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PENAL E PROCESSO PENAL AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EM HABEAS CORPUS 1 TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.

VARA CRIMINAL, DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE E FAMÍLIA

PENAL E PROCESSO PENAL AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EM HABEAS CORPUS 1 TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.

AUSÊNCIA DE EXCEPCIONALIDADE. 2. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO VERIFICAÇÃO. OBEDIÊNCIA AO ART. 41 DO CPP. AMPLA DEFESA ASSEGURADA. 3. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. MATERIALIDADE DELITIVA DEMONSTRADA. INDÍCIOS DE AUTORIA DELINEADOS. 4. COMPROVAÇÃO DOS FATOS. NECESSIDADE DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL. 5. EXCESSO DE PRAZO PARA FORMAÇÃO DA CULPA. TEMA ANALISADO NO RHC 97.009/RN. 6. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O trancamento da ação penal comente é possível, na via estreita do habeas corpus, em caráter excepcional, quando se comprovar, de plano, a inépcia da denúncia, a atipicidade da conduta, a incidência de causa de extinção de punibilidade ou ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito. 2. Pela leitura da inicial acusatória, bem como do acórdão recorrido, a denúncia é suficientemente clara e concatenada, e atende aos requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal, não revelando quais vícios formais. De fato, encontra-se descrito o fato criminoso, com todas as circunstâncias necessárias a delimitar a imputação, encontrando-se devidamente assegurado o exercício da ampla defesa. [...] (STJ – AgRg no RHC 106052 RN 2018/0319886-6, órgão

julgador: T5 – QUINTA TURMA, publicação: DJe 06/05/2019, julgamento: 09 de abril de 2019, relator: Ministro Reynaldo Soares da Fonseca). Grifos nossos.

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJDAB XVKGH 6LPWZ VWJMK

PROJUDI - Processo: 0003016-61.2012.8.16.0117 - Ref. mov. 1088.1 - Assinado digitalmente por Hugo Michelini Junior:17565 14/06/2020: PROFERIDA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. Arq: Sentença Absolutória

PODER JUDICIÁRIO

38ª SEÇÃO JUDICIÁRIA

COMARCA DE MEDIANEIRA/PR

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Logo, afasto preliminar de inépcia da denúncia e ausência de justa causa arguidas.

Princípio constitucional da razoável duração do processo (art. 5º, inciso LXXVIII, CF)

Alega a Defesa do acusado Marcos Aurélio Zandoná a irrazoável duração do processo, uma vez que os presentes autos se encontram em tramitação por tempo superior a 07 (sete) anos.

Invocou a defesa o art. 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, no qual são “assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam

a celeridade de sua tramitação”, requerendo pela extinção do feito, com fulcro

no art. 395, inciso II do Código de Processo Penal.

Pois bem. Cumpre esclarecer que os procedimentos estabelecidos no processo penal são utilizados para a apuração de uma série de fatos delituosos, com natureza e peculiaridades distintas. Desse modo, os prazos previstos na legislação para o cumprimento de cada etapa desse processo não podem ser vistos de forma limitada. Vale dizer, não se pode impor absoluta e estrita observância ao prazo fixado. Admitir o contrário implicaria a violação – a depender do caso concreto – de garantia basilar do devido processo legal: a ampla defesa – que, aliás, deve ser entendida como ampla defesa de teses, ressalvando assim os interesses da defesa (em sentido estrito), mas também da acusação.

Nesse prisma, a jurisprudência entende que as peculiaridades do caso concreto podem justificar eventual dilação nos prazos processuais, desde que

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assim se mostre necessário ao adequado deslinde da causa, sem, por outro lado, sacrificar de maneira desarrazoada os interesses em jogo no curso da relação processual. Ilustrando a assertiva, trago à colação julgado do Superior Tribunal de Justiça, de lavra do Min. JORGE MUSSI:

(...). Os prazos indicados na legislação pátria para a finalização dos atos processuais servem apenas como parâmetro geral, não se podendo deduzir o excesso tão somente pela soma aritmética dos mesmos, admitindo-se, em homenagem ao princípio da razoabilidade, certa variação, de acordo com as peculiaridades de cada caso, devendo o constrangimento ser reconhecido como ilegal somente quando o retardo ou a delonga sejam injustificados e possam ser atribuídos ao Judiciário. (HC 217.027/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 06/12/2011, DJe 16/12/2011)

Assim, o prazo para a duração do processo não deve ser resultado da mera soma aritmética dos prazos estabelecidos para cada ato no processo penal. É necessário que se tenha em vista as peculiaridades do caso concreto, bem como a razoabilidade entre os interesses promovidos e os sacrificados pelo curso do processo, bem como os demais fatores que possam, de alguma forma, influir na tramitação da ação penal.

A jurisprudência entende que as peculiaridades do caso concreto podem justificar eventual dilação nos prazos processuais, desde que assim se mostre necessário ao adequado deslinde da causa, sem, por outro lado, sacrificar de maneira desarrazoada os interesses em jogo no curso da relação processual. O feito está tendo regular processamento. Veja ainda que se trata de feito complexo (operação), com diversos fatos e 12 (doze) réus a serem

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investigados, sendo arroladas inúmeras testemunhas (acusação e defesa) com expedição de precatórias para oitiva de testemunhas, inclusive arroladas pela própria defesa.

Diante disso, não vislumbro o excesso de prazo aventado, de modo que REJEITO a presente preliminar.

Interrogatório do réu produzido anteriormente às oitivas das testemunhas

Alega a Defesa dos acusados Elton Marcos Farah, Dhyan Maria Zanini e Marco Aurélio Zandoná a nulidade do presente feito, tendo em vista a inobservância ao disposto no artigo 400, do CPP, o qual prevê a realização de interrogatório do réu como último ato em sede de instrução processual.

No entanto, não merece acolhimento o requerido pela Defesa. Dispõe o art. 222, § 1º do CPP que a expedição de carta precatória não suspende a instrução criminal, de modo que a realização de interrogatório em momento anterior à inquirição da testemunha por carta precatória não gera qualquer nulidade do ato ou prejuízo ao acusado.

Sobre o assunto, é firme o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO INTERNACIONAL. NULIDADES. TROCA DE ADVOGADOS EM DATA PRÓXIMA AO INTERROGATÓRIO DO RÉU. ADIAMENTO DO ATO INDEFERIDO. SUPOSTO CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. ADVOGADOS QUE ATUARAM DESDE O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA.

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VARA CRIMINAL, DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE E FAMÍLIA

RENÚNCIA POR APENAS CINCO MESES. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. [...] SUSPENSÃO DO INTERROGATÓRIO. CARTAS PRECATÓRIAS PENDENTES PARA OITIVA DE TESTEMUNHAS DAS DEFESAS. DESNECESSIDADE. ART. 222, §§ 1º E 2º, DO CPP. PRECEDENTES. RECURSO ORDINÁRIO NÃO PROVIDO. [...] IV - "O fato de o acusado haver sido inquirido

antes do retorno da deprecata referente ao depoimento de um dos ofendidos não implica ofensa à ordem prevista no artigo 400 da Lei Processual Penal, uma vez que os §§ 1º e 2º do artigo 222 do referido diploma legal disciplinam que, na hipótese de oitiva de testemunha que se encontra fora da jurisdição processante, a expedição da carta precatória não suspende a instrução criminal, razão pela qual o feito prosseguirá, em respeito ao princípio da celeridade processual, procedendo-se à oitiva das demais testemunhas, ao interrogatório do acusado e, inclusive, ao julgamento da causa, ainda que pendente a devolução da carta pelo juízo deprecado" (HC n. 388.688/SP, Quinta Turma, Rel. Min.

Jorge Mussi, DJe de 17/04/2017, grifei). Recurso ordinário conhecido e não provido (STJ - RHC: 84157 SP 2017/0106357-1, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 12/12/2017, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/02/2018) Grifei.

E do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:

APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS MAJORADO. DELITO PRATICADO EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL. AÇÃO PENAL PÚBLICA. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DO RÉU. PEDIDO DE CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. VIA IMPRÓPRIA. MATÉRIA AFETA À EXECUÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. PRELIMINAR. TESE DE NULIDADE DO INTERROGATÓRIO DO RÉU POR VIOLAÇÃO DA REGRA ESTABELECIDA NO ARTIGO 400 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. ORDEM LEGAL MITIGADA PELA EXPEDIÇÃO DE CARTA PRECATÓRIA PARA OITIVA DE TESTEMUNHAS. PLEITO ABSOLUTÓRIO. ALEGAÇÃO DE

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INIMPUTABILIDADE POR DEPENDÊNCIA QUÍMICA. ARTIGO 45 DA LEI 11.343/2006. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE CAUSA EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE. INEXISTÊNCIA DE LAUDO PERICIAL DEMONSTRANDO QUE O AGENTE ESTAVA TOTALMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCIITO DO FATO. ÔNUS DA DEFESA. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE PROVAS. [...] I – Não há que se

falar em nulidade por ofensa à ordem prevista no artigo 400 da Lei Processual Penal, uma vez que os §§ 1º e 2º do artigo 222 do referido diploma legal disciplinam que, na hipótese de oitiva de testemunha que se encontra fora da jurisdição processante, a expedição da carta precatória não suspende a instrução criminal, razão pela qual o feito prosseguirá, em respeito ao princípio da celeridade processual, procedendo-se à oitiva das demais testemunhas, ao interrogatório do acusado e, inclusive, ao julgamento da causa, ainda que pendente a devolução da carta pelo juízo deprecado. (TJPR - 4ª C. Criminal - 0011173-

73.2015.8.16.0034 - Piraquara - Rel.: Desembargador Celso Jair Mainardi - J. 12.12.2019) Grifei.

Isto posto, afasto a preliminar aventada pela Defesa.

Incompetência da Justiça Estadual para julgamento do feito

Alega a Defesa do acusado Elton Marcos Farah a incompetência da Justiça Estadual para julgar o presente feito, uma vez que a descrição dos fatos 4 e 5 indicam a existência de crimes de competência federal, como o contrabando e descaminho.

Assim, aduzem que nos termos do art. 109, inciso IV da CF e da súmula 122 do STJ, os delitos imputados ao acusado são de competência da Justiça

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Federal, considerando tratar-se de corrupção passiva e peculato que teriam como objetivos amparar crimes de interesse da União.

Na hipótese em apreço, inicialmente, há indícios que indicam a perpetração dos delitos de corrupção passiva e peculato apurados nos presentes autos, ao passo que teriam exigido dinheiro para deixar de efetuar apreensão de um veículo que transportava mercadorias estrangeiras, adquiridas no Paraguai, sem comprovação de regular importação e um caminhão que transportava cigarros adquiridos ilicitamente, também no país vizinho.

Em que pese os delitos, em tese, praticados pelas vítimas que conduziam os respectivos veículos serem de competência federal, a investigação ocorreu perante esta Comarca e a Justiça Estadual, bem como foram apurados e identificados diversos outros delitos, não sendo cabível neste momento o declínio de competência à Justiça Federal.

Ocorre que tal disciplina é útil apenas nos delitos já identificados, em que se pode estabelecer a regra de competência pelo local de sua ocorrência. Nas hipóteses em que se investiga a provável ocorrência de um delito a utilização rígida dos critérios estabelecidos no Código de Processo Penal impediria a definição da competência do juízo. Diante disso, nas medidas cautelares preventivas, a competência, utilizando-se de expressão empregada por Eduardo Cambi1, será atribuída ao juízo aparentemente competente para o

julgamento da ação principal.

1 ...tratando-se de medida cautelar preventiva, não haverá ilicitude na prova se o juiz (por

exemplo, federal), aparentemente competente, autorizar a interceptação telefônica, mas que, devido ao curso das investigações, revele-se incompetente em razão da matéria. (EDUARDO

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Com o início das investigações, identificou-se uma organização criminosa de maneira estável e permanente com a finalidade da prática delitiva de corrupção passiva, peculato e concussão, principalmente com vítimas que conduziam veículos, nos quais transportavam produtos oriundos do Paraguai, que caracterizavam contrabando ou descaminho.

Cumpre esclarecer que os delitos imputados aos réus não possuem qualquer liame com os fatos praticados pelas suas supostas vítimas, o que impede o reconhecimento de conexão ou continência entre eles, afastando a possibilidade de julgamento conjunto.

Ademais, tem-se que a aparente competência da Comarca de Medianeira se manteve e se converteu em competência definitiva desse Juízo para o deferimento de novas interceptações e prosseguimento das demais medidas já deferidas, bem como para a instrução de julgamento da ação penal decorrente.

Diante disso, todos os atos realizados durante a fase de investigação realizada pelo Polícia Federal foram devidamente amparados pela Lei nº 12.850/2013 e não vinculam a competência da investigação a propositura da ação penal na Justiça Federal

No que tange as apreensões realizadas e enquadradas em contrabando e descaminho, constato que os referidos delitos não são objetos dos presentes

CAMBI. in: Revista matéria. Interceptação Telefônica – breves considerações sobre a lei 9.296/1996, de Processo, vol.118, nov. 2004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 143.)

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autos, tendo sido adotadas as providências cabíveis pela Receita Federal e Polícia Federal.

Posto isto, os delitos aqui apurados se deram em território nacional e a investigação foi conduzida pela autoridade policial especializada sediada em Foz do Iguaçu, portanto REJEITO as preliminares aventadas.

Nulidade da interceptação telefônica e violação das disposições da Lei 9.296/96 e art. 5º, inciso LVI, da CF, em razão da ilegalidade na colheita de interceptações telefônicas.

A defesa dos acusados Elton Marcos Farah, Marcos Adelar Sitta, Ronaldo Ezequiel Torres e José Matias do Nascimento, alegaram nulidade no processo ante a ilegalidade na colheita de interceptações telefônicas.

Asseveraram as defesas que as gravações telefônicas e de dados colhidos na interceptação foram obtidas através de decisões que não preencheram os requisitos mínimos para o deferimento excepcional da medida, bem com o foram colhidas em desacordo aos termos da Lei nº 9.296/96.

Frente a estes indícios levantados em investigação, foram proferidas decisões deferindo/prorrogando a interceptação telefônica, as quais fazem expressa menção aos relatórios apresentados pela autoridade policial, em brilhante trabalho de investigação.

Assim, todos os requisitos exigidos para decretação da medida foram cumpridos e não há que se falar, de forma alguma, que as decisões que determinaram as interceptações telefônicas são carentes de fundamentações.

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É importante recordar que a operação “Tomorrowland” surgiu com o escopo de “combater e desarticular organização criminosa voltada para a prática de corrupção ativa, peculato, concussão e outros crimes correlatos. Além da interceptação telefônica autorizada judicialmente, foram realizadas uma série de diligências em campo, troca de informações com outros órgãos públicos e forças policiais, assim como análise de bancos de dados.

A estratégia de investigação utilizada foi necessária para a identificação dos indivíduos atuantes no comando, gerenciamento e financiamento das atividades ilícitas, os quais dificilmente seriam responsabilizados, acaso não adotadas medidas extremas autorizadas pela legislação.

Noutro giro, não há que se falar que a interceptação foi obtida por meio ilícito, considerando que houve autorização judicial e que as decisões foram suficientemente fundamentadas ao caso e aos pedidos.

Ainda, necessário mencionar que a interceptação não foi utilizada como primeira diligência, quando possível lançar mão de outros meios de prova. Isso porque a interceptação era o único meio de prova possível na situação, dadas as peculiaridades do caso concreto.

Ademais, observa-se que a experiência mostra que pessoas envolvidas nos tipos de delitos narrados na exordial acusatória, costumam tomar diversas medidas para evitar que sejam descobertos, o que inviabiliza a prática de diligências em campo pela autoridade policial.

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É que se depreende do seguinte arresto, que também traz importante apontamento sobre a fundamentação da decisão de interceptação telefônica, corroborando a fundamentação anteriormente apresentada.

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS, CORRUPÇÃO DE MENOR, FORMAÇÃO DE QUADRILHA. OPERAÇÃO CABEÇA. 1. PRÉVIO MANDAMUS DENEGADO. PRESENTE WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. VIA INADEQUADA. 2. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. DETERMINAÇÃO. NULIDADE. DECISÃO PRIMEVA. MOTIVAÇÃO CONCRETA. CRIMES PUNIDOS COM RECLUSÃO. PRORROGAÇÕES. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. 3. AUTORIZAÇÕES CONSTRITIVAS. EIVAS. NÃO OCORRÊNCIA. 4. EXTRAPOLAÇÃO DE PERÍODO ALBERGADO PELA DECISÃO JUDICIAL. SUPOSTA PECHA. DEFICIÊNCIA NA INSTRUÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. NÃO VERIFICAÇÃO. AUSENTE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA NOS AUTOS. 5. DURAÇÃO DA MEDIDA DE CONSTRIÇÃO. PRAZO INDISPENSÁVEL COMPLEXIDADE. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. 6. QUEBRA DO SIGILO DAS COMUNICAÇÕES. DECISÃO JUDICIAL. TERCEIROS NÃO ELENCADOS. INVIABILIDADE. SERENDIPIDADE. POSSIBILIDADE. NULIDADE DA INTERCEPTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. 7. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. E 2. Omissis. 3.

As autorizações subsequentes de interceptações telefônicas, bem como suas prorrogações, reportaram-se aos fundamentos da decisão primeva, evidenciando-se, assim, a necessidade da medida, diante da continuação do quadro de imprescindibilidade da providência cautelar, não se apurando irregularidade na manutenção da constrição no período. 4. e 5. Omissis. 6. É certo que

a decisão judicial de quebra de sigilo telefônico e telemático não comporta todos os nomes das possíveis pessoas que possam contactar o indivíduo constrito em seu aparelho de telefonia, sendo que, acaso obtido algum indício de novos fatos delitivos ou mesmo da participação de terceiros na prática de ilícitos, em encontro fortuito (serendipidade), não há falar em nulidade da interceptação, pois ainda que não guardem relação com os fatos

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