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Definição de Alimento e de Algumas de suas Variantes e Componentes

2 A CADEIA DE PRODUÇÃO AGROALIMENTAR

2.1 Definição de Alimento e de Algumas de suas Variantes e Componentes

Considerando as definições apresentadas a seguir, pode-se dizer que o foco desta pesquisa é a melhoria da qualidade de produtos alimentícios, uma categoria particular do que se define como “alimento”.

De acordo com o Decreto-Lei no 986, de 21 de outubro de 1969

publicado no Diário Oficial da União (DOU) de 21/10/1969, considera-se alimento “toda substância ou mistura de substâncias, no estado sólido, líquido, pastoso ou qualquer outra forma adequada, destinadas a fornecer ao organismo humano os elementos normais à sua formação, manutenção e desenvolvimento”.

O mesmo Decreto-Lei define como produto alimentício “todo alimento derivado de matéria-prima alimentar ou de alimento in natura, adicionado, ou não, de outras substâncias permitidas, obtido por processo tecnológico adequado”. Não estaria errado assumir que um produto alimentício é um alimento industrialmente processado.

Por sua vez, o Decreto-Lei no 986 de 21 de outubro de 1969 define matéria-prima alimentar como sendo “toda substância de origem vegetal ou animal, em estado bruto, que para ser utilizada como alimento precise sofrer tratamento e/ou transformação de natureza física, química ou biológica” e alimento in natura como sendo “todo alimento de origem vegetal ou animal, para cujo consumo imediato se exija, apenas, a remoção da parte não comestível e os tratamentos indicados para a sua perfeita higienização e conservação”.

Outras definições presentes no Decreto-Lei no 986 de 21 de outubro de 1969 e que podem ser úteis para a compreensão do presente trabalho, encontram-se no Apêndice A.

Recentemente, surgiu o conceito de “novos alimentos”. Segundo DÍAZ (2003b), conceber um novo alimento não se traduz em desenvolver um alimento até então desconhecido, mas significa ter um melhor conhecimento da composição e dos efeitos sobre a saúde dos componentes de um alimento já existente.

Como novo alimento, pode-se citar os alimentos funcionais, os alimentos nutracêuticos, os alimento prebióticos e os alimentos probióticos.

Um alimento funcional é aquele que engloba substâncias potencialmente saudáveis e que inclui “qualquer alimento ou ingrediente modificado que possa proporcionar um benefício à saúde, além dos nutrientes que contêm” (THOMAS apud DÍAZ, 2003b, p. 69).

Brócolis, pêssego, espinafre, rabanete, laranja, limão, entre muitos outros, são alimentos funcionais, pois contêm substâncias que melhoram a saúde de quem os consome.

Os alimentos nutracêuticos estão um passo adiante dos alimentos funcionais. Para The Foundation for Innovation in Medicine (FIM), tais alimentos são “aqueles (…) que produzam benefícios médicos ou sanitários, incluindo a prevenção e o tratamento de doenças” (FIM apud DÍAZ, 2003b, p. 70).

DÍAZ (2003b) cita o “tempen” como exemplo de alimento nutracêutico, pois é obtido através da germinação do grão de soja submetido à fermentação em presença de Rhizopus conseguindo, desse modo, dobrar o conteúdo de tiamina e riboflavona, além de aumentar consideravelmente a quantidade de niacina, todas substâncias fundamentais ao combate de algumas doenças degenerativas às quais o ser humano pode ser submetido.

São alimentos ou ingredientes prebióticos aqueles “não-digeríveis que estimulam seletivamente o crescimento e a atividade dos microorganismos intestinais benéficos para o organismo” (DÍAZ, 2003b, p. 70).

O mesmo autor cita como ingrediente prebiótico a fração de hidrato de carbono conhecida como fibra bruta e que está presente em grande parte dos alimentos vegetais tais como frutas, hortaliças, legumes, verduras e cereais.

Já os alimentos ou ingredientes probióticos são “microorganimos, não- patogênicos nem toxicogênicos, que se desenvolvem no trato intestinal (…) e que têm ação positiva na digestão de hidratos de carbono, sintetizam vitaminas hidrossolúveis e

atuam no intestino controlando o desenvolvimento de bactérias prejudiciais” (DÍAZ, 2003b, p. 70).

O autor cita como os mais importantes probióticos os lactobacilos e as

bifidobactérias.

Outro tipo de alimento não mencionado no Decreto-Lei no 986 de 21 de

outubro de 1969 é o alimento light. De acordo com DÍAZ (2003b), o termo light somente pode ser utilizado quando for cumprida a redução mínima de 25% das calorias ou de qualquer outro componente, devendo ser destinados às pessoas que pretendem perder peso. Segundo a mesma autora:

“Um alimento ‘diet’ não é necessariamente ‘light’ pois é possível restringir o açúcar e compensar em gorduras, como acontece na maioria dos chocolates ‘diet’. Ou seja, um alimento ‘diet’ não é necessariamente baixo em calorias e sim restrito em algum nutriente” (DÍAZ , 2003b, p. 65).

São muitos ainda os tipos de alimentos que restam para serem citados. Entretanto, para esta pesquisa, os termos citados anteriormente já ilustram a complexidade do setor alimentício.

No entanto, o mais importante deste capítulo está em salientar que o presente estudo trata de produtos alimentícios, e que o método aqui desenvolvido e proposto é propício para ser utilizado com qualquer dos tipos de alimentos definidos anteriormente.

O fato de se trabalhar com produtos alimentícios também obriga que se utilizem definições de elementos que podem dar origem a um produto alimentício, que são a matéria-prima alimentar e o alimento in natura. Um alimento dietético, light, prebiótico, probiótico, nutracêutico ou funcional, também podem dar origem a produtos alimentícios.

Outros importantes conceitos intimamente relacionados com os produtos alimentícios e que aqui são abordados, são os conceitos de rótulo e de embalagem.

Tanto o rótulo, quanto as embalagens de primeiro, segundo e terceiro níveis (respectivamente embalagem em contato com o alimento, embalagem que não

está em contato com o alimento, embalagens para estocagem) são componentes do produto alimentício.

Logo, quando se trata de qualidade de alimento, deve-se estender os conceitos não apenas para o produto que será consumido, mas também a todo seu envoltório que desempenha papel fundamental na preservação da integridade daquilo que será consumido.