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1. INTRODUÇÃO

1.5 Descrição do início do trabalho rural: o

No dia 20 de setembro de 2014, sábado, iniciei oficialmente o trabalho de campo, após a conclusão de um semestre letivo e no meio de outro semestre quando cursei a disciplina Seminário de Pesquisa, oportunidade em que a minha orientadora e professora da disciplina, depois de várias conversas, exprimiu a necessidade de iniciar logo o trabalho rura (campo), já que era uma perspectiva etnográfica de estudo. Além disso, fui conversar com alguns coordenadores da Rede Tucum, como Aparecida e Rosinha, para saber as datas das reuniões da Coordenação da Rede Tucum e quando seria a próxima assembleia anual, pois imaginava inicialmente que minha pesquisa seria mais voltada à relação dos Jenipapo-Kanindé com a Rede Tucum. Depois de alguns meses essa perspectiva se modificou, porque o campo e as correções dos relatórios e o projeto apresentados no final de disciplina me direcionaram para outras buscas, métodos e enfoques epistemológicos.

Lá no campo, a Aldeia dos Jenipapo-Kanindé, e outros locais onde os índios ligados ao turismo estiveram e ainda estão, eu sou e sempre fui muito bem recebido por esses índios – jovens, crianças, adultos e troncos velhos - em especial, por sua principal liderança, a cacique Pequena. No início de uma pesquisa que seria longa, que exigiria, contudo, uma convivência mais demorada, o que me levou a buscar uma boa convivência, sabendo que minha conduta estava sendo analisada pelas lideranças e exigia por mais observação ao modo de vida, sem julgamentos, do que qualquer atitude de

ensinar a eles fazerem as coisas que pudessem ser aplicada, aperfeiçoada, ou debatida entre eles e só limitei a me posicionar quando interpelado.

Realizei a primeira entrevista com Heraldo Alves – Preá, como uma forma de rito de iniciação ao universo de referência cultural indígena Jenipapo-Kanindé. Essa entrevista durou em torno de 80 minutos. Não foi salva em um dado arquivável de voz original, pelo fato de ter sido gravada em um aprelho celular de um amigo antropólogo de nome Ronaldo Queiroz, cujo programa do arquivo de voz não era compatível com o sistema LibreOffice do meu Notebook. Fiz, entretanto, o registro das principais ideias de Preá em meu caderno de campo. Ele disse que historicamente foram conhecidos como os “Cabeludos da Encantada”, pois habitavam a região da Lagoa da Encantada e as matas à sua volta. Disse também que eram vistos pelos outros moradores das comunidades vizinhas como um “povo estranho”, pois sabiam que eram diferentes daquela gente que estava mais integrada à dinâmica social geral da cidade de Aquiraz, do Ceará, do Brasil e do mundo. Além das diferenças físicas (ou seja, nos aspectos fenotípicos), como serem “cabeludos”, tinham costumes e uma tradição bastante particular, diferente de todos da região. Eram índios, e sua identidade existia desde sempre em seus hábitos e no seu cotidiano, o que causava estranheza àqueles que ocupavam, indevidamente, suas terras tradicionais.

Almocei na PIJK, onde tinha feito a gravação com o Preá, e a primeira entrevista informal, mais uma conversa de duas pessoas que já conhecia, mas eu nunca estive diante dele com essa função de investigador da área da Antropologia, interessado no turismo que eles praticam. Todo o discurso inicial acerca da organização do turismo, da articulação na Rede Tucum e no movimento indígena foi se modificado à medida que fomos conversando durante o almoço. De início, percebi que teria de me envolver com organicidade do processo turístico que era peculiar aos Jenipapo-Kanindé e muito menos já ir fazendo entrevistas sem ver nada funcionando na prática.

Concluí que a gravação levou a um discurso que me pareceu pronto e que sempre é apresentado para outros pesquisadores, sobre a organização do turismo. A narrativa estava já cristalizada, pois, segundo ele próprio informou, e eu mesmo verifiquei em diversas ocasiões, vários pesquisadores procuram frequentemente a aldeia para realizar pesquisas acadêmicas, e eu fui visto, inicialmente, como mais um que chegaria lá, pegava as informações e desapareceria (ressalvadas as honrosas exceções que ainda continuam desenvolvendo trabalhos e visitam, como turistas, a aldeia).

Na parte da tarde, fui visitar e entrevistar a cacique Pequena, pois a autorização mais importante para que meu trabalho de pesquisa fosse feito viria dela e também da sua filha e também cacique Irê, ou Juliana Alves, que foi visitada no outro dia. A entrevista com a cacique Pequena foi longa, durou 182 minutos, mas teve a mesma falha de registro em áudio da entrevista com o Preá e somente o caderno de campo e a memória me possibilitaram guardar a riqueza de informações repassadas por ela, a começar pelo autoelogio, quase que ritualístico de contar em pormenores como se tornou cacique, com ampla aceitação interna à etnia, mas teve rejeições iniciais por parte de caciques e pajés de outras etnias. Como esses registros em falas são significativos e apresentados a mim e a outras pessoas, em diversas ocasiões e eventos, nada melhor do que mostrar nos termos que ela costuma relatar.

A seguir exponho trechos transcritos da entrevista filmada, há pouco citada e que ocorreu no dia 02 de janeiro de 2015. Eu minha companheira Graça, Heraldo, Raquel e o casal de “etnoturistas” Joás e Patrícia, chegamos de uma longa caminhada de três horas por algumas trilhas, subindo e descendo o sagrado Morro do Urubu e também após nos banharmos na Lagoa Encantada, sem que tivéssemos nenhum receio de sermos impedidos por algum funcionário do Grupo Ypióca.

Pequena – No dia 25 de novembro de novembro de 97, a FUNAI caiu aqui, nove horas eu tava naquela mangueira, nós tava na 1ª assembleia dos povos indígenas do Ceará, já era 3ª assembleia, mas pra nós era a 1ª. A 1ª tinha sido em Poranga, a 2ª em Maracanaú e a 3ª aqui no Jenipapo-Kanindé. 1º dia, eu em participar e chamei com a Fátima que nós estava em uma assembleia e não podemos desfalcar assembleia pra tirar gente correr a terra, você vai para os Pitaguary, é o tempo de terminar lá você vem pra cá. E assim ela fez, na volta ela veio.

Josael – Era a antropóloga?

Cacique Pequena – é ela veio, era Campelo Brito, antropóloga (isso está tudo no computador da minha cabeça – pode até falhar de hoje pra manhã), era a Soraya socióloga, era Joana historiadora, era José Welington do IDACE e Marcelo INCRA, veio os 5 órgãos completos. O pacote completo. Quando ela voltou de novo com um pacotão, com esse pacotão ela fez os estudos da terra, 1 ela fez dos índios de quem era índio, quem identifica, que não identificava, né e teve muita gente daqui que os irmãos se identificaram como índios e eles ficaram de fora. Augustinho foi um, Valdécio foi outro que não reconheceu, o vovô também...

.... Pois é ai pronto, fizeram estudos do povo e passaram para a terra, a terra tradicional, aonde ela ia trazia uma lembrança, era o caco de panela, era uma casca búzio. Acho que ela chegou em Brasília, bem com, bem com saca de coisas, de mercadoria assim, onde ela no riacho ela pegava um caquinho de panela, que ela via as moradias era trazia lembrança era panela, era prato, Josael - Era vestígios arqueológicos, do passado.

Pequena - Era casco de ostra, era casco do de búzio, tudo ela carrega na sacola dela. Ai ela volta, quando ela voltou ela disse, pronto cacique sua terra agora está delimitada, sua terra toma, 1731,34 hectares de chão tá delimitado pra vocês, para o usufruto de você terra tradicional, terra do povo de vocês dos troncos velhos.

Josael - O Préa [Heraldo Alves, filho da Cacique] disse que talvez o Presídio fizesse parte né?

Pequena - O presídio era nosso, Barro Preto era nosso, acolá por conta da lagoa, a Juçara era nossa. Só que eu pedi a ela: eu sei que tudo pertence a nós, mas nós esse povo dagora, esses povo, esses gaios dagora, nós não queremos, as raízes sim, sabia que lá era moradia tradicional deles, até os avós do seu pai morava. Nós não queremos que fique tudo de fora, por que nós não sabemos quando será resolvido aqui, ou não. Então nós não queremos, queremos onde nós pisa e onde nós anda pra nós saber que ali é nosso mesmo. O pessoal pegou da ponta da Encantada, do Trairrussu, do Trairrusu proa macro, do macro para o Batoque né, Batoque é fora, Morro Cárido, Lagoa do Tapuio, Bazinho, Riacho dos porcos, Riacho das galinhas, você sabe que a bomba da Ypióca é dentro da lagoa né. Foi só o que nós pegamos pra nós, só mesmo que nós via que dava conta, o resto que tudo era nosso nós deixamos pra lá. Eu mesma eu disse não quero, por que sei que aqui é uma briga de cachorro fraco com cachorro grande, é briga de tubarão com peixinho miúdo. Então deixe isso dai do lado de fora. Dando pra nós trabalhar, dando pra nós morar o que importa. (Entrevista concedida em 2 de Janeiro de 2015)

O contexto situacional de uma estrevista semelhante a acima exposta, determina as condições pragmáticas vigentes durante a interação verbal. Em outras palavras, o contexto situacional é a elaboração cognitiva (ou quadro) que o falante faz da situação comunicativa. A ideia da situação ocupa lugar especial nesse contexto. O falante percebe somente aqueles elementos da realidade circundante que considera relevantes para o desenvolvimento da interação. Assim, é válido asseverar que o contexto situacional é uma criação individual, mas, para que esta criação se efetive, os demais contextos (cultural, biográfico individual e conhecimento de mundo) são acionados.

Depois, a Cacique relatou sobre a luta para se construir as duas escolas, a primeira, que era municipal e funcionou no local onde atualmente é a PIJK, e outra que é a EIJK, é gerida pelo Governo estadual, além do posto de saúde, da casa de farinha, do Cantinho do Jenipapo (que foi a primeira experiência de organização de serviços de alimentação e de celebrações das manifestações culturais comunitárias) e do galpão onde funcionam as oficinas de artesanato até os projetos atuais, como as mandalas, hortas, o projeto de sistemas agroflorestais, trilhas, fossas ecológicas etc.

O trabalho de campo realizou-se com suporte na combinação de entrevistas densas semiestruturadas, e observação participante da vida cotidiana da Aldeia Lagoa Encantada desde setembro de 2014. Além disso, participei de reuniões e eventos da Rede Tucum em 2014, 2015, 2016 e 2017 e de eventos organizados pelos indígenas

(Conferência Local de Política Indigenista, de 27 a 29 de julho de 2015) e do SESC (Encontro SESC Herança Nativa, de 16 a 18/08/2015 e II Encontro SESC Herança Nativa, 25 a 27/08/2016) e no Hotel Praia Centro, em Fortaleza (Conferência Regional de Política Indigenista (CE, PI, RN), de 28 a 30 de setembro de 2015) e outros eventos durante os anos de 2016 e 2017, o que será oportunamente relatado.

Um de meus principais cuidados em campo foi ouvir aquilo que os indígenas consideravam como ação realizada por meio do etnoturismo comunitário ou turismo indígena, com especificidades próprias. Quis, com isso, vê-los como agentes que o promovem, não dependentes de uma intervenção administrativa e política dos não índios, para, com isso, entender como intervêm, gerenciam, tratam as atividades etnoturísticas na TI com base na iniciativa deles mesmos, e os desdobramentos desta empreitada na aldeia Lagoa Encantada.

Desse material coletado, uma das entrevistas mais significativas e demarcadoras das diretrizes de investigação foi feita com a da cacique Pequena (ela é mãe de 16, avó de 54, bisavó de 17, tem 72 anos, seu marido Antônio Alves (que mais conhecido como seu Chiquinho), tem 76 anos, se casaram quando ela contava 15 anos e ele 20 anos e teve a última filha aos 49 anos, sendo que 13 dos 16 filhos nasceram em casa). A entrevista foi feita na PIJK e, na realidade, foi uma gravação de uma (com devida permissão dela e da outra pessoa) conversa onde ela rememorou diversos acontecimentos da sua vida, desde sua juventude até idade adulta.

Ela relembrou do seu começo na luta pelos interesses da comunidade e o enfrentamento aos grupos poderosos do Município da Aquiraz e do Estado do Ceará, como o Grupo M. Dias Branco, que tentou construir um grande resort que abrangeria não só a Aldeia, como também a localidade vizinha chamada Batoque, e também o Grupo Ypióca (hoje Pecém Agroindustrial Ltda, que foi vendida para a multinacional britânica Diageo, maior fabricante de destilados do mundo e proprietária de marcas como Johnnie Walker e Smirnoff, porém a Diageo só comprou uma das três fábricas da Ypióca no Ceará, junto com a fazenda próxima, que produz cana-de-açúcar, no Município de Paraipaba e uma fábrica de engarrafamento em Fortaleza), que polui a Lagoa com o vinhoto da sua fábrica de cachaça localizada no município vizinho, desde os anos 1980.

Já pude constar nesse tempo de pesquisa de campo pelo que ouvi da cacique Pequena, serem 106 famílias, que somam 266 indígenas, mas consta no Dossiê “Situação Territorial dos Povos Indígenas do Ceará”, em 2015, habitavam a TI Lagoa Encantada

“356 pessoas, sendo 165 homens e 191 mulheres” (CDPDH, 2015), com base em dados da Secretaria de Saúde Indígena – SESAI-DSEI-Ceará.

Os Jenipapo-Kanindé enfrentam um problema que atinge um terço da população mundial, ou seja, cerca de 2,4 bilhões de pessoas, conforme concluiu um recente levantamento global do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), Progress on Sanitation and Drinking Water:

2015 Update and MDG Assessment (UNICEF; WHO, 2015), que apontou o acesso à

água potável em quantidade e qualidade, com instalação de serviços de saneamento básico e água tratada, vinculado aos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), criado em 2000 pela Organização das Nações Unidas (ONU), através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Constatei que a comunidade possui um sistema alternativo de captação e abastecimento de água, formado por três poços não artesianos (que chegam a 60 metros de profundidade), dois dos quais apenas fazem a distribuição para as casas da comunidade por meio de bombas. Infelizmente, no entanto, não há pressão suficiente para que a água chegue a todas as casas e, nos períodos de seca, que se inicia anualmente no mês de agosto e se estende até março do ano seguinte, o nível da água diminui, o que ocasionou insegurança hídrica na comunidade e problemas de saúde, como o alto índice de pessoas infestadas por verminoses.

Não há na TI um sistema de tratamento de água e de esgoto. A falta de esgotamento sanitário e de água encanada e tratada pela Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (CAGECE) poderá ser um fator impeditivo da vinda de turistas à aldeia, com receio de contraírem doenças de veiculação hídrica. Por isso, achei por bem incluir esse componente infraestrutural na análise e ele será mais bem descrito e analisado em outros momentos da pesquisa de campo e noutros estudos, pois já percebi que alguns visitantes preferem consumir água mineral, que a água da aldeia, por pura precaução.

Os indígenas também já tiveram seu patrimônio hídrico ameaçado em sua história recente, desde a degradação promovida pela fábrica de aguardente Ypióca em sua Lagoa da Encantada que promovia a extração e poluição desta (afirmo promovia, porque existe uma ação civil pública que suspendeu o processo demarcatório da TI Lagoa Encantada e que atingiu a empresa e temporariamente impede a extração da água da lagoa).

Essas informações e outras questões legais e administrativas da TI foram objeto de uma entrevista, detalhada no capítulo 5, com a coordenadora do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional Nordeste II da FUNAI, Luciana

Nóbrega, que já realizou um profícuo trabalho de assessoria jurídica junto aos Jenipapo- Kanindé), a retirada indiscriminada de água, que provocou assoreamento das nascentes e a contaminação da água pelo lançamento de efluentes de vinhoto que é o rejeito do processo de destilação da cana-de-açúcar, utilizada na fabricação das aguardentes da Ypióca.

No que se refere às entrevistas, inicio com a que foi feita com Juliana Alves, realizada no último dia de 2014, no final da tarde, na casa dela, uma das filhas mais novas da Cacique. Essa entrevista e outras situações vivenciadas na aldeia e fora dela possibilitaram a inclusão de uma seção da tese que trate dela e sua influência na comunidade, já que ela também é a diretora da Escola Indígena Jenipapo-Kanindé, além de ter sido escolhida cacique.

Foi uma entrevista longa, de uma hora e quarenta e cinco minutos, cheia de nuanças, que tenho de rever várias vezes, para comparar com todos os outros acontecimentos que se desenrolaram durante o ano até a data final da pesquisa de campo, tenha eu presenciado ou não.

Por exemplo, contou por que não quis assumir o cacicado, quando a mãe ficou doente em 2012. Alegou que, ao fazer o magistério indígena e se tornar professora, houve o envolvimento com as questões administrativas e burocráticas, na diretoria da escola indígena, e isso consome grande parte do tempo disponível para uma ação política em defesa dos interesses do seu povo, que exigia fazer viagens e participar de várias discussões com a FUNAI e com outras lideranças indígenas, em Fortaleza e em Brasília.

Juliana, ou cacique Irê, deu outras explicações para a recusa ao cacicado; primeiro, por ter se casado com um rapaz que não era da aldeia e isso (na sua interpretação) poderia gerar críticas dos adversários da luta da etnia, mas afirmou que se relaciona bem com os posseiros e os ‘inimigos’ da comunidade, porque sua irmã, Conceição (também conhecida como Bida e cacique Jurema), o Heraldo e João estão mais à frente de algumas lutas etc. Os detalhamentos dessa e outras entrevistas importantes se inserem num capítulo que analisa toda a pesquisa e consta nesta tese.

Um registro precioso que consegui foi a palestra feita por Heraldo Alves, durante o II Encontro SESC Herança Nativa, no dia 25/08/2017, no SESC Iparana, onde ele explicou os diversos significados do museu indígena, na sua perspectiva, da seguinte maneira própria, para ele,

[...] esse trabalho de museologia social é um trabalho muito interessante que a gente tem no Jenipapo-Kanindé, começamos em 2009, com o trabalho do historiando, nós tínhamos um grupo de 25 jovens, professor, guardião de

memórias, os troncos velhos e os alunos da escola, e hoje os frutos que nós vemos no Jenipapo-Kanindé desse trabalho é uma coisa muito interessante, porque hoje nós já temos alunos, pessoas que estavam trabalhando comigo, tiveram algumas pessoas que se interessaram pela área museologia, como a Daniela, hoje ela já está fazendo, passou na Bahia e está fazendo faculdade de Museologia, isso aí pra mim é um orgulho muito grande, não só pra mim, mas pro nosso povo aqui do Ceará, ter uma índia na faculdade federal da Bahia fazendo museologia, e pra mim que venho trabalhando com museus indígenas é muito bom porque a gente repassa a nossa história, nós mesmos repassamos a nossa história do nosso povo para o nosso visitante, e o visitante sempre quando vai no Jenipapo-Kanindé quer conhecer um pouco, eles querem conhecer como foi criado o museu. Nosso museu, nós começamos, primeiro foi feita uma pesquisa, depois dessa pesquisa que foi feita na aldeia foi que a gente, depois de seis meses foi que nós montamos o museu, fizemos catação de objetos, depois desses objetos todos juntos foi que nós fomos fazer a montagem do museu, depois da montagem do museu a gente foi fazer a inauguração, foi dia 3 de setembro de 2010 a inauguração do museu do Jenipapo Kanindé. (Exposição oral gravada em 25 de Agosto de 2016)

Heraldo (Preá) já passou da condição de informante-chave para a de um verdadeiro interlocutor na produção dos conhecimentos, saberes e fazeres sobre o turismo comunitário e museologia social, assim como vários outros indígenas que estão à frente das lutas indígenas da aldeia e nos trabalhos ligados ao turismo.

O caminho das conquistas atuais na museologia social se iniciou há

[...] 40 años atrás, en un Chile aún bajo el gobierno de Salvador Allende, un grupo de profesionales de los museos, de alma fuerte y visión, se reunieron convocados por Unesco, para tratar en ese entonces, sobre la importancia y el desarrollo de los museos en el mundo contemporáneo, en un formato de mesa redonda como nuevo concepto de interrelación profesional entre dos áreas de experiencia comprometidas: la de museos específicamente y la del desarrollo económico y social. Grupo que tenía la bandera de la lucha para no sólo definir sino gestionar políticas que mantengan vigente los valores de los museos en