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CAPÍTULO VI – National Park Service dos EUA

7.3 Critérios de Autenticidade e Conservação do Património Histórico Cultural

7.3.2 Conteúdo e Significado dos Atributos

7.3.2.1 Valor Cultural

7.3.2.2.2 Técnicas

Correspondem às tradições construtivas locais, ao conhecimento empírico prático dos materiais quanto à sua fabricação, modulação e melhor forma de aplicação, tendo em atenção a dimensão arquitetónica do objeto patrimonial a construir, tratando-se de monumento de grande dimensão, ou simples habitação vernacular.

Técnicas ancestrais de tratamento e manuseamento dos materiais presentes na natureza, ainda hoje são utilizadas, atente-se no caso da Arquitetura da Terra.

As construções em terra ainda hoje se realizam no Alentejo incluindo-se já outras condições de conforto e estética de acordo com a nossa contemporaneidade.

De qualquer forma os princípios básicos de construção vernacular estão bem presentes e são observados.

As técnicas pretendem igualmente que a Autenticidade do monumento ou sítio seja respeitada considerando-se que durante intervenções de conservação ou restauro sejam observados os cânones construtivos e arquitetónicos do autor do referido património cultural ou natural, e se atue em conformidade, não danificando ou deturpando a integridade e a Autenticidade inerente ao objeto de arte.

7.3.2.2.3 – SÍTIO

É a paisagem ou a envolvente onde se insere determinado monumento ou edificado e do qual faz parte integrante.

A análise sobre o Valor Universal Excecional, não deve por conseguinte ser realizado apenas ao edificado “per si”, como elemento preponderante é certo, mas integrado numa envolvente, também ela com valor património histórico.

O valor da autenticidade veiculado ao sítio, pode ser determinado pelos valores de integridade manifestados através do diálogo entre os elementos construídos e a sua integração na paisagem e envolvente, incluindo-se obviamente valores de integridade inerentes à paisagem e envolvente.

7.3.2.3 – CONSERVAÇÃO

7.3.2.3.1 – PRESERVAÇÃO LOCAL

Entendemos que as comunidades locais são os primeiros interessados na salvaguarda do património, pois com ele convivem diariamente.

Podemos então compreender porque são os principais defensores e curadores do património histórico local.

Por esta razão, entendemos de facto, que é uma mais valia a colaboração ativa das comunidades locais através das suas associações culturais, na gestão e conservação dos monumentos e sítios patrimoniais históricos.

Os habitantes das comunidades onde existe património histórico com valor cultural ou natural são os mais críticos e exigentes no que respeita à gestão do património existente, na maior parte das vezes porque o poder institucional responsável por esse património não informa as populações de determinadas decisões ou ações de intervenção no mesmo, originando desentendimentos quanto à validade das intervenções e a eventual quebra dos valores de Autenticidade intrínsecas ao monumento.

Como se verifica “in situ” a principal preocupação das populações residentes é a possível destruição da integridade do monumento e consequente perda da sua Autenticidade, isto acontece por falha de comunicação, entre as instituições e as comunidades locais.

Compreende-se deste modo porque é importante o contributo ativo das comunidades locais na gestão do património histórico, cultural e natural com Valor Universal Excecional.

O fator da gestão é importante na definição do valor de Autenticidade do património histórico, pois as decisões tomadas vão sempre influenciar positiva ou negativamente a integridade e Autenticidade do referido monumento ou sítio, incluindo a sua envolvente ou paisagem.

7.3.2.3.2 – MONITORIZAÇÃO

Atualmente e face ao exponencial crescimento do turismo a que assistimos, a nível planetário, e com especial incidência nos locais Património Mundial com Valor Universal Excecional, o Comité do Património Mundial da UNESCO viu-se na necessidade de alertar os Estados Parte no sentido do desenvolvimento de sistemas eficazes de monitorização do seu património histórico, fundamentalmente o Património Histórico já inscrito como Património Mundial da UNESCO e com Valor Universal Excecional, considerando-se a sua salvaguarda para as futuras gerações.

Devemos compreender que o turismo pode funcionar como motor de desenvolvimento de uma região ou comunidade sendo ainda economicamente vantajoso para a

conservação adequada e autêntica do monumento ou sítio com Valor Universal Excecional, ou mesmo a nível nacional.

Por outro lado e como reverso da medalha, temos o dever de acautelar os excessos que provocam danos irreparáveis na integridade e Autenticidade do património histórico, quando o fluxo turístico não é devidamente gerido.

Para se proteger adequadamente o património torna-se imprescindível a monitorização permanente dos monumentos e sítios patrimoniais históricos, de modo a controlar e prevenir intrusões destrutivas.

7.3.2.3.3 – TRANSMISSÃO

Por transmissão entende-se a manutenção e conservação da integridade e Autenticidade do monumento ou sítio considerando-se a passagem intacta, autêntica e genuína às próximas gerações, no sentido de vivenciarem sentimentos idênticos aos das gerações passadas compreendendo assim o respeito latente no local relativamente aos acontecimentos vividos no monumento ou sítio.

Entende-se deste modo porque é que a Autenticidade é um valor intrínseco do património cultural ou natural a transmitir às gerações futuras, caso contrário, não soubemos dignificar os nossos antepassados e a nossa história, que nos torna singulares perante os outros povos e culturas

As considerações relativamente aos valores de Autenticidade manifestados na integridade dos monumentos a transmitir às próximas gerações, são o garante da continuidade dos valores da nossa história e dos valores da nossa própria cultura.

7.3.2.4 – FUNÇÃO/USO 7.3.2.4.1 – TURISMO

O turismo detém um papel muito relevante na conservação do património cultural e natural, porque com os rendimentos realizados, possibilitam intervenções no património monumental.

Mantendo-se as mesmas funções, os espaços poderão ser estruturados para fruição do público, através de utilizações culturais, galerias de arte, exposições temporárias, concertos, conferências,….

Em 1999, o ICOMOS, referia “O turismo pode captar as características económicas do património e servir-se disso para a conservação, através da geração de fundos, educando a comunidade e influenciando a política.” 63

Constata-se deste modo que o turismo é a mola financeira impulsionadora da conservação de monumentos e sítios património.

Daí a importância do turismo como valor protetor da Autenticidade, porque o turista cultural é exigente relativamente ao valor genuíno do património histórico a visitar, implicando necessariamente um maior cuidado no tratamento e conservação dos monumentos e sítios.

7.3.2.4.2 – UTILIZAÇÃO

A Carta de Veneza (1964), no seu Artigo 5º refere “A Conservação dos Monumentos é sempre favorecida pela sua afetação a uma função útil à Sociedade.” 64

Deste modo, mantendo-se a função e o uso do monumento ou sítio histórico, mantém-se igualmente a integridade e Autenticidade do património.

A utilização preconizada para o património cultural define obrigatoriamente valores de integridade e Autenticidade, porque está implicitamente ligada à função e/ao uso com que se pretende dotar o monumento ou sítio.

7.4 – CONCLUSÃO

Concluída a fundamentação argumentativa dos atributos que são a génese dos Critérios de Autenticidade propostos, devem os critérios ser agora testados e validados através do método lógico dedutivo referido no Capitulo Metodologia, apoiado numa análise qualitativa de Estudos de Caso adiante selecionados.

Em síntese pretendemos neste Capítulo, evidenciar as particularidades do Património Cultural Português imbuído dos valores de Autenticidade, diferenciadores das outras culturas, segundo os conceitos dos Critérios e atributos atrás desenvolvidos.

63

ICOMOS – Cultural Turism Charter, parágrafo 5, ICOMOS. Paris, 1999, In Dissertação apresentada pelo próprio ULTH para a obtenção de grau de Mestre em Conservação, Restauro e Revivificação de Monumentos e Sítios, pág. 30 – 2006.

64

CABRITA, A. Reis, ALHO, Carlos, Cartas e Convenções Internacionais sobre o Património Arquitetónico Europeu, Relatório 155/87, Núcleo de Arquitetura, LNEC, Lisboa, 1987, pág. 21.

CAPÍTULO VIII – ESTUDOS DE CASO

8.1 – INTRODUÇÃO

A conceptualização da presente Tese pretende efectivamente a adequação e validação dos Valores de Autenticidade do Património Cultural Português afirmados por meio do conjunto de Critérios anteriormente referidos e a verificar seguidamente.

Uma vez que o suporte teórico assenta na Convenção do Património Mundial, Documento de Nara sobre Autenticidade e Cartas Internacionais sobre Património Cultural, é nosso entendimento que a confirmação objectiva dos Critérios de Autenticidade ocorra no contexto do estudo e análise do Património Cultural Português classificado como Património Mundial.

Aceitando-se naturalmente que o referido bem património já demonstrou o seu valor de Autenticidade, por intermédio da Declaração de Autenticidade exigida pelo Comité do Património Mundial na admissão da proposta do bem à Lista do Património Mundial. Para o efeito, vamos então analisar os seguintes Estudos de Caso:

- Região Vinhateira do Alto Douro; - Paisagem Cultural de Sintra;

- Mosteiro dos Jerónimos – Torre de Belém

No documento Arquitetura, património e autenticidade (páginas 185-191)