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4. CONCELHO DE BRAGA

4.2 Enquadramento Urbano

O Concelho de Braga ocupa uma área de cerca de 183,19 km² e é constituído por 62 freguesias, como se pode observar na figura 21.

O Concelho apresenta um importante centro urbano, correspondendo à área considerada urbana da cidade de Braga, ou seja, o perímetro urbano de cidade, que se estende pelas seguintes 22 freguesias: Aveleda, Cividade, Maximinos, São José de São Lázaro, São João do Souto, São Vicente, São Vitor, Sé, Celeirós, Dume, São Pedro de Este, Ferreiros, Fraião, Frossos, Gondizalves, Gualtar, Lamaçães, Lomar, Nogueira, Nogueiró, Real e Tenões. Destas, apenas, as seguintes 11 estão integralmente incluídas (100 % das respectivas áreas) dentro do perímetro urbano de cidade: Cividade, Maximinos, São José de São Lázaro, São João do Souto, São Vicente, São Vitor, Sé, Ferreiros, Fraião e Real, como se pode observar na figura 22.

ADAÚFE PALMEIRA PEDRALVA DUME ESPINHO NOGUEIRA CUNHA TADIM LOMAR ESPORÕES SEQUEIRA SOBREPOSTA PRISCOS CRESPOS POUSADA ESTE (S. MAMEDE) MORREIRA VIMIEIRO ESCUDEIROS SEMELHE TEBOSA RUILHE GUALTAR REAL CELEIRÓS ARENTIM NOGUEIRÓ GUISANDE CABREIROS NAVARRA FERREIROS VILAÇA TENÕES AVELEDA PADIM DA GRAÇA LAMAS FRAIÃO PANOIAS ARCOS MIRE DE TIBÃES BRAGA (S. VÍTOR) ESTE (S. PEDRO) LAMAÇÃES FIGUEIREDO FROSSOS

SANTA LUCRÉCIA DE ALGERIZ

BRAGA (S. VICENTE) MERELIM (S. PAIO) GONDIZALVES FRADELOS OLIVEIRA (S. PEDRO) PASSOS (S. JULIÃO) PARADA DE TIBÃES BRAGA (MAXIMINOS) MERELIM (S. PEDRO)

PENSO (SANTO ESTÊVÃO) PENSO (S. VICENTE)

TRANDEIRAS BRAGA (S. JOSÉ DE S. LÁZARO) BRAGA (SÉ) BRAGA (CIVIDADE) BRAGA (S. JOÃO DO SOUTO)

´

Limite do Concelho de Braga Freguesias do Concelho de Braga

00,51 2 Km

Figura 22 – Perímetro Urbano da Cidade de Braga e respectivas Freguesias, em 2001 ADAÚFE PALMEIRA PEDRALVA DUME ESPINHO NOGUEIRA CUNHA TADIM LOMAR ESPORÕES SEQUEIRA SOBREPOSTA PRISCOS CRESPOS POUSADA ESTE (S. MAMEDE) MORREIRA VIMIEIRO ESCUDEIROS SEMELHE TEBOSA RUILHE GUALTAR REAL CELEIRÓS ARENTIM NOGUEIRÓ GUISANDE CABREIROS NAVARRA FERREIROS VILAÇA TENÕES AVELEDA PADIM DA GRAÇA LAMAS FRAIÃO PANOIAS ARCOS MIRE DE TIBÃES BRAGA (S. VÍTOR) ESTE (S. PEDRO) LAMAÇÃES FIGUEIREDO FROSSOS

SANTA LUCRÉCIA DE ALGERIZ

BRAGA (S. VICENTE) MERELIM (S. PAIO) GONDIZALVES FRADELOS OLIVEIRA (S. PEDRO) PASSOS (S. JULIÃO) PARADA DE TIBÃES BRAGA (MAXIMINOS) MERELIM (S. PEDRO)

PENSO (SANTO ESTÊVÃO) PENSO (S. VICENTE)

TRANDEIRAS BRAGA (S. JOSÉ DE S. LÁZARO) BRAGA (SÉ) BRAGA (CIVIDADE) BRAGA (S. JOÃO DO SOUTO)

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Limite do Concelho de Braga Freguesias do Concelho de Braga Perímetro de Cidade Freguesias do Perímetro de Cidade 00,51 2

Km

Assim sendo, o centro urbano do concelho estende-se por uma área de 32 km² e apresentava, em 2001, cerca de 100 000 habitantes e, portanto, uma densidade populacional que rondava os 3100 hab./km², como se pode verificar na tabela 9.

P_R_HM_91: População Residente – Homens e Mulheres – em 1991 P_R_HM_01: População Residente – Homens e Mulheres – em 2001 AREA_M2: Área da Freguesia em m²

AREA_KM_2: Área da Freguesia em km²

AREA_M2_FGC: Área da Freguesia Cortada (ou seja, área da freguesia dentro do perímetro urbano de cidade) em m² AREA_KM_2_FGC: Área da Freguesia Cortada (ou seja, área da freguesia dentro do perímetro urbano de cidade) em km² P_R_HM_KM_2_FGC_91: População Residente – Homens e Mulheres – por km² na freguesia cortada (ou seja, área da freguesia

dentro do perímetro urbano de cidade) em 1991

P_R_HM_KM_2_FGC_01: População Residente – Homens e Mulheres – por km² na freguesia cortada (ou seja, área da freguesia

dentro do perímetro urbano de cidade) em 2001

Podemos afirmar que a população urbana da cidade de Braga, isto é, dentro do perímetro urbano de cidade, em 2001, contabilizava 99174 habitantes.

Figura 23 – Perímetros Urbanos definidos pela Câmara Municipal de Braga, em 2001 ADAÚFE PALMEIRA PEDRALVA DUME ESPINHO NOGUEIRA CUNHA TADIM LOMAR ESPORÕES SEQUEIRA SOBREPOSTA PRISCOS CRESPOS POUSADA ESTE (S. MAMEDE) MORREIRA VIMIEIRO ESCUDEIROS SEMELHE TEBOSA RUILHE GUALTAR REAL CELEIRÓS ARENTIM NOGUEIRÓ GUISANDE CABREIROS NAVARRA FERREIROS VILAÇA TENÕES AVELEDA PADIM DA GRAÇA LAMAS FRAIÃO PANOIAS ARCOS MIRE DE TIBÃES BRAGA (S. VÍTOR) ESTE (S. PEDRO) LAMAÇÃES FIGUEIREDO FROSSOS

SANTA LUCRÉCIA DE ALGERIZ

BRAGA (S. VICENTE) MERELIM (S. PAIO) GONDIZALVES FRADELOS OLIVEIRA (S. PEDRO) PASSOS (S. JULIÃO) PARADA DE TIBÃES BRAGA (MAXIMINOS) MERELIM (S. PEDRO)

PENSO (SANTO ESTÊVÃO) PENSO (S. VICENTE)

TRANDEIRAS BRAGA (S. JOSÉ DE S. LÁZARO) BRAGA (SÉ) BRAGA (CIVIDADE) BRAGA (S. JOÃO DO SOUTO)

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Limite do Concelho de Braga Freguesias do Concelho de Braga Perímetro de Cidade Freguesias do Perímetro de Cidade Perímetro de PDM

00,51 2 Km

Este perímetro urbano é adoptado pela Câmara Municipal de Braga como perímetro urbano de cidade, pois inclui o núcleo urbano central da cidade de Braga, ou seja, o centro histórico da cidade e as áreas envolventes mais intensamente urbanizadas. Este centro histórico e respectivas áreas envolventes constituem o núcleo urbano central da cidade de Braga e refira-se que “o centro antigo é cada vez mais parte da cidade contemporânea” (AYMONINO, 1984).

Assim, o perímetro urbano corresponde à demarcação do conjunto de áreas urbanas e de expansão urbana no espaço físico do aglomerado. O perímetro urbano compreende: os solos urbanizados; os solos cuja urbanização seja possível programar; e os solos afectos à estrutura ecológica necessários ao equilíbrio do sistema urbano (Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro). A sua utilização justifica-se como base para a definição de áreas de planeamento, para a elaboração dos regulamentos específicos, para o estabelecimento de taxas e impostos, entre outros.

Com o Plano Director Municipal de Braga de 2001, de acordo com a respectiva planta de ordenamento, a Câmara Municipal de Braga criou um outro perímetro urbano de Braga, o qual se pode observar na figura 23, desta feita, mais extenso, correspondendo ao perímetro urbano do Plano Director Municipal de 2001, propiciando assim uma expansão urbana mais alargada, ou seja, para além do mais restrito perímetro de cidade.

Este perímetro urbano do Plano Director Municipal de 2001 é mais abrangente do que o perímetro urbano de cidade, expande-se para Norte, indo até ao limite do concelho com o concelho de Vila Verde, pelo que essencialmente acrescenta mais área das freguesias de Lamaçães, Dume, Frossos e Lomar e acrescenta ainda parte de novas freguesias tais como Panóias, São Pedro de Merelim, São Paio de Merelim, Palmeira e Adaúfe. Este perímetro urbano do Plano Director Municipal de 2001 é determinado pelo conjunto dos espaços urbanos, urbanizáveis e industriais que lhe são contíguos (ART.º 35º da Resolução de Conselho de Ministros n.º 9/2001, de 30 de Janeiro, Plano Director Municipal de Braga de 2001) e procura “proporcionar o crescimento harmonioso e equilibrado dos núcleos com características mais ou menos rurais e dos que, apresentando um elevado nível de infra-estruturação, têm características urbanas e semi-urbanas, bem como da cidade, evitando deste modo que se verifiquem transferências de população entre a freguesias e a cidade” (PDM de Braga, 2001 in FERREIRA, 2004).

No âmbito do presente estudo considera-se que o perímetro urbano de cidade, referido inicialmente se adequava mais à identificação e delimitação da localização de espaços caracterizáveis como hortas urbanas. O perímetro urbano do Plano Director Municipal de 2001, ao ser mais vasto, acaba por incluir freguesias ainda fortemente rurais (Panóias, São Pedro de Merelim, São Paio de Merelim, Palmeira e Adaúfe) pelo que engloba áreas agrícolas extensas situadas numa área de transição entre o urbano e o rural, não sendo portanto objecto de análise neste estudo.

Em geral, a tendência tem sido para a forte expansão urbana da cidade de Braga o que, por norma, tem custos associados, tais como a perda de importantes áreas agrícolas, quer no centro urbano, quer na periferia, bem como, dos importantes benefícios delas decorrentes.

4.2.2 Breve Análise sobre a Evolução da Estrutura Urbana

Conhecer a evolução da estrutura urbana, entendida “como relação mutável, mas constante no tempo, entre a tipologia dos edifícios e a morfologia urbana” (AYMONINO, 1984) é pois fundamental para perceber como é que o passado condicionou até aos dias de hoje o crescimento urbano da cidade. Refira-se que “a cidade é portanto um lugar artificial de história no qual cada época – todas as sociedades acabar por se diversificar da que as precedera – tentam, mediante representação de si própria nos monumentos arquitectónicos, o impossível: assinalar

Assim sendo, “se queremos criar um novo alicerce à vida urbana, temos que compreender a natureza histórica da cidade” (Lewis Mumford, 1966, in GIRARDET, 2007).

A cidade de Braga teve a sua origem remotamente há milhares de anos, com a ocupação da região pelo povo Brácaro, na Idade do Ferro, que desenvolveu a cultura castreja, pois ocupava estrategicamente sítios fortificados nos pontos altos do relevo, estando documentada por vestígios que adquirem monumentalidade a partir do Período Megalítico.

O processo de romanização iniciou-se por volta do ano 200 A.C. e aponta-se que se tenha consolidado, por volta do ano 27 A.C., devido a um acampamento militar, tendo este sido um importante centro administrativo, comercial e industrial, dando origem à fundação da primeira cidade de Braga – Bracara Augusta. “A Bracara Augusta dos romanos era um centro militar e administrativo onde confluíam as estradas da Ibéria. A cidade romana possuía um plano regular, ainda hoje legível, e toda a colina de Maximinos era amuralhada” (DOMINGUES, 2006).

A partir do século V, as invasões bárbaras pelos Suevos e Visigodos, trouxeram à região profunda conturbação com consequentes alterações na cidade de Braga, que se prolongou com os árabes até finais do século VIII. O processo re-organizativo da cidade só se verificou nos finais do século seguinte. Seguiram-se dois séculos de lutas entre árabes e cristãos que deixaram a cidade completamente destruída e despovoada.

Em meados do século XI a cidade foi reconstruída, pois entre 1070 e 1093, D. Pedro, primeiro Bispo de Braga, reorganiza a Diocese, conhecendo a cidade e a área envolvente um clima de fortalecimento das suas estruturas fundamentais. Ergueu-se então à sombra da Sé o que seria a cidade medieval, protegida pela muralha e ladeada por um anel de campos, entre os quais: o Campo dos Remédios (actual Largo Carlos Amarante); o Campo da Vinha de Santa Eufémia (actual Praça Conde de Agrolongo); o Campo das Carvalheiras, abrangendo o Largo Paulo Osório; e o Campo de Santa`Ana que engloba a Praça da República e a Avenida Central. Refira-se que pouco restou da muralha medieval, estando apenas visíveis pequenos troços.

No século XVI a cidade de Braga vivia à margem dos descobrimentos e do progresso da época. Seria D. Diogo de Sousa, insigne Arcebispo vindo de Roma, homem de ideias renascentistas, que iria renovar a cidade, transformando-a e concebendo-a com nova malha, de acordo com uma nova concepção de bem-estar e conforto para os habitantes. “Quando, em 1505, o arcebispo de D. Diogo de Sousa começa a sua obra de transformação da cidade, Braga era um burgo medieval amuralhado com sua imponente catedral” (DOMINGUES, 2006). A transformação foi de tal ordem que a cidade deixou

Figura 24 – Mapa Braunio, Adaptado de Braun Georg (cuja execução é atribuída a Manoel Barbosa), 1594 – www.cm-braga.com.pt/turismo/cidade/historia/historia.asp

de ser o burgo medieval, podendo mesmo falar-se em refundação, tendo sobrevivido a nova Bracara, quase inalterada, até ao século XIX.

“A imagem global da urbe mais remota de que há notícias remete-nos para o final do século XVI, mais concretamente para 1594. (…) É uma imagem de inequívoco valor documental que ultrapassa em riqueza informativa as panorâmicas medievais recortadas em silhueta, mas que fica aquém do rigor inerente a um produtor cartográfico. A imagem em causa dá-nos o testemunho das grandes estruturas da cidade – as ruas, os

campos, a configuração aproximada dos quarteirões, o traçado da muralha e as

estruturas defensivas, a articulação entre espaços livres e construídos, a localização dos principais imóveis civis e religiosos, a disposição das vias de acesso e até os aspectos de afectação e uso do solo” (BANDEIRA, 2000). Esta imagem de Braga, de 1594, que se pode observar na figura 24, é conhecida como Mapa Braunio de Braun Georg (cuja execução é atribuída a Manoel Barbosa) (www.cm- braga.com.pt/turismo/cidade/historia/historia.asp).

Entre meados do século XVII até ao início do século XVIII, surgiu um fervoroso clima de religiosidade, patente na afluência de comunidades religiosas que vão construir numerosos edifícios para a prática do culto religioso, tais como mosteiros, conventos e igrejas, apagando sucessivamente os edifícios de traça romana e influenciando a própria arquitectura civil através do recobrimento das fachadas do casario com gelosias. No século XVIII, a cidade de Braga

ressurge e brilha nas floreadas curvas do Barroco, protagonizadas pelos arcebispos da Casa de Bragança e pelo génio artístico de André Soares, que lhe conferiram para a eternidade, um legado excepcional, verdadeiro ex-libris do Barroco em Portugal. No final do século assiste-se com Carlos Amarante à transição para o Neoclássico.

Em 1750 “da cidade transparecia uma imagem fortificada, repleta de ameias nos panos amuralhados, com as portas flanquedas com torreões quadrangulares (…) Era uma muralha rasgada por oito aberturas (portas e postigos), das quais na sua maior parte irradiavam prolongadas vias colmatadas de construções nos bordos. Por estas se consubstanciava o crescimento urbano e se estabeleciam os principais acessos” (BANDEIRA, 2000). Pode-se observar a figura 25 que representa uma reconstituição do espaço urbano de Braga naquela época (BANDEIRA, 2000).

Figura 25 – Reconstituição do Espaço Urbano de Braga, Adaptado de BANDEIRA, 2000

No século XIX surgiram focos de conflito e destruição, devido às invasões francesas e lutas liberais, afluindo a partir da segunda metade do século, o dinamismo económico e o gosto dos emigrantes portugueses regressados do Brasil. Estes alteraram a configuração da cidade, com a construção de palacetes e introduziram na cidade algumas melhorias a nível de infra-estruturas e equipamentos e o centro cívico deixa a tradicional zona da Sé, passando para o

Jardim Público, hoje chamado de Avenida Central.

A entrada no século XX, consolidou e implementou novos instrumentos de desenvolvimento (água, saneamento, transportes, etc.) e “constrói-se a Avenida Central, que irá estruturar uma nova frente de expansão urbana entre a cidade antiga e o Rio Este. Em 1941 Étienne de Gröer desenha o Plano de Alargamento, Embelezamento e Extensão da Cidade de Braga, segundo os princípios de zonamento da Carta de Atenas. A circular rodoviária urbana limita a expansão com um raio de cerca de quatro quilómetros, estabelecendo a transição entre a cidade e os núcleos rurais envolventes” (DOMINGUES, 2006).

Depois de 1975 a cidade sofreu um novo impulso, tendo disparado a urbanização, registando claramente um crescimento desenfreado de edificações, equipamentos e infra-estruturas viárias, entre outros.

“Os anos 90 abriram uma nova geração de estratégias de planeamento que terão de responder à diversidade e à dinâmica do sector privado (imobiliário residencial e não residencial) e ao estabelecimento de regras de negociação e parceria. Do evoluir dessa política dependerá um maior equilíbrio entre a construção e a infra-estrutura, uma maior qualidade do desenho urbano e, sobretudo, uma coerência do território não construído que vai ficando entre as pequenas e as grandes operações de construção e vias, e uma maior preocupação ecológica e paisagística. A expansão para Norte em direcção ao Rio Cávado (Parque do Estádio-Plano Real/Dume, Quinta do Galo, Palmeira, Sete Fontes/futuro Hospital distrital; Parque do Vale Sto. Estêvão [aeródromo, kartódromo]; marginal do Cávado, etc.) constituirá, pela sua escala e diversidade, um desafio para as novas políticas urbanas” (DOMINGUES, 2006).

Figura 26 – Edificação da Cidade de Braga, Adaptado de DOMINGUES, 2006

A evolução do tecido edificado da cidade de Braga (DOMINGUES, 2006) está representada na figura 26. A realidade é que, pelas suas características singulares, tais como: densidade histórica da sua paisagem e monumentos, população dinâmica activa e jovem e favoráveis condições naturais, a cidade de Braga tem vindo a afirmar-se como uma cidade cada vez mais atractiva.

“A paisagem eminentemente rural que envolve e convive com a cidade revela um intenso trabalho humano de milénios, que se traduz na

estrutura fundiária e seus elementos de divisão física, na densa rede de caminhos, na dispersão das habitações ligadas às explorações agrícolas, ou no coberto vegetal adaptado às actividades da população. O próprio tecido urbano é ainda penetrado por ecossistemas mais ou menos naturais, sejam os cursos de água que atravessam a cidade, sejam as cercas existentes, sejam pequenas matas, ou autênticas parcelas agrícolas, resquícios da vida rural intensamente vivida no concelho” (PEDUCB, 1995).

Refira-se mesmo que “historicamente, a maioria das cidades cresceu e prosperou assegurando o abastecimento de alimentos e produtos da floresta a partir do campo circundante, tirando partido da fertilidade das terras locais situadas em seu redor. Isto passou-se nas cidades europeias medievais com os seus anéis concêntricos de hortas, florestas, pomares, terras de cultivo e da pastagem” (GIRARDET, 2007). Actualmente, torna-se fundamental estabelecer um novo equilíbrio entre a cidade e o campo nas sociedades altamente urbanizadas.

Ora, “numa época em que a maior parte da humanidade está a urbanizar-se, é crucial aprender lições com a história e garantir que os nossos assentamentos habitacionais são socialmente justos, participativos e economicamente viáveis, sendo simultaneamente sustentáveis do ponto de vista ambiental” (GIRARDET, 2007).

Destaque-se que, nos últimos anos, tem havido um esforço de harmonização de dois aspectos que caracterizam a cidade de Braga: por um lado, a ruralidade, com a inerente qualidade de vida mas também carências e, por outro, a urbanidade, com as exigências funcionais associadas.

A cidade de Braga, pelas dimensões que alcançou, apresenta já alguns problemas típicos das grandes cidades, que põem em risco a sua qualidade ambiental e, consequentemente, a qualidade de vida dos seus habitantes, como sejam: a degradação do centro histórico; o desajuste de algumas novas intervenções urbanísticas e arquitectónicas; a escassez de espaços verdes; o acréscimo da poluição sonora e poluição atmosférica, sobretudo devido ao intenso e crescente tráfego automóvel, com a consequente e progressiva deterioração da qualidade do ar.

“As cidades modernas, como centros de mobilização de recursos naturais, de pessoas e de produtos, têm enormes impactos ambientais. No entanto, começa a compreender-se que, se aplicadas as medidas apropriadas, as cidades poderiam prosperar apesar de uma drástica redução do consumo de recursos e energia. A reciclagem de resíduos pode reduzir enormemente o uso urbano dos recursos, criando simultaneamente numerosos novos empregos. Novos materiais e um novo desenho arquitectónico podem melhorar grandemente o desempenho ambiental dos edifícios urbanos. As cidades podem adoptar novas abordagens imaginativas em matéria de planeamento e gestão dos transportes e de utilização do espaço urbano. Pode-se melhorar decisivamente a experiência do viver urbano por meio da criação de novas aldeias urbanas, reduzindo assim o desejo das pessoas de escapar às pressões da vida citadina” (GIRARDET, 2007).

Para fazer de Braga uma cidade sustentável será necessário que ela seja organizada de modo a tornar os seus cidadãos capazes de satisfazerem as suas necessidades e de melhorarem o seu bem-estar, sem prejudicarem o meio natural ou porem em perigo as condições de vida de outras pessoas, agora ou no futuro.

4.2.3 Estrutura Verde Urbana

Com a evolução da estrutura urbana da cidade, quer os espaços urbanos, quer os espaços rurais, foram sofrendo alterações significativas. Alterações estas que, sobretudo devido à expansão da urbanização e à redução da superfície agrícola, acabam por condicionar as áreas verdes e, como tal, as respectivas funções essenciais.

A estrutura verde urbana, como sabemos, representa “o conjunto de áreas verdes para uso predominantemente público, que asseguram um conjunto de funções ecológicas em meio urbano e ainda com funções de estadia, de recreio e de enquadramento da estrutura urbana. Nesta estrutura se engloba todos os espaços verdes, designadamente, as alamedas, praças, jardins públicos e parques urbanos” (DGOTDU, 2000).

Como já foi referido no Capítulo 2.4.2, o valor que se considera desejável para a

estrutura verde urbana é de 40 m2 de espaço verde por habitante (MAGALHÃES,

1991), englobando duas sub-estruturas, para as quais se apontam os seguintes dimensionamentos: estrutura verde principal – 30 m2/habitante, a qual é constituída pelos espaços verdes localizados nas situações ecológicas mais favoráveis à sua implantação e abarca, entre outras, as áreas de maior interesse ecológico ou as mais importantes no funcionamento dos sistemas naturais (vegetação, circulação hídrica e climática, património paisagístico, etc.). Assim sendo, integra as áreas da Reserva Agrícola Nacional e da Reserva Ecológica Nacional que se localizem nas zonas urbanas e sua periferia e que, por tal, deverão assumir também funções urbanas; e estrutura

verde secundária – 10 m2/habitante, que é constituída pelos espaços públicos adjacentes

às habitações, aos serviços, aos equipamentos e às actividades económicas.

Neste sentido, no Concelho de Braga, existem à volta de “12 m² de espaços verdes

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