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CAUSAS DA DEFICIÊNCIA VISUAL

4.4 História da Escola Estadual Cyro Accioly

4.4.1 Origem do nome da escola e dados sobre o patrono

4.4.2.1 Dificuldades do cotidiano

Após quarenta e dois anos da fundação da Escola Cyro Accioly, sendo hoje um centro, as dificuldades continuam as mesmas. Cada professor atende no máximo 12 alunos, nos dois horários, o que é muito corrido para cotidiano do Centro. Nos dias normais são oito alunos por período, sendo que o atendimento ainda é menor devido à falta de mobilidade dos deficientes visuais e a falta do transporte esporadicamente, já que muitos dependem do transporte para chegar ao colégio. Para corroborar, trazemos um recorte da entrevista concedida por PS e SS.

Entrevista com PS:

WI: Você estudou o ensino fundamental, e médio sem ter auxílio de nada?

PS: De nada. Eu terminei o meu ensino médio pela caridade, como diz Cazuza: “pela caridade de quem me detesta”. Como assim, eu de tanto pedir o caderno aos colegas. Os colegas não gostavam de mim, eles diziam assim: rapaz você não trabalha e porque você quando chega na sala de aula, você vem pedir o caderno? Porque, eu não enxergo o quadro. Mais ficavam, às vezes davam, às vezes não davam, e eu ia sobrevivendo assim até terminar o segundo grau. Por isso, que eu passei 21 anos depois que eu terminei o segundo grau, eu passei 21 anos fora da sala de aula. Aí eu voltei quando que eu conhecia que existia alguns recursos de inclusão escolar, mas até naquele momento no final quando terminei o ensino médio não existia nada disso. Era pela caridade dos outros mesmos, aí tinha esses problemas.

WL: Qual a sua visão sobre a escola de cegos, e o que seria necessário para melhorar?

PS: A escola de Cego. WL: De cegos.

PS: Se eu não me engano está escrito escola de cego. WL: De cegos.

PS: Escola de cegos, mas é verdade ali é escola de cegos. Não é escola para cegos, por quê? Porque, lá existe pouco recurso pra ajudar, realmente melhorar, realmente a capacidade do aluno com deficiência visual, né? Alí é mais na minha visão é mais um local aonde os deficientes têm um lugar para ficar, um lugar para interagir, um lugar para conhecer outros. Interagir entre os coleguinhas, fazer amizade, né? Estudar alguma matéria que eventualmente estejam com mais dificuldade, mas ampliar mesmo seu ensino melhorar, evoluir, avançar, reforçar seu estudo, eu não vi assim não. Eu tive que... Eu não encontrei reforço no ensino lá na Cyro.

Entrevista com SS:

WL: Ok. Como foi que você fazia no ensino regular, superior para acompanhar as outras pessoas que enxergam?

SS: Bom, no ensino regular eu não tinha nenhum método. Assim, em relação à tecnologia para me auxiliar. Então, foi bastante difícil, os únicos recursos que eu usava nos anos iniciais do meu ensino regular, era a prova oral com os meus professores e auxílios com os meus amigos, né? E, às vezes eu ia também pegar reforço na escola de cegos. Eu pegava o caderno com os meninos e tinhas uns assuntos, como eu não enxergava a letras e chegava lá para eles transcreverem os assuntos para mim. Aí, eu ficava rodando a escola inteira pra vê se conseguia alguém que transcrevesse, e nem sempre eu conseguia. E assim eu fui driblando essas dificuldades.

WL: OK. E agora qual a sua visão sobre o ensino da escola de cegos, especial aqui de Alagoas?

SS: Péssimo. Era melhor, mas agora está cada vez pior. no meu ponto de vista. Por que, em relação ás dificuldades que já passei e amigas minhas também já passaram, é a mesma coisa, tipo: o deficiente está no ensino regular e precisa de reforço e não tem o reforço. Vamos supor, a gente pega um livro, eu estou no ensino regular e pego um livro de ciência, geografia o que seja, precisa de mapas

adaptados alguma coisa. Aí chego lá no núcleo de apoio e deixo lá, e não tem nenhuma específica para realizar esse processo. Olha fulano, tal data eu venho pegar e eles nem protocolam e nem nada. Aí eu chego na escola regular, aí meu professor de Geografia diz: SS já está com o assunto em mãos? Eu não, aí eu fico tipo vou lá ninguém me dá uma resposta. Aí vou na escola, o que o professor vai achar de mim? Poxa! que aluna preguiçosa, né? Então, poxa! Isso é complicado. Muito complicado e eu me deparei muito com isso. E nossa! Cheguei ao ponto de pagar alguém para fazer um trabalho para mim. Em relação a isso para não ficar prejudicada, mas na maioria das vezes, eu me sentia lesada em relação ao meu aprendizado.

No Século XIX, o deficiente visual ganha a seu favor uma máquina de escrever em braille, similar a uma antiga máquina de escrever com a mesma finalidade, só que a do usuário com problema de visão, ela escreve em braile, contudo volta a velha problematização de precisar de terceiro para ditar enquanto o conteúdo é transcrito, algumas exceções o deficiente poderá usar a máquina de escrever em Braille com autonomia, enquanto que as pessoas de baixa visão continuam a depender do seu campo visual ou de alguém para ditar seus materiais.

Uma solução apresentada pelos entrevistados foi o ensino do braile para todos os alunos cegos, baixa-visão e outra possiblidade era disponibilizar o laboratório de informática para auxiliar os alunos frequentadores do Centro Cyro Accioly nas transcrições de conteúdos escolares e até de pesquisas com a mesma finalidade. Inclusive, os materiais mais simples de encontrar no centro Cyro, na sala de leitura estão no formato do Braille. Logo fica evidente o descaso com a pessoa de baixa visão.

Segundo as pessoas entrevistadas, para a contribuição deste trabalho, confirmaram que os diretores mais antigos demonstravam mais amor a causa, ou seja, davam o seu melhor para perceber o progresso dos deficientes visuais. As falhas detectadas, no apoio escolar, no passado ainda continua no imediato.

Usuários relataram que quando incluídos no ensino regular são esquecidos e foi uma situação recorrente na pesquisa, para os mesmos faltaram reforço, acompanhamento em provas e dentre outras circunstâncias semelhantes.

Nas direções passada existiam cursos profissionalizantes buscando a reabilitação dos usuários dessas escolas especiais e até colocação profissional em

empresas alagoanas. Isso era possível devido a interação aluno professor, pois era algo novo que tinha que ter resultado concretos e demonstrar para a sociedade que a escola especial funcionava. O mesmo acontece hoje, em relação a demonstrar para a sociedade que funciona, porém não tem essa parceria com outros órgãos do estado, para fazer tal inclusão. Além disso, também no século que se comenta tanto sobre inclusão é difícil algum deficiente visual trabalhar em empresas privadas, se o mesmo não for concursado fica complicado essa colocação profissional.

Analisando as modalidades de ensino. Elas estão iniciando esse processo ainda, mesmo elas já com alguns séculos continuam pecando nas mesmas falhas. que fica claro é a falta de inclusão tanto no ensino especial, regular e no ensino superior. Tanto importando se é privado ou público.

As faculdades são todas parecidas. São acessíveis nos materiais pedagógicos disponibilizados e na parte arquitetônicas são, totalmente, acidentada, inacessível para PCDS de forma geral.

Na escola especial, para alunos noviços, que perderam a visão recentemente, ao chegarem da escola especial, inicialmente eles têm um tratamento, que logo depois lhes é cortado, o que acontece com alunos do ensino regular e superior que precisam de reforço. Justificativa dos professores para isso é que se trata da tentativa de promover a autonomia do aluno. As pessoas entrevistadas esperam que, essa circunstância possa ocorrer desde que o sujeito já demonstre está seguro no local.

No ponto de vista, dos alunos mais antigos da escola especial, através de seus relatos, a principal função da escola de cegos é proporcionar a inclusão e dar esse reforço necessário para os demais alunos incluídos nas outras modalidades de ensino.

É importante pontuarmos aqui que, a escola especial para as crianças é uma atividade fundamental tanto na parte educacional, na mobilidade futura, já que elas precisam ser estimuladas à prática de esportes. O simples exercício de se movimentar pode evitar futuras doenças, podendo ser prevenidas através da educação física, esportes dentre outras formas de exercitar o corpo para evitar o sedentarismo.

Após quase cinco décadas de Escola Especial os erros se repetem, existe uma troca de valores entre professores e alunos em vários aspectos. A influência de um deficiente mais autônomo pode demonstrar as falhas do sistema educacional e

até mesmo trocar experiências positivas ou negativas, tentando assim contribuir para o progresso do companheiro na mesma situação. Isso fica claro na parte tecnológica, onde diversos cegos têm independência na informática e poderiam ajudar os companheiros a obter o mesmo desempenho ou até melhor, se fosse permitido o acesso ao laboratório de informática.