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2.5 DOS EFEITOS DOS RECURSOS

3.4.2 juízo de mérito

3.4.2.1 Defeitos típicos embargáveis

De acordo com o art. 535 do Código de Processo Civil, os defeitos típicos embargáveis são: Omissão, obscuridade e contradição.

3.4.2.1.1 Omissão

De acordo com o inciso II do art. 535 do Código de Processo Civil, depreende-se que omissão consiste na ausência de pronunciamento judicial, pelo juiz ou pelo tribunal, sobre ponto a que deveria pronunciar-se.

Comentam, Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery (2008, p. 909) que a omissão que fundamenta a interposição dos embargos declaratórios é aquela que visa a completar a decisão embargada, uma vez que nela deixou o magistrado de pronunciar-se acerca de matéria expressamente requerida pela parte ou de ordem pública, em que o juízo tinha o dever de manifestar-se de ofício.

Em outras palavras, ensina Luiz Orione Neto (2009, p. 380) que: “Decisão omissa é, portanto, [...] aquela que deixou de analisar as questões de fato e de direito e que deixou de resolver as questões que as partes suscitaram ou que devessem ser apreciadas de ofício”.

Ressalva, o autor (2009, p. 381), invocando um julgado do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo (JTACivSP, 47/106) que a omissão não ocorre sempre que o

acórdão deixar de responder a todos os argumentos invocados pela parte. Se o acórdão contém fundamentos suficientes para justificar a decisão adotada não há de se falar em omissão.

E nesse sentido, explica o autor (2009, p. 381) que os embargos devem atacar o ponto omissivo da decisão e não sobre a manifestação acerca de fatos e argumentos mencionados pelas partes.

Conclui Luiz Guilherme Aidar Bondioli (2007, p. 123) a omissão judicial consiste em uma afronta ao princípio da inafastabilidade do controle judicial, uma vez que o Poder Judiciário se abstém de responder à uma pretensão que lhe é apresentada. Tratando-se de autêntico caso de denegação da justiça.

3.4.2.1.2 Obscuridade

Luís Guilherme Aidar Bondioli (2007, p. 105-106), assevera que precisão e clareza são características que devem estar presentes no desenvolvimento e expressão das decisões judiciais às questões que lhe são submetidas, para que seja possível saber quem foi vencedor e vencido ou em que medida se deu isso.

Nesse sentido, João Batista Lopes (2006, p. 190) define de forma genérica a obscuridade como falta de luz; e, em relação aos provimentos judiciais, como a ausência de clareza ou inteligibilidade ao texto, decorrente muitas vezes de um raciocínio confuso.

Araken de Assis (2007, p. 611), adverte que a obscuridade pode ocorrer na motivação ou na parte dispositiva da decisão, sendo que neste último caso o defeito assume maior gravidade, impedindo o conhecimento do alcance da resolução que foi tomada.

De acordo com o entendimento do autor, a obscuridade quando presente apenas no relatório da decisão não surte significativo gravame por não comprometer a interpretação do ato.

3.4.2.1.3 Contradição

A contradição na visão de João Batista Lopes (2006, p. 190) é um defeito de lógica ou sinônimo de incoerência, como nas decisões em que a fundamentação reconhece o direito do autor, sendo que na parte dispositiva julga improcedente o pedido.

Sobre o tema, cita-se o julgado de Eminente Desembargador Francisco Oliveira Filho: “Contraditório é o pronunciamento judicial cujas asserções, porque contrastantes, se apresentam de entendimento inconciliável, demonstrando ilogicismo ou incongruência” (EDAI n. 10.606, rel. Des. Francisco Oliveira Filho, j. 06/08/1996).

Ensina também, Eládio Torret Rocha (2004, p. 213) que o magistrado deve tomar o cuidado de em duas decisões não emitir juízos contraditórios, ou seja: “[...] expressar-se, nas decisões, passando ao largo dos raciocínios mentais próprios de uma fundamentação clara, sensata, segura e lógica”.

Nesse sentido, ensina, o Eminente Desembargador, que o vício da contradição dos julgados impede que, após o trânsito em julgado, eles possam ser liquidados e executados com facilidade e correção.

Ainda sobre o assunto, Eládio Torret Rocha (2004, p. 213) ensina que a contradição deve ser verificada nos próprios termos do acórdão embargado, que os torna inconciliáveis entre si, e não entre ele e um determinado texto legal ou outra decisão proferida anteriormente no mesmo processo.

3.4.2.1.4 Prequestionamento

“À afloração das questões federal e constitucional no provimento, objeto de recurso especial e extraordinário, chama-se de prequestionamento” (ASSIS, 2007, p. 604).

Em outras palavras, explica o doutrinador que para efeitos de admissibilidade dos recursos especiais e extraordinários mister se faz o prequestionamento na decisão recorrida por pronúncia explícita do órgão julgador.

Conforme ensinamento de Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery (2008, p. 911), é necessário para o conhecimento do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário, a anterior interposição de embargos declaratórios quando o acórdão recorrido se omitir quanto à questão não decidida ou fundamento não examinado.

Nesse sentido seguem as seguintes Súmulas do Supremo Tribunal Federal:

STF 356: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito de prequestionamento”. (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 1964).

STF 282: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada”. (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 1963).

Ainda sobre o tema, Fredie Diedier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha (2008, p. 207) concluem que havendo omissão do julgado acerca de questão que será objeto de Recurso Especial ou Extraordinário, cabe ao recorrente interpor primeiramente embargos de declaração no sentido de forçar o pronunciamento do tribunal de origem.

Ressaltam, os doutrinadores, que de acordo com o enunciado n. 98 da súmula da jurisprudência dominante do STJ, que não possuem caráter protelatório os embargos de declaração com intuito de prequestionamento.

Finalizam, os autores, informando que há julgados do STF que consideram a simples interposição dos embargos de declaração como suficientes para fins de prequestionamento, independente de haver seu julgamento suprido ou não a omissão alegada. Fato denominado pela doutrina de prequestionamento ficto.

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