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Desenho da Investigação

No documento Arquitetura, património e autenticidade (páginas 46-52)

Atendendo aos considerandos anteriores, e em termos da clarificação estrutural do trabalho em causa, entendemos apropriado apresentar o Desenho da Investigação a que nos propomos, observando-se o desenvolvimento da Tese por Capítulos, no sentido de um melhor encadeamento das ideias e conhecimento científico, expresso de forma clara e sistemática.

O ponto de partida encontra-se necessariamente na Questão fundamental que nos colocamos e para a qual determinamos um caminho tendente a alcançar a resposta ou respostas mais adequadas ao esclarecimento do que nos questionamos.

No caso presente, a Questão colocada passa pela procura de uma resposta à determinação de um conjunto de Critérios para definir a Autenticidade na Conservação e Reabilitação do Património Histórico em Portugal.

Para o efeito o Capítulo I – Introdução ao tema, contextualiza e identifica a pertinência do assunto, identificando o objetivo a atingir com este trabalho e a metodologia delineada para o concretizar, de modo a valorizar o conhecimento atual da temática em estudo, focalizado no Património Mundial Nacional e na preservação da sua Autenticidade.

O Capítulo II – No enquadramento, sintetiza o pensamento dos teóricos e a visão histórica do conhecimento adquirido sobre a temática da Autenticidade do património histórico, sua conservação e preservação para transmissão às gerações futuras.

Colocada a questão de partida e o seu enquadramento, devemos avaliar agora no Capítulo III – Estado da Arte – O estado actual do conhecimento científico sobre a matéria em estudo, nomeadamente sobre Autenticidade, Conservação e Património. No Capítulo IV – Na definição dos conceitos, analisamos os Investigadores e os Tratados sobre Conservação, Património, Restauro, Integridade e naturalmente Autenticidade, de forma a enriquecermos o conhecimento holístico da temática.

Capítulo V – Aborda-se o contexto caraterizador com a dimensão formal institucional,

regulamentar, consubstanciado num Enquadramento Internacional e num

Enquadramento Nacional.

Esta análise dicotómica vai permitir definir conceitos teóricos Internacionais adequados à nossa realidade Nacional e conceitos singulares intrínsecos à nossa génese histórica e social, distintos de uma realidade generalista globalizadora.

O Capítulo VI – A experiência do National Park Service dos EUA, permite-nos conhecer a práxis na avaliação dos Valores de Autenticidade presentes na Conservação do Património Histórico dos EUA desde 1906, sendo determinada a Autenticidade através da observância de 7 Critérios:

- Localização; - Design; - Materiais; - Forma e concepção; - Sentimentos; - Associação e - Situação e enquadramento.

Por outro lado a Convenção do Património Mundial (1972), define o Valor de Autenticidade através de 5 Critérios:

- Design; - Materiais; - Artefactos;

- Sítio-Localização e - Função/Uso.

Verifica-se assim alguma divergência quanto ao significado dos Valores de Autenticidade do Património Cultural, numa perspectiva global Mundial, ou comunitária, local, naturalmente decorrentes da sua singularidade, face aos restantes povos ou Nações.

No Capítulo VII- Património Cultural Português, leva-nos a situar a Conservação do Património Histórico, através da evolução histórica e legislação criada para a sua preservação, subscrevendo na essência as orientações da Convenção do Património Mundial da UNESCO.

É no contexto do observado nos Capítulos anteriores e no âmbito da singularidade do Património Histórico Cultural Nacional, atendendo ainda ao vasto Património Português espalhado pelo Mundo, que propomos um conjunto de Critérios que defina os Valores de Autenticidade do referido Património, a saber:

- Valor Cultural; - Integridade; - Conservação e - Função/Uso.

Entendemos que estes Critérios de Autenticidade respondem à nossa realidade social e cultural como matriz em futuras intervenções de Conservação e Preservação do Património Português.

No presente Capítulo desenvolvemos analiticamente o significado dos atributos subjacentes a cada um dos Critérios propostos no sentido da plena compreensão dos conceitos de que os referidos Critérios estão imbuídos e assim evidenciar os Valores de Autenticidade intrínsecos do Património.

Dita-nos agora a sequência lógica a empreender neste caminhar silencioso, a confirmação conceptual dos Critérios de Autenticidade propostos.

Para o efeito, tal vai acontecer no Capítulo VIII- Estudos de Caso, que vamos dedicar a testar e validar a aplicação dos Critérios de Autenticidade selecionados, em três Estudos de Caso considerados Património Mundial, nomeadamente a Região Vinhateira do Alto Douro; a Paisagem Cultural de Sintra e o Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém. O desenvolvimento de todo este Capítulo permite-nos confirmar pela demonstração objetiva da aplicação dos atributos que dão corpo aos Critérios de Autenticidade em casos e situações concretas do Património Português, estabelecendo assim a validade dos conceitos e valores subjacentes aos Critérios de Autenticidade propostos na Tese. Finalmente o Capítulo IX- Conclusões, torna-se na síntese de todo o trabalho representado pela Tese, entendemos ainda fazer mais sentido apresentar uma Conclusão Geral abrangendo o conhecimento global internacional relativo ao tema, e uma Conclusão Especifica focada essencialmente na nossa proposta para o Património Português.

Por outro lado e igualmente importante, em nosso entender, apresentamos indicações e caminhos passíveis de investigação nesta área temática, que intitulamos de Perspectivas de Desenvolvimento.

Qualquer investigação científica, qualquer que seja o seu âmbito, nunca vai estar concluída, uma vez que existe sempre a possibilidade de evolução no conhecimento científico.

CAPÍTULO II - ENQUADRAMENTO

2.1 – INTRODUÇÃO

Determinada a questão central da investigação e perspetivado o trabalho a desenvolver, propomos como passo seguinte, o enquadramento histórico evolutivo do tema, no sentido de dar conhecimento das reflexões dos teóricos especialistas, relativamente ao assunto da Conservação e Preservação da Autenticidade do Património.

No caso de Portugal, apesar das contrariedades, pressões sociais e constrangimentos financeiros no sentido da conservação e reabilitação mais adequada do património histórico, considera-se como fator intransigente a manutenção do valor de Autenticidade e integridade do Património Cultural Português.

Em nosso entender a preservação da Autenticidade do Património Cultural Nacional, vai inexoravelmente influenciar critérios e metodologias de intervenção no bem património espalhado pelo Mundo, pois é em Portugal que se vêm procurar as origens históricas do mesmo.

Como tal, os intervenientes no Património Nacional devem ser perseverantes na defesa dos reais valores de Autenticidade do bem, uma vez que reflete a Cultura Portuguesa.

O monumento ou sítio histórico cuja finalidade é fazer reviver o passado no tempo presente, está permanentemente exposto às agressões do tempo vivido, exigindo por isso uma manutenção continuada ou uma reutilização adequada aos seus espaços.

O abandono, a desafetação, e o desuso, fazem esquecê-los e deixam-nos cair,3 por incúria e esquecimento.

3

CHOAY, Françoise. A Alegoria do Património. Edições 70. Lisboa. 2006. pág. 22 Fig. 6 – Claustro

2.2 – AUTENTICIDADE NA REABILITAÇÃO DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO

No documento Arquitetura, património e autenticidade (páginas 46-52)