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VARA CRIMINAL, DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE E FAMÍLIA

DE PROVAS COLHIDAS NA FASE PRÉ-PROCESSUAL AUSÊNCIA DE

ANÁLISE DAS PROVAS PRODUZIDAS EM JUÍZO. INOBSERVÂNCIA DO DEVER IMPOSTO PELO ARTIGO 155 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. RECURSO PROVIDO E, EX OFFICIO, ABSOLVIÇÃO TO TOCANTE AO DELITO DE RESISTÊNCIA. (TJPR - 2ª C.Criminal - 0003122- 47.2019.8.16.0159 - São Miguel do Iguaçu - Rel.: Desembargador Laertes Ferreira Gomes - J. 20.03.2020) Grifei.

Sendo assim, embora as vítimas tenham afirmado, em sede policial, que teria sido abordada pelos acusados em duas ocasiões, bem como estes teriam exigidos as vantagens ilícitas descritas na denúncia, verifica-se que tal versão, em juízo, não foi reproduzida sob o crivo dos princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa. Dessa forma, a prova meramente inquisitorial também não se mostra idônea a ensejar o decreto condenatório.

Cumpre ressaltar que o art. 155 do Código de Processo Penal veda a prolação de sentença condenatória alicerçada exclusivamente em elementos trazidos durante a fase investigatória.

Neste sentido, Nucci, ao comentar o art. 155 do Código de Processo Penal, afirma que o julgador “jamais pode basear sua sentença, em especial

condenatória, em elementos colhidos unicamente do inquérito policial”. Tal

posicionamento não está desprestigiando as provas colhidas em fase inquisitorial, pois o juiz comumente se vale das provas produzidas em fase

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJDAB XVKGH 6LPWZ VWJMK

PROJUDI - Processo: 0003016-61.2012.8.16.0117 - Ref. mov. 1088.1 - Assinado digitalmente por Hugo Michelini Junior:17565 14/06/2020: PROFERIDA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. Arq: Sentença Absolutória

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38ª SEÇÃO JUDICIÁRIA

COMARCA DE MEDIANEIRA/PR

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investigatória, “desde que confirmadas, posteriormente, em juízo, ou se

estivessem em harmonia com as coletadas sobre o crivo do contraditório”.2

Entende-se que para a comprovação da autoria dos réus seria necessária a produção de prova em Juízo, tal qual previsto no art. 155 do CPP. Sendo assim, o único liame que levaria ao entendimento da comprovação da autoria é a versão das vítimas em sede inquisitorial. No entanto, para que essa prova fosse válida na forma do art. 155 do CPP, seria necessária que a mesma fosse ratificada sob o crivo do contraditório e ampla defesa, o que não foi feito no caso em tela.

Observa-se que a impossibilidade de se proferir sentença condenatória tendo por fundamento tão somente a prova inquisitorial, sem submetê-la ao crivo do contraditório e ampla defesa, já se encontra consolidada na jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:

“PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIME. FURTO DUPLAMENTE QUALIFICADO POR ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO E CONCURSO DE PESSOAS (ARTIGO 155, § 4º, INCISOS I E IV, DO CÓDIGO PENAL) E CORRUPÇÃO DE MENORES (ARTIGO 244-B DA LEI Nº 8.069/90). SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. PLEITO CONDENATÓRIO. ALEGADA EXISTÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES DE AUTORIA. TESE NÃO ACOLHIDA. PRESENÇA DE INDÍCIOS, MAS NÃO EVIDÊNCIAS. CONJUNTO PROBATÓRIO FRÁGIL, INCONGRUENTE E VACILANTE, QUE NÃO PERMITE CONCLUIR DE MODO SEGURO PELA CONCORRÊNCIA DO RÉU NA EMPREITADA CRIMINOSA. SUPOSTA TESTEMUNHA PRESENCIAL DOS FATOS NÃO OUVIDA NOS

2 NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 11. ed. São Paulo: Editora Revista

dos Tribunais, 2012, p. 359.

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJDAB XVKGH 6LPWZ VWJMK

PROJUDI - Processo: 0003016-61.2012.8.16.0117 - Ref. mov. 1088.1 - Assinado digitalmente por Hugo Michelini Junior:17565 14/06/2020: PROFERIDA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. Arq: Sentença Absolutória

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AUTOS. INÚMERAS CONTRADIÇÕES ENTRE A PROVA ORAL COLHIDA NA FASE INQUISITORIAL E A PRODUZIDA EM JUÍZO. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO COM FUNDAMENTO EM ELEMENTOS INFORMATIVOS NÃO CORROBORADOS NA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. EXEGESE DO ARTIGO 155 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PREVALÊNCIA DO IN DUBIO PRO REO. MANTIDA A ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS DE AUTORIA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. I - Por relevante, urge lembrar que "no processo criminal, máxime para a condenar, tudo deve ser claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer expressão algébrica. Condenação exige certeza absoluta, fundada em dados objetivos indiscutíveis, de caráter geral, que evidenciem o delito e a autoria, não bastando a alta probabilidade desta ou daquele. E não pode, portanto, ser a certeza subjetiva, formada na consciência do julgador, sob pena de se transformar o princípio do livre convencimento em arbítrio" (RT 619/267). II - A responsabilização criminal de qualquer indivíduo exige plena convicção por parte do julgador, alicerçada sobre provas concretas e inequívocas de materialidade e autoria delitivas. Pairando dúvidas em relação a esta ou àquela, o melhor caminho é absolver o acusado. III - O

artigo 155 do Código de Processo Penal, ao condicionar a formação do convencimento do juiz à apreciação das provas judiciárias, é clarividente ao vedar a condenação pautada, exclusivamente, nos elementos informativos colhidos na investigação, ainda mais quando estes, submetidos ao crivo do contraditório e da ampla defesa, não são idoneamente ratificados. IV - In casu, subsistindo

apenas indícios quanto à autoria do crime de furto, insuficientes para embasar um decreto condenatório, a absolvição do réu é medida que se impõe, como decorrência do secular princípio do in dubio pro reo. V - Logo, sendo o conjunto probatório insuficiente para condenar o acusado pela infração penal que ele teria praticado com menor de 18 (dezoito) anos ou o induzido a praticar, insuficiente também será, como consequência inarredável, para condená-lo pela suposta corrupção do inimputável ou facilitação dela”. (TJPR - 4ª C.Criminal - AC - 1593456-2 - Wenceslau Braz - Rel.: Celso Jair Mainardi - Unânime - J. 13.12.2016) Grifei

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PROJUDI - Processo: 0003016-61.2012.8.16.0117 - Ref. mov. 1088.1 - Assinado digitalmente por Hugo Michelini Junior:17565 14/06/2020: PROFERIDA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. Arq: Sentença Absolutória

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“APELAÇÕES CRIMINAIS. FURTO QUALIFICADO (CP, ART. 155, §4º, I). SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. IRRESIGNAÇÃO DAS PARTES LITIGANTES. APELAÇÃO CRIME (01). PRETENSÃO CONDENATÓRIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO SUFICIENTE A RESPEITO DA AUTORIA DOS DELITOS. CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL RETRATADA EM SEDE JUDICIAL. VÍTIMAS QUE, POR NÃO PRESENCIAREM O OCORRIDO, NÃO PUDERAM AFIRMAR SER O RÉU AUTOR DO DELITO. PRETENSÃO