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5.3 Exemplos do processo de Design Thinking

5.3.1 Design Thinking para Educadores

Até agora foram apresentados diversos modelos aplicados do DT em várias organizações. Cada qual é composto quantitativamente das mais variadas etapas, formando uma estrutura de significado personalizado para a própria organização. Entretanto, não se aprofundou em detalhes sobre o que cada uma das etapas componentes de cada modelo representa.

Isso foi feito propositalmente, pois, a intenção desse tópico é apresentar e detalhar um modelo de Design Thinking aplicado ao contexto educacional, portanto, mais aderente ao objetivo geral desta pesquisa que é a proposição e validação de um framework de inovação baseado no Design Thinking aplicado a um contexto de interação entre universidade e setor produtivo. Dessa forma, levando-se em conta que o cerne de qualquer modelo de DT fundamenta-se nos pressupostos do próprio método, torna-se desnecessário e repetitivo o detalhamento de todos os modelos já apresentados.

O modelo a ser apresentado é o Design Thinking for Educators criado pela já mencionada consultoria IDEO, em 2012. No Brasil, a ferramenta foi propagada pelo Instituto Educadigital, que traduziu e adaptou a metodologia para uso na Educação e lançou o manual “Design Thinking para Educadores”, em 2014. O material está disponível no livro “Design Thinking para Educadores” (DTE), sob a licença de Creative Commons, tendo como intenção disseminar a prática em instituições de ensino, e será utilizado neste trabalho como base para adoção específica no contexto educacional. O DTE é composto por cinco etapas (Figura 28): descoberta, interpretação, ideação, experimentação e evolução.

Figura 28 – Design Thinking para Educadores

Fonte: Instituto Educadigital (2014).

Para melhor entendimento da abordagem, cada uma das etapas será detalhada a seguir.

Fase 1: DESCOBERTA – significa estar aberto a novas oportunidades, inspirar-se e

criar novas ideias. Com a preparação correta, essa fase pode ser um abrir de olhos e vai proporcionar um bom entendimento do desafio. São propostas cinco tarefas iniciais:

Revise o desafio: um desafio claramente definido vai guiar suas questões e ajudar a manter o foco durante o processo. Dedique tempo para criar um entendimento comum no grupo do motivo pelo qual se está trabalhando. [...]

Compartilhe o que você sabe: as chances de você já saber algo sobre o tema são grandes. Compartilhe o que você sabe, para então poder construir sobre essa base e focar-se nas descobertas do que você ainda não sabe. [...]

Monte sua equipe: muitas mentes brilhantes juntas são sempre mais fortes para responder a um desafio. Centre esforços na compreensão das habilidades e motivações de seus colaboradores para criar uma equipe forte. [...]

Defina seu público: uma compreensão profunda das motivações e necessidades das pessoas é a melhor base para qualquer solução de design. Considere um espectro amplo de pessoas que poderão se sentir tocadas pela sua proposta. O desafio escolhido

vai impactar diretamente a vida de quem? O público pode ser também o próprio grupo, no caso de uma sala de aula. [...]

Refine seu plano: um plano sólido irá ajudá-lo a tomar decisões ao longo do caminho. Você começou com um plano para o projeto, valide com sua equipe as metas e o prazo para se certificar de que todo mundo está alinhado. Faça combinados para que todos possam organizar o próprio tempo de maneira eficaz. (INSTITUTO EDUCADIGITAL, 2014, p. 26-28, grifo nosso).

Fase 2: INTERPRETAÇÃO – transforma suas histórias em insights valiosos.

Observações, visitas de campo ou até uma simples conversa podem ser ótimas inspirações. Nessa fase, o educador foi orientado para duas tarefas:

Documente seus aprendizados: Quando você sai de uma observação, é comum se sentir inundado pela quantidade de informações que absorveu. Use a primeira meia hora imediatamente após a sessão para começar a documentar o que aprendeu. [...] Compartilhe histórias inspiradoras: Compartilhe o que você aprendeu durante sua pesquisa como história, não apenas como afirmações genéricas. Isso criará um conhecimento coletivo que seu grupo pode utilizar para imaginar oportunidades e ter ideias. (INSTITUTO EDUCADIGITAL, 2014, p. 42, grifo nosso).

Fase 3: IDEAÇÃO – Ideação é a geração de várias ideias. Muitas vezes, as ideias mais

ousadas são as que desencadeiam pensamentos visionários. Além da geração de ideias, ocorre a aplicação de conceitos, de maneira que todos os participantes ganhem uma visão do que deve ser feito.

Nessa fase a palavra-chave é o brainstorming (tempestade de ideias), sendo essencial o estabelecimento de sete regras para que ele funcione de maneira focada, eficaz e divertida.

Evite o julgamento: não há más ideias nesta altura. Haverá bastante tempo para selecioná-las depois.

Encoraje as ideias ousadas: mesmo que algo não pareça realista, pode estimular uma ideia em outra pessoa.

Construa em cima das ideias dos outros: acrescente às ideias utilizando “e”. Evite o uso da expressão “mas”.

Foque o tópico: para aproveitar melhor a sessão, mantenha em mente a questão de brainstorm.

Uma conversa de cada vez: Todas as ideias precisam ser ouvidas, para que se possa construir em cima delas.

Seja visual: Desenhe suas ideias, em vez de só escrevê-las. Bonecos palito e esboços simples podem dizer mais do que muitas palavras.

Quantidade é melhor que qualidade: defina um objetivo exorbitante – e o ultrapasse. A melhor forma de encontrar uma boa ideia é ter várias ideias.

Erros são bem-vindos: Aceite erros e falhas – pense no exagero como parte do processo. Não desestimule seu colega de grupo que apontou uma ideia equivocada. (INSTITUTO EDUCADIGITAL, 2014, p. 51, grifo nosso).

Fase 4: EXPERIMENTAÇÃO – é dar vida às suas ideias. Construir protótipos

pessoas. Mesmo com protótipos iniciais e rústicos você consegue uma resposta direta e aprende como melhorar e refinar uma ideia.

Esse é uma fase com basicamente uma tarefa: criar (ou prototipar). De acordo com Brown (2010, p. 85), prototipar “é pensar com as mãos”. “A meta da prototipagem não é criar um modelo funcional. É dar forma a uma ideia para conhecer seus pontos fortes e fracos e identificar novos direcionamentos para a próxima geração de protótipos mais detalhados” (BROWN, 2010, p. 86-87).

“Protótipos permitem que você compartilhe sua ideia com outras pessoas e discuta como refiná-la. É possível prototipar praticamente qualquer coisa.” (INSTITUTO EDUCADIGITAL, 2014, p. 58). Exemplos de protótipos são os mais variados: storyboards (série de imagens); diagramas; histórias; modelos; maquetes; encenações; mídias digitais etc.

Fase 5: EVOLUÇÃO – é o desenvolvimento do seu conceito no tempo. Ela envolve

planejar os próximos passos, comunicar a ideia às pessoas que podem te ajudar a realizá-la e documentar o processo. A mudança muitas vezes acontece com o tempo, e é importante ter lembretes dos sinais sutis de progresso.

Nessa fase as tarefas de ordem são: acompanhar (o resultado); e avançar (próximos passos).

Com a evolução do seu projeto, você consegue começar a medir o impacto dele. Defina uma série de critérios do que é sucesso para te ajudar a guiar e avaliar o desenvolvimento do projeto conforme você constrói sua ideia. [...]

Acompanhe o que acontece depois: Pense sobre como medir o impacto. Você vai ativamente perguntar às pessoas? É possível quantificar? Você vai contar com dados dos outros? Planeje como acompanhar esses indicadores. Observe e tome notas sobre o impacto ao longo do tempo, reconsiderando esses critérios periodicamente. [...] Avance: Muitas vezes uma ideia muda substancialmente quando as pessoas começam a usá-la e adaptá-la às suas necessidades. Considere essas adaptações mais uma oportunidade de aprendizado. Construa um grupo forte e faça com que as pessoas se sintam responsáveis por suas contribuições. (INSTITUTO EDUCADIGITAL, 2014, p. 68-70, grifo nosso).

Feita a explanação detalhada de cada etapa, a Figura 29 será utilizada para elucidação e também resumo da abordagem do Design Thinking para Educadores.

Figura 29 – Design Thinking para Educadores (modelo ampliado)

Fonte: Instituto Educadigital (2014, p. 15).

O sistema educacional, então, pode utilizar o design thinking em diversas etapas do pensar a educação na contemporaneidade, seja na sala de aula seja fora dela. Pode-se então pensar em temas ou temáticas a serem tratadas e desenvolvidas nestes ambientes, na sala de aula enquanto um buscar de soluções e testagens pedagógicas orientadas em temáticas e no ambiente organizacional envolvendo questões de planejamento de ações e melhores soluções organizacionais (MARTINI et al., 2017).