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Neste estudo são aplicadas propostas metodológicas e embasamentos teóricos que se complementam e, assim, constituem ferramentas essenciais ao desenvolvimento da pesquisa. Inicialmente foram determinados o método de estudo e a definição da categoria de análise, sequenciado da delimitação da base teórica, da elaboração da proposta metodológica e do estabelecimento dos objetivos do estudo.

O estudo sugerido na tese fundamenta-se na abordagem sistêmica como campo conceitual e analítico. Em se tratando de estudos na área da saúde, o referido método reveste-se de importância ao proporcionar uma visão integrada entre os múltiplos determinantes de ocorrência da doença.

A categoria de análise dentro da ciência geográfica que melhor contempla o método escolhido é o espaço geográfico. A vantagem de se abordar a estrutura

epidemiológica desde a análise do espaço socialmente construído e ocupado pela doença está em se captar o processo gerador dessa estrutura e não somente descrevê-la estaticamente (Silva, 1990).

Para a operacionalização das fases de pesquisa foram utilizados os seguintes procedimentos metodológicos: levantamento e análise do acervo bibliográfico e documental; elaboração da base cartográfica; trabalhos de campo; construção e alimentação de banco de dados; análises estatísticas e geoestatísticas; e confecção de mapas temáticos.

Com a pretensão de ilustrar o esboço metodológico da pesquisa, estão expostos na figura 2 os delineamentos seguidos ao longo da construção da tese.

Tipo de estudo

A pesquisa apresenta-se dividida em três tipos de estudo. Inicialmente, propõe um modelo de avaliação da vulnerabilidade a ocorrência da esquistossomose em áreas endêmicas do estado, embasado nas concepções de vulnerabilidade de Cutter (2009), nas contribuições metodológicas de Batelle (DEE, 1973) e Borges (2009) e no uso de técnicas de geoprocessamento.

Em seguida realiza um estudo ecológico misto descritivo1 de séries temporais e analítico2 a partir de informações obtidas na base de dados do Sistema de Informações do Programa de Controle da Esquistossomose (SISPCE), no período de 2010-2015; no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010); no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2014) e na Secretária de Planejamento do Estado de Sergipe (SEPLAN, 2016);

Esta etapa do trabalho utiliza-se de técnicas de estatística e análise espacial para avaliar a distribuição geográfica e evolução temporal da esquistossomose no estado de Sergipe, identificando áreas de altas prevalências e intervenção prioritária. Assim como, analisa a associação das áreas hiperendêmicas (>15%) à indicadores socioeconômicos, educacionais e ambientais do estado.

Ato contínuo, foi realizado um estudo epidemiológico analítico, observacional de corte transversal3 em duas áreas hiperendêmicas do estado. A partir de análises de regressão linear foram apontados fatores de risco associados a infecção humana por S. mansoni, visando apresentar os distintos padrões de disseminação da doença nestas localidades.

Pesquisa bibliográfica

O estudo propôs uma ampla pesquisa bibliográfica com base em uma literatura pertinente que contemplasse a abrangência da análise. Para tal foi realizada uma busca

1Os estudos descritivos têm o objetivo de informar sobre a distribuição de um evento em uma população,

em função de variáveis ligadas ao tempo, ao espaço e ao indivíduo, possibilitando o detalhamento do perfil epidemiológico, com vistas à promoção da saúde (ROUQUAYROL, 2003).

2 Os estudos analíticos procuram esclarecer a associação entre exposição (causa) e um efeito específico

(evento ou doença), permitindo desta forma mostrar, a força de associação entre as variáveis dependentes e independentes.

3 O corte transversal estuda a doença e exposição a fatores de risco de uma população em um dado

criteriosa na base de dados por meio dos descritores: “esquistossomose”; “S. mansoni”; “vulnerabilidade”; “fatores de risco”; “padrões epidemiológicos”; entre outros.

Foram consultados o Portal de periódicos da Capes (on line), Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed (on line), dentre outros de reconhecimento nacional e internacional, os quais auxiliaram em todas as etapas da pesquisa. Nosso objetivo era conhecer os estudos sobre a esquistossomose no cenário nacional e internacional, visando obter subsídios para a interpretação dos dados no âmbito do estado de Sergipe. A partir deste passo, de compreensão teórica, foi desenvolvida a análise empírica do estudo.

Definição e aquisição da base de dados

Os dados coletados para esta pesquisa foram dos tipos primários e secundários. Os dados primários foram obtidos em trabalho de campo a partir de inquérito epidemiológico, questionários e entrevistas (Apêndice A e B).

Os dados secundários foram adquiridos junto a órgãos públicos federais¸ do estado de Sergipe e dos municípios, tais como: Programa de Controle da Esquistossomose (PCE), Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Secretária de Planejamento do Estado de Sergipe (SEPLAN), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Superintendência de Recursos Hídricos (SRH).

Tabulação e análise das informações

De maneira geral, o processamento dos dados foi realizado nos softwares Access 2010 e Excel 2010, nos quais as informações foram tabuladas e gerenciadas se materializando em forma de gráficos e tabelas. Para verificar a força de associação entre as variáveis foram utilizados recursos analíticos do programa SPSS 23.0. A espacialização dos resultados foi realizada no programa ArcGis v 12.2.1 4 e suas extensões.

4ArcGIS é o nome de um grupo de programas informáticos que constitui um Sistema de

informação geográfica produzido pela ESRI. Neste software estão incluídos: ArcReader, que permite ver os mapas criados com os outros produtos Arc; ArcView, que permite visualizar dados espaciais, criar

Definição do período em estudo

A definição do período de estudo baseou-se na disponibilidade dos dados mais recentes da série histórica considerados como concluídos, ou seja, situação configurada pela digitação e conferência do total de formulários pelo Centro de Zoonoses da Secretaria de Saúde do Estado, até o início da redação da tese. Como representativo do cenário atual de distribuição da doença no estado foi determinada a série temporal de 2010 a 2015. Neste intervalo, o PCE relacionava como população trabalhada 584.573 indivíduos, tendo sido realizados 407.471 exames realizados, correspondendo a 69,7% dessa população (BRASIL, 2010).

Propondo um melhor delineamento das etapas da pesquisa optou-se por apontar os procedimentos metodológicos utilizados a partir dos objetivos delimitados.