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Primeiramente, cabe destacar que a literatura disponível, seja por meios físicos ou em bases científicas de pesquisa, aborda a gestão do portfólio sob diferentes aspectos. No entanto, os trabalhos e pesquisas que envolvem o seu desenvolvimento e implementação são escassos no país, apesar da existência de publicações relevantes, como os trabalhos de Miguel (2008) e Rabechini Júnior, Maximiano e Martins (2005), embora com aplicações específicas na gestão de novos produtos e na gestão de projetos. Em específico, as pesquisas de Prada e Abreu (2009) tangenciam alguns aspectos de portfólio de inovação, no entanto inseridos no contexto de gerenciamento de portfólio de projetos inovadores.

Conseqüentemente, esta pesquisa contribui no contexto teórico e prático, já que explora a integração entre gestão do portfólio no contexto de geração de oportunidades de inovação, tema pouco abordado nos referenciais teóricos, ao se tentar indexar o assunto nas principais bases de pesquisa nacionais e internacionais, a exemplo das bases de artigos em administração (scielo, science direct elsevier, onefile gale, wiley online library e directory of open access journals) do portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), bases de dados .

Por outro lado, ao longo das últimas duas décadas, tem se intensificado os trabalhos que visam integrar a gestão do portfólio na gestão do desenvolvimento de produtos ou no processo de desenvolvimento de produtos (PDP), no entanto, ainda com o enfoque no desenvolvimento de produtos e tecnologias (CLARK; WHEELWRIGHT, 1993; ULRICH; EPPINGER, 2004; EVANS; GAUSSELIN, 2005).

O desenvolvimento de tecnologia e inovação sob o ponto de vista do PDP está atrelado a sua fase inicial, onde se inicia a macrofase de pré-desenvolvimento segundo o modelo de Rozenfeld (2006). No entanto, sob o ponto de vista de que o desenvolvimento de tecnologias refere-se ao desenvolvimento de projetos que produzem novos conhecimentos e que devem ser transferidos para o desenvolvimento de produtos ou processos, este está concentrado em disciplinas de gestão de projetos e possui início e fim bem determinados (LEONEL, 2006).

O desenvolvimento de produtos possui uma finalidade determinada: o sucesso comercial no lançamento do mesmo e seu processo é cada vez mais crítico, uma vez que a velocidade com que o mercado demanda diferenciação faz com que haja um encurtamento no seu ciclo de vida (ROZENFELD et. al, 2006). Além desta característica, o PDP necessita de continuidade, uma vez que é necessário que o produto seja monitorado, melhorado, substituído e até mesmo descartado.

Mesmo com a importância de integrar atividades de desenvolvimento de produtos com o desenvolvimento de tecnologias (DREJER, 2002), há a necessidade de manter perene o processo de gerar e selecionar inovações de forma continua, de maneira que as oportunidades de inovação venham a ser pertinentes, tanto para a definição do portfólio de produtos como para o portfólio de tecnologias em um sentido mais amplo, aplicado inclusive em seus processos produtivos e modelos de negócio.

Conforme ilustrado pela Figura 1, para as finalidades deste estudo, a gestão da inovação está posicionada como um processo sistêmico e amplo que abrange as etapas dentro das quais as inovações podem ocorrer nas suas diferentes tipologias: levantamento, seleção, definição de recursos e implementação (CAVALCANTE, HARA, 2000).

As quatro primeiras etapas são baseadas no modelo sistêmico de inovação propostos por Tidd, Bessant e Pavitt (2008). A etapa de implementação se sobrepõe ao Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) ou Product Development Process (PDP) ou New Product Development (NPD), processo este baseado no modelo dos cinco estágios ou Five-Gate Model of Stage-Gate® (COOPER, 2001).

Figura 1 - Delimitação entre a Gestão do Portfólio a partir da Gestão da Inovação e o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) Fonte: Autoria própria, a partir de Cavalcante e Hara (2000), Cooper (2001) e Patterson e Kahn (2005).

Para Patterson e Kahn (2005), a etapa de comercialização ou introdução do produto no mercado está compreendida dentro do modelo Stage-Gate® no processo NPD.

Para Koen (2005), o processo de inovação é dividido em três áreas: o Fuzzy Front End ou Front-End, o próprio processo NPD e por fim a comercialização, conforme ilustrado na Figura 1.

Existem visões controversas quanto à abrangência do processo de inovação, mas adota-se, para este estudo, o modelo de Tidd, Bessant e Pavitt (2008) sem perder as conexões da etapa de implementação com o processo NPD de Cooper (2001), e procurando tangenciar as duas na exploração do objeto desta

pesquisa: a gestão de portfólio. Nesta pesquisa, o método de referência proposto para a geração do portfólio encontra-se inserido no processo inicial de gestão da inovação (gestão do portfólio de inovação na Figura 1), mas que também pode ser representado e/ou adaptado como uma atividade adicional dentro da etapa de pré- desenvolvimento do PDP. No entanto, não se deve confundir esta atividade com outra já existente nesta etapa, cuja ênfase é analisar o portfólio de produtos das empresas.

Portanto, dado o aspecto abrangente que se pretende dar a linha mestra de construção da pesquisa deste trabalho, e que são concepções de pesquisa em gestão da inovação, não se abordam tópicos explorados por outras disciplinas tais como sociologia, economia, psicologia, tecnologia da informação dentre tantas outras. No entanto, a gestão da inovação tangencia os processos de desenvolvimento de produto (PDP).

Embora todas estas disciplinas perpassem o complexo sistema de inovação, influenciem e sejam influenciadas por ele, por si só não responderiam à pergunta de pesquisa, cuja delimitação é as organizações empresariais. São estas que ao final, impactarão ou serão afetadas pelos resultados desta pesquisa.