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3 O PERCURSO

3.4 Desenhando a ecovila

Tomei conhecimento desta ecovila por um post que circulava na internet, “Ecovila em Portugal busca moradores”. Eu havia lido enquanto estava no Brasil, no entanto, descartei a visita pela distância. Numa segunda oportunidade, recebi um direcionado ao meu nome enquanto estava em Salamanca, no período do estágio sanduíche, através de uma amiga que conhecia minha pesquisa e colocou-o no meu perfil das redes sociais. Sabendo disto, considerando que Salamanca ficava a poucas horas de carro, iniciei o contato via e-mail, explicando os motivos da minha visita e passei a preencher um formulário.

No formulário, deveria escolher entre cinco categorias com as que seriam reconhecidos os sujeitos segundo o interesse destes na ecovila: água, vento, terra, flor e semente59. Eu me identifiquei como “espírito da água”, este representava às pessoas interessadas na ecovila de maneira temporária, com o compromisso de ajudar nas tarefas cotidianas e após continuar no próprio “fluxo”. Assim, dois meses antes, consegui combinar os detalhes da minha visita para o dia 07 de abril de 2015 por um período de dez dias, com Amnat, o criador do projeto. O acordo era de visitar o local por um período de pelo menos nove dias. Eu não pagaria nada, mas trocaria uma atividade comunitária de quatro horas, de segunda a sexta-feira pela estadia e a comida não estaria inclusa, pelo que deveria levar víveres.

O site continha informações bastante detalhadas do “projeto Ecovila Vegetariana”, considerado “projeto”, pois, no momento, estava na “fase inicial”, quando se fazia pública a ideia de incorporar pessoas para formar uma ecovila. A intenção era de atrair interessados. O projeto de ecovila, por enquanto, albergava somente uma família, um casal com dois filhos. Amnat e Sheide de cinquenta e cinco anos, um adolescente de quinze anos chamado Amir, Arte, uma criança de nove anos, Marte, o cachorro e Yuna e Min, as duas gatas.

Fiz o percurso desde Salamanca até o norte de Portugal, com a minha mochila de antropóloga, de carona com um jovem francês que

contatei pelo Blablacar60. Dormi uma noite num hostel, na cidade de Porto e no dia seguinte peguei o ônibus até Cabeceiras de Bastos, a cidade mais próxima da ecovila onde Amnat me esperaria na rodoviária.

Na minha chegada, Amnat estava na rodoviária de Cabeceiras de Bastos, reconheci-o facilmente; ele descreveu-se no e-mail como o “barbudo”, entendi se referia à foto dele no site. Contudo, ele não sabia que eu de propósito não olhei as fotos, pois queria ser surpreendida e não ter uma expectativa do lugar. De fato, foi fácil reconhecê-lo, um homem de blusa larga, calças estilo indiano que pareciam saia e pantufas, de barba branca até o peito e cabelos brancos. Ao descer do ônibus, ali estava ele, olhando aos meus olhos, Amnat aproximou-se com os braços estendidos para me abraçar.

Imediatamente, Amnat levou-me de carro, para um supermercado no qual fiz a compra da comida. Explicou que pelo horário o supermercado era o melhor lugar para encontrar tudo o que precisava, já que eles costumavam comprar na feira da cidade. Eu devia comprar a comida que eu quisesse comer no café da manhã, além de comida para compartilhar com o pessoal que estava na ecovila, considerando que esta seria usada para o almoço e o jantar comunitário. A comida que eu comprasse devia ser vegetariana e de preferência que não precisasse de refrigeração, pois não usavam geladeira.

Com as compras da comida para dez dias, partimos para a ecovila. Neste trajeto passamos por duas pequenas e belas vilas. Os vinhedos enfeitavam a paisagem de Asnela e Vilela, esta última ficava bastante próxima do lugar. Amnat comentou que a família tinha bastante familiaridade com a vizinhança. De fato, no convívio com eles soube que

participavam de atividades que programavam em conjunto; pude

acompanhar um treino de “grupo da bateria” de Vilela, no qual Amnat e Amir participavam. Também participei de uma atividade livre de final de semana, a “caminhada pela vila”. Nesse momento, pude observar a vizinhança reconhecendo-os com carinho e os convidando a passar em

60Blablacar é um sistema virtual de caronas no qual os motoristas e os

passageiros publicam oferta e demanda de vagas para viajar de carro até diversas localidades. Sendo interessante tanto para passageiros que economizam na passagem quanto para motoristas que compartilham os gastos de gasolina. Soube deste sistema a partir de uma companheira de sala de aula que precisou utilizá-lo para se transportar de maneira mais econômica com a finalidade de fazer seu trabalho de campo.

casa. Amnat também comentou que coordenava periodicamente o cinema gratuito, convidando-me a participar.

No trajeto, fomos conversando, Amnat contou como soube do terreno onde ficava a ecovila, nas palavras dele, como “la tierra los escogió”. Explicou que “energizava” o “quadro de atração61” diariamente, e como as “sincronias” confluíram para a compra final do terreno.

Fazia três anos que a família pensava em participar num encontro Europeu “alternativo” chamado Rainbow Family. Este aconteceria em Portugal, porém próximo da data, o filho mais novo, Arte, ficou doente. Por causa disto desistiram de participar no evento. Uma vez que Arte melhorou, refizeram os planos e viajaram para conhecer o norte de Portugal, onde procuraram terras, pois fazia algum tempo tinham interesse em comprar um terreno. Perguntando as pessoas na rua, souberam de uma imobiliária.

A família foi até a imobiliária sugerida. Nela, Amnat percebeu que o dono não quis atendê-lo e assumiu que devia ser por causa do seu aspecto. Assim, ele mandou à assistente conversar com eles. Isto foi considerado por Amnat como algo favorável, já que, a assistente foi descrita como uma pessoa bastante atenciosa e prestativa, tanto, que acabou oferecendo para eles um terreno que “não podia se oferecer”, pois o terreno pertencia à imobiliária da concorrência. Neste sentido, segundo comentou Amnat, as “sincronias” foram acontecendo, a partir de uma circunstância que parecia “não haveria acordo”, as imobiliárias conseguiram-no e a família conseguiu comprar o terreno que desde o início adoraram.

Ainda depois da compra, conhecendo melhor o terreno, o vizinho mostrou-lhes uma árvore muito antiga, a qual hoje eles chamam de “árvore sagrada”. O encontro dessa árvore, significou para a família uma “confirmação” de que esse era o lugar, pois, segundo Amnat explicou, árvores como essa fornecem “energia” a grandes regiões. Nesse período souberam de mais duas situações que foram consideradas parte da “conspiração do Universo”. Inteirou-se que o Rainbow, o encontro do qual pensavam participar, havia acontecido há poucos quilômetros da

61 Trata-se de um quadro baseado nos princípios da “lei da atração” que é

proposta no livro “O Segredo” da autora Rhonda Byrne. Consiste em atrair o que é desejado com o pensamento. Deve-se ter uma ideia e visualizá-la concretizada, com certa frequência e “sem apego”. No quadro devem ser colocadas fotos ou imagens do que é desejado.

terra que compraram. Ou seja, de uma forma ou outra a família “chegaria até esse lugar”. O segundo sucesso aconteceu a partir do encontro de Amnat na vila com uma senhora holandesa.

Um dia a holandesa aproximou-se dele e perguntou-lhe se era quem havia comprado a terra anteriormente mencionada. Amnat confirmou, ao que a senhora comentou ter tido interesse no mesmo terreno no momento que Amnat foi à imobiliária e estava determinada a comprá-lo. Aconteceu exatamente nesses dias, que Amnat foi à imobiliária. Ela havia voltado para o seu país em buscado dinheiro faltante e completá-lo para fechar o pagamento. Foi nesse momento que Amnat conseguiu fechar o contrato com a imobiliária.

Soube também que a família morava no local fazia três anos. O casal espanhol, anteriormente morava numa cidade ao nordeste da Espanha, as crianças frequentavam a escola, Amnat trabalhava três horas ao dia como inspetor de trabalho e Sheide havia deixado o trabalho para sair com uma boa indenização.

Já na casa, mostraram-me o quarto no qual dormiria, no primeiro andar de uma casinha de pedra de dois andares, acompanhada por Daniel, um moço português de vinte e quatro anos. Daniel havia chegado no dia anterior para ficar onze dias, objetivando uma “busca espiritual”. O segundo andar estava destinado para a “escola livre62”, o espaço destinado para a escola da ecovila. A casinha estava localizada na entrada, na parte de cima, num terreno íngreme. Para chegar até a cozinha e as outras edificações havia uma declividade que tomava uns dois minutos andando. No espaço baixo do terreno, havia uma pequena horta e um local mais plano com brinquedos para crianças, o curral das galinhas e um ponto para o compostagem. Uns metros depois estava localizado o rio.

No período da minha estadia houve mais um visitante, Gerardo, um espanhol, educador, de quarenta e oito anos, pretendia ficar vinte e cinco dias na ecovila. Ele chegou uns três dias antes. Na tarde daquele dia, Sheide e Amnat foram os responsáveis de explicar-nos o que devíamos saber para respeitar o funcionamento da ecovila. Pegando o caderninho, Sheide perguntou-nos qual era nosso interesse no período que passaríamos na ecovila. Eu respondi me interessava compreender como “vivenciavam a espiritualidade”, Gerardo disse gostar do contato com a natureza e trabalhar na terra em espaços como esse. Posteriormente, explicaram-nos como era a rotina da ecovila e princípios.

O almoço era comunitário. A cada dia a responsabilidade da cozinha era de uma pessoa. No momento éramos cinco adultos que cozinharíamos para todos, almoço e a ceia que devia acontecer ás 20:00 hrs. O responsável podia decidir cozinhar mais quantidade de manhã se quiser oferecer o mesmo prato na ceia. Nesse dia, quem cozinhasse estava liberado da atividade comunitária, no período da manhã. Deveria lavar todos os pratos e panelas, do almoço e ceia do dia anterior, ou seja, em caso de cozinhar, a tarefa começava um dia antes. O café da manhã era livre, cada um fazia-o no horário que quisesse. As tardes eram livres, no entanto, buscava-se ter uma atividade de preferência em conjunto. Nesses dias participei de leituras de livros63, assistimos documentários e filmes64, brincadeiras, cantorias e passeios.

Explicaram-nos também o objetivo do projeto, a busca da “autossuficiência”. No entanto, comentaram que, por encontrar-se na etapa inicial, a meta ainda não havia sido alcançada. A ideia era, uma vez incorporados os novos moradores, criar cabras, entre outras opções, para assim produzir alimentos como leite, queijo, iogurte, etc. Amnat revelou ter lido muitos livros, além disso, participava em diversos projetos e encontros de ecovilas. Dessa forma, conhecia muitas experiências que “funcionaram e fracassaram”. Ainda assim, estava preparado para a próxima etapa do processo: a incorporação de novas pessoas. Ele desde jovem participou do movimento anarquista de Catalunha. No momento, sentia-se “mais anarquista que nunca”, embora havia manifestado que este sentimento estava acompanhado pelo amor e a espiritualidade, o que era entendido por ele como uma “evolução”.

O projeto buscava ter entre quarenta e cinquenta moradores. Consideravam “espíritos do vento” às pessoas que tinham interesse em morar na ecovila e visitavam-na para conhecê-la, com a finalidade de perceber se “vibravam” na sintonia do projeto. Se elas decidirem morar

63 Lemos juntos um capítulo do livro Cartas de Jesús e outro dia La profecia

Celestinada autoria de James Redfield. Após a leitura acontecia um debate sobre

as ideias e como eram entendidas ou não entendidas por cada um de nós.

64 Assistimos um documentário chamado I am, do diretor Tom Saydock, que

explicava o processo no que deixou uma vida de luxos e “vazia” em Hollywood por uma vida mais austera, morando acampamento. Um outro filme curto sobre O Amor, A arte da felicidade e Conversações com Deus. A dinâmica sempre foi a mesma, temas escolhidos em conjunto, que abordavam “assuntos espirituais”; finalizados os filmes acontecia uma discussão dos temas principais para cada um de nós.

na ecovila passariam a ser “terra”. As visitas sendo “vento” ou “terra” aconteceriam entre sete meses até um ano desde a primeira visita, sugerindo-se que estas visitas fossem cinco e pelo menos uma delas em período de chuva. O período de “floração”, no qual a família ou pessoa moraria na ecovila, seria um período provisório de quatorze meses. Nesse período, seria entregue ao projeto uma quantidade de dinheiro “simbólico” por cada pessoa adulta. Segundo comentou, esse valor ainda estava por ser definido. Uma vez que a pessoa ou família entrasse de maneira definitiva à ecovila, viraria “semente” (após os quatorze meses), aportaria à ecovila cinco mil euros por pessoa adulta, isto com a finalidade de comprar um terreno no nome da associação que seria a proprietária legal das terras.

Pretendia-se fazer construções diferenciadas, embora a ideia era que não fossem grandes, ocupando pouco espaço, e que a assembleia definiria para respeitar o entorno65. O objetivo era construir casas pequenas aconchegantes, econômicas, “radiantes de boa energia”.

O projeto estava baseado no respeito, de forma que mantivesse a harmonia entre as necessidades individuais e comunitárias. Baseava-se em cinco “pilares” representados num círculo: a autossuficiência, a alimentação respeitosa, a ecologia e a educação livre66. Estes quatro relacionados no “centro do círculo” com a “espiritualidade”. Esta última deveria unir, dar forma e sentido às relações na ecovila.

Havia um ano e meio, iniciaram a divulgação do projeto. Desde esse momento apareceram muitos visitantes interessados, porém, somente Martha, a primeira “espírito de terra”, por enquanto, havia manifestado especial interesse em formar parte da ecovila. Martha trabalhava na área da saúde, ela tinha 55 anos e chegou para fazer o segundo período de visita um dia antes de eu ir embora. Ela comentou “sintonizar” com a família e com a espiritualidade praticada no local, disse que meditava e

65Os critérios para as construções deveriam considerar a “permacultura”, a

“bioconstrução” e o “fengshui”.

66 Segundo o site da ecovila a “educação livre” está embasada na educação

ativa e livre proposta por Rebeca Wild, uma pedagoga alemã quem fundou um centro escolar “alternativo” no Equador. Segundo explicaram-me, trabalham com diversos materiais “não estruturados”, deixando que a criança escolha o que ela quer fazer e explore por ela mesma. Estudam por um período de 3.5 horas, por cinco dias à semana, com bastante flexibilidade. Disponível em: https://ecoaldeavegetariana.wordpress.com/

participava em constelações familiares67, entre outras atividades relacionadas com a espiritualidade que encontrava na ecovila.

No Projeto de ecovila vegetariana me deparei com uma família com uma intenção determinada, “ser ecovila”, a partir de um ideal liderado pelo pai, materializado em um plano a ser concretizado num futuro próximo. Para a consecução deste empreendimento houve uma preparação prévia que implicou aprendizagem com base na leitura de livros, participação em eventos e cursos. Ademais, havia sido obtido o terreno, definidos os alinhamentos do funcionamento da comunidade, estavam sendo trabalhadas as relações com a vizinhança e divulgando o projeto para atrair novos moradores. Nesta formulação percebi uma analogia com a communitas como “um ideal que será em breve permanentemente atingido” (TURNER, 1974, p. 187) e que para ela havia uma estrutura pronta que se desenvolvia gradualmente.

Um dos lugares visitados por Amnat para participar de um encontro de ecovilas organizado pela Rede Ibérica de Ecovilas68(RIE) vinculada ao GEN foi a Ecovila Los Portales, que abordarei a seguir. 3.5 A ecovila e os “wwoofers”

Tentando conhecer sobre o GEN, especificamente da RIE (Red Ibérica de Ecoaldeas) na internet achei o email de quem aparecia como seu “porta-voz”, um dos moradores de Los Portales, uma ecovila localizada na serra de Sevilla, no sul da Espanha. Iniciei o contato via email apresentando-me como pesquisadora. Comentei que gostaria de conhecer mais sobre o GEN e consultei se seria possível marcar uma entrevista. A partir disto, sugeriram-me visitar a ecovila indicando a existência de alguns programas de visita, caso eu estivesse interessada. Desta maneira, via email, entrei em contato. Apresentei-me, expliquei meu projeto e pedi para participar como voluntária nos Portales. Li todas

67 Método que considera a família como um sistema que se desenvolve em função de princípios, as “ordens do amor”. A terapia se desenvolve de maneira grupal, na quala pessoa vai ver representado o assunto a “constelar” nas reações dos membros do grupo. Estes irão demonstrando sentimentos da pessoa constelada e como o afetam as relações na família.

68 Rede da península Ibérica que relaciona e conecta ecovilas, projetos, associações com objetivos afins, e pessoas que procuram respeitar o planeta e as pessoas. Disponível em: http://rie.ecovillage.org/es/about Acesso em: 23-01-2017

as informações do site e preenchi os dados que solicitavam, como nome, idade, seguro médico, interesse pelo lugar, intolerância a alguma comida, entre outros requisitos. Coloquei as datas que me interessavam, considerando cerca de vinte e cinco dias em junho. Como parte do processo, pediram-me para fazer um cadastro no site da Wwoof69.

Os voluntários que passavam pela ecovila eram chamados de “wwoofers” e deveriam previamente se inscrever no site pagando por isso vinte euros. O site reunia ofertas de voluntariado em “fazendas orgânicas” de vários países e explicava que na maioria destas os voluntários trabalhariam entre quatro até seis horas em troca de hospedagem e comida.

Para ser voluntária na comunidade Los Portales o período estabelecido mínimo era de vinte e um dias, quando estive no local perguntei o porquê e comentaram que achavam que era um período mínimo suficiente para conhecer as atividades e as pessoas.

Cheguei aos Portales com minha “mochila de antropóloga” numa calorenta tarde de outono. Consegui ir de carona com duas mulheres da comunidade que voltavam da cidade mais próxima, Sevilla, à qual eu tinha chegado saindo de Salamanca até Madrid de ônibus e de Madrid até lá de AV70. As duas mulheres de uns cinquenta anos eram belgas, e foram conversando comigo pelo trajeto. Comentaram que moravam nos Portales desde que chegaram os primeiros moradores, trinta anos atrás. Motivados pelo “trabalho interior” um grupo de aproximadamente vinte pessoas, entre belgas e franceses, na época, decidiram morar junto liderados pela Gabri, “uma mulher determinada e de personalidade forte” que liderava os “trabalhos espirituais”. Ela “recebeu algumas mensagens” e a partir disto retomaram a ideia de tentar morar em comunidade, tornando-se uma necessidade para a concretização do “trabalho interior”.

Cheguei à tarde, muito cansada. Charlie, uma francesa com quem me contatei via email foi me apresentando algumas pessoas com quem conviveria nos dias seguintes. Enquanto andava pela ecovila, mostrou-me

69World Wide Opportunities on Organic Farms.Se descrevem como:

“WWOOF é um movimento mundial que associa voluntários com produtores e agricultores orgânicos para promover experiências culturais e educacionais baseadas na confiança e no intercâmbio não-monetário, ajudando assim a construir uma comunidade sustentável e global”. Disponível em: http://www.wwoof.net/

a casa principal, grande e antiga, estilo andaluz71, com muitos quartos. Neles viviam alguns dos “moradores fixos”72, num dos quartos que estava desocupado fiquei dividindo com uma espanhola. Cecília foi a minha companheira no quarto dentro da casa principal. Uma moça de dezoito anos que chegou uma semana antes para ficar por um período de vinte e um dias.

Charlie foi me mostrando e explicando como funcionava a comunidade: acordar para tomar o café da manhã às 07hrs, às 08hrs começarmos as atividades do dia, parar para um intervalo de meia hora às 10h30min, quando comeríamos algo leve e voltaríamos para as atividades programadas para o dia, até as 13hrs, horário do almoço. Dependendo do tempo, se estivesse muito calor e fossem atividades ao ar livre,