi de uma disponibilidade extraordinária, quer física, quer virtualmente, através do e-mail, mantendo-nos sempre informados e acompanhados, diariamente. Também foi fundamental para a melhoria do meu desempenho não só a nível prático, da minha intervenção pedagógica, com a sua vasta experiência profissional e pessoal, mas também ao nível da minha capacidade reflexiva e de escrita.

Relativamente ao Grupo Disciplinar de Educação Física (GDEF), as minhas dúvidas prenderam-se, sobretudo, com a minha integração e inclusão no seu seio, assim como no modo como iria ser tratado pelo mesmo. Apesar de o meu professor do Ensino Secundário ainda integrar o GDEF, não esperava

(38)

38

que a minha inclusão no seu seio fosse fácil e passiva, pois normalmente há alguma resistência a elementos novos e “estranhos”. No entanto, estes receios foram dissipados pelo modo como fui recebido e tratado por todos, com muita simpatia, afeto e boa disposição, até porque estes professores já estão habituados aos estagiários, visto que a escola tem uma grande tradição no acolhimento de estagiários para a sua respetiva formação.

Por último, relativamente aos funcionários e docentes dos restantes departamentos e grupos disciplinares, as dúvidas eram praticamente as mesmas, ainda que ligeiramente atenuadas, pelo facto de não me sentir uma “ameaça” para estes, por não pertencer à mesma área. No entanto, tal como ocorrera com os professores do GDEF, o mesmo se passou com estes. Fui, inclusive, tratado de uma forma muito descontraída por alguns dos funcionários e professores que se lembravam de mim, mas com grande respeito, tendo-me apelidado de professor, algo que me deixou extremamente orgulhoso, pois é isso que eu quero sentir, mas mais que sentir, quero ser.

Além das dúvidas que me foram surgindo, fui projetando um conjunto de expetativas pelas experiências já vividas neste campo e pela formação mais específica e mais rica que obtive no 1º Ano deste mestrado, que esperava que pudessem ser exequíveis e alcançáveis. Assim, destacaria as seguintes:

 Encontrar alunos com bom sentido de responsabilidade, disciplinados e colaboradores, assim como participativos e interventivos. Caso os alunos não apresentassem estas características, a minha primeira preocupação deveria ser, não só, incutir-lhes o gosto pela prática desportiva, mas também valores como a cooperação, o respeito mútuo, a solidariedade, a lealdade e a disciplina, no sentido de contribuir para a harmonia da aula e, sobretudo, para a sua formação integral;

 Encontrar um GDEF bastante humano e disponível, onde todos me possam apoiar e aconselhar sobre algumas práticas e métodos que, com as suas experiências, se possam revelar fundamentais para a minha aprendizagem e para a lecionação das minhas aulas;

(39)

39

 Formar um NE sólido, com total disponibilidade para trabalhar, pois a “união faz a força” e é fundamental que sejamos unidos e procuremos alcançar os nossos objetivos de forma sustentada;

 Sentir que sou respeitado como professor e tratado como tal pela comunidade escolar;

 Obter um acompanhamento próximo, por parte do Professor

Cooperante, que seja um conselheiro e um mentor durante todo este ano letivo, honesto e frontal, capaz de me proporcionar novas aprendizagens e conhecimentos fundamentais para uma melhoria na qualidade da minha intervenção pedagógica enquanto Professor;

 Encontrar um Orientador da Faculdade, que seja frontal e me oriente, de um modo mais profundo, sobre a realização dos projetos definidos para este ano letivo, como o Projeto de Formação Individual e o Projeto de Estudo, do Relatório de Estágio, entre outros;

 Poder aplicar todo o conhecimento ao nível do saber e das metodologias nas minhas aulas, em prol da promoção de aprendizagens nos meus alunos;

 Melhorar a minha capacidade de análise e de observação para poder avaliar corretamente os alunos, nos vários momentos de avaliação. Recorrer a momentos de avaliação formal e informal, com recurso a diferentes instrumentos de avaliação, assim como de equipamentos tecnológicos;

 Elaborar Modelos de Estruturas de Conhecimentos que me permitam organizar do melhor modo toda a atividade a desenvolver ao longo de cada Unidade Didática;

 Planear Unidades Didáticas que se revelem motivantes para os alunos, adaptando os respetivos conteúdos às capacidades dos mesmos;

 Ser reflexivo, refletindo sobre a minha prática diária para poder perceber aquilo em que estive bem e, sobretudo, sobre aquilo que há para melhorar e corrigir nas próximas intervenções;

 Estabelecer regras e rotinas com os alunos, para facilitar o processo de ensino-aprendizagem;

 Assegurar as condições de segurança, colocando os alunos sempre em primeiro plano;

(40)

40

 Intervir de modo ajustado em relação aos alunos, nomeadamente ao nível da instrução e da prestação de feedbacks, considerando a individualidade de cada aluno;

 Poder assegurar um elevado Tempo de Empenhamento Motor (TEM) conjugado com o maior Tempo Potencial de Aprendizagem (TPA) nas minhas aulas, reduzindo ao máximo as tarefas de transição, de organização e os tempos de espera em prol da melhor ecologia da sala de aula;

 Encontrar recursos materiais e espaciais que me permitam planear aulas atrativas para os alunos;

 Estimular o interesse, a motivação e o empenho dos alunos nas minhas aulas, com propostas didático-metodológicas inovadoras e diversificadas, assim como através de uma postura dinâmica da minha parte, com uma colocação de voz ajustada às situações, mas sempre confiante e segura, e, também, na afetividade a criar com os meus alunos;

 Participar em todas as atividades definidas pelo GDEF e pelo Núcleo de Estágio, assim como desafiar-me a mim próprio, propondo outro tipo de atividades, para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

Todo este rol de dúvidas e expetativas, que me foram surgindo no final do meu primeiro ano deste mestrado até ao início do ano do Estágio Profissional, têm razão de o ser porque acredito naquilo que Nóvoa (2009) diz sobre o facto de que “grande parte da nossa vida profissional joga-se nestes anos iniciais e na forma como nos integramos na escola e no professorado”. Sem nunca descurar este pensamento e esta certeza, seria “fundamental consolidar as bases de uma formação que tenha como referência lógicas de acompanhamento, de formação-em-situação, de análise da prática e de integração na cultura profissional docente”. Foi com esta consciência, motivação e vontade que parti para este ano de estágio, para poder dissipar todas estas dúvidas e lograr as expetativas criadas, aproveitando, assim, ao máximo, esta etapa final da minha formação académica, sem nunca descurar que este é um processo contínuo, para toda a vida, de quem é, e quer ser, Professor. Partilho, assim, da ideia de Nóvoa (2009) quando este diz que, o

(41)

41

“horizonte não existe para nos trazer de volta à origem, mas para nos permitir medir toda a distância que temos a percorrer (…). O homo viator constrói uma casa apenas para o tempo necessário, pois é caminhando que ele se encontra e descobre o sentido da sua ação”.

2.3. Importância do Estágio na Formação Pessoal e Profissional

“Para ser homem não basta nascer, é necessário também aprender”. (Bento et al., 2010, p.24). Esta aprendizagem reflete-se em todo o meu trajeto desde o meu nascimento até ao dia de hoje, o qual me revejo como Professor, que foi algo que escolhi ser, devido a momentos marcantes da minha vida. Este meu trajeto simboliza a minha formação que é definida por Perrenoud (1995; cit. por Rosado e Mesquita, 2009, p. 209) “como uma intervenção visando a modificação nos domínios dos saberes, do saber-fazer e do saber-ser do sujeito em formação”, o qual foi fundamental a nível pessoal e profissional. A este propósito foi imprescindível um saber-fazer com os meus alunos e não para eles, partilhando e trabalhando em equipa com os mesmos, em prol de

uma maior estimulação do seu desenvolvimento mais autónomo.

Simultaneamente, permitiu-me orientar a minha prática profissional de uma forma menos diretiva, percebendo, assim, a importância deste domínio do saber. Também o saber-ser foi algo que fui desenvolvendo e aprendendo ao longo desta minha formação, na medida em que senti a necessidade de ser “organizado, responsável e tolerante” (Côrte-Real, 2010), características pessoais essenciais para a prática profissional desta área.

Para que conseguisse lograr tudo o que foi mencionado, a minha motivação foi, sem dúvida, vital para todo este processo. Siedentop e Tannehill (2000) dizem que a motivação desempenha um papel fundamental para quem quer tornar-se num professor eficaz, e que os primeiros anos são fundamentais para atingir um nível de eficácia que marcarão a competência e a profissionalidade de um professor de Educação Física. Assim, estive sempre intrinsecamente motivado para a realização deste estágio, que foi

(42)

42

progressivamente aumentando com todo este processo de ensino-aprendizagem, tornando-me também extrinsecamente motivado pelas relações que fui estabelecendo ao longo deste ano letivo, quer com os alunos, quer com todo o corpo docente e não docente.

“Cada um é operário do edifício da sua formação” (Bento et al., 2010, p. 28). E ao enveredar pela área do Desporto, que “é um lugar pedagógico por excelência” (Bento et al., 2010, p.29), especificamente pelo Ensino de Educação Física, que me permitiu realizar este EP, optei por algo que está eminentemente ligado às relações pessoais e sociais, à aprendizagem, à atualização de saberes, à cultura, à inovação, ao compromisso, à responsabilidade, à ética, à deontologia, entre muitos outros aspetos que caracterizam esta área. Assim, a minha formação profissional exigiu de mim a capacidade de lidar com pessoas, e não apenas o domínio de um conhecimento técnico e científico, pois para ser professor não basta dominar um determinado conhecimento é preciso compreendê-lo em todas as suas dimensões (Nóvoa, 2009). O mesmo é partilhado por Santos (2008) ao referir que as qualidades pessoais, além da preparação técnica e científica, são características que definem o professor, sendo que a ação educativa não tem como foco a mera transmissão de conteúdos programáticos, mas sim a contribuição para a formação integral de pessoas e de cidadãos de uma sociedade.

Como Nóvoa (2009) diz, é necessário construir “uma teoria da pessoalidade no interior de uma teoria da profissionalidade”. Ou seja, é importante que os futuros professores procurem momentos de autoformação, que lhes permitam narrar as suas próprias histórias de vida, tanto a nível pessoal como a nível profissional. O autor refere-se, assim, “à necessidade de elaborar um conhecimento pessoal (um autoconhecimento) no interior do conhecimento profissional e de captar (de capturar) o sentido de uma profissão que não cabe apenas numa matriz técnica ou científica”.

Com esta experiência, também, aprendi que ensinar não é um mero trabalho, o qual termina quando toca a campainha ou quando a escola fecha. É um grande compromisso, constante, no qual os profissionais são conduzidos

(43)

43

por um desejo de servir e contribuir para a sociedade, mas que requer muito trabalho para se tornarem bons naquilo que fazem, aproveitando todas as oportunidades que surjam para se tornarem cada vez melhores (Rink, 1993). O Estágio possibilitou-me muitas experiências as quais contribuíram para o meu desenvolvimento enquanto professor. Não só a nível interno, através da prática letiva, da participação das atividades do Desporto Escolar (DE), do GDEF e dos NE, das relações estabelecidas na escola, entre outros, mas também a nível externo, nas atividades desenvolvidas com a comunidade local.

Com efeito, o estágio acabou por se revelar furtuito a vários níveis, destacando o facto de “a didática da formação pessoal e social através do desporto se dever basear na investigação científica e na análise dos paradigmas e das metodologias que têm vindo a desenvolver-se, nomeadamente, no âmbito da educação para o desenvolvimento pessoal e social, da educação moral e ética e do desenvolvimento de competências de vida” (Rosado e Mesquita, 2009, p. 9).

Há que salientar que a ética profissional se conjuga com toda a atividade do professor e se reflete em duas vertentes distintas mas interligadas: “nos princípios que tornam ética a sua conduta profissional e na sua função de promoção do desenvolvimento ético-moral do estudante” (Estrela et al., 2008, p. 94). Já o Professor J. Bento (2008) alerta para a importância da ética no ensino ao afirmar que “os professores têm obrigação de cuidar da ética, porque, como formulou Simone Weil (1909-1943), “o bem é aquilo que dá maior realidade aos seres e às coisas; o mal é aquilo que disso os priva”.

Assim, o ensino vive de uma relação estreita e permanente entre professor e aluno, visto que o “objeto” sobre o qual o profissional de educação (professor) atua é, por um lado, uma pessoa em desenvolvimento (aluno), não descurando, por outro lado, a sua função social, devendo “transmitir” a cultura dessa sociedade às gerações futuras (Alonso, s/d). Ou seja, o professor deve olhar para o aluno como indivíduo com potencial de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, olhá-lo como membro da sociedade. Isto era algo a conseguir lograr com o meu estágio, no sentido de conseguir transmitir um conjunto de

(44)

44

preparando-o e “contribuindo, assim, para a integração do aluno na sociedade e para a formação do seu carácter” (Santos, 2008, p.2).

No entanto, além da influência da formação inicial, os professores possuem várias conceções, fruto de hábitos e atitudes do “senso comum”, e de uma larga impregnação ambiental durante o período em que foram alunos. Estou-me a referir ao designado “Currículo Oculto” que se define por uma transmissão de valores de um modo tácito através da linguagem, da escrita, do gesto, e de todas as formas de comunicação que, apesar de não terem sido planeadas, acabam por ocorrer (Batista, 2010b).

Assim, apesar dos valores e atitudes que fui desenvolvendo, do conhecimento técnico e científico que fui aprendendo, entre outros fatores e variáveis que estiveram presentes nesta minha formação, o estágio foi fundamental para me desenvolver bastante ao nível pessoal e profissional, na busca de um autoconhecimento muito mais vincado pela realização da prática real, o qual não me seria possível, apenas, pela literatura, ou pela aprendizagem dos conteúdos técnicos. Foi, também, uma forma de me descobrir melhor, sobretudo, a minha identidade enquanto professor, para poder aperfeiçoar técnicas e metodologias de trabalho. Serviu, ainda, para atingir uma competência docente que se reviu na estruturação das condições de aprendizagem, em prol das aprendizagens dos alunos, uma autonomia profissional na tomada de decisões responsáveis sobre determinada situação, um sentido de pertença e identidade profissional na integração e inclusão no corpo docente e especificamente no GDEF e, ainda, uma abertura à inovação pelas mudanças sociais e pelo avanço das tecnologias (Alonso, s/d).

Em suma, o trabalho docente não é uma mera transposição, é antes uma transformação dos saberes, o qual obriga a uma deliberação, ou seja, obriga a uma resposta a dilemas pessoais, sociais e culturais (Nóvoa, 2009). A formação deve, assim, “reforçar uma perspetiva ética assente numa reflexividade crítica e criativa, prática e teórica, mas também numa experiência emocional e intuitiva, aberta e flexível aos contextos” (Caetano e Silva, 2009, p. 57), da qual despontam princípios e valores de índole singular, focada no indivíduo, e universal, centrada na sociedade em geral.

(45)

45

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

(46)
(47)

47

3. Enquadramento Institucional e da Prática Profissional 3.1. Caracterização do Contexto de Estágio

O contexto de estágio em Ensino de Educação Física deriva, em grande parte, de uma formação articulada a nível académico, especificamente do Ensino Superior, o qual tem como base a formação de futuros docentes profissionais, qualificados, humanos, competentes e reflexivos. Atendendo ao paradigma atual da sociedade portuguesa, com mais de 650 mil pessoas analfabetas1 e com uma taxa de abandono escolar situada nos 28,7%2, ainda que ambas tenham vindo a diminuir, há a necessidade de formar docentes mais qualificados não só a nível técnico, mas também, e sobretudo, ao nível das relações interpessoais. Aliado a este aspeto, há o facto de a Lei nº 85/2009, de 27 agosto, estipular que o ensino é universal e gratuito, assim como a escolaridade é obrigatória para crianças e jovens entre os 6 e os 18 anos, o que é ótimo para esta formação. Paradoxalmente, o aumento da crise económico-financeira, poderá contribuir para nova inversão nesta tendência, agravando as taxas de abandono escolar, através de novos problemas emergentes, sobretudo ao nível do ensino superior.

O processo de estágio possibilita essa formação, capaz de atender aos problemas da sociedade, com base no conhecimento, no qual é necessário conhecer bem aquilo que se ensina; na cultura profissional, compreendendo os sentidos da instituição escolar, integrando-se numa profissão e aprendendo com os colegas mais experientes; no tato pedagógico, aludindo à dimensão pessoal, através da capacidade de se dar ao respeito, para conquistar os alunos para o trabalho escolar; no trabalho em equipa, ou seja numa coletividade com um espírito colaborativo e da intervenção conjunta nos projetos educativos de escola; e por último, no compromisso social, o qual obriga a que se vá além da escola, comunicando com o público e intervindo no espaço público da educação, na transmissão de valores, visando a inclusão social e aceitando a diversidade cultural (Nóvoa, 2009).

1 Em http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1657242, consultado a 29-03-2012 2 Em http://jpn.icicom.up.pt/2011/04/20/abandono_escolar_diminuiu_em_2010_mas_esta_aquem_da_media_europeia.html , consultado a 29-03-2012

(48)

48

Assim, o contexto de estágio torna-se vital, pela realidade que é imposta aos futuros docentes, visando uma formação de qualidade e multilateral, fazendo com que contribuam diretamente para a melhoria das aprendizagens dos seus alunos, na promoção de estilos de vida saudáveis e na influência que possam exercer na continuidade da formação académica destes, tendo em vista o futuro dos mesmos e do seu desempenho e integração na sociedade.

3.2. Enquadramento legislativo e regulamentar do Estágio Profissional

Este enquadramento reporta-se aos contextos legal, institucional e funcional, os quais suportam toda a estrutura do Estágio Profissional no âmbito do 2º Ano do 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (EEFEBS).

3.2.1. Contexto Legal

O EP deste ano letivo está de acordo com o que vigora desde a sua homologação no ano letivo 2009/2010, concorrendo com a implementação do curso de EEFEBS no âmbito do Processo de Bolonha, o qual visa promover a comparabilidade, a transparência e a legibilidade dos sistemas europeus de ensino superior.

O Processo de Bolonha tem como objetivo “reorganizar o processo formativo em torno de novos valores: as competências e não só os conteúdos, as aprendizagens e não simplesmente o ensino, a participação e o envolvimento de todos os agentes implicados e não apenas a participação de professores nas aulas e de estudantes no estudo e nos exames” 3

.

Atualmente, já são quarenta e cinco estados europeus que o subscreveram, sendo, este, caracterizado pelo seguinte:

1. Um sistema de graus académicos comparável e compatível; 2. Dois ciclos de estudo de pré-doutoramento;

3. Sistema de créditos; 4. Suplemento ao diploma.4 3 Em http://www.ipleiria.pt/portal/ipleiria?p_id=6859, consultado a 30-03-2012 4 Em http://www.ipleiria.pt/portal/ipleiria?p_id=6859, consultado a 30-03-2012

(49)

49

Para que se fique habilitado profissionalmente para a Docência, há todo um conjunto de normas e legislações específicas da instituição universitária, que regem a realização deste curso, especificamente o EP. A sua estrutura e funcionamento estão de acordo com o estipulado no Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e no Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro atendendo, paralelamente, ao Regulamento Geral dos segundos Ciclos da UP, o Regulamento Geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física. Este é composto por quatro semestres, distribuídos por dois anos, possuindo um total de 120 unidades de crédito (ECTS), repartidos, de igual modo, por todos os semestres. Assim, o EP é, especificamente, uma Unidade Curricular (UC) do segundo ciclo de estudos, conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da FADEUP e decorre nos terceiro e quarto semestres do ciclo de estudos (Matos, 2009b).

Para que se conclua, legalmente, este curso, e tornar-se, assim, num profissional na área do Ensino da Educação Física, é necessário cumprir com o estipulado no Artigo 17º do Decreto-lei nº 43/20075 de 22 de fevereiro, o qual se refere à concessão do grau de mestre. Este só é atribuído àqueles que obtenham o número de créditos fixado para o ciclo de estudos de mestrado, neste caso 120 ECTS, através da respetiva aprovação em todas as unidades curriculares que compõem este mestrado e da aprovação no ato público de defesa do relatório da unidade curricular relativa à prática de ensino supervisionada (PES).

3.2.2. Contexto Institucional

A Escola, como instituição, é hoje um espaço pluridisciplinar de vital importância para toda a sociedade que, cada vez mais, se reveste de uma diversidade de culturas, com clara afluência em qualquer canto do mundo. Esta multiculturalidade é universal e, portanto, não alheia à escola, pois “a diversidade cultural e étnica é uma realidade que impõe novas responsabilidades à escola e aos professores” (Pereira, 2004, p.28). Ainda de acordo com esta autora, esta diversidade obriga a que a escola adapte o seu

5

Referências

Documentos relacionados

Nesse processo, é fundamental o desenvolvimento da pesquisa, ou seja, a investigação e as interrogações de quem busca idéias novas. O desenvolvimento do ensino em um ambiente em

portanto, reconsiderando-a, analisando-a e refletindo-a constantemente, numa busca incessante da ressignificac˜o dos saberes, e, por conseguinte, da identidade

O objetivo desse trabalho ´e a construc¸ ˜ao de um dispositivo embarcado que pode ser acoplado entre a fonte de alimentac¸ ˜ao e a carga de teste (monof ´asica) capaz de calcular

Detectadas as baixas condições socioeconômicas e sanitárias do Município de Cuité, bem como a carência de informação por parte da população de como prevenir

Dose/diluição: 1 litro do produto para 1.000 litros de água – banho de imersão (repetir a cada 21 dias); 20 ml para 20 litros de água – pulverização (4 a 5 litros

Movimentos Políticos Pan-Europeus: os movimentos escolhem também os candidatos principais para mobilizar o eleitorado e organizam a estratégia de campanha em diferentes níveis:

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,