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Importância do Estágio na Formação Pessoal e Profissional

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 41-45)

2. DIMENSÃO PESSOAL

2.3. Importância do Estágio na Formação Pessoal e Profissional

“Para ser homem não basta nascer, é necessário também aprender”. (Bento et al., 2010, p.24). Esta aprendizagem reflete-se em todo o meu trajeto desde o meu nascimento até ao dia de hoje, o qual me revejo como Professor, que foi algo que escolhi ser, devido a momentos marcantes da minha vida. Este meu trajeto simboliza a minha formação que é definida por Perrenoud (1995; cit. por Rosado e Mesquita, 2009, p. 209) “como uma intervenção visando a modificação nos domínios dos saberes, do saber-fazer e do saber-ser do sujeito em formação”, o qual foi fundamental a nível pessoal e profissional. A este propósito foi imprescindível um saber-fazer com os meus alunos e não para eles, partilhando e trabalhando em equipa com os mesmos, em prol de

uma maior estimulação do seu desenvolvimento mais autónomo.

Simultaneamente, permitiu-me orientar a minha prática profissional de uma forma menos diretiva, percebendo, assim, a importância deste domínio do saber. Também o saber-ser foi algo que fui desenvolvendo e aprendendo ao longo desta minha formação, na medida em que senti a necessidade de ser “organizado, responsável e tolerante” (Côrte-Real, 2010), características pessoais essenciais para a prática profissional desta área.

Para que conseguisse lograr tudo o que foi mencionado, a minha motivação foi, sem dúvida, vital para todo este processo. Siedentop e Tannehill (2000) dizem que a motivação desempenha um papel fundamental para quem quer tornar-se num professor eficaz, e que os primeiros anos são fundamentais para atingir um nível de eficácia que marcarão a competência e a profissionalidade de um professor de Educação Física. Assim, estive sempre intrinsecamente motivado para a realização deste estágio, que foi

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progressivamente aumentando com todo este processo de ensino- aprendizagem, tornando-me também extrinsecamente motivado pelas relações que fui estabelecendo ao longo deste ano letivo, quer com os alunos, quer com todo o corpo docente e não docente.

“Cada um é operário do edifício da sua formação” (Bento et al., 2010, p. 28). E ao enveredar pela área do Desporto, que “é um lugar pedagógico por excelência” (Bento et al., 2010, p.29), especificamente pelo Ensino de Educação Física, que me permitiu realizar este EP, optei por algo que está eminentemente ligado às relações pessoais e sociais, à aprendizagem, à atualização de saberes, à cultura, à inovação, ao compromisso, à responsabilidade, à ética, à deontologia, entre muitos outros aspetos que caracterizam esta área. Assim, a minha formação profissional exigiu de mim a capacidade de lidar com pessoas, e não apenas o domínio de um conhecimento técnico e científico, pois para ser professor não basta dominar um determinado conhecimento é preciso compreendê-lo em todas as suas dimensões (Nóvoa, 2009). O mesmo é partilhado por Santos (2008) ao referir que as qualidades pessoais, além da preparação técnica e científica, são características que definem o professor, sendo que a ação educativa não tem como foco a mera transmissão de conteúdos programáticos, mas sim a contribuição para a formação integral de pessoas e de cidadãos de uma sociedade.

Como Nóvoa (2009) diz, é necessário construir “uma teoria da pessoalidade no interior de uma teoria da profissionalidade”. Ou seja, é importante que os futuros professores procurem momentos de autoformação, que lhes permitam narrar as suas próprias histórias de vida, tanto a nível pessoal como a nível profissional. O autor refere-se, assim, “à necessidade de elaborar um conhecimento pessoal (um autoconhecimento) no interior do conhecimento profissional e de captar (de capturar) o sentido de uma profissão que não cabe apenas numa matriz técnica ou científica”.

Com esta experiência, também, aprendi que ensinar não é um mero trabalho, o qual termina quando toca a campainha ou quando a escola fecha. É um grande compromisso, constante, no qual os profissionais são conduzidos

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por um desejo de servir e contribuir para a sociedade, mas que requer muito trabalho para se tornarem bons naquilo que fazem, aproveitando todas as oportunidades que surjam para se tornarem cada vez melhores (Rink, 1993). O Estágio possibilitou-me muitas experiências as quais contribuíram para o meu desenvolvimento enquanto professor. Não só a nível interno, através da prática letiva, da participação das atividades do Desporto Escolar (DE), do GDEF e dos NE, das relações estabelecidas na escola, entre outros, mas também a nível externo, nas atividades desenvolvidas com a comunidade local.

Com efeito, o estágio acabou por se revelar furtuito a vários níveis, destacando o facto de “a didática da formação pessoal e social através do desporto se dever basear na investigação científica e na análise dos paradigmas e das metodologias que têm vindo a desenvolver-se, nomeadamente, no âmbito da educação para o desenvolvimento pessoal e social, da educação moral e ética e do desenvolvimento de competências de vida” (Rosado e Mesquita, 2009, p. 9).

Há que salientar que a ética profissional se conjuga com toda a atividade do professor e se reflete em duas vertentes distintas mas interligadas: “nos princípios que tornam ética a sua conduta profissional e na sua função de promoção do desenvolvimento ético-moral do estudante” (Estrela et al., 2008, p. 94). Já o Professor J. Bento (2008) alerta para a importância da ética no ensino ao afirmar que “os professores têm obrigação de cuidar da ética, porque, como formulou Simone Weil (1909-1943), “o bem é aquilo que dá maior realidade aos seres e às coisas; o mal é aquilo que disso os priva”.

Assim, o ensino vive de uma relação estreita e permanente entre professor e aluno, visto que o “objeto” sobre o qual o profissional de educação (professor) atua é, por um lado, uma pessoa em desenvolvimento (aluno), não descurando, por outro lado, a sua função social, devendo “transmitir” a cultura dessa sociedade às gerações futuras (Alonso, s/d). Ou seja, o professor deve olhar para o aluno como indivíduo com potencial de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, olhá-lo como membro da sociedade. Isto era algo a conseguir lograr com o meu estágio, no sentido de conseguir transmitir um conjunto de

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preparando-o e “contribuindo, assim, para a integração do aluno na sociedade e para a formação do seu carácter” (Santos, 2008, p.2).

No entanto, além da influência da formação inicial, os professores possuem várias conceções, fruto de hábitos e atitudes do “senso comum”, e de uma larga impregnação ambiental durante o período em que foram alunos. Estou-me a referir ao designado “Currículo Oculto” que se define por uma transmissão de valores de um modo tácito através da linguagem, da escrita, do gesto, e de todas as formas de comunicação que, apesar de não terem sido planeadas, acabam por ocorrer (Batista, 2010b).

Assim, apesar dos valores e atitudes que fui desenvolvendo, do conhecimento técnico e científico que fui aprendendo, entre outros fatores e variáveis que estiveram presentes nesta minha formação, o estágio foi fundamental para me desenvolver bastante ao nível pessoal e profissional, na busca de um autoconhecimento muito mais vincado pela realização da prática real, o qual não me seria possível, apenas, pela literatura, ou pela aprendizagem dos conteúdos técnicos. Foi, também, uma forma de me descobrir melhor, sobretudo, a minha identidade enquanto professor, para poder aperfeiçoar técnicas e metodologias de trabalho. Serviu, ainda, para atingir uma competência docente que se reviu na estruturação das condições de aprendizagem, em prol das aprendizagens dos alunos, uma autonomia profissional na tomada de decisões responsáveis sobre determinada situação, um sentido de pertença e identidade profissional na integração e inclusão no corpo docente e especificamente no GDEF e, ainda, uma abertura à inovação pelas mudanças sociais e pelo avanço das tecnologias (Alonso, s/d).

Em suma, o trabalho docente não é uma mera transposição, é antes uma transformação dos saberes, o qual obriga a uma deliberação, ou seja, obriga a uma resposta a dilemas pessoais, sociais e culturais (Nóvoa, 2009). A formação deve, assim, “reforçar uma perspetiva ética assente numa reflexividade crítica e criativa, prática e teórica, mas também numa experiência emocional e intuitiva, aberta e flexível aos contextos” (Caetano e Silva, 2009, p. 57), da qual despontam princípios e valores de índole singular, focada no indivíduo, e universal, centrada na sociedade em geral.

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3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 41-45)