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CAPÍTULO CINCO NÚMERO

DESAFIO DO NÚMERO

É um desafio à individualidade e ao auto-respeito da pessoa. Tem raiz no controle excessivo ou na disciplina muito sensível por parte das figuras de autoridade na infância. Em particular, o pai foi muito pouco agressivo, a tudo suportou, ou não esteve presente durante a formação da criança. A mãe, talvez, tenha sido muito autoritária, desempenhando o papel do ''homem'' e confundindo a criança. Por conseguinte, a criança torna-se adulta sem compreender como ficar à vontade sozinha, ou como comunicar- se para conseguir o que quer ou precisa.

À medida que a criança cresce, se as idéias e decisões independentes depararem-se com a crítica ou com adoração superprotetora, ela se frustrará e fará coisas impróprias para chamar atenção. Tentará agradar ou incomodar o pai ou mãe incompreensivo, ou a autoridade controladora. Adquirirá o hábito de ir de um extremo a outro. Por não ser capaz de autonomia, por querer amor, mas não saber satisfazer as expectativas pessoais ou os desejos, a criança será facilmente controlável, ou então, zangada, tentará controlar-se.

Hábitos defensivos da juventude fortalecem-se com o tempo e formam configuração do comportamento improdutivo. A pessoa, de maneira submissa, evita a liderança e os confrontos, ou, de maneira beligerante, toma a frente e os inicia ela mesma. No esforço de ser ele próprio e evitar desapontamentos, o 1 vai a extremos emocionalmente dolorosos e estressantes.

Antes que os 1 comecem a abandonar os hábitos induzidos pela ansiedade e a praticar o tipo de comportamento afirmativo que não resulte em hostilidade, teimosia e egocentrismo, devem

concentrar-se no resultado final. Crianças ou adultos com o desafio do 1 querem aceitação e enaltecem a originalidade, a confiabilidade e os atos progressistas. Para mudar o comportamento infantil — para serem "crescidos" — é essencial que os 1 tenham autodisciplina, coragem em suas convicções e aceitem a responsabilidade por seus atos.

Infelizmente, de modo geral, a pessoa com desafio permite que a raiva e a frustração aumentem e explodam sucessivamente. Pode vacilar ao tomar decisões, no empenho de evitar cometer erros ou perder amor, e não reclamar quando é alvo de pequenas desconsiderações. Estas pequenas desconsiderações, de maneira toda especial, acumulam-se e formam a ''esteira que quebrou a corcova do camelo'' — o motivo habitual de alguma reação exagerada que, depois da reflexão, é considerada autodestrutiva ou improdutiva.

Na juventude, se a figura da autoridade demonstrou preocupação excessiva ou foi demasiadamente inacessível ou indisponível por divórcio ou morte, a aceitação ou rejeição foi percebida pela criança como ''ele me ama, ele não me ama''. Os julgamentos emocionais infantis, baseados nas percepções em branco e preto, persistem até a maturidade, quando os desafios têm efeito. Ao experimentar idéias criativas, quando jovem, ou ao emitir conceitos profissionais, quando adulto, o portador do desafio espera ser recebido com desaprovação ou com exultação bajuladora pela utilidade e pelo individualismo.

Se uma pintura primitiva feita com os dedos no pré-escolar permanece glorificada na parede quando a criança já está no ginásio, ela não tem meios de saber se merece a honra, ou se os pais são corujas demais. Quando adulta, a criança fica sem pontos de referência para a justa auto-avaliação. O resultado pode ser a autodepreciação ou desenvolvimento de ego extraordinário.

As sementes que frutificam em rejeição antecipada são plantadas em episódios diários, aparentemente pequenos. Uma criança que apanha e carrega coisas para os outros pode esconder

defensivamente a necessidade de liderança, e tornar-se, ao mesmo tempo, autocentrada. Pode também parecer acomodada ao manipular terceiros e/ou pode alimentar, com arrogância, um complexo de superioridade. Sob o desafio do 1, a pessoa deve resistir a controlar os outros no desejo de não ser controlada.

E essencial reconhecer que é loucura querer ser reconhecida por meio da dominarão sutil. Este hábito conduz apenas à não- compreensão, por parte de todos, dos desejos pessoais do portador do desafio — e muito menos por parte de si mesmo. Até que a autocrítica revele os problemas, e seja assumido o compromisso de mudar, a personalidade irá oscilar de acomodada a egoísta.

Durante os anos da adolescência, este desafio pode forçar boas crianças a romperem e ir buscar independência muito antes de poder se sustentar — trazendo à tona a rejeição que mais temem. Outras, talvez, adquiram o hábito de pensar, em vez de ouvir, enquanto os outros falam, e desprezar a conversa no intuito de obter aceitação ou liderança. Os portadores do desafio número

1, ou são muito "precipitados", ou, então, "ficam muito tempo no

parque". O estalo de saber quando ser paciente e quando fazer mudanças não ocorre muito cedo. E difícil para estes indivíduos compreender que os 1, para os outros, só fazem o que é melhor para si mesmos. Os portadores do desafio 1 não compreendem que os relacionamentos prosperam quando as necessidades pessoais são claramente definidas e solicitadas.

A impaciência também conduz o portador do desafio número 1 a acreditar que tudo deve ter solução imediata. Seu senso de imediatismo é impróprio e acelera as decisões e atos quotidianos até proporções críticas. O portador impaciente do desafio jamais considera equilibrada a abordagem, a discussão paciente, o detalhamento de uma boa ideia ou o esboço das tendências.

Despir as defesas e romper hábitos confortáveis pode ser difícil. Entretanto, o portador do desafio 1 tem a opção de reconhecer os erros passados. Pode mudar sua abordagem e lançar impressões deturpadas da infância que acarretem estresse, contrariedade e

fraqueza. Até que o 1 perceba que todos têm o direito de ser eles mesmos e que os outros precisam de tempo para digerir e ajustar-se às suas preferências, a personalidade dominadora ou infantil virá à tona, terá acesso de mau humor, baterá em retirada e virá novamente à tona.

O desafio número 1 pode oscilar de um a outro dos seguintes extremos, até que cada um deles seja reconhecido, dando início a novos hábitos que estabilizem o ego.

Muito impaciente ou muito passivo.

Muito independente ou muito dedicado. Muito realizador ou muito despretensioso. Muito criativo ou muito copiador.

Muito ambicioso ou muito letárgico. Muito egocêntrico ou muito indulgente. Muito agressivo ou muito indeciso.

Muito afirmativo ou muito submisso. Muito controlável ou muito controlador. Muito obediente ou muito provocador. Muito egoísta ou muito generoso.

Muito dominador ou muito obsequioso. Muito mutável ou muito preguiçoso. Muito só ou muito enturmado.