PARTE II: ESTUDOS EMPÍRICOS
6.1. Definição dos Objectivos de Investigação e Hipóteses
Criadas que estão as condições para poder entender a composição e estrutura do
constructo de relação óptima no trabalho em equipa que averiguámos no Estudo 1, fomos
investigar como é que ele se relaciona com outros constructos psicológicos como sugerido
por Jackson e Marsh em 1996.
Porém, considerando que interessa ainda reforçar o entendimento das qualidades
métricas da escala EROE (objectivo do Estudo 1 e que se pretende continuar a consolidar
ultrapassando alguma das limitações apontadas no primeiro estudo) começaremos por essa
testagem no capítulo dedicado aos instrumentos.
6.1.1.Objectivos de Investigação
O trabalho e a sua envolvência possuem uma enorme importância na vida das
pessoas, quer pelo tempo que nele investem quer pelo seu significado. Ele é em grande
medida realizado por grupos em organizações que nas suas dinâmicas revelam grande
complexidade.
Os objectivos que de seguida enumeramos alicerçados no revisitar da literatura
possuem o intuito de acrescentar algum contributo para a analise dessa complexidade.
sobre a ocorrência do fluxo no trabalho em equipa, sobre o desempenho e as estratégias de
coping mais adaptativas, b) se este tipo de clima organizacional influenciava
negativamente as estratégias de coping menos adaptativas, c) se a experienciação de fluxo
no trabalho em equipa influenciava positivamente o desempenho, d) se as estratégias de
coping mais adaptativas influenciavam positivamente a ocorrência do fluxo e se as menos
adaptativas a influenciavam negativamente. e) se a as estratégias de coping mais
adaptativas influenciavam positivamente o desempenho e se as estratégias de coping
menos adaptativas tinham uma influência negativa no mesmo, f) por último, se o fluxo no
trabalho em equipa e as estratégias de coping poderiam actuar como variáveis mediadoras
entre o clima organizacional autentizótico e o desempenho
Como podemos constatar estas são também questões que interpelaram alguns dos
autores revisitados na nossa pesquisa, pelo que as passaremos a analisar de seguida em
maior pormenor no desenvolvimento das nossas hipóteses.
6.1.2. Desenvolvimento das hipóteses.
Postula-se através das investigações sobre o Clima Organizacional que este
influencia, os comportamentos dos indivíduos e das equipas, e a produtividade
organizacional (Anderson & West, 1996; Bock, Zmud, Kim & Lee, 2005; Lee, Kim &
Kim 2006; Loo, 2003; Neves, 2000). Esta é a primeira hipótese do nosso estudo (H1).
Foster e Lloyd (2007) preconizam também que as organizações com climas
positivos são mais facilitadoras do aparecimento do fenómeno de relação óptima (fluxo) no
trabalho (H2). Postulamos também, que se as organizações autentizóticas contribuem para
proporcionar uma maior oportunidade para as pessoas desenvolverem e acomodarem
estratégias de coping mais adaptativas, em virtude de terem climas com maior
camaradagem, lideranças mais apoiantes e conciliadoras do desenvolvimento das relações
entre o trabalho e a família. Estas organizações proporcionam então a possibilidade de
desenvolvimento de estratégias de coping mais adaptativas, que permitem à pessoa lidar
com o stresse de uma forma mais adequada (Tap, Costa & Alves, 2005) a nossa terceira
hipótese (H3). Perante o transcrito parece-nos também lógico postular que que climas
menos positivos não promovem estratégias de coping tão adaptativas (H4) - a quarta
hipótese a averiguar.
O fluxo (um tipo de experiência positiva e intrinsecamente motivadora, que se dá
na realização de uma tarefa ou actividade) é um um acontecimento que proporciona
desenvolvimento e progresso pessoal, fazendo com que essa realização tome forma no
sentido do melhor desempenho possível à pessoa em determinado momento (H5).
Demerouti (2006) faz notar que que a ocorrência do fluxo no trabalho nem sempre é
sinónimo de um melhor desempenho, apenas se verificando nos trabalhadores que
efectuam trabalho intenso e orientado para objectivos, o que nos parece ser o caso do
contexto em que se desenrola o nosso estudo.
Também nos parece plausível postular que os colaboradores que se encontrem com
estratégias de coping mais adaptativas possuam maior desempenho em virtude da maior
facilidade que têm em lidar com a tensão percepcionada, a nossa sexta hipótese (Donner &
Csikszentmihalyi, 1992), (H6).
Inversamente, também nos parece lógico constatar que os trabalhadores que se
virtude da dificuldade que têm em lidar com a tensão, constituindo esta a nossa sétima
hipótese (H7).
Csikszentmihalyi (2002) considera que só é possível experienciar o estado de fluxo
quando a pessoa não está preocupada ou ansiosa com o seu desempenho, o que acontece
quando as estratégias de coping para lidar com stresse percebido são mais adaptativas
(Ben-Zur, 2009), a nossa oitava hipótese (H8). Logo, se a pessoa está com estratégias de
coping menos adaptativas (percepciona uma certa inadequação para lidar com a tensão)
não estará disponível para experienciar estados que exigem um certo equilíbrio harmonioso
entre os desafios e as suas competências (H9).
Pelas nossas leituras e reflexões verificamos que o clima organizacional é uma
variável que habita toda a organização, sendo percepcionada constantemente por todos os
actores organizacionais. Poderá assim ter uma influência sobre todas as outras variáveis
que aí se verificam, e dele dependendo a facilitação do fluxo no trabalho em equipa, as
estratégias de coping que as pessoas utilizam para lidar com o stresse ocupacional e o
desempenho.
Partindo dos postulados de que o clima organizacional influenciava positivamente o
fluxo no trabalho em equipa e que este influenciava o desempenho também de forma
positiva parece-nos plausível postular que podia existir uma mediação positiva do fluxo
entre o clima e o desempenho (H10).
No mesmo raciocínio, podemos admitir que a relação entre o clima da organização
e o desempenho pode também ser mediado de forma positiva pelas estratégias de coping
mais adaptativas (H11) e negativamente pelas estratégias de coping menos adaptativas
A formulação destas hipóteses levou-nos a construir o seguinte Modelo de
investigação.
6.1.3. Modelo de investigação
Na Figura 16 apresenta-se o Modelo de investigação que contempla estas hipóteses.
Figura 16. Modelo de investigação (hipóteses)
Como podemos observar existe no nosso modelo de investigação efeitos de
influência positiva directa do clima organizacional autentizótico sobre o desempenho,
sobre o fluxo no trabalho em equipa e sobre as estratégias de coping. Uma mediação do
fluxo entre o clima e o desempenho. Uma mediação das estratégias de coping entre o clima
e o desempenho, e por último uma influência positiva das estratégias de coping mais + + Desempenho Relação óptima em Equipa (fluxo) Clima Organizacional Autentizótico Estratégias de coping mais adapatativas Estratégias de coping menos adapatativas
adaptativas no fluxo do trabalho em equipa e uma influência negativa das estratégias de
coping menos adaptativas no fluxo do trabalho em equipa.
6.1.4. Operacionalização dos Constructos - Definição das Variáveis
Para o nosso estudo correlacional selecioanámos as seguintes variáveis:
a) Equipa. A identificação da equipa permitiu-nos identificar os pontos obtidos na
prova possibilitando ordená-las face ao desempenho.
b) Género. Esta variável tornou possível uma melhor caracterização da amostra.
c) Idade. Permitiu controlar os critérios de inclusão na amostra a este nível.
d) Habilitações literárias. Possibilitou aceder ao grau de estudos da composição da
amostra.
e) Cargo que ocupa na empresa. Permitiu aceder ao nível hierárquico e à descrição
profissional dos participantes no estudo.