• Nenhum resultado encontrado

Conforme já apresentado, nossa intervenção pedagógica ocorreu em uma turma de 9º ano, da Escola Municipal Professor Veríssimo de Melo,

durante o ano letivo de 2017. Localizada no bairro de Felipe Camarão, na zona oeste da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, a escola foi fundada em Julho de 1997, sob o decreto de criação de número 5.964, de 1996, ano da morte do advogado, professor e escritor natalense Veríssimo de Melo, cuja importância para a cultura do Estado rendeu-lhe, como homenagem, o nome para a escola.

Funcionando nos três turnos, com 14 (quatorze) salas de aula, a escola conta, atualmente, com um total de 1058 alunos, sendo 473 matriculados no matutino, 414, no vespertino e 171, no noturno. Pela manhã e à tarde, são disponibilizadas turmas de 6º ao 9º anos, e à noite, turmas de EJA – Educação de Jovens e Adultos, no Ensino Fundamental II.

O quadro é formado por 57 (cinquenta e sete) professores contratados pelo regime estatutário, distribuídos nos três turnos, e mais 06 (seis) coordenadores pedagógicos – dois por turno. Mesmo assim, nota-se ainda uma grande carência diante do acompanhamento pedagógico das atividades realizadas pelo professor, uma vez que a função de coordenador tem priorizado a resolução de conflitos disciplinares envolvendo os alunos, entre eles a ausência em sala durante as aulas, motivada, segundo grande parte dos estudantes, pelas altas temperaturas. À frente da gestão estão um Diretor Administrativo e um Diretor Pedagógico, ambos escolhidos por meio de votação, envolvendo toda a comunidade escolar. Os funcionários de apoio – secretaria, vigilância, merenda e limpeza – totalizam 17 (dezessete) colaboradores, todos contratados pelo regime de terceirização.

A estrutura física da escola é um tanto precária: há uma sala de informática desativada, pois, além dos 12 (doze) computadores existentes não funcionarem, não há um profissional responsável pelo local. Tal situação resultou por inviabilizar a organização dos artigos para divulgação no blog, conforme planejando no início do processo. A publicação dos textos só ocorreu posteriormente, após a intervenção, pela professora, e estão disponíveis, conforme já dito, no endereço www.reformarounao.blogspot.com.

A biblioteca possui espaço e acervo bem limitados, o que dificulta a realização de atividades de leitura no local. Há uma pequena quadra usada para a prática de Educação Física, que não comporta a quantidade de alunos – em média trinta e cinco por turma – o que acaba por atrapalhar a condução das

aulas nas salas próximas ao espaço, devido ao intenso barulho. Outro grande desafio para o processo de ensino-aprendizagem são as altas temperaturas em sala de aula, conforme já mencionado, uma vez que os poucos ventiladores existentes – dois por sala – encontram-se danificados. Segundo os gestores, inúmeros ofícios abordando o problema já foram enviados à Secretaria Municipal de Educação, entretanto, não obtivemos respostas até a conclusão de nosso trabalho. O último IDEB9 – índice de desenvolvimento da educação básica – aferido em 2015 foi de 3,410, resultado distante dos 4,5 projetados pelo índice como meta.

Quanto aos participantes, a professora responsável pela intervenção é graduada em Letras, Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com especialização em Leitura e Produção de textos, pela mesma instituição. Leciona há 06 (seis) anos na rede pública estadual, no Ensino Médio, e há 07 (sete) anos, nas séries finais do Ensino Fundamental, no município de Natal-RN. Todo este período foi na mesma escola onde ocorreu a intervenção.

A turma do 9º ano, do turno matutino, foi composta por 30 (trinta) alunos, sendo 16 (dezesseis) do sexo masculino e 14 (quatorze) do sexo feminino, todos moradores da comunidade. Do total, apenas 01 (um) matriculou-se em 2017. Os demais estudaram na escola desde o 6º ano.

Com a faixa etária entre 13 e 14 anos, dos 30 (trinta) alunos, 02 (dois) são portadores de necessidades especiais, ambos diagnosticados com Perturbação de hiperatividade com défice de atenção, CID11-9, e mesmo assim participaram da intervenção; 01 (um) solicitou transferência antes da pesquisa e, por essa razão, não participou do processo. Dos 29 (vinte e nove) restantes, 07 (sete) apresentavam irregularidades quanto à frequência em sala de aula e acabaram também não participando da produção do corpus, o qual é constituído por 22 (vinte e duas) produções para diagnóstico, 22 (vinte duas) produções reescritas, mais 22 (vinte e duas) produções finais. A identificação

9

Índice criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino.

10

Informação disponível em http://www.escol.as/78647-escola-municipal-prof-verissimo-de- melo, acesso em 23/03/2018.

11 Sigla para Classificação Internacional de Doenças, traduzida do inglês International

Classification of Diseases (ICD). A tabela é publicada pela Organização Mundial de Saúde e tem como objetivo padronizar e catalogar doenças e outros problemas de saúde.

no corpus é PD – 01 (produção para diagnóstico do aluno 01); PR – 01 (produção reescrita do aluno 01) PF – 01 (produção da versão final do aluno 01), e assim sucessivamente. Tal procedimento visa à preservação das informações acerca da identidade dos participantes da pesquisa.

Em relação ao comportamento em sala, a turma se portava bastante agitada em alguns momentos. Conversas paralelas e uso do celular eram frequentes, mas não o suficiente para impedir a condução das aulas. Durante a intervenção, percebemos o interesse da grande maioria em relação à temática da Reforma do Ensino Médio, presente nos textos explorados durante os módulos de leitura. A interação baseada em questionamentos era constante, o que proporcionava uma dinamicidade interessante às aulas.

No início do procedimento, foi realizada uma breve verificação do perfil identitário da turma, por meio de um questionário sobre a trajetória escolar e os hábitos de lazer. O objetivo foi o reconhecimento das possíveis influências desses hábitos nos textos produzidos. Do total de alunos, 86% afirmaram nunca terem sido reprovados durante a trajetória escolar, enquanto 14% declararam já terem sido reprovados; 6% afirmaram ter como principal diversão a televisão; 5%, a leitura; 54%, a internet (redes sociais), enquanto 35% disseram ter outras formas de lazer, como frequentar a casa de amigos ou parentes, etc.

3.3 A sequência didática como estratégia de intervenção pedagógica: