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Definição de Variáveis/ Variáveis e sua Operacionalização

5. FASE METODOLÓGICA

5.4. Definição de Variáveis/ Variáveis e sua Operacionalização

FORTIN387 as variáveis podem ser classificadas de diferentes maneiras, segundo a sua utilização numa investigação.

Neste estudo, procedeu-se à definição objectiva das variáveis em análise.

5.4.1. Variável Dependente

A variável dependente é a resposta ou efeito, ou seja, o resultado que o investigador espera ou tenta explicar. Todas as mudanças que ocorrem nestas variáveis são normalmente associadas à variável independente. FORTIN define variável dependente como “a que sofre o efeito esperado da variável independente:

é o comportamento, a resposta ou o resultado observado que é devido à presença da variável independente”388. Neste estudo temos como variáveis dependentes o conhecimento, o juízo e os factos ou prática. Surge o conhecimento como variável dependente porque este distingue-se da mera informação porque está associado a uma intencionalidade. O conhecimento pode ser apreendido como um processo ou como um produto. Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, ideias e conceitos o conhecimento surge como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um processo. Podemos então olhar o conhecimento como uma actividade intelectual através da qual é feita a apreensão de algo exterior à pessoa. Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um facto ou fenómeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos na nossa vida quotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos.

A prática de enfermagem tem por base um conjunto de conhecimentos fundamentais, entre os quais se distinguem os conhecimentos científicos, os

387 Cf. FORTIN, Marie Fabienne (1999), p. 37.

388 FORTIN, Marie Fabienne (1999), p. 37.

conhecimentos de relação, os conhecimentos legais e os conhecimentos éticos. Os conhecimentos éticos proporcionam aos enfermeiros uma base de princípios de actuação profissional, e neste sentido, relacionam-se com um conjunto de normas que no plano dos valores morais do enfermeiro como pessoa e da enfermagem enquanto profissão, regulam o comportamento correcto do enfermeiro389. Dentro destes conhecimentos surge o conhecimento sobre o consentimento informado, pois este está descrito no Código Deontológico do Enfermeiro no artigo 84º relativo ao dever de informação, na alínea b), que o enfermeiro deve “Respeitar, defender e promover o direito da pessoa ao consentimento informado”.

A segunda variável dependente em estudo é o juízo. Dado que “os juízos éticos de valor (…), enunciam normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos actos, nossos comportamentos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e acções segundo o critério do correcto e do incorrecto”390. Os juízos éticos de valor dizem-nos o que é o bem, o mal, e enunciam que actos, sentimentos, intenções e comportamentos são incorrectos do ponto de vista moral. Surge, portanto o juízo ou opinião dos enfermeiros sobre o consentimento informado.

Por último temos como variável dependente os factos da aplicação do consentimento informado na prática do cuidar em enfermagem. A ética deve estar presente e orientar toda a intervenção do enfermeiro para que possa apreciar os fins, os meios e os resultados das suas intervenções, agir adequada e oportunamente, e tentar formas de actuação cada vez mais perfeitas que lhe permitam preservar e proteger os direitos da pessoa humana. Do princípio da excelência do exercício decorre a responsabilidade de autoformação e aperfeiçoamento pessoal e profissional.

Para que possamos chegar a uma acção concreta passamos por um processo de aquisição de conhecimentos que nos vão fundamentar os juízos éticos de valor, que nos vão determinar uma prática altamente influenciada pelos dois processos anteriores.

Na medida em que os comportamentos e os juízos estão em grande parte dependentes dos conhecimentos inerentes aos processos e estes dependentes duma correcta formação académica e formação contínua, julgamos conveniente

389Cf. PHANEUF, Margot (1993), p. 4.

390 CHAUI, Marilena (1995), Convite à Filosofia, São Paulo: Ática, p. 335.

dimensionar o número de questões em vinte e cinco sobre a dimensão conhecimento, com o intuito de melhor poder caracterizar a população alvo. À opinião sobre o consentimento informado na dimensão que nós designamos por juízo, elaboramos dezassete questões com o propósito de reconhecer as várias sensibilidades individuais que versaram desde a auto-avaliação sobre o conhecimento até à integração em manuais de boas práticas. Por fim, a dimensão

“facto” pretendeu conhecer o quotidiano das práticas do cuidar e a sua interligação com a vertente do consentimento informado, tendo para tal sido elaboradas onze questões. Ainda, das 62 questões individuais, oito serviram para a caracterização pessoal da amostra e uma para que os inquiridos pudessem fazer referência às questões que lhes causaram maior preocupação ética/deontológica.

A estas três dimensões, conhecimento, juízo e facto, numa perspectiva de mais fácil referenciação, passaremos a denominá-las no seu conjunto como

“atitude”, tendo em conta que a atitude ética na enfermagem pode ser referenciada como “o ideal ético da Enfermagem é cuidar o Homem, tendo como finalidade protegê-lo, preservá-lo e respeitar a sua integridade e dignidade, como tal, o cuidar a pessoa pressupõe uma atitude de profundo respeito assumida em cada intervenção como o principio de fazer o bem”391.

As atitudes cuidativas são desenvolvidas a partir de uma filosofia humanista como opção de base, feita por um Ser Humano para cuidar outro Ser Humano. São as atitudes de estima/respeito, dedicação/preocupação, interacção/ajuda, que traduzem, de algum modo, a razão do ser e agir humanos, ou seja a actuação do enfermeiro orienta-se pelas crenças e atitudes que foi consolidando ao longo da sua vida, e também pela educação e experiência académica e profissional. Um profissional de saúde não pode fornecer bons cuidados de saúde se não possuir as atitudes que o levem a usar adequada e sabiamente os conhecimentos que possui.

Pelo exposto, as atitudes éticas em enfermagem estão profundamente relacionadas com a interacção entre o conhecimento, os juízos aplicados e a tradução em actos concretos do cuidar em enfermagem que podem ser constatados como factos.

391 FERREIRA, Manuela e DIAS, Maria Olívia (2005), Ética e Profissão: Relacionamento Interpessoal em Enfermagem, Loures: Lusociência – Edições Técnicas e Cientificas, Lda, p.

107.

As questões que compõem a variável dependente são de resposta dicotómica (Sim/Não) em que é atribuído um ponto a cada resposta que esteja correcta. Os resultados possíveis de obter são de 0-25 na dimensão conhecimento, de 0-17 na dimensão juízo e de 0-11 na dimensão facto. Estes valores de resposta sendo inicialmente de ordem qualitativa, depois de estatisticamente elaborados, transformam-se em grandezas quantitativas ordinais, tornando assim possível obter medidas de estatística descritiva tais como, frequências, medidas de tendência central e medidas de dispersão.

A variável dependente (grandeza qualitativa), depois de estatisticamente transformada numa grandeza quantitativa ordinal, após serem aplicados os testes estatísticos paramétricos (que posteriormente referenciaremos), passa a assumir valores de grandeza quantitativa contínua entre valores de 0 a 1.

5.4.2. Variável Independente

A variável independente trata-se de uma actividade ou estimulo que pode ser manipulada pelo investigador de forma a alterar a variável dependente. Para FORTIN

variável independente é “a que o investigador manipula num estudo experimental para medir o seu efeito na variável dependente”392. A variável independente neste estudo é constituída pelo tempo de exercício profissional, pelo serviço (área médica/área cirúrgica), auto-conhecimento dos enfermeiros, a valorização atribuída ao consentimento informado, a percepção da praticabilidade do consentimento informado, e a aplicabilidade do consentimento informado na prática do cuidar em enfermagem.

É ainda de salientar que segundo FORTIN “(…) num estudo, pode haver várias variáveis dependentes submetidas ao efeito de uma ou varias variáveis independentes”393.