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ESQUISTOSSOMOSE NO ESTADO DE SERGIPE: SÉRIE HISTÓRICA 2010 2015.

Quadro 2 Localização dos pontos controle para elaboração do zoneamento*.

ESQUISTOSSOMOSE NO ESTADO DE SERGIPE: SÉRIE HISTÓRICA 2010 2015.

A esquistossomose mansônica é historicamente endêmica em Sergipe. Dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (2017) indicam que nas últimas décadas o estado apresentou uma das maiores prevalências para o agravo na federação. Considerando-se o período de 1980 a 1989 a média no estado foi de 17,3%, bem acima da média nacional de 9,2% (COURA FILHO, 2004). No período de 1990 a 2002 foi de 17,7%, segunda maior do Brasil, menor apenas que a do estado de Alagoas. Katz (2018) revelou em seu inquérito epidemiológico que o estado de Sergipe possui prevalências que apesar de decrescentes são as maiores do nordeste.

Na análise temporal realizada, 2010-2015, em média 47% dos municípios sergipanos enviaram dados para o PCE, havendo informações relativas a 34 municípios em 2010, 42 em 2011, 39 em 2012, 33 em 2013, 30 em 2014 e 36 em 2015. Em todos os anos da série histórica 100% dos municípios avaliados tiveram resultados positivos para infecção por S. mansoni (Tabela 16).

Tabela 16 - Indicadores do Programa de Controle da Esquistossomose em Sergipe, 2010-2015. Indicadores/ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total (%) (Média) Municípios trabalhados 34 42 39 33 30 36 47% Mun. positivos 34 42 39 33 30 36 100% % prevalência 8,2% 9,2% 7,6% 8,1% 6,4% 7,2% 7,8%

Fonte: Sergipe (2010-2015). Relatório do Programa de Controle da Esquistossomose – PCE/SE. Organização: Silva, Marília M. B.L., 2017.

No período em estudo, os dados do PCE demonstram que a prevalência geral do estado vem se mantendo estabilizada, 8,2%, 9,2%, 7,6%, 8,1%, 7,4% e 6,2% respectivamente, sendo apontada prevalência média de 7,8% (DP+- 0,9) e tendência de decréscimo de 0,25% ao ano (R²=0,8903), valores acima da média nacional, 5,4%, para o mesmo período (Gráfico 9).

Gráfico 9 - Percentual de positividade para esquistossomose no estado de Sergipe, 2010 - 2015.

Fonte: Sergipe (2010-2015). Relatório do Programa de Controle da Esquistossomose – PCE/SE. Elaboração: Silva, Marília M. B.L., 2017.

A maior abrangência do programa em relação aos municípios notificados deu-se no ano de 2011 (42 municípios), bem como, o maior percentual de prevalência da série, 9,2%. Da mesma maneira, 2014 registrou o menor quantitativo de municípios trabalhados, 30, e o menor percentual de positividade, 6,4%, observando que as prevalências tendem a ser mais elevadas em anos de maior cobertura do programa.

A redução no número de municípios notificados e de exames realizados em 2014 reflete o remanejamento dos agentes da busca ativa do S. mansoni para outras atividades, como por exemplo, o programa de controle da dengue, tendo em vista que esta doença teve prevalência e morbidade elevada no estado neste ano.

No computo geral, para o período em estudo, foram investigados 584.573 indivíduos, sendo realizados 407.441 exames coproscópicos dos quais decorreram 32.306 (7,9%) positivos para ovos de S. mansoni. Dentre as ocorrências positivas, a frequência em Sergipe foi maior no ano de 2010, apresentando 8.055 indivíduos portadores do agravo. Neste mesmo ano, foi observado maior quantitativo de exames realizados, 143.841, assim como, de população trabalhada, 98.473, demonstrando que à medida que se amplia a busca ativa aumenta a possibilidade de constatar novos casos da doença (CARVALHO & MENDONÇA, 2017) (Tabela 17).

Tabela 17 - Indicadores do Programa de Controle da Esquistossomose em Sergipe, 2010-2015. Ano/indicadores População Trabalhada Exames Realizados Amostras não recolhidas Casos Positivos

Total Total % Total % Total

2010 143.841 98.473 68,5% 45.368 31,5% 8.055 2011 99.331 72.644 73,1% 26.687 26,9% 6.705 2012 105.648 71.585 67,8% 34.063 32,2% 5.437 2013 89.827 62.542 69,6% 27.285 30,4% 5.081 2014 61.030 43.774 71,7% 17.256 28,3% 2.821 2015 84.896 58.453 68,9% 26.443 31,1% 4.207 TOTAL 584.573 407.471 69,7% 177.102 30,3% 32.306

Fonte: Sergipe (2010-2015). Relatório do Programa de Controle da Esquistossomose – PCE/SE. Organização: Silva, Marília M. B.L., 2017.

Enfatizam-se também os altos percentuais de amostras não recolhidas, 31,5%, 26,9%, 32,2%, 30,4%, 28,3% e 31,1% respectivamente, evidenciando o subregistros das informações. Infere-se que os elevados valores deste indicador estejam relacionados,

sobretudo, a restrição da população aos métodos de investigação29 do programa de controle, sinalizando a importância e atual necessidade de ações de educação em saúde para as populações endêmicas do estado. De acordo com Silva (2009), a conscientização da população, a partir de campanhas de educação em saúde, é a maneira mais eficaz de prevenir e controlar doenças.

No tocante ao percentual de tratamento da população, observou-se que em todos os anos da série histórica os índices foram baixos, atingindo apenas no ano de 2014 os 80% dos sabidamente infectados, fato que compromete o êxito nas ações de controle do agravo (Tabela 18).

Tabela 18 -Indicadores do Programa de Controle da Esquistossomose em Sergipe, 2010-2015.

Indicadores/ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total

Pessoas a tratar 8.633 6.733 5.773 5.260 2.844 4.309 33.552

Pessoas tratadas 4.727 4.866 3.754 4.127 2.314 3.362 23.150

Não tratadas por ausência

1.774 1.151 1.486 636 281 558 5.886

% de tratamento 54,7% 72,2% 65% 78,4% 81,3% 78% 68,9%

Fonte: Sergipe (2010-2015). Relatório do Programa de Controle da Esquistossomose – PCE/SE. Organização: Silva, Marília M. B.L., 2017.

Em adendo as proposições apresentadas, ressaltamos que, além do adoecimento, o risco de óbito por esquistossomose também é uma realidade no estado. Na última década, a doença constitui uma das principais causas de mortalidade no quadro epidemiológico estadual, com uma média de 193 óbitos no período entre 2004 e 2014 (MS/SVS, 2014), evidenciando a gravidade da doença enquanto problema de saúde pública, uma vez que se trata de enfermidade prevenível e tratável.

De acordo com a classificação de prevalência adotada pelo PCE, representada em termos de positividade parasitológica e categorizada conforme metodologia proposta, por ano, os percentuais municipais foram revelados da seguinte maneira:

Em 2010, 6 (seis) municípios apresentaram prevalência baixa (< 5%), 23 (vinte e três) de moderada a alta (entre 5% - 25%) e 3 (três) muito alta (>25%), sendo estes os

29 Em comunidades mais tradicionais as populações se sentem constrangidas e, se negam a entregar as amostras para realização dos exames parasitológicos de fezes.

municípios de: Ilha das Flores (33,91%); Santa Rosa de Lima (29,3%) e São Cristóvão (25,1%) (Figura 28).

No ano de 2011, ano de maior abrangência do programa em termos de cobertura de áreas endêmicas, 9 (nove) municípios apresentaram prevalência < 5%, 29 (vinte e nove) revelaram taxas entre 5% e 25% e 4 (quatro) situaram-se acima de 25%, correspondendo aos municípios de: Japoatã (34,2%); Cristinápolis (30,6%); São Cristóvão (31,7%) e Maruim (28,2%) (Figura 28).

Para o ano de 2012, as proporções se mantiveram, 7 (sete) municípios evidenciaram prevalência < 5%, 28 (vinte e oito) entre 5% e 25% e 3(três) >25%. Entre as maiores prevalências observadas estavam: São Cristóvão (30,2%); Riachuelo (29,6%) e Japoatã (28,1%) (Figura 28).

O ano de 2013 revelou as maiores prevalências da série histórica, dos 33 municípios trabalhados, 5 (cinco) evidenciaram prevalência <5%, 20 (vinte) situaram-se na faixa entre 5% e 25% e 7 (sete) apresentaram os índices mais elevados, >25%, a saber: Capela (43,9%); Pacatuba (42%); Itabaianinha (41%); Riachuelo (32%); Cristinápolis (28,1%); Rosário do Catete (27,3%); São Cristóvão (26,5%) (Figura 28).

Em 2014, ano de menor cobertura do programa, dos 30 municípios notificados 8(oito) apresentaram taxas de prevalência < 5%, 19 (dezenove) entre 5 e 25% e 2 (dois) municípios evidenciaram prevalência muito alta, >25%, sendo estes: Santo Amaro das Brotas (26,1%) e Ilha das Flores (25,2%) (Figura 28).

No ano de 2015 observou-se uma redução nos índices de positividade, em que 11 (onze) municípios evidenciaram prevalência muito baixa (<5%), 23 (vinte e três) situaram-se na faixa moderada, entre 5% e 25%, e apenas 1 (um) município evidenciou prevalência muito alta, a saber, São Francisco (34,62%) (Figura 28).

As prevalências registradas acima de 50% não constituíram parâmetro de análise para este estudo, tendo em vista que se tratavam de erros de amostragem. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES), os exames realizados pelo PCE são feitos de maneira aleatória, de acordo com critérios particulares de cada município, em que os coletores universais para amostras fecais são distribuídos arbitrariamente a uma parcela da população.

Nesta conjuntura, em virtude da má distribuição das amostras em localidades endêmicas, as taxas de infecção humana podem chegar a serem notificadas com prevalência de até 100%, distorcendo de certa forma o resultado. Situação verificada em

2010 para os municípios de Boquim e Carmópolis, no ano de 2012 em Telha, em 2014 no município de Japoatã e em 2015 para Pacatuba.

No computo geral, a maioria dos municípios sergipanos estão distribuídos na faixa de moderada a alta positividade, 79,6%, seguido de baixa, 14,3%, e muito alta, 6,1%, apontando diversidade nas situações de risco e transmissão da doença (Tabela 19).

Tabela 19 - Distribuição dos municípios sergipanos segundo média do percentual de positividade. PCE/ Sergipe, 2010-2015.

Índice de Positividade % Baixo (< 5,0%) 7 14,3% Moderado (5,0 – 15,0%) 27 55,1% Alto (15,1% – 25,0%) 12 24,5% Muito-Alto (>25,0%) 3 6,1% Total 49 100

Fonte: Sergipe (2010-2015). Relatório do Programa de Controle da Esquistossomose – PCE/SE. Elaboração: Silva, Marília M. B. L., 2017.

A distribuição espacial aponta municípios com prevalências altas e constantes para quase todos os anos deste estudo, sendo notórias as elevadas médias de positividade registradas em: Japoatã (37,2%); São Cristóvão (24,1%); Cristinápolis (23,6%); Santa Rosa de Lima (23,6%); Pacatuba (23,2%); Ilha das Flores (21,6%); Itabaianinha (21,5%); Maruim (21,1%); Riachuelo (21,1%); e Capela (20,3%), áreas historicamente endêmicas e que demandam atenção prioritária (Figura 28).

4.2 - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA ESQUISTOSSOMOSE EM SERGIPE: