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FORMAÇÃO E PESQUISA

5.6 Instrumentos e técnicas de coleta de dados

5.6.4. Descrição dos procedimentos

Observação colaborativa

Os encontros entre nós e os colaboradores ocorreram, quase sempre, ao final de cada observação, quando se recordava o conteúdo das observações realizadas no espaço escolar. Esse momento representava uma interessante troca de experiências e informações, com apoio no relato escrito da observação, realizado por nós e imagens recolhidas na sala de aula.

Neste estudo, a observação colaborativa assinalou como objetivos: a avaliação das estratégias de ensino (cognitivas e comportamentais) realizadas pelas professoras de alunos com TDAH e investigação das ações que esse profissional desenvolve em sua prática pedagógica com o aluno com TDAH.

Os colaboradores (professores da sala regular) foram observados em suas salas de aula, onde se encontravam os alunos com diagnóstico de TDAH. O período de observação transcorreu entre os meses de agosto de 2008 a fevereiro de 2010 e o tempo de observação de aproximadamente 18 horas para cada sujeito. Foram realizadas observações com duração entre 50 minutos e 1h30min em momentos diferentes, ora antes do intervalo (recreio), ora após, abrangendo o maior número de situações possíveis. As observações foram registradas em um diário de campo. Como observado no trabalho anterior (ALENCAR, 2006), na escola pública, a presença do aluno em sala oscila com muita frequência, o que dificultou, algumas

158 vezes, a observação. Na ausência do aluno, não se optou por observar a prática do professor em sala de aula, em função do objetivo de observá-lo, em relação à sua prática com o aluno.

Sessões reflexivas

As sessões reflexivas ocorreram em uma média de oito encontros com duração aproximada de 60 minutos. Convém destacar a postura colaborativa dos participantes, seguido ao processo de sensibilização, revelando-se disponíveis para cooperar com a pesquisa e participar dessas sessões.

Por concordância do grupo, os encontros foram realizados nas dependências da própria escola. Salientamos a dificuldade em reunir o grupo nos dias combinados, em função de algumas intercorrências surgidas, tais como: atraso do professor substituto para a sala, licença−maternidade de professora, atividade extra na escola.

No primeiro encontro com o grupo de colaboradores, procuramos estabelecer o cronograma dos encontros (dia, horários) e discutimos os objetivos das rodas de conversas. Para essa estratégia, definimos como objetivos norteadores: investigar as estratégias de ensino e de comportamento desenvolvidas pelo professor em sala de aula; aprofundar os subsídios teóricos acerca do TDAH por meio de uma oficina de formação para os docentes; e elaborar, por fim, propostas de intervenção no manejo de comportamento e estratégias cognitivas para o aluno com TDAH.

As sessões reflexivas foram por nós gravadas e transcritas na íntegra, pela oferecendo informações que contribuíram, significativamente, para aclaração do objeto de estudo. Ao longo dessas sessões, utilizaramos as ações reflexivas de descrever, informar, confrontar e reconstruir, isso porque, além de oferecerem um itinerário que leva à reflexão colaborativa, tornariam as sessões mais interessantes. Desses encontros, surgiram as questões cuja análise possibilitava as problematizações e colaboração de textos (escritos e vídeos).

Neste estudo, as ações de descrever ocorreram no momento em que cada professor- colaborador, tendo como referência questionamentos propostos por nós, apresentou as principais questões que decorriam da sua prática: desafios para o trabalho com o aluno com TDAH.

De posse das respostas do questionário inicial e observações realizadas em sala, procedemos com a ação de informar, selecionando situações observadas em sala que estavam

159 ligados ao objeto de estudo da pesquisa e que permitiam a reflexão sobre as estratégias desenvolvidas pelo professor.

Assim, transcrevemos as observações realizadas em sala e pouco depois foi disponibilizado o seu conteúdo para as professoras-colaboradoras, assim como o conteúdo dos vídeos produzidos. Os colaboradores eram incentivados a analisar o conteúdo das observações e imagens produzidas, procurando compreendê-las e relacioná-las com a proposta do estudo.

Por fim, realizamos a ação de reconstruir, realizada com os resultados obtidos nas ações de descrever, informar e confrontar. Analisamos o conteúdo das observações e imagens de situações da sala de aula, acrescido das informações que a literatura apresenta, referente àquela temática, e foi elaborado um plano de intervenção para os alunos investigados.

A confiança mútua entre os colaboradores da pesquisa, adquirida por meio dessas ações, permitiu a troca de ideias e, por conseguinte, maior engajamento por parte de todos nas sessões reflexivas. A partilha das experiências e idéias entre os participantes propiciou um singular momento de interação e compromisso com o projeto de estudo. Desse modo, as sessões reflexivas, com as ações de descrever, informar, confrontar e reconstruir possibilitaram aos colaboradores reconstituir um plano de intervenção para os alunos com TDAH.

As rodas de conversa eram realizadas com a finalidade de promover momentos de estudo, reflexão interpessoal e análise das práticas docentes e partiam de questões advindas da prática ou de lacunas formativas do professor por formação. Logo, esses encontros passaram a ser, essencialmente, espaços de formação.

O momento formativo foi ampliado, posteriormente, para todos os professores da escola. A equipe gestora das instituições permitiu que socializássemos – pesquisadora e colaboradoras − os conhecimentos referentes ao TDAH com a comunidade educativa. Esses encontros ocorreram em duas escolas, aos sábados no planejamento e, na outra escola, no segundo tempo da sexta feira.

Questionários

Neste estudo, o questionário procurou responder às questões propostas nos objetivos específicos. Os questionários aplicados foram apresentados ao grupo de colaboradores no início e final da pesquisa (Anexo C). No início do estudo pretendeu-se averiguar as

160 dificuldades e demandas de formação dos professores, orientando, assim, os rumos do trabalho. Ao final, realizamos, ainda, uma entrevista final com os professores, que teve como objetivo perceber o percurso formativo realizado pelos professores e atividades interventivas realizadas com os alunos.