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4.1 CATEGORIA: Organização do Trabalho Escravo

4.1.1 Descrição

Nessa categoria, apresenta-se a organização do trabalho análogo à escravidão nos seguintes elementos:

- Rotina e divisão do trabalho; - Carga horária;

- Equipamentos e instrumentos no exercício de suas atividades; - Hierarquia;

- Ambiente físico e condições de trabalho; - Prazos para execução das tarefas; - Pagamentos;

- Resgate da situação em que se encontravam.

4.1.1.1 Trabalho na Pedreira

Inicialmente, será abordada a forma como esses trabalhadores foram aliciados a realizar esse tipo de atividades. Cabe mencionar que existem áreas de concentração do problema conhecidas como "zonas vulneráveis ao aliciamento", nas quais o Estado de Goiás encontra-se inserido ocupando o 3º lugar no ranking nacional de trabalhadores em situações análogas à de escravo.

Os protagonistas desta pesquisa foram aliciados em uma cidade do Estado de Goiás que por questões de segurança não será mencionada. A pedreira fica a 40 km de distância dessa cidade, com acesso restrito e sem comunicação.

Segundo relato de um dos trabalhadores, os “gatos” - nome atribuído aos aliciadores ou fiscais que mantêm, mediante vigilância ou violência física e psicológica, o controle da produção - disseram que não conseguiriam emprego “fichado” (registrado em carteira de trabalho) na cidade, pelo fato de não terem estudo.

Assim surgiu o convite para trabalhar na pedreira, acompanhado de promessas de que o dinheiro “era certo”. Então, como naquele período eles estavam encontrando apenas serviços temporários, acabaram aceitando a proposta, apesar das condições.

E.2. E na primeira vez tava aqui e ele falou que cada caminhão de pedra que saísse lá o dinheiro tava na mão. Depois ficou enrolando, enrolando e não pagava.

E.3. Toda vez que tentava sair falava: “você não vai arrumar serviço em lugar nenhum", e arrumei um serviço aí, ele levou até policial no serviço pra me tirar de lá e me botar pra trabaia pra ele, pra você ver como é as coisas. E sempre nóis que tá devendo pra ele.

E.3. Agora eu arrumei outro serviço, desde a semana passada tô no serviço, trabaiando. Só que lá não é um serviço fixo, é particular, às vezes uma semana, duas semana, três semana no máximo. Lá no máximo até quinta-feira nós termina lá, aí vou ficar parado de novo.

Nos aspectos da rotina e divisão do trabalho, observou-se que havia uma divisão entre as tarefas, conforme relato de dois entrevistados. A rotina resumia-se, basicamente, em acordar bem cedo, caminhar 3 km até a pedreira e lá permanecer até o fim do dia. Quando não estavam no trabalho buscavam distrair-se, ora caçando animais da região, ora brincando com os próprios cachorros. Alimentavam vícios como bebidas alcoólicas e cigarro nos “momentos de sossego”, segundo relato.

E.1. Lá meu marido tirava pedra, e eu mais meu irmão abria as pedra. Nóis abria as pedra. Era o dia inteiro, o dia inteiro fazendo a mesma coisa. E.3. Eu levantava o toco, rachava a pedra, depois eu deslascava ela e fazia as pedra, o serviço lá é trabaioso.

E.3. Nos momento que não tava trabaiando ia caçar e brincar com os cachorro. Também ia beber para espairecer um pouco e preparava um cigarro. Nessas hora era sossegado, era bom.

E.3. Andava no mato caçando baurú, caçando aqueles cajuzinho do mato, andando no mato, ia passear com os cachorro, às vez os cachorro matava um tatu, nós pegava. Às vez nóis ia buscar manga, às vez jambu, nós rancava açafrão lá também, pra nóis distrair quando nóis não tava trabaiando, tinha que andar porque ficar parado o tempo não passa.

Sobre a carga horária, os entrevistados afirmaram não haver uma jornada específica. Porém, pelos relatos percebe-se que trabalhavam cerca de 10 a 12 horas por dia, tendo uma breve pausa para o almoço. Declararam que além da jornada extensa, era necessário caminhar 3km para dirigirem-se ao local de trabalho. Destacaram ainda que muitas vezes não tinham horário de almoço e trabalhavam sem pausa, considerando a jornada intensa e exaustiva.

E.1. A gente trabalhava o dia todo! Sai cedo de manhã, seis e meia, sete horas até cinco e meia, no máximo. A gente parava pra almoçar, descansar um pouco. Às vezes o sol era muito quente.

E.3. Das seis da manhã até às seis da tarde, quando eu levava almoço lá pra cima, porque lá são 3 km pra subir lá na pedreira, aí, pra não descer pra baixo pra fazer almoço, eu levava almoço cedo. Aí ficava lá em cima.

E.2. Mas a gente se parasse uma hora, pra começar de novo tava enfadado. Tinha veiz que a gente trabalhava direto. A gente trabaiava mermo suado de verdade.

Quanto aos equipamentos e instrumentos utilizados no exercício das atividades, contavam com poucos recursos e quase nenhum equipamento de proteção, conforme observa-se nos relatos dos participantes.

E.2. Nenhum equipamento de proteção. Sem nenhuma luva. Nós pediu luva pra ele, e ele deu uma vez durante 4 anos. É difícil né! Sol quente demais né.

E.3. Nenhum equipamento, nada! Nada! Nada! Nenhum equipamento de proteção. Marreta mesmo. Tinha vez que eu pegava assim, eu batia no dedo aqui a mão chegava inchava assim, isso aqui ó, tudo calejado de lá, se ver que eu posso meter a marreta no meu dedo que eu não sinto mais nada, calejou. De tanto trabaiar lá.

No que se refere à hierarquia desse modo de organização, observa-se que existe a figura do “gato” ou fiscal que não era cotidiana. A cada quinze dias, os trabalhadores deveriam encher um ou dois caminhões com as pedras sendo esse, então, o período em que ele comparecia para fiscalizar a prestação do serviço.

Nesses momentos, exercia-se o “acerto de contas”, quando recebiam algo que já haviam pedido, como alimentos ou produtos de higiene e limpeza. Não havia uma figura de autoridade presente no dia-a-dia, o que foi considerado positivo por eles.

E.3. Não tinha ninguém ali fiscalizando, cobrando. Era só o Genorim, o Genorim subia lá na segunda-feira e depois só subia sexta, era duas vezes por semana que ele subiu, e tinha vez que ele não subia não, pra saber o que nós tava precisando, qualquer coisa. Pra você ver, até a muxiba meu irmão mandava pra nós, nóis cozinhava e comia, era nossa mistura.

E.3. Às vezes enchia de quinze em quinze dias e às vez até dois. Depende das ferramenta que a gente trabaia, porque lá um pontelho de aço se for lá na pedreira branca é um por dia.

E.2. Não tinha ninguém fiscalizando, se machucar lá, você mesmo arrumava qualquer remédio dentro do mato! Como é que faz?

O ambiente físico e as condições de trabalho aos quais eram submetidos trouxeram relatos de situações degradantes, sendo essas um dos critérios para a caracterização de trabalho escravo. Não foi possível visitar o local de trabalho dos

entrevistados, então buscou-se o máximo de informações através de seus relatos e vivências.

As condições de higiene e alimentação são precárias, pois tinham que sobreviver durante quinze dias com o que era levado pelo “gato”, e muitas vezes ele não providenciava o que os trabalhadores haviam pedido.

E.2. Tinha vez que nós pedia o arroz ficava faltando o sal, aí pedia o sal ficava faltando o óleo. Era desse jeito, nós ia levando. Eu sai só um ano e sete meses dos quatro anos. Foi, aí continuei trabalhando lá, fui pra lá de novo.

E.3. Aí eles chegou lá (Fiscalização) e pegou nóis trabaiando sem capacete, sem luva, sem óculos.

E.1. Não assinou nem nossas carteiras, nós tá recebendo pelo governo. E.3. Ele ameaçou nóis de morte. O que deu pra trazer dentro da caminhonete nós trouxe, o que não deu... (cabisbaixo e com choro contido)

Os prazos para execução da tarefa e as metas de produção são estabelecidos com clareza, mas os pagamentos não têm valor nem data específicos para acontecer, sendo efetuados ao bel-prazer dos fiscais. Em algumas vezes não recebem, em outras, só quando todo o trabalho houver sido realizado, a fim de reter os trabalhadores já que a mão de obra é escassa.

Os entrevistados declararam que reclamavam do não pagamento, do não fornecimento de notas fiscais dos objetos adquiridos e de notas superfaturadas, pois isso tornava-os reféns de dívidas, alimentando cada vez mais o ciclo do trabalho escravo.

E.2. Na primeira vez tava aqui e ele falou que cada caminhão de pedra que saísse lá o dinheiro tava na mão. Depois ele pediu pra nós empilhar a pedra, nós empilhou a pedra, depois ficou enrolando, enrolando e não pagava.

E.3. Às vez ele (fiscal) cobrava muito, às vez nóis tava cansado, nóis ficava dois, três dias sem ir, aí ele falava, tem que entregar o caminhão de pedras tal dia. Um caminhão de pedra, de 15 em 15 dias. Tem que encher ele. E.1. Lá era pro produção. Meu marido ganhava cinco reais o metro. Cinco reais pra dividir pra nós três. É que nóis ganhava pro metro. Depois picotava ela, aí que media. Mede no caminhão. Cansativo né!

E.3. Eu conferia, será que eu tô alimentando o homem também lá embaixo, nas minhas custas? A nota fiscal mesmo nunca me entregou uma nota fiscal, nunca. E conta tem demais.

E.3. E sempre nóis que tá devendo pra ele. Tem uns papel, contracheque que eu entreguei dezoito caminhão de pedra, mas cadê o dinheiro? Como é que faz? Era assim, minha rotina era assim, igual eu tô falando, empurrava com a barriga.

Por fim, foi analisada, como último elemento dessa categoria, a forma como se deu o resgate desses trabalhadores. Nesse caso, houve uma denúncia anônima ao Ministério Público do Trabalho que, juntamente com o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado de Goiás, providenciou uma fiscalização no local da pedreira e constatou-se a prática de trabalho escravo na região. Os entrevistados saíram escoltados devido às ameaças de morte que receberam caso deixassem o local de trabalho.

E.3. Eles foi lá. Foi o pessoal da Federal que foi. Ai eles chegou lá e pegou nós trabaiando (...). Eles falou que não pode né? Sem turno. Tem que trabalhar de turno.

E.3. Ele ameaçou nós de morte. O que deu pra trazer dentro da caminhonete nóis trouxe, o que não deu... O resto das nossas mudança tá tudo lá! Tá tudo lá até hoje!

4.1.1.2 Trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar

Os trabalhadores em condições análogas à de escravo que se encontravam no Estado do Mato Grosso foram aliciados em suas regiões de origem. O primeiro entrevistado recebeu uma proposta na cidade de Campo Alegre, Alagoas, para trabalhar no corte de cana-de-açúcar em Poconé, Mato Grosso. Veio em um ônibus clandestino, pagando a própria passagem.

O segundo veio do Estado de São Paulo para trabalhar, a princípio, em fazendas de Mato Grosso do Sul e, posteriormente, em uma usina de cana-de- açúcar em Cuiabá, também aliciado por promessas rentáveis na atividade.

E.4. Aí chega lá em Campo Alegre todo mundo conhece todo mundo. Falaram que no Mato Grosso começou o corte de cana agora, aí eu digo: vou. Sabe quanto é a passagem? Uns pagava duzentos, outros pagava cem. Enquanto se ocê num vier cê perde e se ocê vinher nóis devolve, tá? Nunca devolveram.

E.4. Que a gente que corta cana, a gente trabaia e num pode ver proposta louca, a gente saí. Esse povo é que nem candidato. Promete mei mundo de coisa, que dá pra gente ganhar muito dinheiro aqui, quando nóis chega aqui é tudo diferente.

E.5. Eu vim de São Paulo. Eu num vim pra Cuiabá direto. Primeiro eu vim pra Campo Grande. Lá trabalhei numas fazenda de Campo Grande e depois que eu vim pra Cuiabá. Todas essas fazenda aí é serviço escravo, todas ela que eu passei. Dormi de baixo de barraco de lama preta.

E.5. Quando eu cheguei na usina era caminhão de madeira. Quando eu cheguei lá pra registrá, eles prometeu um preço de cana, quando chegava na hora eles não pagava aquilo que prometia.

A rotina dos trabalhadores do Mato Grosso resumia-se a acordar bem cedo para serem transportados pela condução da usina até os canaviais, acerca de 12 km do alojamento, e trabalhar o dia inteiro. Quando retornavam, à noite, estavam tão cansados devido à jornada exaustiva que seu único desejo era dormir, e às vezes distraíam-se assistindo televisão caso estivesse funcionando.

Suas atividades não se restringiam apenas ao corte de cana, apesar de ser a finalidade primeira. Conforme relato de um dos entrevistados, caso acabasse a cana para cortar os fiscais atribuíam-lhes outra tarefa a fim de não deixá-los ociosos em nenhum momento.

E.4. Uns caminhão tinha banco, outros num tinha. Aí depois compraro uns ônibus veio. Aí colocou uns ônibus veio. Levaro pra roça, quatro e meia, cinco hora da manhã e ia buscar quase de noite. Tinha vez que nem buscava, tinha que pegar carona pra eu vim embora dos canaviero.

E.5. Não, nem tinha tempo. Quando tava no corte de cana num tinha tempo. Cabou de almoçar, vai trabaiá. Eles não deixava o cara comer uma marmita deles parado não. Tinha que fazer qualquer coisa.

E.4. Era uma televisão que um dia ela funcionava, oto dia tava quebrada.

A carga horária de trabalho dos sujeitos nesse contexto é de doze horas por dia. Os entrevistados destacaram que tinham horário de entrada definido, mas muitas vezes não tinham horário para sair do trabalho, conforme as verbalizações descritas abaixo.

E.4. O serviço é de quatro e meia da manhã até seis horas já tinha que tá pronto, doze horas por dia.

E.5. Bom, aqui no Mato Grosso é diferente do tipo do corte de cana lá do norte. Aqui num tinha hora pra pegar e nem pra parar. Saía de casa quato e meia, cinco horas da manhã e chegava cinco e meia, seis horas da tarde.

No que se refere aos equipamentos e instrumentos fornecidos aos trabalhadores para o desempenho de suas atividades, conta-se com poucos recursos e quase nenhum equipamento de proteção.

E.4. E a proteção que tinha de equipamentos, de EPIs, era só a botina e uma caneleira que eles dão. Não tinha luva, num tinha óculo, num tinha nada. Proteção solar também não, se alguém comprasse um chapéu, tinha. Se não comprasse a usina não dava.

Quanto à hierarquia nesse contexto organizacional, observa-se que a presença do “gato” ou fiscal é marcante desde o início da jornada nas lavouras até o fim do dia, onde a pressão psicológica é intensa para que alcancem metas cada vez maiores de corte de cana.

E.4. E cada equipe tinha um fiscal, que era pra medir a sua cana, a metrage e ver o seu horário po'cê ficar na lavora.

E.5. Eu já fui ameçado pel'um impreitero, o gato que eles fala né.

E.5. Trabalhei dois mêis. Aí chamei ele pra fazer um acerto pra eu ir embora, ele mandou eu sair, mas falou que num tinha acerto. Aí eu falei pra ele que ele tinha que me pagar, senão que eu levava ele pro Ministério. Aí ele prometeu que se eu levasse ele no Ministério ele me pegava depois. E.4. Na cidade quem manda é a Justiça, agora lá no mato é os gato. É os gato e os fazendeiro.

Em relação ao ambiente físico e às condições de trabalho, não são muito diferentes das relatadas anteriormente. Os entrevistados sustentaram que trabalhavam o dia inteiro ao sol, sob forte fiscalização e à noite eram conduzidos para o alojamento da usina, cujas condições são degradantes de acordo com os relatos;

E.4. O quarto, por exemplo, que cabe dez pessoas, põe quarenta, ciquenta. Tinha lugar que tinha beliche de três. Um embaixo, um no meio otro em cima. O de cima se desse um sol quente ele ia queimar porque já dormia lá perto das telha, a telha Eternit, ele tinha uma distância assim da telha. E.5. Essa última mermo (fazenda) que nóis tivemo no Mato Grosso foi perto de Primavera do Leste, chegou lá, eles, o que levou nóis, o gato, colocou nóis numa casa velha. E nos dia de chuva chovia mais dento da casa do que fora.

E.4. Aí a comida ia a granel. Chegava lá, eles colocava a marmita pra pessoa. Comia lá no relento, sol quente mesmo.

E.5. A água que nóis tomava banho é água salgada, saloba. Aí depois reclamaro bastante, aí começou a vim uma água no pipo, mas vinha um pipo uma semana, passava duas com aquela saloba de novo. E nóis tinha que usar aquela água, que num tinha otra.

Não há um dia certo para receber o pagamento, mas a meta de produção é definida e cobrada ao final de cada dia. Nesse caso específico, era esperada a produção diária de quatro toneladas de cana. Assim, não havia pausas ou descanso enquanto não atingissem essa meta.

Os pagamentos eram efetuados em dias e horários incertos ou até às escondidas e, na maioria das vezes, não passavam de promessas. Em ambas as organizações, os trabalhadores adquiriram “dívidas” ao ponto de ficarem em débito ao invés de receber o pagamento.

Os entrevistados tinham uma espécie de “vale compras” que lhes dava direito a adquirir produtos de um mercado mantido pelos próprios aliciadores, que tinham, dessa forma, um controle de gastos a serem descontados do pagamento.

E.5. Eles prometeu um preço de cana, quando chegava na hora eles não pagava aquilo que prometia. Num pagava, quando pagava era pela metade. Uma hora, duas da manhã, escondido. Já recebi uma vez escondido. E.4. Só pobremas. Porque eles faziam uma promessa de um tipo, quando chegava lá era outra. Falou que os pagamento era em dia e nóis chegamo a passar quatro mêis sem ver um dinheiro, sem pagar. Trabalhava e não recebia.

E.5. Ficou uns quatro mêis sem pagamento, quando vei pagar, vei pagar de mês em mês. Daí demorou mais uns quato pra gente receber os quato que tava atrasado e os outros quato pra frente ia ficano de novo. E quando foi no final é que bagunçou tudo mesmo.

E.4. Quando chegava o pagamento num tinha quase nada pra receber, que eles dava só o valezim. Os valezim de papel que só valia dentro do mercadim deles. Já aconteceu comigo, d'eu ficá devendo. Trabalhar e de ficar deveno pra eles. Invês deles me pagar, ieu que tava pagano pra eles pra trabalhar. Tava trabalhano e pagano pra trabalhar.

E.5. Num contasse quatro tonelada num dia inteiro num tinha pagamento. Se era dez centavo o metro, mudava pra cinco. Se a tonelada era quato real e noventa. Aí eles pesava a cana e a gente ia trabalhá. Quanto mais a gente ganhasse, ele ia baixar o preço.

O resgate dos cortadores de cana, nesse contexto específico, aconteceu a partir de uma denúncia feita ao Ministério do Trabalho e Emprego do Estado do Mato Grosso. Em uma operação conjunta com auditores fiscais do Trabalho e

servidores vinculados ao projeto Ação Integrada. Nesse dia foi resgatado um grupo de mais de cento e cinquenta pessoas, que segundo relato de um deles, foi um momento de grande emoção.

E.4. Fui resgatado pelo Ministério do Trabalho. Foi pelo projeto Ação Integrada. Ó, minha alegria foi demais! Aí eu digo, chega o Ministério aqui e resgata nóis. Eles trusséro nóis pra cá.

E.4. Ôô e quando eles chegaram lá, eu nem sabia, um outro que tava lá que me avisou. Aí eu peguei e fui lá num colégio onde eles tava. E fiz a ficha com eles lá.

E.5. Que eu saiba, acho que tinha uns cento e cinquenta trabalhadores, daí pra lá.

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