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CAPÍTULO 02 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 FLUXO DE DADOS E INFORMAÇÕES

2.4.1 Dados, informação e conhecimento

Cassarro (1994, p.35) menciona que convém diferenciar os conceitos de dados e de informações, no contexto dos sistemas de informações:

Tecnicamente, dados são os itens básicos de informação, antes de serem processados por um sistema enquanto que informações são os relatórios, os resultados do processamento dos dados. Os dados alimentam, dão entrada no sistema e as informações são produzidas, saem do sistema, seja este manual ou computacional.

Por sua vez, Cautela e Polloni (1976, p.40) afirmam que “cada informação isolada de um registro constitui um dado. Em geral, os registros são formados por um conjunto de dados alfabéticos e numéricos podendo também conter dados formados por caracteres especiais”.

Davenport (2001, p.19) define dados como “observações sobre o estado do mundo” e informação como “dados dotados de relevância e propósito”. Percebe-se que os dados, por si só, não permitem a interpretação geral do contexto, e, assim sendo, dificulta o processo de tomada de decisões necessárias e indispensáveis às adaptações impostas pelas turbulências ambientais.

Cassarro (1994, p.35) conceitua informação como “um fato, um evento, comunicado”. No entanto, salienta que se pode comunicar algo que não seja um fato. Então, boatos estariam sendo divulgados, nunca informações. Por outro lado, pode ocorrer um fato que, por falta de comunicação, não passe a ser informação. Sendo assim, informação é um fato comunicado.

Na empresa, a informação pressupõe uma organização de fatos e números para poder ser apresentada de forma inteligível a uma determinada pessoa, conforme é mostrado na Figura 2.

FIGURA 2 – PROCESSO PARA OBTENÇÃO DA INFORMAÇÃO

FONTE: CASSARRO (1994, P.35).

Observa-se que, para se produzir uma determinada informação, existe uma sequência que deve ser seguida, ou seja, é necessário compilar, reunir fatos e números, os quais devem ser devidamente preparados para serem comunicados.

Beuren (2000, p.47) afirma que:

Muitas vezes a palavra dados é confundia com informações. Os dados podem ser visualizados e discutidos de forma isolada, ou seja, desconectados do contexto de seus usuários. A informação não se limita à simples coleta de dados. Para que os dados se transformem em informação útil, eles precisam ser decodificados, organizados e contextualizados, de acordo com as necessidades dos responsáveis pelo processo decisório. Em outras palavras, os dados representam a matéria-prima, à qual são agregados valor de utilidade, de acordo com os propósitos preestabelecidos, transformando-os em informação para aquele fim específico.

Assim, é possível analisar dados isoladamente; no entanto, assim fazendo, pode- se comprometer o entendimento global da informação necessário ao desenvolvimento do sistema, uma vez que esta, mais do que apenas a reunião de dados, possui valor agregado.

Bio (1985, p.29) entende que dado é “um elemento da informação (um conjunto de letras ou dígitos), que, tomado isoladamente, não transmite nenhum conhecimento, ou seja, não contém um significado intrínseco [...]. A partir da associação dos dados, transmite-se um conhecimento. Portanto, o tratamento e a estruturação dos dados gera uma informação”. Ao lado dessas considerações, acrescenta que:

Os dados de entrada, uma vez coletados, são transportados (com base em procedimentos) até o ponto de processamento. Esse processamento pode utilizar meios manuais, mecânicos ou eletrônicos. De qualquer forma, o processamento será sempre uma série de operações necessárias para registrar dados e convertê-los em todas as informações de saída desejáveis.

Nesse sentido, Beuren (2000, p.48-49) constata que “o desafio associado à coleta de dados consiste na capacidade de reunir material potencialmente relevante, bem como estruturar o fluxo de dados de modo a transformá-los em informações úteis à elaboração da estratégia empresarial”, ou seja, informações que deem o devido suporte à definição de estratégias, que considerem características específicas do ambiente externo, e mostrem claramente quais são os recursos do ambiente interno.

Davenport (2001, p.18) afirma que é difícil fazer a distinção entre dados, informação e conhecimento:

Resisto em fazer essa distinção, porque ela é nitidamente imprecisa. Informação, além do mais, é um termo que envolve todos os três, além de servir como conexão entre os dados brutos e o conhecimento que se pode eventualmente obter. Também tendemos a exagerar o significado dessas palavras. Durante anos, as pessoas se referiam a dados como informação; agora, veem-se obrigadas a lançar mão de conhecimento para falar sobre a informação.

Talvez se possa dizer, contudo, que os dados compilados, estruturados e contextualizados alcancem uma informação capaz de definir o conhecimento de uma determinada situação, quando processada pela mente humana.

Davenport (2001, p.18-19) explica que “pessoas transformam dados em informação, e é isto que torna difícil a vida dos administradores informacionais. Ao contrário dos dados, a informação exige análise. Outra característica da informação é ser muito mais difícil transferir com absoluta fidelidade”. No que concerne ao conhecimento, afirma ser “a informação mais valiosa e, consequentemente, mais difícil de gerenciar. É valiosa precisamente porque alguém deu à informação um contexto, um significado, uma interpretação; alguém refletiu sobre o conhecimento, acrescentou a ele sua própria sabedoria, considerou suas implicações mais amplas”.

De maneira sintética, apresenta-se, na Figura 3, a distinção entre dados, informação e conhecimento.

FIGURA 3 – DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

FONTE: DAVENPORT (2001, P.18)

Percebe-se que existe uma considerável diferença entre dados, informação e conhecimento. O primeiro caracteriza algo de forma bruta e sem utilidade, se analisado isoladamente. A segunda representa um conjunto de dados analisados por alguém, necessitando, portanto, da figura humana para sua interpretação. E o terceiro, por fim, significa a união da informação com a sabedoria humana.

Cassarro (1994, p.40) observa que “é indiscutível a importância das informações, em cada uma das fases do processo de tomada de decisões. O fato de se poder contar com informações adequadas e oportunas é de importância capital para o sucesso da empresa e, em consequência, do gerente”. Contribuem para que a empresa se torne mais e mais dinâmica, “a ponto de afirmarmos que tanto mais dinâmica será uma empresa quanto melhores e mais adequadas forem as informações de que os gerentes dispõem para as suas tomadas de decisão.”

Portanto, sem informações ágeis para fomentar e executar suas decisões estratégicas, a empresa estará em desvantagem em relação à outra que as possui. Além disso, as informações possuem classificações e características importantes ao seu entendimento, que são enfocadas em seguida.