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FORMAÇÃO E PESQUISA

5.5 O que é o Atendimento Educacional Especializado?

No ano de 1994, a SEDAS criou as Salas de Apoio Pedagógico com a finalidade principal de ―[...] atender aos alunos com dificuldades de aprendizagem e/ou deficiências e possibilitar o acesso desses ao ensino regular, de forma inclusiva‖. (SEDAS, 2006, p.). Na atualidade, os objetivos e orientações desse trabalho são redimensionados, de maneira que, além de possibilitarem a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular, proporcionam, ao mesmo tempo, suporte pedagógico adequado às professoras da sala de aula regular.

150 O referido documento (SEDAS, 2006) aponta algumas diretrizes na caracterização das Salas de Apoio:

 professor lotado em Sala de Apoio deverá ser licenciado, com especialização em

psicopedagogia, psicomotricidade, alfabetização e educação especial/inclusiva e/ou curso de aprofundamento em áreas afins;

 acompanhamento do professor da SAP destina-se para todos os alunos que apresentam

deficiências temporárias e/ou permanentes, atendendo aos níveis da educação básica (priorizando as séries iniciais);

 atendimento pedagógico ao aluno com dificuldade de aprendizagem e/ou com

deficiência será realizado pelo professor de apoio, na sala de aula regular ou na Sala de Apoio;

 ingresso do professor na SAP será através de seleção interna;

 professor da Sala de Apoio Pedagógico deverá organizar e desenvolver atividades

pedagógicas para o enriquecimento do trabalho do professor da sala de aula regular;

 professor de apoio participará dos planejamentos pedagógicos junto aos demais

professores, elaborando planos individualizados para os alunos atendidos;

 atendimento ao aluno na Sala de Apoio será realizado no turno contrário da sala

regular; e

 professor da sala de apoio deverá sistematizar e realizar momentos de estudo com os

demais professores da escola, discutindo questões da prática pedagógica e da educação inclusiva.

As diretrizes que norteiam o trabalho do professor do SAP postulam o imperativo de que esse profissional disponha de conhecimentos que lhe possibilitem desenvolver e trabalhar com estratégias e metodologias diferenciadas e apropriadas às especificidades dos alunos (SEDAS, 2006).

No ano de 2008, de acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, ocorreram mudanças nas atribuições e público-alvo atendido. As salas de apoio pedagógico passaram a ser chamadas de salas de atendimento educacional especializado e o TDAH que, de acordo com um documento elaborado pela Secretaria de Educação Especial,26 encontrava-se agregado às condutas típicas,27 encontra-se incluído nos transtornos funcionais do desenvolvimento (BRASIL, 2009).

26

151 Esse documento legal estabelece que ―O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades especificas. (BRASIL, 2008, p.3). Assegura, ainda, que as atividades desenvolvidas no AEE são diferentes daquelas implementadas na sala de aula regular, complementando ou suplementando a aprendizagem dos alunos, não substituindo a escolarização; o atendimento deve ocorrer em consonância com a proposta pedagógica do ensino comum. Esse dispositivo normativo prevê, também, que o AEE, do nascimento aos três anos, ocorre por meio de serviços de estimulação precoce e nas demais etapas e modalidades da educação básica, estruturado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, devendo ser realizado no turno contrário ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço educacional (BRASIL, 2007).

No mesmo ano, o Ministério da Educação (MEC) apresentou o Decreto n 6571, que determinando que a União ofereça apoio técnico e financeiro e amplie a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. A Política Nacional preceitua que o AEE constitui um conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados, que tem como objetivos:

i) prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos; ii) garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; iii) fomentar o desenvolvimento de recursos pedagógicos e didáticos que eliminem as barreiras no processo de ensino aprendizagem; e iv) assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino. (BRASIL, 2008, P.2).

O Ministério da Educação proporcionará ainda apoio técnico e financeiro às seguintes ações previstas neste Decreto:

[...] implantação de salas de recursos multifuncionais28; formação continuada dos professores; formação de gestores, educadores para a educação inclusiva; adequação arquitetônica para acessibilidade; elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; estruturação de núcleos de acessibilidade nas IFES. (BRASIL, 2008, p.2).

27

[...] manifestações de comportamento típicas de portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social e que requeiram atendimento educacional especializado. (BRASIL, 1994, p.13).

28

A sala de recursos multifuncionais corresponde a um ambiente dotado de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para esse atendimento (BRASIL, 2008, p.2).

152 No ano de 2009, a Resolução n 4 define Diretrizes Operacionais para o AEE na Educação Básica, ao preceituar que os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação sejam matriculados em classes comuns do ensino regular e no AEE, oferecido em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado. Recorda que o AEE constitui parte integrante do processo educacional e, ainda, que a educação especial se realiza em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino.

5.5.1 Quem são as professoras da Sala de Atendimento Educacional Especializado?

O foco de trabalho da professora das Sala do SAP constitui o ambiente da sala de aula regular. O professor da sala de apoio tem como objetivo articular estratégias e ações que auxiliem o professor regular no processo de inclusão de crianças que careçam de alguma intervenção.

O documento que orienta o funcionamento das SAP – objetivos, área de atuação, processo seletivo, entre outros - propõe as funções do professor:

 conhecer as intervenções pedagógicas realizadas para os alunos com necessidades

educativas especiais e sua relação com o grupo e a professora;

 construir e selecionar atividades pedagógicas que enriqueçam o trabalho da sala de

aula regular e as intervenções no SAP;

 fazer registros diários dos atendimentos e das atividades realizadas no contexto da

escola e na sala de aula regular;

 compartilhar os conhecimentos adquiridos em cursos, palestras e/ou outras atividades

com a comunidade escolar e os professores da sala de aula regular; e

 encaminhar, se necessário, alunos para atendimento especializado e manter parcerias

com escolas conveniadas e/ou outras instituições que realizam trabalhos nas áreas de educação especial/inclusão.

Como mencionamos, a Resolução n 4 que define Diretrizes Operacionais para o AEE na Educação Básica apresentou mudanças significativas nas atribuições do profissional da antiga Sala de Apoio e agora Sala de Atendimento Educacional Especializado. Esse preceito normativo exige que o profissional do AEE seja habilitado para o exercício da docência e

153 apresente uma formação específica para a Educação Especial. Atribui, assim, ao professor do AEE as seguintes responsabilidades:

i)identificar, elaborar, produzir, serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias; ii) elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado; organizar o tipo e o número de atendimentos; iii) acompanhar a funcionalidade e aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum no ensino regular, bem como em outros ambientes; iv) estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; v) orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; vi) ensinar a utilizar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos; vii) estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade. (BRASIL,2009, p.3).

Essa Resolução determina, também, no artigo nono, que a preparação e a implementação do plano do AEE sejam de responsabilidade dos docentes que atuam na sala de recursos multifuncionais ou centros de AEE, em estreita conformidade com os demais professores do ensino regular, desenvolvendo um trabalho paralelo ao ensino regular.