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De se destacar que o veículo e respectiva mercadoria foram apreendidos por volta das 14 horas e apenas após a presença

VARA CRIMINAL, DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE E FAMÍLIA

IMPOSSIBILIDADE, SOB PENA DE AFRONTA À VEDAÇÃO ESTABELECIDA NO ART 155 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.

6. No dia 26 de outubro de 2011, por volta das 14 horas, na Rodovia BR 277, Medianeira, o denunciado WILSON CARLOS

6.7. De se destacar que o veículo e respectiva mercadoria foram apreendidos por volta das 14 horas e apenas após a presença

da equipe do GAECO, por volta das 16h30min foi comunicado o fato à Delegacia da Receita Federal em Foz do Iguaçu.

No presente caso, observo que tanto a materialidade como a autoria não restaram comprovadas.

O acusado WILSON CARLOS DE SOUZA negou ter praticado os fatos. Asseverou que abordou um caminhão na BR, que o caminhão foi levado para a delegacia e comunicado, que o caminhão foi abordado no período da manhã, que comunicaram a Receita Federal, que o pessoal da Receita Federal disse que não poderia ir porque estavam em outra situação, que recebeu a ligação e foi verificar a situação, que estava na BR verificando um caminhão quando veio um veículo, que abordou o veículo, que havia dois indivíduos dentro do veículo, que encaminhou para a delegacia, que foi verificado que era contrabando, que realizou o fiscalização normal, que não houve nenhuma negociação, que não viu os policiais do GAECO nas redondezas, que foi procurado pelo Valdelírio, que o Valdelirio lhe ligou, que o Valdelirio foi

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJDAB XVKGH 6LPWZ VWJMK

PROJUDI - Processo: 0003016-61.2012.8.16.0117 - Ref. mov. 1088.1 - Assinado digitalmente por Hugo Michelini Junior:17565 14/06/2020: PROFERIDA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. Arq: Sentença Absolutória

PODER JUDICIÁRIO

38ª SEÇÃO JUDICIÁRIA

COMARCA DE MEDIANEIRA/PR

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verificar o que podia ser feito em relação ao veículo, que já haviam comunicado para a Receita que o veículo estava na delegacia, que falou que não tinha o que fazer e o Valdelirio foi embora, que as mercadorias eram variadas, que a Receita chegou por volta das 16:00h para pegar o veículo, que não conhece os policiais do GAECO, que no dia 18 de janeiro estava de folga, que não conhece a Juliane Marques.

A testemunha Valdelírio Turell, quando ouvido em juízo narrou que desconhece os fatos, que o que ocorreu é que estava em casa e era umas 02 horas da tarde e um colega chamado Nilson ligou pedindo se tinha algum conhecimento de um tal de Carlos, que disse que ele ia na loja com a esposa de vez em quando, que então foi na delegacia porque ele disse que tinham prendido um carro preto e que achou que era por causa de documentação, que chegou lá e o Carlos perguntou se o mesmo tinha envolvimento com o referido carro, tendo respondido que não e que apenas um amigo havia pedido para que fosse ver o que havia acontecido, que não conhece e nunca tinha visto o carro, que o amigo que pediu para que fosse lá era um tal de Nilson, que na hora ligou para ele e disse que o negócio não era documento e que era mercadoria ilícita, que ele disse para ir embora então e largar lá, que foi embora e não sabe de mais nada que aconteceu, que de forma alguma foi exigido dinheiro do mesmo, que a única coisa que o Carlos lhe disse era que o carro tinha mercadoria ilícita e que já havia sido encaminhado para a Receita, que o Carlos é seu conhecido, que é o policial Wilson Carlos, que ele e a esposa frequentavam sua loja de vez em quando, que tem uma loja de doces em Medianeira chamada Doces Mania, que de fato foi na delegacia, mas que não foi chamado lá, que foi de espontânea vontade, pelo fato de o Nilson ter ligado para que fosse ver o que era, que chegou lá e era isso que o Carlos falou, que desconhece o que o GAECO relatou, que a única coisa que

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fez foi isso, que acabou indo até a delegacia e daí ele falou isso e ameaçou até de prendê-lo se tivesse participação com o carro, que disse que não conhecia ninguém, nem sabia de que quem era o carro, que foi lá só pela amizade, que não tem conhecimento de que os policiais extorquiam pessoas que passavam com mercadorias na BR, que conheceu Wilson Carlos na sua loja, que mora em Medianeira desde 2009, que foi no GAECO prestar depoimento e o que falou aqui falou lá, que até ficou surpreso quando recebeu a intimação para ir lá, que nunca aconteceu de ter havido exigência de dinheiro do mesmo, que sabe que tem direito de prestar depoimento sem ser em frente dos acusados e que então escolheu isso, que nem o carro viu no dia e não sabe qual carro era e se foi mandado para a Receita Federal, que não se recorda a hora chegou na delegacia no dia, apenas que era no período da tarde, que nunca puxou mercadoria do Paraguai, que não lembra quais pessoas estavam na delegacia no dia, que haviam mais pessoas, mas não sabe se eram policiais, que não sabe se o carro era de seu amigo, que acredita que não, que seu amigo não estava na cidade.

Ainda, a testemunha Marcos Antonio Beato Junior, policial do GAECO, asseverou que não se recorda, que acompanhou algumas situações in loco em que tentaram fazer filmagem, mas que não se recorda se estava nessa, que foi em algumas outras em Medianeira para filmar as abordagens a muambeiros e eles eram realmente conduzidos até a Delegacia, e lá dentro havia essa negociação, que alguns dos suspeitos estavam com os telefones interceptados, então havia condição de acompanhar, não a conversa com as pessoas, mas como estava sendo a logística, que deste fato não se recorda se estava na equipe do GAECO, que geralmente acontecia dos policiais perceberem a presença do GAECO, porque as viaturas que GAECO tinha já era de conhecimento de quase todos os policiais, que eram Gols vermelhos

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PROJUDI - Processo: 0003016-61.2012.8.16.0117 - Ref. mov. 1088.1 - Assinado digitalmente por Hugo Michelini Junior:17565 14/06/2020: PROFERIDA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. Arq: Sentença Absolutória

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ou pretos, que era uma rede e tinham as pessoas que informavam os policiais, que como às vezes havia interceptação, quando estavam indo para Medianeira às vezes escutavam o policial recebendo informações que o GAECO estava indo para a cidade, que estava na rodovia ainda, que as vezes os olheiros, a turma que fazia a abordagem ou anunciavam que estava passando algum muambeiro ou algum comboio de muambeiros, que quando o GAECO passava era a mesma coisa, avisavam que o GAECO estava chegando, que então eles já saíam e o carro era de conhecimento deles já. Vislumbrando as provas apresentadas, resta temerosa decretar uma condenação, diante de não haver provas suficientes para formulação de um juízo de certeza processual.

Cumpre mencionar que tanto a testemunha como o acusado negaram os fatos em sede inquisitorial, bem como não foi juntada nos autos nenhuma prova robusta de que o acusado teria solicitado ou aceitado vantagem indevida. Posto isso, da análise do cotejo probatório, verifica-se que restaram fragilizados os indícios de autoria e de materialidade, persistindo, portanto, a dúvida, que deve aproveitar ao acusado.

Frisa salientar ainda que o direito penal é orientado pelos princípios da presunção de inocência e da verdade real, em razão das severas consequências que uma sentença condenatória, nesse âmbito do direito, pode acarretar ao indivíduo. Por conseguinte, à luz destes princípios, cabe ao órgão acusador produzir prova inequívoca da materialidade e da autoria do crime imputado ao acusado, sendo que, em caso de dúvida, se impõe ao julgador a adoção da alternativa mais benéfica ao acusado.

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJDAB XVKGH 6LPWZ VWJMK

PROJUDI - Processo: 0003016-61.2012.8.16.0117 - Ref. mov. 1088.1 - Assinado digitalmente por Hugo Michelini Junior:17565 14/06/2020: PROFERIDA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. Arq: Sentença Absolutória

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Portanto, ante a dúvida que assombra o feito, é imperativa a aplicação do princípio in dubio pro reo.

Sobre o tema, válida é lição de Tourinho Filho:

“Como bem diz Giuseppe Betiol, numa determinada ótica, o princípio do favor rei é o princípio base de toda a legislação processual penal de um Estado, inspirado na sua vida política e no seu ordenamento jurídico por um critério superior de liberdade.” (TOURINHO Fº, F. da C. Manual de processo penal. 4ª ed. São Paulo: Saraiva. 2002. p. 26).

É farta a jurisprudência neste sentido. A título de exemplo, segue ementa de julgado do Tribunal de Justiça do Paraná:

APELAÇÃO CRIME. CORRUPÇÃO PASSIVA. ART. 317, §1º, DO CP.