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7.1 ANÁLISE CONCEITUAL DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

7.1.6 DA INTERNAÇÃO

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a lei prevê também o regime de semiliberdade, onde o adolescente permanece internado, podendo contudo realizar atividades externas. Dentre estas atividades, incluem-se a escolarização e a profissionalização. Não há prazo de duração determinado, dependendo de avaliação elo Setor Técnico.

Essa medida estabelece uma relação entre a medida de internação e inserção do adolescente na sociedade. Desta forma, pode interagir com o meio externo, auxiliando em sua reeducação e convivência com os demais.

Roberto João Elias42 explica sobre a aplicação dessa medida, indicando que a possibilidade de atividades externas é inerente a esta espécie de medida e não depende de autorização judicial. Dependerá evidentemente, do responsável pelo estabelecimento em que estiver o menor, com base em um estudo multiprofissional, que observará a sua convivência. Sendo imprescindíveis ao pleno desenvolvimento da personalidade do menor, são obrigatórias a escolarização e a profissionalização. Há de se procurar, como quer o dispositivo, os recursos que a comunidade oferece. Nada impede, e isso muitas vezes ocorre, que os estabelecimentos tenham os seus próprios cursos.

A intenção da medida, como em todas as outras é a reeducação e inserção do adolescente à sociedade, de forma que se comportamento seja adequado ao padrão moral da nossa sociedade.

7.1.6 DA INTERNAÇÃO

A medida de internação está prevista no artigo 121, do ECA. Prevê o texto legal: A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. §1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário. § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua

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ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. 2010, pág. 164.

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manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses. § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos. § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida. § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público”.

A medida de internação é a medida mais grave prevista no Estatuto. De toda forma, a Constituição Federal por força de seu artigo 227, prevê a preferência para que o adolescente permaneça em seu lar junto de sua família. Porém a partir de um ato infracional de natureza grave, será analisado a possibilidade de internação, com períodos de verificação da necessidade de permanência em estabelecimento específico.

Roberto João Elias43 confirma a observação a essa medida de que

quando o menor comete uma infração mais grave, ou é reincidente, deve ser feito um estudo pormenorizado, por equipe multiprofissional, podendo-se decidir por sua internação. Considerando-se que o ideal para o adolescente é a permanência no seu lar, junto com seus familiares, por força até do preceito constitucional do art. 227, um dos princípios a ser observado é o da brevidade.

A medida é a mais rigorosa, mas não tem caráter de punição rigorosa, e sim de trazer o adolescente à sociedade reeducado a sociedade o quanto antes, podendo assim que possível a modificação da medida. Desta forma, continua o autor44 explicando a intenção da medida,

a rigor, tal medida não deve ser cumprida por longo tempo, devendo ser reavaliada periodicamente e, sempre que possível, substituída por outra. É medida excepcional, aplicada de forma restrita em casos específicos, e, convém ressaltar, de cunho pedagógico, nunca punitivo.

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ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. 2010, pág. 165.

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Conceitua Válter Kenji Ishida45 que,

constitui a medida de internação a mais grave dentre as socioeducativas, constituindo, a teor do caput, em medida privativa de liberdade. Difere do regime de semiliberdade, tendo em vista que, neste, dispensa-se autorização judicial para a saída.

Atenta o mesmo autor, concordando com Roberto João Elias46, sobre a importância de ser observado o princípio da brevidade e excepcionalidade no caso da aplicação dessa medida, pois

o ECA, visando garantir os direitos do adolescente, contudo, condicionou-se a três princípios mestres: (1) o da brevidade, no sentido de que a medida deve perdurar tão-somente para a necessidade de readaptação do adolescente; (2) o da excepcionalidade, no sentido de que deve ser a última a ser aplicada pelo Juiz quando da ineficácia de outras; e (3) o do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, visando manter condições gerais para o desenvolvimento do adolescente, por exemplo, garantindo seu ensino e profissionalização.

8 DA APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Ao adolescente que cometer ato antijurídico, considerado um ato infracional, cumprirá a medida judicial que lhe for designada. Na prática as medidas encontram algumas dificuldades em sua aplicação.

Mário Luiz Ramidoff47 comenta as medidas socioeducativas com caráter ressocializador:

ao se admitir restrições através de medidas socioeducativas, em alguns casos concretos, isto por si só não pode jamais significar a restauração do antigo poder de punir particularmente próprio ao “código de

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ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente. 2009, pág. 188.

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ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. 2010, pág. 188.

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RAMIDOFF, Mário Luiz. Lições de direito da criança e do adolescente: Ato Infracional e Medidas Sócioeducativas. 2008, pág. 24.

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Menores”, que, no mais das vezes, além de introjetar o sentimento de culpa com a institucionalização, também, causava-lhe sofrimento físico e psíquico, quando, não dessocializava-o pelo favorecimento da assunção de personalidade estigmatizada de “infrator”. (2008, pág. 24)