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8. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL

8.3 DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

No que pese a Responsabilidade adotada no Brasil, com fulcro no artigo 37 da Constituição Federal e seu §6° nos resguardamos legalmente que

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Desta maneira averiguamos que há adoção da Responsabilidade objetiva, não se faz necessária a comprovação da culpa do Estado, agindo comissiva ou omissivamente deverá a Administração ser responsável pelo dano gerado.

São nas condutas comissivas, isto é, na obrigação de fazer do Estado, que está imersa a teoria objetiva; não há que se depender da comprovação de culpa ou não por parte da Administração Pública.

Por consequência, nos casos dos infratores, não é mister que os mesmos, representados judicialmente, comprovem que a culpa do Estado está comprovada.

Agindo a Administração dentro da licitude ou não, como nesses casos onde vemos claramente a ilicitude e negligência estatal, o Estado deverá sim indenizar. Por ser tão visível o ilícito causado aos infratores é que se verifica com mais facilidade o dever indenizatório da Administração Pública.

Liga-se intimamente a estes casos de ilicitude perceptível, o princípio da legalidade, pois poderá reconhecer-se nos atos materiais e também jurídicos72.

Ressaltamos ainda as Situações de Risco Exagerado que são criadas pelo próprio Estado, em coadunação a isto temos os casos em que os infratores são colocados de maneira negligente dentro de penitenciárias, por exemplo.

Aqui o Estado age de modo que ele próprio cria uma situação altamente propícia para o cometimento do dano ao infrator. Averiguamos portanto, uma ação positiva estatal geradora de prejuízo73; concorre com isto que o dever indenizatório

por parte da Administração Pública incorre de maneira mais clara ainda.

72 MARINELA, Fernanda. Direto Administrativo. 2017, p 1034.

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9. CONCLUSÃO

Percebemos o quanto está intimamente ligada a atuação do Estado com a observância aos princípios da Administração Pública; ao agir negligentemente, desrespeitando estes princípios, além de haver inobservância às leis infraconstitucionais, em especial o Estatuto da Criança e do Adolescente, acarretando no dever do Estado em indenizar todos aqueles a quem lhe causa dano.

Temos visto como os princípios constitucionais aplicáveis à Administração Pública, os Direitos Sociais e o Estatuto da Criança estão sendo tão infringidos. É preciso que o princípio da Legalidade e da moralidade, sobretudo, sejam averiguados e respeitados, postos em prática por parte dos agentes da Administração.

Outrossim, conclui-se o quanto os adolescentes infratores foram violentados tanto psicológica, física, sexualmente e até em casos em que por omissão estatal chegou-se à morte.

É mister frisar que a Responsabilidade Extracontratual do Estado vem em constante mudança com o objetivo de nos resguardar de possíveis danos, casos como estes não se exime a Administração Pública de arcar com o prejuízo que um de seus agentes causou, muito pelo contrário.

Coaduna-se os entendimentos de que nos casos em que o Estado cause dano aos infratores deverão ser responsáveis e assumir a obrigação de indenização.

Ressalvando-nos e apoiando-nos na Teoria Objetiva, não sendo necessário que o adolescente comprove a culpa ou dolo estatal, bastando haver o prejuízo como consequência da ação ou omissão da Administração Pública; sobretudo nos casos em que o Estado incorre para a criação das situações de risco em que estes infratores estão sendo postos corriqueiramente.

Uma realidade tão atual e tão danosa por parte da Administração Pública, que mesmo havendo tanto amparo legal, vem agindo de forma tão negligente, causando criminalidade e contribuindo para a violação dos direitos de nossas crianças e adolescentes.

A partir do momento em que o Estado compreenda o valor dos princípios e a necessidade de que se haja de maneira proba quase todos os problemas serão extintos, e como posto em tela, a realidade das nossas crianças e adolescentes serão transformadas substancialmente.

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Como a realidade do Brasil é bem distinta da desejada, faz-se necessária a aplicação ferrenha da Responsabilidade Extracontratual do Estado, devendo os agentes serem responsáveis pelos danos causados, o Estado tendo o direito de regresso concomitante a isto, mas nunca havendo a irresponsabilidades dos mesmos.

Aplicando-se a Teoria Objetiva aos casos concretos envolvendo infratores violados por ação ou omissão estatal, pois em todos os casos analisados é perceptível a ilicitude dos atos e até da grande omissão dos agentes da Administração Pública, concorrendo com as situações de risco geradas por eles próprios, havendo nexo causal atrelado ao dano, vale frisar, grandes danos causados aos adolescentes envolvidos em infrações.

Desta feita, amparados legalmente, teremos os direitos e garantias dos adolescentes infratores resguardados e o objetivo maior das medidas socioeducativas será, com afinco, alcançado, para o bem comum e melhor desenvolvimento de nossa nação. E, sobretudo, resguardando-nos de que a Administração Pública labore de modo que nossos jovens não adentrem mais na criminalidade, mas garanta-lhes seus direitos e conceda-lhes a perspectiva de uma vida melhor.

58 REFERÊNCIAS

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59 https://www.maxwell.vrac.puc- rio.br/Busca_etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=15941@1&msg=28# Acesso em 30 de Outubro de 2017 Disponível em https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/07/07/criancas- iam-para-a-cadeia-no-brasil-ate-a-decada-de-1920 20/11 Acesso em 02 de Novembro de 2017

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