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CAUSAS DA DEFICIÊNCIA VISUAL

4.6 Desafios dos PCDS

Os PCDS que passam da modalidade do ensino fundamental e médio, saem deficientes por não conhecerem o básico dos seus direitos e por não ter uma boa aprendizagem. Isso acontece devido à falta de materiais adaptados para auxiliar os mesmos, segundo os relatos recolhidos. Ainda como resultado desses relatos, a maioria dos entrevistados, afirmam ser o aspecto físico o item mais precário das

instituições escolares, seguidos dos materiais que não são adaptados e a falta de preparo dos professores em atender os PCDS.

Na atualidade, os alunos no ensino regular ficam isolados dentro da própria classe, ao contrário do que acontecia na Europa, onde eles eram separados fisicamente nos fundos das escolas, o que demonstra que a barreira agora é imaginária.

O aluno PCDS tem que entrar na escola e contar com a boa vontade dos professores em se aproximarem deles ou, eles tem que fazer de conta que aprendem e os professores fazerem de conta que dão aula. Não é a falta de visão que impede alguém de aprender e sim o meio a escassez de acessibilidade das séries iniciais até o mundo acadêmico. Os deficientes visuais precisam de material adaptado como o Braille ou em formato de letras ampliadas, dentre outros formatos acessíveis e de reforço para as matérias de que requeiram muitos detalhes visuais, que o aluno encontre o meio que ele prefira para estudar. Então, introduzir um aluno seja no ensino regular ou na faculdade, sem o mínimo de reabilitação e sem material adequado, é obrigar os professores darem notas para aprovação. Como também uma pessoa reabilitada fazer um curso, sem que acesse o material adaptado para a necessidade dele é desumano, pois o mesmo se esforça para aprender e arrisca a sua vida para tentar mudar de condição social e ganhar uma respeitabilidade maior da sociedade se mostrando competitivo com os demais alunos.

A falta de consciência política e dos administradores das escolas, reitores que não tentam transformar a sua instituição em um ambiente inclusivo e civilizado para todos, acabam afastando alunos do ensino regular e das faculdades públicas e privadas, Assim marginalizando os deficientes, segregando da sociedade e de uma educação de qualidade.

Nesta perspectiva, além de jogar um problema para os professores e praticamente obrigá-los a fazerem cursos de especialização para tratar com cada deficiência em geral, os organizadores e responsáveis, de fato, só se preocupam com quantidade de aluno que são giro de capital e dentre outras realidades do gênero. Dessa forma, os PCDS são afastados dos órgãos de ensino.

Para os deficientes visuais, causa uma barreira quase que intransponível só penetrada por poucos, por não quererem ser rotulados pela sociedade como incapaz, que não presta para nada, ou seja, a mentalidade adquirida ao longo dos séculos. A partir dessa premissa alguns cegos tem a atitude de enfrentar o problema

e se assumir perante a sociedade no seu lugar de deficiente visual, todavia não concordando com a mentalidade empregada aos mesmos. O problema é que só a minoria que tem o empoderamento de lutar contra essa superestrutura danosa a sua imagem como cidadão. Com a desistência da maioria, há o fortalecimento dessa mentalidade. E a educação é um dos meios que possibilitam tamanha ascensão para os sujeitos com deficiência visual de ser independente na vida privada, financeiramente e crescer profissionalmente, adquirindo a respeitabilidade da sociedade preconceituosa. Alguns deficientes visuais ainda acabam aceitando essa mentalidade de tal forma que, achando essa dificuldade por parte dos estabelecimentos educacionais, a proporcionar uma educação mínima, é devido o alto custo para qualificar um PCDS de forma satisfatória.

O Sistema Braille é um código e as outras tecnologias são caras. Devido a essa condição, os deficientes visuais ficam impossibilitados de galgar um futuro diferente do que a sociedade espera com tanto preconceito. As pessoas cegas chegam a acreditar que o estado não tem nada haver com a sua deficiência e acha melhor aceitar esse rótulo dado pela sociedade e mais uma vez, alimenta a mentalidade sobre o mesmo.

Contudo, depois das entrevistas ficou transparente a forma como os PCDS são jogados nos colégios regulares, faculdades sem o menor preparo dos professores em trabalhar com alunos com essas limitações, Eles acabam passando o sujeito com deficiência, na ilusão que está auxiliando o mesmo que posteriormente, quando o mesmo terminar o ensino médio. O deficiente será ferramenta de substituição da mão de obra, mesmo que ele não esteja qualificado, pois faltou material adaptado para que o cidadão tenha uma educação de qualidade. E isso, não acontece só, com deficientes. Percebemos também a mesma atitude com pessoas ditas sadias. Fica evidente, que desde os primeiros períodos históricos a base da economia era baseada na terra e não era interesse de ninguém que estivesse no poder dar educação para todos. Esse privilégio era de poucos indivíduos ricos. A grande maioria do ocidente é, hoje, uma sociedade capitalista e um deficiente com o ensino médio, superior. Já possibilita uma futura economia para o estado na previdência social, já que o PCDS poderá está empregado, reabilitada a sociedade.

Nesta perspectiva, o estado alimenta a velha mentalidade, porque vai dirimir recursos para educação regular e consequentemente das escolas especiais. Com

isso, diminui o transporte escolar que é essencial para os deficientes visuais em reabilitação. Assim mais uma vez segregando os alunos com ausência de visão e fortalecendo a velha mentalidade formulada pelo velho testamento.

No Brasil, a partir do século XIX, foram criadas leis para favorecer aos deficientes visuais, só que para exigir os seus direitos, eles precisariam dominar o Sistema Braille, informática ou alguém que pudesse fazer e dar essas instruções para os mesmos, pois já havia no guia legal um resumo das leis referentes ao sujeito com deficiência visual. Esse documento, desde o século XIX esteve disponível em áudio e formato acessível no site da Câmara dos Deputados Federais. No século XXI temos o estatuto da pessoa com deficiência, outro manual de leis aplicadas aos sujeitos com deficiência.

Nota-se que não é por falta de lei que os sujeitos com deficiência visual não gostam de estudar, o principal motivo é o descaso com a falta do material didático necessário para os mesmos e a falta de acessibilidade arquitetônicas dos terrenos dessas instituições de ensino e ruas, além da mentalidade maldosa sobre a pessoa cega. É muito difícil para os sujeitos com ausência de visão andar pelas ruas e exercer seus direitos plenos como cidadão, apesar de tantas leis e preocupações com a pessoa com deficiência, elas não saem do papel. Para tal precisa uma maior fiscalização dos poderes públicos e cobrança dos interessados para que essas leis entrem em vigor indefinidamente no Brasil