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Definição e construção do instrumento de recolha de informação

CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

3. Avaliação do impacto dos módulos no percurso académico

3.1 Definição e construção do instrumento de recolha de informação

Na perspectiva de Bogdan & Biklen (1994), a análise dos dados consiste em interpretar esses mesmos dados, conferindo um sentido a todo o material recolhido de que se dispõe. Desta forma, recolhidos os dados, organizamo-los com a finalidade de seleccionar aqueles que se mostraram como mais significativos para a resposta às nossas questões de investigação e ir ao encontro dos objectivos que nos propusemos atingir.

Considerando que, neste caso, o nosso instrumento de recolha de dados é a entrevista, o conteúdo do discurso dos entrevistados representa a nossa principal fonte de informação a partir da qual se pretende construir algum conhecimento sobre as concepções dos estudantes sobre o impacto da formação fornecida pelos módulos. Reconhecemos, porém, que o tratamento do conteúdo das entrevistas, é apenas uma etapa no acesso ao conhecimento (Nogueira, 2001).

Nesta etapa do estudo empírico, procedemos à análise categorial (Bardin, 1988; Quivy & Campenhoudt, 1995). Esta análise incide em unidades de texto, previamente desmembrados em categorias. As categorias são construídas consoante os temas que emergem do texto produzido pelos entrevistados (Bardin, 1988). Para classificar os elementos em categorias é necessário identificar o que eles têm em comum, permitindo o seu agrupamento.

Segundo a autora, a análise de conteúdo decompõe-se em três grandes etapas: 1) a pré-análise; 2) a exploração do material; 3) o tratamento dos resultados e a interpretação.

Desta forma, numa primeira fase organizámos todo o material disponível, neste caso, o conteúdo de entrevistas realizadas a seis estudantes de pós-graduação. Procedemos depois a uma leitura integral das entrevistas e colocámos, desde logo, algumas hipóteses e objectivos, elaborando alguns indicadores que sustentassem a interpretação.

Numa segunda etapa, os dados mais relevantes para as questões do nosso estudo são codificados a partir de unidades de registo para que, finalmente, se realize a categorização, que consiste na classificação dos elementos segundo as suas

semelhanças e por diferenciação, com posterior reagrupamento, em função de características comuns.

Cumpre-nos ressalvar que foi nossa preocupação, averiguar se as categorias definidas cumpriam os requisitos de boas categorias (Bardin, 1988).

As categorias deviam estar de acordo com o enquadramento teórico, dando a possibilidade de clarificar os conceitos nele envolvidos e, também, aceder às concepções dos estudantes de pós-graduação sobre o impacto da formação fornecida pelos módulos de desenvolvimento de competências.

Inicialmente, realizamos um primeiro exercício que constou no encaixe dos dados seleccionados para análise em cada uma das categorias e subcategorias criadas a fim de verificar a sua validade.

O quadro que se segue apresenta as principais categorias construídas e as respectivas subcategorias.

Categorias Subcategorias

1. Formação inicial,

competências ligadas às novas literacias e numeracias e mercado de trabalho

1.1. formação inicial ajustada e suficiente

1.2. formação inicial não ajustada e insuficiente

desenvolvimento de competências ligadas às novas literacias e numeracias

2. Motivos de inscrição nos Módulos

2.1. necessidades de formação (aquisição de competências- novas literacias e numeracias)

2.2. aprofundamento de conceitos (desenvolvimento de competências)

3. Avaliação do impacto da formação

3.1. utilidade

3.2. autonomia no manuseamento das ferramentas

4. Contexto de desenvolvimento de competências transversais

4.1. currículo académico

4.2. extra-curricular

5. Importância das

competências transversais face às competências

técnicas/específicas

5.1. sucesso académico

5.2. bom desempenho profissional

Quadro 10 - Categorias para tratamento das concepções sobre o impacto dos módulos de desenvolvimento de competências associadas às tecnologias da informação

As categorias apresentadas decorreram do encontro de três aspectos fundamentais em todo o trabalho. Os dados recolhidos e as questões de investigação constituíram-se como o nosso ponto de partida e procurámos traçá-las à luz do enquadramento teórico.

Seguidamente, procuramos descrever cada uma das categorias (e subcategorias) exploradas neste estudo.

Categoria 1. Formação inicial, competências ligadas às novas literacias e numeracias e mercado de trabalho

Esta categoria resultou directamente da apreciação realizada pelos entrevistados quanto à adequação da formação inicial ao mercado de trabalho e quanto à preparação de competências ligadas às novas literacias e numeracias da informação.

Subcategorias Descrição

1.1. Formação inicial ajustada ao mercado de trabalho e suficiente desenvolvimento de competências ligadas às novas literacias e numeracias

Unidades de registo que espelham a percepção dos estudantes sobre a adequação do currículo da sua licenciatura ao mercado de trabalho e na preparação suficiente de competências ligadas às novas literacias e numeracias

1.2. Formação inicial não ajustada e insuficiente

desenvolvimento de

competências ligadas às novas literacias e numeracias

Unidades de registo que espelham a percepção dos estudantes sobre a inadequação do currículo da sua licenciatura ao mercado de trabalho e a insuficiência na preparação de competências ligadas às novas literacias e numeracias

Quadro 11 - Formação inicial, competências ligadas às novas literacias e numeracias e mercado de trabalho: descrição das subcategorias

Categoria 2. Motivos de inscrição nos Módulos

A categoria deriva da nossa intenção de destacar e esclarecer as razões subjacentes à inscrição nos módulos de desenvolvimento de competências nas áreas das novas literacias e numeracias.

Subcategorias Descrição

2.1. necessidades de formação (aquisição de

competências- novas

literacias e numeracias)

Unidades de registo que evidenciam a falta de formação nas áreas das novas literacias e numeracias

2.2. aprofundamento de conceitos (desenvolvimento de competências)

Unidades de registo que demonstram existirem já algumas competências na área no entanto, a necessidade de as desenvolver é ainda importante Quadro 12 - Motivos de inscrição nos Módulos: descrição das subcategorias

Categoria 3. Avaliação do impacto da formação nas áreas das novas literacias e numeracias

A categoria explica a avaliação a curto e a longo prazo da formação obtida pelos estudantes e o contributo para a aquisição e desenvolvimento das suas competências nesta área.

Subcategorias Descrição

3.1. utilidade para o percurso académico (pós-graduação)

Unidades de registo que remetem para a utilidade destas competências no desenvolvimento da pós-graduação

3.2. autonomia no

manuseamento das ferramentas

Unidades de registo que atestam que estas competências conferem alguma autonomia no desenvolvimento das suas actividades de pós-graduação

Quadro 13- Avaliação do impacto da formação nas áreas das novas literacias e numeracias: descrição das subcategorias

Categoria 4. Contexto de desenvolvimento de competências transversais

Através desta categoria tentámos reunir a percepção dos estudantes sobre a forma mais adequada de promover as competências transversais ligadas às áreas das novas literacias e numeracias nas instituições de ensino superior. As subcategorias dividem-se entre a inclusão no curricula (formação inicial e pós-graduação) ou no decorrer de actividades extra-curriculares.

Subcategorias Descrição

4.1. curricula académico (formação inicial e pós- graduação)

Unidades de registo que evidenciam a necessidade de incluir as competências ligadas às áreas das novas literacias e numeracias na formação inicial e/ou pós-graduação

4.2. actividades extra- curriculares

Unidades de registo que certificam que este tipo de competências deverá ser ensinado em contexto extra- curricular

Quadro 14- Contexto de desenvolvimento de competências transversais: descrição das subcategorias

Categoria 5. Importância das competências transversais face às

competências técnicas/específicas

Inquirimos os estudantes sobre a importância que atribuem às competências transversais em relação às competências específicas de uma função (adquiridas no

Subcategorias Descrição

6.1. mais sucesso académico Unidades de registo que apontam para um percurso académico melhor sucedido

6.2. bom desempenho

profissional

Unidades de registo que atestam a compreensão pelos estudantes da importância das competências transversais em estudo para um bom desempenho profissional futuro

Quadro 15 - Importância das competências transversais face às competências técnicas/específicas: descrição das subcategorias

Apresentamos, de seguida, a análise e a discussão dos dados, reflectindo as concepções dos estudantes a partir das suas afirmações mais significativas para o nosso estudo. Recordamos que garantimos o anonimato dos entrevistados que aceitaram participar na nossa investigação, atribuindo-se um número a cada entrevista (Anexo VIII).

Face ao exposto, num primeiro momento, realizámos a análise de cada uma das entrevistas segundo as categorias pré-definidas para, num segundo momento, proceder a um cruzamento de dados das seis entrevistas como forma de resumir as conclusões da nossa análise de dados.