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A PÊNDICE C – E NTREVISTA COM SM.S

Questões do banco de dados WL: Quando e onde nasceu?

A PÊNDICE C – E NTREVISTA COM SM.S

Entrevistador Willer Bertoldo Lins Sigla: WL

Entrevistada: SM.S

Data: 27/05/2017

Boa tarde! Estou aqui entrevistando SM.S deficiente visual e ela vai relatar um pouco sobre a sua vida como deficiente visual.

Questões do banco de dados

WL: Quando e onde nasceu?

SM.S: Eu nasci em penedo no ano de 1967. e em 31 do sete de 1967 em Penedo Alagoas.

WL: Qual a tua idade? SM.S: 50 anos.

WL: Formação educacional?

SM.S: Tenho o segundo, o nível médio completo.

WL: Atividade profissional?

SM.S: Hoje em dia eu sou funcionária de apoio em um órgão administrativo do município de Maceió/ Alagoas.

WL: Você é deficiente visual? SM.S: Sim.

WL: Qual foi a causa da deficiência?

SM.S: Já nasci com glaucoma, foi congênita.

SM.S: Olha quando eu nasci, assim, eu já enxergava mal. No caso, eu era subnormal assim que chamava. Eu enxergava pelo olho esquerdo só, não para longe só pra perto. Então, não me sentia tão diferente, porque eu ainda brincava, né? Tive algumas colegas que brincavam comigo aqui em Maceió, aí não me sentia tão diferente não, é que eu ainda enxergava um pouco.

WL: Mais isso foi com qual idade? Você foi baixa visão até que idade? SM.S: Até os 21 anos.

WL: Por que você começou a trabalhar?

SM.S: Eu comecei a trabalhar aos 15 anos de idade, que foi através da Escola Cyro Accioly, né? Que era escola de cegos. aí na época a diretora conseguiu para mim, que foi na empresa Centro Metalúrgico . No caso, eu era telefonista e recepcionista.

WL: Essa foi a sua primeira experiência profissional?

SM.S: Foi, atualmente eu trabalho numa escola do município de Maceió, Alagoas, é... José Bandeira.

WL: Os instrumentos que você utiliza para exercer a sua profissão?

SM.S: Hoje eu confesso que não faço nada. E não faço nada mais não tenho culpa certo? Infelizmente, é culpa do órgão público, porque lá computador praticamente não funciona não tem programa de voz isso seria muito bom para mim. Então, a diretora já tentou, já tentou tanto para conseguir e até agora nada. Então, infelizmente eu não tenho culpa e é órgão público.

WL: Como você pode adquirir esses instrumentos que proporcione a sua inclusão? SM.S: Como eu posso adquirir isso é como eu disse: através do órgão público. Como eu disse a diretora vem tentando. Que a secretaria municipal SEMED.

A diretora vem tentando justamente, e eles ficam dizendo que vai conseguir e até agora nada. que primeiro tem que ter o computador novo que o de lá é antigo. Tem que ter o programa de voz, que também , até agora nada. E a declaração mesma .as minhas colegas fazem a mão. Escrevem a mão ainda as declarações. Então, isso depende muito do órgão público da força de vontade deles.

WL: Você usa bengala? SM.S: Sim.

WL: Você conhece a bengala verde? SM.S: Não. Nunca vi falar.

WL: Você já sentiu algum preconceito ou discriminação na sociedade?

SM.S: Há já e muito. Por exemplo: quando eu saio nas ruas até hoje, né? Aí as pessoas mesmo quando me vêm andando sozinha nas ruas, aí ficam: oh! porque deixam você andar sozinha; ficam: oh, bichinha! A bichinha anda sozinha , pois se fosse comigo eu não deixava. Só que aí, ninguém sabe se tivesse no lugar da pessoa, aí me chamam de ceguinha. Essas coisas eu fico assim, não gosto.

WL você estudou, né? Terminou o ensino médio? SM.S: Foi.

WL: Qual o método que você utilizava na escola para acompanhar as pessoas que enxergam?

SM.S: Olha, que na época eu enxergava, terminei ainda o ensino médio enxergando. Então, o método era: escrevia normal como as pessoas que enxergam. Só, que enxergava bem de perto, pelo quadro não. Os meus amigos que ditavam pra mim.

WL: Você encontrava material adaptado quando era baixa visão?

SM.S: Não, não eu escrevia no caderno normal . Certo. E dava até para enxergar na época as linhas separadinhas no caderno, só, que como eu falei, tinha que ser bem de pertinho.

WL: Você tem mais algum problema além da deficiência visual? SM.S: Não.

WL: Você precisou da escola ou de especialista na área para se aceitar como pessoa com deficiência?

SS: Eu iniciei na escola de cegos foi do início. A primeira escola que eu estudei.

SM.S: Eu me aceito.eu não me sinto diferente e como antes eu enxergava. Então, não me sentia tão indiferente. O único problema que eu acho em mim é a timidez, eu sou muito tímida. Mas com a minha deficiência não, eu não tenho preconceito.

WL: Qual o papel da sua família na sua reabilitação? Nos seus estudos?

SM.S: Bom no meus estudos o papel da minha família, né? Foi assim, me deram muita força para ir para escola de cegos Cyro Accioly foi a primeira escola que estudei. No caso foi o meu pai né? e até mesmo a minha mãe. Agora, assim mais o meu pai que me deu força. E como eu falei, eu enxergava aí fui para Cyro Acioly.

WL Qual o papel dos professores no seu desenvolvimento como aluna, como cidadã e o que você esperava deles e o que poderia ser feito para melhorara sua educação? Tanto no ensino médio e especial.

SM.S: Olha na especial, na Cyro Acioly, é, realmente foi ótimo. Agora quando eu fui para o ensino regular, não tenho o que dizer da escola regular teve ajuda dos professores dos alunos. Só, que faltou na escola especial foi o apoio que não me deram, porque eu precisava de reforço e nunca teve, entende? Principalmente na disciplina da matemática, que eu tive muita dificuldade. Que os professores, né? Que os professores estão ali explicando no quadro e copiando e eu não tinha como,. meus colegas ditavam para mim . Os cálculos eu copiava e não estava entendendo, eu tive a maior dificuldade na Matemática. Confesso, até hoje, não sou boa na Matemática. Aí precisava muito desse apoio da Cyro Accioly e faltou para mim este apoio, a escola especial não me deu. Precisava muito de reforço e não tive.

WL Você já pensou em um modelo especial para uma escola para os deficientes visuais, tanto na escola especial quanto a regular?

SM.S: Olha, hoje em dia na escola especial.eu acho que precisa muito de reforço ao aluno que está no ensino regular. Que hoje nem tem, mas antes tinha mais nem era para todos. Como eu mesmo não tive, mais precisa muito. Certo disso, aí para o aluno principalmente na escola regular, encontra muita dificuldade. Então, a escola especial precisa dar apoio ao aluno. E na mobilidade também, um pouco mais, certo?

SM.S: Na escola especial não, no caso. Na escola regular não da turma não sentia, às vezes, os de fora que vinham colocavam o pé para poder eu cair, me derrubar, estudava na mesma escola, só que não era da minha turma. Aí eu via o preconceito de cada um, no caso alunos dessas escolas que eu estudei. Mas na sala de aula não, eles me tratavam muito bem eram amigos, né? Ditavam para mim direitinho e não tinham preconceito.

WL: Segundo a sua visão de mundo o que poderia ser feito para acabar com o preconceito da sociedade com os deficientes visuais?

SM.S: Olha teria que ter assim, mais divulgações em relação a pessoa deficiente, até mesmo em rede de TV precisava, certo? Até estandes também, porque o preconceito ainda existe muito, mas eu acho que não vai acabar tão cedo, a discriminação. Então, precisa a sociedade como um todo ver isso, né? E transmitir aqueles que têm mais conhecimento, transmitir para os leigos que não tem, em relação a deficiência: pessoas que tratam a gente como coitadinho , bichinho. Então, precisava no caso, os que sabem ir as fontes de TV fazer isso, divulgar mais para poder, aqueles que não têm esse conhecimento. Certos deficientes podem começar já, né? A ter um conhecimento melhor em relação a deficiência.

WL: Qual foi a sua maior dificuldade nos estudos?

SM.S: A maior dificuldade. Olhe eu não tive reforço, e essa foi a dificuldade que encontrei muito, porque não enxergava o quadro. E foi na questão da Matemática. Como eu disse, na Matemática tive muita dificuldade que não enxergava no quadro a explicação do professor. Que a gente tem que ficar vendo a explicação do professor ali no quadro, no caso que tem explicação e ele está ali copiando fazendo, os cálculos. E como eu não via, não dava para ver no quadro. Eu não enxergava para longe. Eu sentia muita dificuldade mesmo na Matemática, muita mesmo.

WL: Você consegue material adaptado aqui no caso se você precise? SM.S: Não, não.

WL: Você consegue comprar esses instrumentos de inclusão aqui em Maceió como bengala?

WL: Você utiliza algum instrumento de acessibilidade para lhe dar mais autonomia no seu cotidiano?

SM.S: Hoje eu tenho o celular, tenho o programa de voz muito importante .Celular, computador também tem o programa de voz, no hoje é muito importante.

WL: Você quer acrescentar mais alguma coisa sobre o assunto?

SM.S: Hoje em dia o preconceito. Com relação ao preconceito, né? Precisa muito do apoio das pessoas para com a gente como lá fora mesmo, onde a gente anda. E muitos ainda tratam a gente, como coitadinhos, certo? Isso me deixa assim, me deixa muito triste. Precisa muita melhora e conscientização das pessoas com relação com a pessoa deficiente. Que das vezes que trabalhei também quando eu trabalhei que eu dava palestra nas escolas. Então, quando eu ia dar estas palestras né? Tinha uns que tratavam bem já outros, né? Parece que não queria aceitar. Entende, isso aí precisa de muita melhora para a conscientização das pessoas nas ruas, né? Onde houver deficiente até para ajudar atravessar uma rua, eles não tem a informação correta e puxam a gente de repente. Outros a gente pede informação e eles falam mais uns 5, 10 metros e como é que vamos ter essa visão? Então, eu acho que é preciso melhorar as pessoas, entende? Precisa de um trabalho como um todo da sociedade, e espero que isso melhore um dia.

WL: Então vamos ficar esperando, torcendo por isso. Agora encerro a entrevista com SM.S.