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O PROCESSO HISTÓRICO DAS ESCOLAS ESPECIAIS ATÉ CHEGAR A ALAGOAS

3 A RESISTÊNCIA DOS DEFICIENTES EM LUTAREM PELOS SEUS DIREITOS

4 O PROCESSO HISTÓRICO DAS ESCOLAS ESPECIAIS ATÉ CHEGAR A ALAGOAS

4.1 Historicizando

Na civilização ocidental como já foi abordado nesta monografia, os cegos e demais deficientes não tinham direito à vida, eles eram exterminados ao nascer e nem se quer chegavam a ter direito à educação. Contudo, como já foi comentado anteriormente, essa circunstância só começou a ser transformada a partir do cristianismo. Apesar disso, nos séculos posteriores foi se dirimindo essas práticas, contudo ela continua sendo executadas nos outros períodos históricos. Logo, fica complexo até fazer essa divisão de onde começa a mentalidade de extermínio das pessoas com deficiência ao longo dos séculos e onde ela termina de fato, pois estamos refletindo sobre uma superestrutura de um processo histórico, que possui várias vertentes e cada qual, com a sua autenticidade e diversas lacunas, para serem descobertas ou interpretadas através das fontes.

No primeiro caso chegar essa conclusão era mais difícil, porém com calma e um pouco de raciocínio lógico. Fica claro que é possível de superar, já que um ser histórico não perde as suas habilidades adquiridas ao longo dos seus anos de vida. Logo, basta um pouco de esforço que as dificuldades iniciais serão extirpadas aos poucos. Inclusive, neste período a religião era cultivar a natureza e todo conhecimento adquirido era de forma empírica. Logo, a religião aqui não influenciou tanto quanto nos outros séculos, contudo baseado no livro de Gêneses, neste período já existia religião. Afinal, é uma religião circular que está do começo do mundo até o fim, porém nesse período Histórico nem existia escrita como nos tempos posteriores, pois a escrita não pode ser atribuída a um só povo.

As primeiras tentativas de se criar sistemas de escrita aconteceram por volta de 4000 a.C.. Os sistemas mais rudimentares apareceram muito antes que os primeiros alfabetos – dois milênios mais tarde – ganhassem forma. De fato, não podemos atribuir o surgimento da escrita a uma única sociedade. Em épocas bastante próximas, civilizações americanas, os egípcios, chineses e mesopotâmicos começaram a desenvolver seus sistemas de representação gráfica.

Em um primeiro momento, as primeiras inscrições eram feitas por meio de desenhos que visavam reproduzir de forma simplificada os conceitos ou coisas a serem representadas. Esse tipo de escrita é usualmente conhecido como escrita pictórica ou hieroglífica. O mais antigo registro escrito que se tem notícia foi encontrado na cidade de Uruk, atual região sul do Iraque. Com o passar do tempo, os sistemas de escrita foram ganhando maior

complexidade quando os símbolos passaram a representar sons. (SOUSA38)

Com isso não possuía conhecimento científico amplo para entender e solucionar problemas do cotidiano das civilizações da época, e não poderia ter acesso ao conteúdo do Velho testamento. Logo, o conhecimento científico só foi sistematizado posteriormente. Assim, eles não poderiam ser guiados pela razão. Já na segunda opção, no século XXI é mais fácil superar essa limitação, pois aqui neste período já temos o domínio em parte da natureza e temos o conhecimento científico. Fixamos moradia e deixamos de morar de forma vulgar ou natural como nossos antepassados que moravam em cavernas hoje sofisticamos os materiais da mesma e transformamos-a em casa, Nada mais do que a comprovação que homens dominam a natureza em parte.

Contudo, o sujeito que pensa da forma pré-histórica deixou-se dominar pela velha mentalidade empregada ao longo dos anos através do velho testamento, como podemos ver na Bíblia, onde “o senhor afirma que foi ele que criou o surdo, cego” (ÊXODO, 4.11). Já dessa parte em diante vemos uma contradição na vontade de Deus e de Jesus Cristo, pois o primeiro cegava e o segundo curava dentre outras ideias semelhantes. Outra mentalidade atribuída ao Velho Testamento é que ficar cego é a mesma coisa que morrer em vida. Segundo o livro de Juízes que conta a história de Sansão e Dalila, diz que Sansão, cego por seus inimigos, era considerado por esses, como morto em vida e não mais poderia se vingar. Além do cabelo cortado, que segundo a Bíblia Sagrada no Velho Testamento era a fonte de força do herói. E essa mentalidade foi passada hereditariamente perante os séculos e muita gente ainda acredita nesta ideia.

Na Grécia já começavam a existir cegos famosos como Tirésias o profeta e Homero um poeta cego e autor da Ilíada, odisseia e outras obras. Além desses personagens famosos tinham outros cegos sendo utilizados como oráculo e vidente. Isso só foi possível, porque na Grécia a mitologia Grega era a religião da vez a cosmogonia uma versão do criacionismo, evolucionismo. Só que a cosmogonia se assemelha mais ao criacionismo do que com o evolucionismo cientifico de Charles

38Disponível: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/origem-escrita.htm> Acesso: 12/04/2018.

Darwin. Contudo, o que basta compreender aqui é que o criacionismo, cosmogonia39

e evolucionismo são maneiras de contar como surgiu a origem de tudo na terra. As duas primeiras são baseadas na fé, medo e conta a origem do mundo através de um ser sobrenatural e de forma circular onde não é possível atribuir uma data certa da criação do universo e a segunda através da razão. Onde o Big Bang é a origem do universo e sua criação é contada de forma linear ao contrário das duas primeiras.

Enquanto a cosmogonia não permitia que a plebe fosse para o céu, que era chamado de olimpo, e esse era o lugar da morte de deuses e semideuses, o tártaro era o inferno. Assim, fazendo uma analogia com o catolicismo, o tártaro era onde o resto da população da época era jogada, se não fosse deuses ou semideuses. Isso ocorria independentemente das suas atitudes, ou seja, mesmo o sujeito praticando bondade, seguindo e adorando tais deuses, ele não teria salvação após a sua morte. Também, se o sujeito praticasse maldade fizesse algo que contrariasse os deuses, o mesmo era jogado no lugar pior do tártaro. Posteriormente o catolicismo romano acaba vencendo a mitologia greco-romana, e difundida em todo o ocidente e aceita no final do século IV e V. A aceitação do cristianismo ocorre com a morte de Cristo, pelos imperadores Adriano, Constantino e assim sucessivamente.

Com isso, explicasse a origem dos personagens cegos na história, como por exemplo: o profeta Tirésias que ficou cego, depois de adulto, e assim adquiriu o seu dom. Quanto a Homero, o poeta cego, os historiadores não chegaram a um consenso sobre sua existência, porém como é atribuída duas obras clássicas como a Ilíada, Odisseia dentre outras, sua existência é uma questão de fé como vários atos e explicação do cristianismo e demais religiões criacionistas. Observamos que a religião é a maior propagadora da mentalidade sobre os sujeitos com deficiência, por isso ela é tão comentada neste trabalho.

A religião é a principal maneira de extirpar tal mentalidade, através da razão. Sua influência está bem marcada na educação, já que por muito tempo, a igreja deteve o monopólio da educação, desde o período medieval. A educação continuou, por muito tempo, a ser de forma oral e empírica para os cegos, voltada apenas para a sua sobrevivência. Muitas civilizações antigas continuaram a exterminar os recém nascidos com deficiência. Com isso, observamos que não houve grandes

39 O termo cosmogonia vem do grego kosmos, que significa universo, e de gignomai, que quer dizer nascimento ou gênese. Assim, a cosmogonia é um relato, normalmente mítico, que explica a criação e a ordem do universo e, ao mesmo tempo, o surgimento dos seres humanos. Disponível < https://conceitos.com/cosmogonia/>. Acesso: 02/05/2018

progressos em analogia com o período pré-histórico, para os sujeitos cegos e PCDS, o que se constata é a piora no discurso contra os sujeitos com deficiência.

A mentalidade que consta no Velho Testamento acabou ganhando um conceito mais pejorativo do que nos períodos anteriores. Uma conotação mais dura para a mentalidade contra os sujeitos com deficiência.

Ao observarmos o Novo Testamento, contando a história de Jesus Cristo, sua saga e ideologias em pregar o amor entre o próximo, dando o perdão para o pecado dos homens aqui na terra, a nova era trazer, através dos dez mandamentos, a proibição de matar pessoas, propagando que todos são filhos de Deus, criados a sua imagem e semelhança. A partir de então, as pessoas com deficiência não poderiam ser mortas ao nascerem e nem abandonadas, porque sua criação foi dada por Deus. Assim, essas ideias foram ampliadas ao longo dos séculos subsequentes.

Período medieval séc. V até séc. XIII, nesse período teve a consolidação do catolicismo com os reinados carolíngios e mero véus, onde os bárbaros tomaram o poder e aceitaram fazer uma aliança com a igreja da época. A fim de consolidar o seu reinado, foi feita essa aliança onde a igreja tinha o poder atemporal e os reis tinham o poder temporal. Eles precisavam da aprovação da igreja que dava chancela divina para o reinado. Mesmo assim, esses fatos não deram nenhum avanço significativo de fato para melhorar a vida dos deficientes na História. (SILVA; JÚNIOR, 2012, p.18) Alguns serviam como entretenimento como cantores. Neste período, também houve as cruzadas onde os deficientes não foram assassinados ao nascer, porém a escassa alimentação poderia deixá-los como um peso, um fardo a ser carregado sem serventia alguma. Com isso, eles eram deixados para trás, abandonados por não ter serventia, e por ser uma boca a mais para alimentar. Já no final do século XIII a igreja institui a inquisição, que nada mais era do que um meio de exterminar os adversários ou quem se colocasse no caminho da mesma. Esse fato piora um pouco mais a mentalidade sobre os sujeitos com deficiência, pois aqui aconteceu um sincretismo de características das doenças. Um exemplo são as pessoas com doença mental e epilepsia que eram consideradas dominadas por espíritos demoníacos. As que tinham lepra, ninguém as tocava com medo de adquirir a doença. A partir do sincretismo algumas pessoas acreditaram que cegueira era contagiosa, demoníaca ou o sujeito não tinha fé. Entendiam que elas possuíam a deficiência como sendo uma punição, ou tinham outras ideias, sem sentido, para justificar o fato de alguém ser deficiente.

4.2 Modernismo - século XIV ao século XVII

A reforma protestante, no século XVI, não apresentou nenhuma melhora para as pessoas com deficiência. Neste período, mais uma vez, os deficientes continuam sendo culpados por Deus, pelo pecado do mundo. Passam a ser bodes expiatórios de salvação do mundo. Segundo as religiões evangélicas protestantes, a contra reforma, o movimento que restaura o catolicismo também não melhorou em nada a vida dos deficientes. Entretanto, depois do pós-guerra, da primeira e segunda guerra mundial, as sociedades começaram a se preocupar com políticas públicas para prevenir as deficiências. A partir de então, começaram movimentos e atitudes para transformar a vida da pessoa com deficiência no mundo. Posteriormente, a tecnologia se desenvolveu e a cada dia melhora a vida dos deficientes com novidades que lhes possibilitam ficar cada vez mais autônomo, tanto na sua vida como nas profissões que exercem. Essa é a maior vitória da humanidade que através da tecnologia poderá um dia vencer as deficiências e curar indivíduos através de células troncos e posteriores avanços impossíveis de prever, pois a tecnologia avança de forma muito veloz e é quase impossível acompanhar.

No entanto, tanto avanço tecnológico e uma educação precária incapaz de acabar com velhas mentalidades que já se tornaram superestruturas intrínsecas nas sociedades que não tem o habito da leitura e acredita em qualquer coisa dita na bíblia sagrada mesmo sendo obvio que é uma mentira infundada .

Apesar da ciência afirmar que cegueira não é contagiosa como algumas pessoas acreditam, Ela pode acontecer através de algum acidente, alguma anomalia genética que normalmente é hereditária. Logo, doenças e acidentes cegam, porém ninguém com cegueira pode ser contagioso. Inclusive, a mentalidade do velho testamento é uma total ignorância, Já que a civilizações comentadas na bíblia são extremamente despreparada para ter certeza dos fatos que causam cegueira e as demais deficiências. Logo, se apegavam a ideias que explicassem as suas dúvidas, Sem comentar que no velho testamento se não obedecer a vontade de Deus. Ele castiga e normalmente era com a morte ou com alguma deficiência.

Todavia, a ciência traz luz e motivos plausíveis das causas das deficiências, que a cegueira e demais doenças não são causadas por castigo divino ou ideia semelhante, que a suas justificativas religiosas não passam de mitos. Como podemos perceber a seguir.