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O planeta onde vivemos sofre modificações contínuas de diversos tipos, sobretudo devido a efeitos ambientais, seja de acções naturais, seja de acções antropogénicas, que se repercutem a diferentes escalas temporais e espaciais.

As acções antropogénicas, as que nos interessam neste estudo, têm tendência para aumentar, em dimensão e gravidade, à medida que aumenta a magnitude da capacidade de intervenção humana. “Referimo-nos, portanto, a acções geradas pelo Homem, indutoras de efeitos ambientais concretos, que podem ser traduzidos em modificações da ecosfera, traduzindo-se numa realidade vasta e complexa. Estas acções serão indutoras de processos e de acções diferenciadas, com consequências muito diversas, tais como: processos de erosão cujos efeitos se reflectem nas características e no comportamento do solo, da água, do ar ou do biota; fenómenos de dispersão e acumulação de poluentes e de resíduos; processos de destruição de sistemas ambientais raros e/ou únicos; sobreutilização de sistemas produtivos essenciais, necessariamente limitados; utilização imponderada de recursos não renováveis ou localmente escassos; e desencadeamento de guerras ou de outros processos/procedimentos com efeitos cruéis sobre a sua envolvência, podendo implicar deslocações de indivíduos ou de populações; essas migrações forçadas poderão pôr em causa a sua cultura e/ou o seu património,

criando, pelo uso/abuso do poder, expatriados étnicos, ambientais, religiosos e outros que são, assim, marginalizados” (OLIVEIRA, 2005). Neste sentido, é fundamental promover o desenvolvimento sustentável, isto é, possibilitar a manutenção da dimensão e das características do crescimento económico, sem pôr em causa os bens e os recursos existentes, agindo então ao nível da eficiência do seu uso.

Será aqui que a gestão ambiental terá uma acção fulcral através da inventariação de recursos, da identificação de meios operacionais, da definição de objectivos que se pretendem atingir e de desenvolvimentos de políticas que será indispensável implementar, tudo para contrariar a tendência actual de sobreutilização dos recursos. Esta sobreutilização é claramente evidenciada nas cidades onde de se concentra maioritariamente a população. A cidade sustentável constitui pois o objectivo único do desenvolvimento urbano sustentável.

A cidade sustentável é um conceito que incorpora a dimensão do ambiente no desenvolvimento denso e complexo da urbe e o carácter participativo e solidário, e que faz da diversidade e da mescla a chave da sua existência e o seu principal sinal de identidade (BURDALO, 1995).

Promover uma cidade ambientalmente sustentável, não só é um objectivo bastante desejado mas também claramente necessário, pois só assim se conseguirá contrariar a tendência das cidades contemporâneas para o aumento da crise ambiental e social. Naturalmente que se trata de uma tarefa árdua e complexa, pois exigirá uma modificação radical da lógica que preside ao desenvolvimento urbano actual. Lógica essa que se traduz num desenvolvimento baseado no consumo desmesurado de todo o tipo de recursos e no crescimento contínuo do tráfego motorizado.

Na Europa as cidades acolhem mais de 80 % da população e a maior parte da sua actividade produtiva, pelo que sofrem uma grave deterioração ambiental que ultrapassa cada vez mais o âmbito estritamente local para alcançar umas dimensões planetárias, o que está a pôr em perigo o equilíbrio da biosfera (BURDALO, 1995).

As cidades são fonte de vários problemas ambientais. Devido à excessiva concentração demográfica e económica, o efeito de estufa, resultante das emissões de dióxido de carbono, e de outros gases com efeito de estufa responsáveis pelas alterações climáticas da Terra, encontra nas cidades a sua principal fonte de emissões, pelo que é absolutamente necessário melhorar as condições do ambiente urbano como forma de salvaguarda do planeta. Assiste-se ainda nas cidades a uma marginalização da cultura ambiental na política urbana, nos seus diferentes sectores, como por exemplo no tráfego e na ocupação do solo, sendo também um dos principais motivos da crescente deterioração ambiental.

No âmbito do planeamento urbano, enquanto importante ferramenta para a organização, configuração e desenho da cidade, continuam a ser aplicados princípios funcionalistas que determinam a necessidade de um rigorosa separação espacial das actividades, com as nefastas consequências daí decorrentes para o meio urbano. Este modelo de separação funcional, defendido por LE CORBUSIER (1933), na Carta de Atenas, pressupõe que as habitações, as zonas comerciais, administrativas, de ócio, educativas, verdes, entre outras, se deveriam separar no espaço segundo a sua função já que uma extensa rede de infraestruturas viárias e de transporte se encarrega de manter unida a trama urbana. Porém, uma grave consequência desta especialização funcional dos usos do solo é o aumento insustentável do tráfego motorizado, pois a segregação zonal e o espalhamento do território das cidades obriga o cidadão, nos dias de hoje, a deslocamentos cada vez maiores e mais numerosos para concretizar as suas tarefas rotineiras, tais como ir para o trabalho ou para a escola, ir às compras, ou simplesmente por motivos de lazer ou ócio. Naturalmente que são múltiplos, e muito conhecidos, os efeitos adversos destas práticas urbanas, dos quais se destacam: saturação, congestionamento, poluição atmosférica, ruído, perda de solos e de áreas de infiltração, perda também crescente dos espaços públicos devorados pelo asfalto, e perda de tempo, espaço e energia.

Neste sentido, o desenvolvimento urbano sustentável deverá procurar modificar algumas destas práticas urbanas, reconhecendo a grande complexidade do ecossistema urbano e determinando uma abordagem mais ampla e integradora que inclua os aspectos ambientais. A chave do sucesso neste processo deverá encontrar-se na promoção de uma maior densidade e complexidade funcional, através de usos mistos do espaço baseados na coexistência de pessoas e actividades, uma vez que a adequada combinação destes factores, levará a uma diminuição das necessidades de mobilidade e, em consequência, a uma melhoria do ambiente, poderá mesmo ser possível a recuperação ecológica da cidade, tão importante para o bem-estar dos seus cidadãos.

A necessidade de promover o desenvolvimento urbano sustentável estava presente no Capítulo 7 do documento resultante da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Urbano e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992, a Agenda 21, a qual considerava como aspectos fundamentais: a promoção do planeamento e do ordenamento sustentável do uso do solo; a promoção de sistemas sustentáveis de energia e transportes nas cidades, adoptando estratégias inovadoras de urbanismo, destinadas a abordar questões ecológicas e sociais; o fomento do desenvolvimento das cidades médias, bem como de uma série de directrizes para desenvolver a ideia de

intercâmbio de experiências e mobilização de apoios técnicos co-financiados, de âmbito nacional e internacional (FRANCO, 2000).

Muito tem sido feito nesta direcção, sobretudo pela União Europeia, como disso é exemplo o Livro Verde sobre o Meio Ambiente Urbano publicado em 1990, o Projecto

Cidades Sustentáveis, lançado pelo Grupo de Peritos em 1993, e a Estratégia Temática

para o Ambiente Urbano publicada em 2006.

Refira-se que no Livro Verde sobre o Meio Ambiente Urbano em 1990 é sugerido, como ideal, o planeamento de bairros ou áreas residências com vocação mista, ou seja, que integram no mesmo espaço ordenado habitações, escritórios, comércios, escolas, laboratórios, espaços verdes, entre outros. Considera que esta mescla de usos e tipologias representa uma forma equilibrada de “fazer cidade”.

Estes conceitos de proximidade e de coexistência da diversidade cultural e social transformaram as cidades europeias, tornando-as num símbolo emblemático da riqueza e diversidade cultural da Europa e principais centros de inovação e de desenvolvimento económico e social. Paralelamente, e em consonância com a estabilidade demográfica que se verifica nas cidades europeias, asseguram os peritos que, para o futuro, se deveria por travão ao processo de urbanização (BURDALO, 1995).

Refira-se que as cidades se podem assemelhar a seres vivos envolvidos no ambiente “a cidade pode ser vista perfeitamente desse ponto de vista: se o modelo da cidade como organismo não explica todas as características das cidades, a verdade é que, tal como qualquer organismo, a cidade precisa de ar, água e alimentos, tal como um organismo excreta e, tal como os demais organismos procura moldar o mundo a seu modo para poder sobreviver (defendendo um território, fixando os preços das matérias-primas de que necessita e estabelecendo canais de comunicação para o exterior). A cidade vivendo, até certo ponto, em simbiose com o meio, tem também produção de arte, ciências, técnicas, produtos fabricados, ideias filosóficas e religiosas, que procura trocar com o meio envolvente para, de forma pacífica, obter os produtos de que necessita” (SARAIVA, 2005). As cidades podem ser entendidas como estruturas orgânicas reguladas por sistemas ecológicos. Constituem então organismos que consomem recursos – bens, água, combustíveis, madeira, produtos alimentares – e produzem lixos: gasosos, sólidos e líquidos. Neste sentido, a maior parte dos recursos são fornecidos às cidades e, também, a maior parte da poluição é originada nas cidades (CROFT, 2001). A figura 7 procura apresentar os principais inputs e outputs das cidades (SARAIVA, 2005).

Figura 8 – Modelo Convencional de Cidade, Adaptado de CROFT, 2001

Refira-se que as cidades contemporâneas não são auto-suficientes, pois dependem, em larga medida, de recursos exteriores que lhes chegam de todo o mundo, seja de comboio, carro, barco ou

avião. A forma inadequada como os recursos são usados tem um impacto forte na biosfera, sendo denominada como a pegada ecológica de cada cidade, correspondendo à área de terreno produtivo necessária para sustentar o estilo de vida de quem habita a cidade (www.ecologicalfootprint.org/), ou seja, as áreas necessárias para fornecer a cidade com produtos alimentares ou madeira e para absorver o seu output em gases como o dióxido de carbono. Assim, para atingirem a sustentabilidade, as cidades têm de se esforçar para reduzir a sua dependência dos territórios exteriores.

A figura 8 retrata o modelo convencional da cidade (CROFT, 2001), ou seja, um modelo de cidade dispersa, baseada na segregação funcional das actividades (lazer, trabalho e habitação) e em grandes entradas/utilizações de recursos, energia e materiais e em grandes saídas/produções de poluentes, lixos e desperdícios, funcionando assim num metabolismo linear de grandes entradas (inputs) e grandes saídas (outputs) que leva a uma saturação da cidade.

Já a figura 9 retrata o modelo compacto da cidade (CROFT, 2001), ou seja, um modelo de cidade integrado, baseado na interdependência e concentração das actividades (lazer, trabalho e habitação) e em baixas entradas/utilizações de recursos, energia e materiais e em baixas saídas/produções de poluentes, lixos e desperdícios, funcionando assim num metabolismo circular, em que a cidade é central e se encontra envolvida por uma cintura verde agrícola onde há uma reutilização ou reciclagem de produtos, ou seja, corresponde à cidade sustentável pois tem menos entradas e saídas porque pratica a reciclagem.

A Cidade

Pessoas Alimentos Ar, Água Energia Materiais Ciência, Filosofia, Arte, Religião Organização do Estado Produtos fabricados Poluição industrial Poluição orgânica Figura 7 – Inputs e Outputs das Cidades, Adaptado de SARAIVA, 2005

Figura 9 – Modelo Compacto de Cidade, Adaptado de CROFT, 2001

Perante um cenário obscuro como é o da cidade convencional ou moderna, em que o consumo é cada vez mais oprimido devido à saturação da energia, do espaço, da matéria-prima e do crescimento de resíduos, só nos resta agir na direcção de um desenvolvimento sustentável, no sentido da cidade sustentável, ou seja, do desenvolvimento urbano sustentável.

A sustentabilidade da cidade significa um sistema que se valoriza e utiliza, de forma sustentável, os recursos contidos no seu território e que, numa atitude pró-activa, associa a sustentabilidade a uma tendência dos agentes urbanos para criarem os seus próprios recursos a partir do potencial existente no território da cidade. A posição permanente, e de grande aceitação entre os agentes sociais locais, de geração de recursos (humanos, financeiros, organizacionais, culturais e outros) é o que define a sustentabilidade da cidade, isto é, a cidade sustentável. Porém, dois importantes problemas estão associados a esta ideia de sustentabilidade da cidade. Primeiro, nenhuma cidade pode ser sustentável de forma independente, pois ela não poderá gerar todos os recursos de que necessita. Assim, uma cidade sustentável pode existir em relação com outras cidades, que actuam na forma de rede de cooperação. Segundo, mesmo actuando em redes de cooperação, as cidades produzirão trocas desiguais de recursos pois elas possuem bases e potenciais de recursos diferenciados, e a sustentabilidade de partida de cada cidade na rede será diferente. Para que o sistema de cidades em rede, possa actuar de modo sustentável e equilibrado, será necessário que estejam presentes mecanismos compensatórios das trocas desiguais de recursos. Assim, a sustentabilidade das cidades dependerá muito de sistemas de gestão intra e inter- urbana de natureza complexa e multi-sectorial (ZANCHETI, 2002). Pode-se observar, nas figuras 10 e 11,um possível retrato da cidade insustentável e da cidade sustentável, respectivamente (GUIA “UM COMPROMISSO PELO FUTURO” Agenda 21 Eixo, 1993).

Figura 10 – Cidade Insustentável Aquela que não estabelece o seu crescimento e organização pelos limites de carga dos sistemas naturais, pondo em perigo a sua existência equilibrada no futuro, Adaptado do GUIA “UM COMPROMISSO PELO FUTURO” Agenda 21 Eixo, 1993

Figura 11 – Cidade Sustentável Aquela que é capaz de satisfazer as suas necessidades no presente sem comprometer a capacidade para satisfazer as suas necessidades no futuro, procurando a integridade e a estabilidade social e económica e a qualidade de vida da sua população, Adaptado do GUIA “UM COMPROMISSO PELO FUTURO” Agenda 21 Eixo, 1993

O desenvolvimento urbano sustentável

implica uma nova forma de olhar para os problemas das cidades e novas lógicas de concepção e condução dos processos de planeamento. Toda a acção de intervenção deverá partir de

uma visão sistémica e integrada do

desenvolvimento das cidades,

envolvendo a comunidade e

procurando soluções com múltiplos

impactos, promovendo a eficácia e a

eficiência na utilização dos recursos e

procurando aprender com outras experiências já realizadas noutros locais. Este último aspecto permitirá, não só colocar as cidades e os municípios nas redes mundiais de aprendizagem e de troca de

experiências, representando fontes de

ampla promoção dos territórios, bem como aceder a financiamentos para a realização de acções de intervenção. Na prossecução dos objectivos e orientações do desenvolvimento

urbano sustentável a CARTA DAS CIDADES EUROPEIAS PARA A SUSTENTABILIDADE (1994) define algumas linhas mestras: “Nós, cidades, compreendemos que o conceito de desenvolvimento sustentável nos ajuda a adoptar um modo de vida baseado no capital da natureza. Esforçamo-nos para alcançar a justiça social, economias sustentáveis e sustentabilidade ambiental. A justiça social terá que assentar necessariamente na sustentabilidade económica e na equidade que por sua vez requerem sustentabilidade ambiental. (…) Além disso, a sustentabilidade ambiental garante a preservação da biodiversidade, da saúde humana e da qualidade do ar, da água e do solo, a níveis suficientes para manter a vida humana e o bem-estar das sociedades, bem como a vida animal e vegetal para sempre”. Refere ainda que “estamos convencidas que a cidade é a maior unidade com capacidade para gerir os numerosos desequilíbrios urbanos que afectam o mundo moderno: arquitectónicos, sociais, económicos, políticos, recursos naturais e ambientais mas, é também, a menor unidade na qual se poderão resolver estes problemas, duma forma eficaz, integrada, global e

sustentável. Uma vez que todas as cidades são diferentes, é necessário que cada uma encontre o seu próprio caminho para alcançar a sustentabilidade. Devem-se integrar os princípios da sustentabilidade em todas as políticas e fazer das especificidades de cada cidade a base das estratégias locais adequadas”. Assim, cada cidade, com as suas particularidades, deve traçar o seu caminho para alcançar a sustentabilidade, devendo, atendendo às suas características, apostar mais ou menos, em produtos e tecnologias ecológicos, sistemas de construção sustentável, diferentes tipos de espaços verdes, soluções para trabalhar em comum no sector eco-industrial, sistemas de transporte urbano e tecnologias alternativas para veículos.

Considera-se então que, de forma geral, os principais desafios para alcançar o desenvolvimento urbano sustentável são os que se seguem: a) a inclusão dos sectores mais carenciados e marginalizados da população nos processos produtivos, através da criação de emprego e do estímulo e melhoria do acesso ao crédito e às tecnologias ambientalmente adequadas, entre outros; b) a ampliação da criação de emprego na pequena empresa mediante a simplificação dos requisitos legais e do funcionamento administrativo, que a condicionam, e o estímulo à competitividade económica e eficiência ambiental destas unidades produtivas, tanto na área urbana como na rural; c) a diminuição dos défices habitacionais e a ampliação dos serviços de infra-estruturas básicos, encarando integralmente a problemática do acelerado crescimento urbano, mediante a utilização de tecnologias limpas e seguras; d) a promoção da qualidade de vida nas cidades, tomando em conta as características espaciais, económicas, sociais e ambientais; e) a certeza de contar com as práticas industriais e de transporte mais eficientes e menos poluentes para reduzir os impactos ambientais adversos e promover o desenvolvimento sustentável das cidades.

As cidades representam, assim, uma unidade espacial de referência. Constituem um território estratégico cuja qualidade do planeamento e da administração realizada ao nível local condiciona cada vez mais o desenvolvimento global. Este território estratégico constitui um sistema complexo, em que a gestão visa a eficácia dos resultados e a eficiência na utilização dos recursos, isto é, procura maximizar os resultados económicos e sociais, com o menor custo económico, social e ambiental. O desafio da sustentabilidade urbana é procurar solucionar, tanto os problemas que as cidades conhecem, como os que por elas são causados, reconhecendo que as próprias cidades encontram muitas soluções potenciais, em vez de os deslocar para escalas ou localizações diferentes ou de os transferir para as gerações futuras. Nas cidades a gestão sustentável dos recursos naturais reclama uma abordagem integrada para encerrar os ciclos de recursos naturais, energia e resíduos. Os objectivos dessa abordagem deverão incluir a redução do consumo dos recursos naturais, especialmente dos não renováveis e

dos lentamente renováveis; a redução da produção de resíduos pela reutilização e reciclagem, sempre que possível; a redução da poluição do ar, do solo e da água; e o aumento da proporção das áreas naturais e da diversidade biológica nas cidades. Estes objectivos serão mais fáceis de atingir em pequena escala, motivo pelo qual os ciclos ecológicos locais podem ser ideais para a introdução de políticas mais sustentáveis para os sistemas urbanos. O poder local desempenha, pois, um papel crucial.

A sustentabilidade está solidamente ligada aos aspectos socioeconómicos das cidades. Torna-se necessário criar condições que permitam às actividades económicas beneficiarem de um funcionamento mais ambiental. Recomenda-se que os poderes locais explorem formas de criação de emprego através de medidas de protecção do ambiente, promovam um melhor comportamento ecológico nas empresas existentes e fomentem a adopção pela indústria de uma abordagem eco-sistémica. As autoridades deverão reforçar o bem-estar da população e promover a igualdade e integração social assegurando-se que os serviços e equipamentos básicos, o ensino e a formação, a assistência médica, a habitação e o emprego estão disponíveis para todos. Para resistir às tendências recentes que consistem em ignorar os riscos ambientais e sociais dando prioridade à acumulação de riqueza material é necessário transformar os valores subjacentes à sociedade, bem como a base dos sistemas económicos.

Também conseguir uma acessibilidade urbana sustentável é uma etapa essencial para a melhoria global do ambiente urbano e a manutenção da viabilidade económica das cidades. A realização dos objectivos em matéria de ambiente e de transportes exige abordagens integradas, que combinem o planeamento dos transportes, do ambiente e do espaço. Para conseguir uma acessibilidade urbana sustentável é necessário definir objectivos e indicadores de sustentabilidade, estabelecer metas e controlos, a par de políticas tendentes a melhorar não só as condições de mobilidade mas também a acessibilidade. A conciliação da acessibilidade, do desenvolvimento económico e dos aspectos ambientais deverá ser o objectivo principal da política de transportes urbanos. É necessário um sistema de transporte urbano multi-modal integrado, que promova modos de transporte complementares em vez de concorrentes.

A regeneração urbana deverá ser usada para alcançar os objectivos de desenvolvimento sustentável mediante a reciclagem do solo anteriormente utilizado ou dos edifícios existentes, a conservação de espaços verdes e a protecção da paisagem, da fauna e da

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