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CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DA PESQUISA DOCUMENTAL QUALITATIVA:

3.3 Desenho De Pesquisa

Portanto, esta dissertação de Mestrado recorre à pesquisa documental baseada em Análise de Dados a fim de analisar dois currículos oficias prescritos, ou seja, duas fontes primárias46. Optamos por analisar currículos oficias prescritos, pois, segundo Stenhouse

(1975 apud LANKSHEAR; KNOBEL, 2008, p. 20), “o desenvolvimento curricular bem- fundamentado, defendido e mediado pela pesquisa pedagógica envolve (...) um ‘profissionalismo ampliado’”. Para o autor, este processo possui três características fundamentais que o pesquisador deve ter: (1) o compromisso de questionar os métodos de ensino; (2) compromisso e qualificação para estudar e refletir acerca da própria prática profissional e (3) preocupação em testar, na prática, sua reflexões.

A Análise de Conteúdo, além das categorias de análise, terá como parte integrante a fundamentação e o embasamento teórico em referenciais da educação brasileira, como por exemplo, Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental (1998) (Introdução e Língua Portuguesa)47 e Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (2013)48 já que as propostas curriculares devem estar em consonância com estes referenciais.

46 Segundo Lankshear e Knobel (2008, p. 40) documentos de fontes primárias “são textos originais escritos

pelos participantes do evento que está sendo estudado”.

47 BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do

Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1998a. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf. Acesso em 04/03/2013.

_____________________________. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1998b. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf. Acesso em 04/03/2013.

48 BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, 2013.

A fim de escolhermos o nosso corpus de pesquisa, visitamos as páginas das secretarias de educação dos estados brasileiros e do Distrito Federal, analisamos a página na internet da Base Nacional Comum Curricular49 e lemos o relatório Currículos Para os Anos Finais do Ensino Fundamental: Concepções, Modos de Implantação e Usos (CENPEC, 2015) e a edição especial da revista Gestão Escolar intitulada Mapa dos Currículos (idem) a fim de embasarmos nossa escolha em pesquisas e análises recentes acerca dos currículos oficiais prescritos no Brasil.

Para tanto, escolhemos analisar (1) o Currículo em Movimento da Educação Básica dos Anos Finais do Ensino Fundamental (pressupostos teóricos e Língua Portuguesa) do Distrito Federal (2013)50 e (2) as Orientações Curriculares do estado do Mato Grosso (2010)51 por serem documentos recentes, posteriores ao ano de 201052, e que foram e estão sendo, amplamente discutidos em suas respectivas secretarias de educação e, portanto, ainda pouco ou até não tomados como corpus de análise em pesquisas acadêmicas.

A rede pública de ensino do Distrito Federal, por exemplo, possui um histórico de reformas curriculares (2000, 2002, 2008 e 2010) e este currículo foi, segundo os pressupostos teóricos, amplamente debatido por meio de avaliações, plenárias, grupos de trabalho, fóruns de discussão, validações e reelaborações, de 2011 a 2013, com a participação dos profissionais da educação da própria secretaria e das escolas propriamente ditas (BRASÍLIA, 2013, p. 18-19).

Já as Orientações Curriculares do Mato Grosso, além de serem recentes, trazem duas peculiaridade da rede pública do estado importante para a nossa análise. A secretaria da educação de Mato Grosso afirma em seus documentos que os documentos produzidos em âmbito federal são limitados e, por isso, não auxiliam no enfrentamento de questões particulares e singulares do estado federativo, como por exemplo, a educação rural e indígena e este documento afirmar ser transdisciplinar, o que nos chamou a atenção.

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12663&Itemid=1152. Acesso em 05/03/2013.

49 Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/propostas. Acesso em 1º/02/2016.

50Disponíveis em http://www.se.df.gov.br/materiais-pedagogicos/curriculoemmovimento.html e

http://www.se.df.gov.br/materiais-pedagogicos/curriculoemmovimento.html. Acesso em 29/10/2014.

51 Disponíveis em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/propostas. Acesso em 10/02/2016.

52 Optamos por colocar como critério de escolha a data da publicação e da vigência dos currículos oficiais

prescritos, pois, concordamos com o CENPEC (2015) de que isso evidencia um investimento recente do campo do currículo e um respectivo movimento de renovação expressivo.

Segundo os autores do documento, as Orientações Curriculares foram construídas em um processo coletivo. Primeiramente, um texto preliminar foi apresentada às escolas como ponto de partida para uma “ampla e aprofundada discussão coletiva e interativa entre os que estão no chão da escola e os dirigentes estaduais da educação” (SEDUC-MT, 2010, p. 10).

As Concepções afirmam que a Secretaria de Estado de Educação, através da Superintendência de Educação Básica (SUEB) juntamente com consultores de todas as áreas, assegurou que todos os profissionais tivessem a chance de participar do debate do texto preliminar no espaço das sessões pedagógicas nas escolas, culminando em intervenções por meio de sugestões. Aos professores e gestores também foram garantidas, de acordo com o documento, formações continuadas visando a consolidação do mesmo.

Nossa análise documental qualitativa, portanto, possui um caráter crítico, já que objetiva considerar os contextos teóricos e de produção das propostas curriculares selecionadas como corpus e, assim, está em consonância com as pesquisas em uma perspectiva crítica da LA brasileira, como expusemos anteriormente.

Assim sendo, nossa análise documental qualitativa envolveu as seguintes etapas: (1) revisão e aprofundamento analítico crítico da bibliografia relacionada (a) aos estudos das teorias do currículo, (b) à história da Língua Portuguesa como disciplina escolar e curricular, (c) aos estudos dos letramentos e (d) às pesquisas em LA; (4) pesquisa e escolha do corpus de pesquisa; (3) pesquisa da perspectiva metodológica mais adequada a este trabalho e (5) contextualização acerca do ensino público no Distrito Federal e em Mato Grosso, descrição e análise do corpus de pesquisa.

O próximo capítulo, o quarto, da início à análise propriamente dita do corpus de pesquisa.

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS DOCUMENTOS E DISCUSSÃO